O erro fatal de Marx e Smith: o lucro não é deduzido do salário; o salário é que é deduzido do lucro
Este erro mudou o mundo para sempre!
Por Wladimir Kraus - Mises Brasil
O que Karl Marx e Adam Smith, tidos como pensadores opostos, têm em comum? Smith cometeu um erro extremamente básico e Marx criou toda sua teoria em cima deste erro — um erro que possui monumentais consequências e que mudou o mundo para sempre.Em seu famoso tratado sobre a riqueza das nações, Adam Smith afirmou que, em condições primitivas ou em cidades pequenas, aqueles indivíduos que vão ao mercado para vender seus produtos (sejam eles produtos agrícolas, parte do seu rebanho ou mesmo produtos manufaturados) ganham, nesse processo de venda, um salário.Isto é, a renda auferida por esses indivíduos autônomos que vendem bens no mercado é o seu salário.Tanto Marx quanto Adam Smith (que veio antes de Marx) presumiram erroneamente que, "no estado rude e primitivo da sociedade" (para utilizar as palavras de Smith), todas as rendas obtidas eram salários. Salário? Grave erro! Aquilo que é obtido por alguém que sai da autossuficiência agrícola para vender seus produtos no mercado não é um salário, mas, sim, um lucro. Ou um prejuízo.
Para Smith e Marx, porém, não havia lucro
neste modelo. O lucro, segundo eles, só passou a existir com o surgimento do
capitalismo!
Mais ainda: segundo eles, o lucro ocorre à
custa dos salários. Outro erro. E grave. Foi daí que surgiu toda a teoria da
exploração e da mais-valia.
O surgimento dos salários
Imagine um criador de ovelhas, autônomo, em algum lugar das estepes do Cazaquistão, cem anos atrás.Suponha que esse criador de ovelhas não seja autossuficiente, de modo que ele precisa adquirir roupas, pães e uma variedade de outras coisas que ele pode comprar no mercado da cidade mais próxima. Ademais, suponha que a economia do Cazaquistão é desenvolvida o suficiente a ponto de utilizar moedas de ouro como dinheiro.Quando precisa adquirir bens, esse criador de ovelhas vai ao mercado e vende algumas de suas ovelhas por, digamos, dez moedas de ouro.Aqui vem a pergunta crucial: podemos dizer que essas dez moedas de ouro que ele recebe pela venda de suas ovelhas representam seu salário? Não, não podemos. Por definição, um assalariado é alguém que não é o proprietário de nenhum meio de produção exceto seu próprio corpo e quaisquer outras habilidades excepcionais que ele porventura possua. Logo, as dez moedas de ouro não podem ser consideradas seu salário porque, para receber um salário, um indivíduo precisa antes de tudo ser o empregado de alguém.Esse criador de ovelhas é o seu próprio patrão e pode decidir o que fazer com sua propriedade (o rebanho de ovelhas). O dinheiro que ele recebe após vender algumas ovelhas é apenas a receita das vendas de seu produto.Se ele considera que o propósito de sua atividade produtora — criação de ovelhas — é o de lhe propiciar receitas de venda, então ele é um empreendedor. Da perspectiva dele, a receita das vendas de seu produto é um meio em potencial para sua sobrevivência — ou, alternativamente, é a sua renda.Desta renda, se ele subtrair todos os custos incorridos na produção e no transporte do produto, ele terá o lucro.Supondo que não há custos de produção para este criador de ovelhas, temos que toda a sua receita já é o seu lucro.
Portanto, temos que este empreendedor não
aufere um salário, mas sim um lucro!
Agora, se ele decidir investir uma parte deste lucro empregando um trabalhador e pagando a ele uma quantia definida de dinheiro — em termos mensais, por exemplo —, então ele estará agora tendo novos custos empresariais.Esse seu investimento na forma de salários mensalmente pagos diminui regularmente a fração da receita que antes era considerada lucro — ou seja, o salário pago diminui a diferença entre a receita da venda de produtos (que continua a mesma) e os custos (que aumentam).Observe que, quando o agricultor não está incorrendo em custos na forma de pagamentos salariais mensais, a receita total obtida com a venda de seus produtos é o seu lucro. Já quando os salários passam a ser pagos, estes advêm do lucro.Esta análise abstrata mostra que os lucros, e não os salários, são a forma original de renda.O salário é uma forma de pagamento que surge apenas quando um capitalista entra em cena.
Surge o assalariado
Para compreender a questão mais claramente, vamos ampliar nosso exemplo inicial e supor que nosso criador de ovelhas contrata seu vizinho de nome Murat, que não é proprietário de nada, para ajudá-lo a cuidar de suas ovelhas, protegendo-as contra eventuais ataques de lobos famintos. Eles voluntariamente acordam que Murat receba uma moeda de ouro por mês de serviços.Agora, o cenário ficou totalmente diferente. Há um assalariado e um empreendedor/capitalista.Será que podemos dizer que, nesse caso, Murat tem o direito de ser o dono de todas as ovelhas apenas porque ele cuidadosamente as protege contra o ataque de lobos? É evidente que não. É verdade que a produtividade marginal do rebanho aumentou desde que Murat foi contratado, mas esse fato por si só não significa que Murat tem agora o direito de reivindicar o produto marginal (ovelhas salvas dos lobos) para si próprio só porque ele foi contratado.O que ele recebe como salário não é o produto marginal de seus serviços de vigília, mas apenas uma moeda de ouro.Observe o papel crucial desempenhado aqui pelo proprietário do rebanho: o salário de Murat — a moeda de ouro que ele recebe — existe unicamente porque o dono das ovelhas é sábio e prudente o bastante para poupar uma moeda de ouro de sua receita de vendas e utilizá-la para pagar Murat.Ao empregar Murat, o criador de ovelhas espera, naturalmente, ganhar mais moedas de ouro do que ele gasta como salário de Murat. Entretanto, ainda assim, a verdade é incontestável: Murat só ganha a moeda e só contribui para uma maior produtividade marginal — o que justifica seu salário — por causa da poupança e das sábias decisões empresariais do criador de ovelhas. Não há aí nenhuma exploração. Não há aí nenhuma mais-valia. Tivesse o criador de ovelhas consumido essa moeda — digamos, comprando frutas deliciosas para sua esposa —, Murat teria permanecido desempregado e em pior situação. E, como consequência, haveria menos ovelhas para os humanos consumirem.
O erro que se perpetua
No mundo primitivo, portanto, as receitas de venda representavam o lucro total. Não havia custos com terceiros a serem deduzidos das receitas.Foi posteriormente, com o surgimento do capitalismo, que surgiram os salários dos trabalhadores, os quais são deduzidos dos lucros dos capitalistas.Adam Smith errou sobejamente quando chamou de salários aquilo que empreendedores obtêm quando comercializam bens nas cidades. E Marx errou quando construiu toda a sua teoria tendo por base essa tese de que o ganho original de qualquer indivíduo é o salário, e que os lucros só passam a existir quando são deduzidos deste salário. A realidade é que um salário só passa a existir quando uma pessoa contrata uma outra, pagando-lhe regularmente uma quantia fixa. E este salário, por definição, será deduzido das receitas desta pessoa.E isso altera toda a análise econômica.O surgimento de assalariados ocorre somente porque existem, e continuam existindo, empreendedores/capitalistas que estão dispostos a pagar salários com recursos retirados de suas poupanças.Empregados assalariados não têm possibilidade de auferir lucros, porém — e ainda mais importante — estão livres de prejuízos. Com efeito, os empregados têm mais chance de receber renda do que o capitalista. O fazendeiro, por exemplo, deve pagar os salários de seus empregados mesmo que tenha havido uma geada no dia anterior à colheita. Os empregados, por sua vez, estão isentos do ônus do prejuízo. Tampouco pode o fazendeiro, para sermos justos, compartilhar com eles seus lucros, se os empregados não compartilham prejuízos.Por isso o conceito de família, não se aplica a empresa, pois família compartilha ônus e bônus.Uma empresa farmacêutica irá vender seus produtos somente quatro ou cinco anos após a ideia inicial de se criar esses novos produtos. Nesse meio tempo, ela terá de pagar salários para centenas, talvez milhares, de pessoas. O salário é pago hoje independentemente de como serão as vendas futuras.De maneira geral, pode-se dizer que os salários auferidos pelos trabalhadores representam uma antecipação das receitas futuras esperadas pelo capitalista com a eventual venda dos produtos finais. Para que um operário de uma fábrica possa fabricar mercadorias, o capitalista investiu uma montanha de dinheiro na fábrica. Ele investiu, digamos, $ 100 milhões (construiu a fábrica, comprou maquinários e paga os salários) para recuperar, na forma de fluxo de caixa anual, aproximadamente $ 10 milhões. Serão necessários 10 anos apenas para recuperar todo o capital adiantado. (Fora a inflação do período).Ou seja, o capitalista abriu mão de $ 100 milhões em consumo presente para receber, anualmente, uma receita de $ 10 milhões. Tudo dando certo, daqui a uma década o principal será recuperado (e desvalorizado pela inflação).Já os trabalhadores que este capitalista emprega, não precisam esperar até que os bens sejam produzidos e realmente vendidos para receberem seus salários. O capitalista adianta um bem presente e garantido aos trabalhadores (salário) em troca da expectativa de receber um bem futuro (o retorno do investimento).Por tudo isso, os lucros dos capitalistas não representam uma dedução daquele valor que, segundo Marx, pertence por direito aos trabalhadores na forma de salários. Os lucros representam aquilo que o capitalista ganhou em decorrência principalmente de seu trabalho intelectual, de seu planejamento e de suas decisões. O capitalista produz um produto próprio, feito com seus investimentos e com seus bens de capital, embora utilize a ajuda de terceiros cuja mão-de-obra ele emprega com o propósito de implementar seus planos e consequentemente produzir seus produtos.
Salários são deduzidos dos lucros, e não ao
contrário
Lucros (ou prejuízos), portanto, são a forma original de receita; são obtidos apenas por empreendedores. Já o salário é uma forma de pagamento que surge apenas quando um capitalista entra em cena.O erro compartilhado por Smith e Marx gerou a ideia de que, para obter lucros — a famosa "mais-valia" exploradora —, os capitalistas tinham de manter para si parte do salário de cada empregado. Mas a realidade é outra: a riqueza é criada por aquele indivíduo que sabe como transmitir suas visões, arriscar recursos e reconhecer oportunidades — tudo isso ao mesmo tempo em que ele cria uma renda regular para terceiros durante esse processo.O surgimento do capitalismo, portanto, não foi o responsável nem pela dedução dos salários e nem pelo surgimento do lucro. Ele foi o responsável pela criação dos salários.
O lucro do capitalista não ocorre à custa dos salários dos empregados. Ao contrário: os salários dos empregados são deduzidos do lucro do capitalista!
Primeiro surgiu o lucro; só depois é que
surgiu o salário. É o salário que é deduzido do lucro dos capitalistas, e não o
lucro que é deduzido do salário dos trabalhadores.
Concluindo com uma provocação
No que concerne à relação entre capitalistas e assalariados, a verdade é exatamente o inverso daquilo que é alegado pela teoria da exploração.Os capitalistas não deduzem seus lucros dos salários dos trabalhadores; os capitalistas são os responsáveis pelo surgimento dos salários. Sendo um custo de produção, os salários são deduzidos das receitas, as quais, na ausência de capitalistas, representariam o lucro total.Antes dos capitalistas, todos tinham de assumir por completo todo o risco de uma dada atividade. Já hoje, podemos delegar os riscos para aqueles que são mais ambiciosos e mais capacitados para atividades empreendedoras, já sabendo que, no final do mês, receberemos nossos contracheques. Tal arranjo é infinitamente mais produtivo e eficaz. Em última instância, é ele quem elimina a pobreza.O que nos leva à pergunta derradeira: quem de fato "explora" quem? Os empreendedores e capitalistas exploram os trabalhadores, ou os trabalhadores basicamente vivem da inteligência, produtividade e prudência dos empreendedores e capitalistas?
Fonte:
https://mises.org.br/article/3328/o-erro-fatal-de-marx-e-smith-o-lucro-nao-e-deduzido-do-salario-o-salario-e-que-e-deduzido-do-lucro
A
“exploração dos trabalhadores” é um mito – e é fácil de entender por quê!
Por Antony Sammeroff
Para começar, ser um trabalhador é muito menos arriscado do que ser um capitalista!
Ainda é bastante dominante a idéia de que patrões estão, de alguma forma, explorando os empregados que trabalham para eles quando sua empresa aufere um lucro! Curiosamente, logo de início já se ignora o fato de que o patrão está claramente fazendo mais pelas finanças dos empregados do que todas as outras pessoas que criticam o arranjo mas que não estão dando emprego a ninguém -- postura essa muito comum entre aqueles "guerreiros sociais da internet", que afirmam que dar emprego a alguém significa explorá-lo.
É verdade
que trabalhadores recebem como salário menos que o valor total daquilo que eles
produzem, mas é assim porque aquilo que eles produzem foi:
a)-Feito com recursos que tiveram de ser
comprados pelos patrões capitalistas (e não próprios).
b)-Em uma fábrica, indústria ou local de
trabalho que teve um custo para ser construído e que requer várias despesas
para ser operado.
c)-E com o capitalista sendo também
responsável por bancar os custos de anunciar, propagandear e comercializar o
produto fabricado, com o intuito de conectar o produto aos consumidores
potenciais.
d)-E, no final, se o produto não vender, todos aqueles que trabalharam em sua fabricação já foram pagos (com ou sem lucro), exceto o capitalista, que arca com os prejuízos caso ocorram.
Em termos práticos, houve uma volumosa quantia de dinheiro investido naquela fábrica ou local de trabalho, dinheiro este que não será recuperado tão cedo. Todos os gastos investidos na construção do local de trabalho, na compra de bens de capital, e na contratação de mão-de-obra ainda não foram recuperados pelo capitalista.Uma empresa que investe, suponhamos, $10 bilhões -- na construção da fábrica, comprando maquinários e pagando os salários dos trabalhadores -- com o intuito de recuperar, na forma de fluxo de caixa anual, aproximadamente $1 bilhão (10% de retorno), terá de esperar 10 anos apenas para recuperar todo o capital adiantado (fora a inflação do período).Neste caso, o capitalista se endividou em $10 bilhões (ou, caso seja capital próprio, ele abriu mão deste valor e seu equivalente em bens de consumo que ele poderia ter adquirido no presente) para receber, anualmente, uma receita de $1 bilhão.Ele age assim porque acredita que será capaz de atender aos desejos e necessidades das pessoas (consumidores) de uma maneira melhor do que elas estão sendo atendidas no presente. Tal atitude requer uma habilidade e uma competência que, por si sós, representam uma contribuição trabalhista acima daquela dos empregados. Estas características são exclusivas de um empreendedor.Se sua visão estiver correta, ele auferirá lucros futuros. Se estiver errado, ele irá arcar com prejuízos. Vale ressaltar que, ao agir assim, ou seja, se endividando ou colocando seu próprio capital em risco, ele está incorrendo em um risco que pode ser considerado desnecessário. Afinal, não fosse a busca pelo lucro, o rico capitalista poderia simplesmente comprar uma casa maior ou sair em um cruzeiro. No entanto, o capitalista assume um risco agora, e abre mão do consumo presente, na esperança de que irá obter um benefício no futuro. Isso é uma parte da sua remuneração. Outra parte da sua remuneração é o tempo entre o investimento feito e as receitas trazidas por esse investimento. Tudo o mais constante, se tivermos de escolher entre ter recursos agora, no presente imediato, ou apenas a hipótese de ter esses mesmos recursos apenas no futuro, é claro que ficamos com a primeira opção, pois o futuro é incerto. É por isso que emprestadores de dinheiro (capitalistas) cobram juros no dinheiro que emprestam: eles estão abrindo mão da certeza do consumo presente pela hipótese de um consumo maior no futuro. Não há certeza nenhuma; apenas expectativas.Já os trabalhadores recebem seus salários hoje, independentemente de como serão os lucros futuros dos capitalistas (com efeito, eles são pagos hoje mesmo se não houver lucros futuros).
Ou seja, os trabalhadores são pagos hoje, já o capitalista será remunerado...
a) apenas no futuro,
b) apenas se o produto fabricado for
vendido, e
c) apenas se ele for vendido com lucro! Isto é, se for vendido a um preço maior do que os custos de fabricação, o que
inclui os salários dos trabalhadores.
O economista austríaco Eugen von Böhm-Bawerk explicou que, ao contrário de explorar os trabalhadores, o capitalista remove dos trabalhadores o fardo de ter de esperar pela renda!
Se os trabalhadores quisessem produzir bens por conta própria, eles teriam de esperar até encontrar um comprador que lhes garantisse um salário estável.Mais ainda: eles primeiro teriam de poupar (ou então se endividar) para acumular os recursos necessários para comprar uma fábrica ou construir um local de trabalho sem a ajuda do capitalista.
O capital aumenta o valor do trabalho
Vale também mencionar que o capitalista aumenta o valor da mão-de-obra do trabalhador.Se um indivíduo decidir tentar fazer no campo o mesmo trabalho que faria em uma fábrica especializada, ele dificilmente terá um produto com a mesma qualidade. Certamente, não terá uma produção com o mesmo volume, o que significa que suas receitas seriam muito baixas.O capitalista, portanto, aumenta o valor da mão-de-obra ao fornecer ao trabalhador as máquinas e ferramentas que aumentam a qualidade do produto e a quantidade produzida. Não fosse o capital disponibilizado pelos capitalistas (maquinário, ferramentas, matéria prima, insumos, instalações etc.), a mão-de-obra não teria como produzir estes bens de qualidade altamente demandados pelos consumidores. Consequentemente, os trabalhadores nem sequer teriam renda.Logo, a conclusão óbvia é que trabalhadores claramente podem ganhar mais trabalhando para capitalistas do que por conta própria -- caso contrário, todos os trabalhadores iriam simplesmente se declarar autônomos e daí passariam a ter uma renda maior.Talvez alguns deles poderiam ganhar mais ao se tornarem autônomos, mas não querem assumir as responsabilidades concomitantes, as quais são atualmente arcadas pelo capitalista que os emprega. Isso também é evidência de que os capitalistas estão acrescentando valor ao trabalho dos trabalhadores.
Mais-valia e a redução da pobreza
Os marxistas afirmam que os capitalistas exploram os trabalhadores ao simplesmente extraírem seus lucros dos salários dos trabalhadores sem estarem fornecendo nenhum valor ao processo produtivo -- ou seja, os capitalistas estariam "extraindo uma mais-valia" dos trabalhadores.Além de esta idéia ser infundada, como mostrado acima, vale também dizer que, se ela fosse verdade, organizações sem fins lucrativos rapidamente entrariam em cena, contratariam todos os trabalhadores, eliminariam o "peso morto" de se remunerar o capitalista e quebrariam todas as empresas voltadas para o lucro.Mas isso não acontece simplesmente porque elas não conseguem. Os capitalistas estão claramente fornecendo alguma competência ou visão que beneficia seus empregados. Cada lado se beneficia desta transação mútua, o que é evidenciado pelo fato de que se o trabalhador pudesse conseguir um arranjo melhor, ele rapidamente o arrumaria, e se o empregador pudesse arranjar empregados melhores, ele os contrataria.Em última instância, os salários não são um número arbitrário, mas sim um reflexo de quanto valor um empregado é capaz de criar para os consumidores do seu trabalho (no caso, os consumidores são o capitalista que paga por sua mão-de-obra, e os clientes que pagam pelo produto produzido).Sem os capitalistas, todos teríamos de assumir por completo todo o risco de uma dada atividade. Com os capitalistas, podemos delegar os riscos para aqueles que são mais ambiciosos e mais capacitados para atividades empreendedoras, já sabendo que, no final do mês, receberemos nossos contracheques. Tal arranjo é infinitamente mais produtivo e eficaz. Em última instância, é ele quem elimina a pobreza.
Para concluir
Se um indivíduo quer abrir mão de ter um patrão e ficar com 100% das receitas de seu trabalho, ele pode perfeitamente fazê-lo: basta aprender uma habilidade, desenvolvê-la, acumular capital (ou se endividar), comprar equipamentos, alugar um local de trabalho, tornar-se autônomo e encontrar clientes que valorizem seu trabalho ao ponto de lhes providenciarem uma renda fixa mensal.Mas aí ele próprio teria de se tornar um empreendedor capitalista.
Fonte:Mises Brasil
A teoria marxista da exploração e a
realidade
Por George Reisman
Dentre todas as vituperações e calúnias proferidas contra o capitalismo, a 'teoria da exploração' permanece sendo a mais popular -- tanto nos círculos acadêmicos quanto entre os desinformados em geral. O mais famoso defensor da teoria da exploração foi Karl Marx.De acordo com a teoria da exploração, os lucros -- na verdade, quaisquer outras receitas que não sejam convertidas em salário -- representam uma dedução injusta daquilo que deveria ser, naturalmente e por direito, o salário do trabalhador.Segundo Marx, o que possibilita a um capitalista obter uma renda superior ao salário que ele paga ao seu empregado é exatamente o mesmo fenômeno que torna possível a um dono de escravo auferir ganhos em decorrência do trabalho do seu escravo. Mais especificamente, um trabalhador é capaz de produzir, em menos de um dia inteiro de trabalho, os bens de que ele necessita para ter a força e a energia necessárias para labutar um dia inteiro de trabalho.Para utilizar um dos exemplos fornecidos pelo próprio Marx, um trabalhador é capaz de produzir em 6 horas todos os alimentos e todas as necessidades de que ele precisa para ser capaz de trabalhar 12 horas. Estas 6 horas -- ou qualquer que seja o número de horas necessárias para o trabalhador produzir essas suas necessidades -- são rotuladas por Marx de "tempo de trabalho necessário". Já as horas que o trabalhador trabalha além do tempo de trabalho necessário são rotuladas por Marx de "tempo de trabalho excedente."Assim como o 'tempo de trabalho excedente' representa a fonte de ganho do dono de um escravo, ele também representa, de acordo com Marx, a fonte de lucro do capitalista.Quando o trabalhador trabalha 12 horas para um capitalista, seu trabalho, de acordo com Marx, acrescenta aos materiais e aos outros meios de produção consumidos na manufatura do produto final um valor intrínseco correspondente a 12 horas de trabalho. E, por sua vez, se estes materiais e outros meios de produção demandaram 48 horas de trabalho para serem produzidos, então o produto final conterá estas 48 horas de trabalho mais as 12 horas adicionais de trabalho desempenhado pelo trabalhador. O produto final, portanto, terá um valor total correspondente a 60 horas de trabalho.Sendo assim, o processo de produção, de acordo com Marx, resultou em um acréscimo de valor igual às 12 horas de trabalho do trabalhador. Este valor adicionado pelo trabalho do trabalhador será dividido entre o trabalhador e o capitalista na forma de um salário para o primeiro e de um lucro para o último. O valor que o capitalista deve pagar como salário, diz Marx, é determinado pela aplicação de um princípio supostamente universal de valoração da mercadoria -- a saber, a teoria do valor-trabalho. O capitalista irá pagar ao trabalhador um salário correspondente às horas de trabalho necessárias para produzir suas necessidades -- em nosso exemplo, 6 horas -- e irá embolsar o valor acrescentado pelas 12 horas de trabalho do trabalhador. Seu lucro será aquilo que sobrar após deduzir o salário do trabalhador, e irá corresponder exatamente ao 'tempo de trabalho excedente' do trabalhador.Este exemplo pode ser facilmente expressado em termos monetários ao simplesmente assumirmos que cada hora de trabalho efetuado na produção de um produto corresponde a $1 acrescentado ao valor do produto. Assim, os materiais e os outros meios de produção utilizados valiam $48, e o produto resultante da aplicação de 12 horas de trabalho do trabalhador vale $60. As 12 horas de trabalho do trabalhador acrescentaram $12 ao valor do produto.O lucro do capitalista supostamente advém do fato de que, para as 12 horas de trabalho efetuadas pelo trabalhador, com seu correspondente acréscimo de $12 ao valor do produto, o capitalista paga um salário de apenas $6. Este valor corresponde ao tempo de trabalho necessário para produzir as necessidades de que o trabalhador precisa para desempenhar suas 12 horas de trabalho. O lucro do capitalista, portanto, representa a "mais-valia", que corresponde ao "tempo de trabalho excedente".A razão entre a mais-valia e o salário, ou entre o 'tempo de trabalho excedente' e o 'tempo de trabalho necessário', é rotulada por Marx de "taxa de exploração". Nesta nossa ilustração ela é de 100% -- ou seja, $6/$6 ou 6 hrs./6 hrs.Ainda segundo Marx, uma combinação entre a ganância dos capitalistas e as forças que tendem a reduzir o lucro em relação ao capital investido faz com que os capitalistas aumentem a taxa de exploração. Se os trabalhadores são capazes de trabalhar 18 horas por dia utilizando as necessidades produzidas em apenas 6 horas por dia, então a jornada de trabalho será elevada para 18 horas por dia. Se os salários que os capitalistas pagam para seus empregados homens for o suficiente para permitir que estes sustentem uma esposa e duas crianças, então os capitalistas irão reduzir os salários para forçar mulheres e crianças a irem trabalhar nas fábricas, dando assim aos capitalistas o benefício de auferir mais 'tempo de trabalho excedente' e mais mais-valia.
Os capitalistas também supostamente irão se esforçar para baratear a dieta do trabalhador, substituindo trigo por, digamos, arroz ou batatas, desta forma reduzindo o 'tempo de trabalho necessário' e aumentando a fatia do dia de trabalho que passa a ser 'tempo de trabalho excedente'. As condições de trabalho, desnecessário dizer, serão sempre horríveis, uma vez que seu aprimoramento geralmente viria à custa de uma redução na mais-valia.Esta suposta situação de salários de subsistência -- aliás, de salários abaixo da subsistência --, jornada de trabalho desumana e condições precárias, além de crianças trabalhando em carvoarias, seria o resultado do funcionamento do capitalismo e da busca pelo lucro, diz Marx, tendo por base sua teoria da exploração.À luz da teoria da exploração, os capitalistas devem ser considerados inimigos mortais da esmagadora maioria de humanidade, merecendo ser colocados contra paredões e fuzilados -- exatamente o que aconteceu sempre que os marxistas tomaram o poder em algum país.
Os capitalistas, e não os trabalhadores,
são os produtores principais
Ao contrário do que diz a teoria da exploração, e ao contrário do que a maioria das pessoas imagina, os assalariados que os supostos exploradores capitalistas empregam não são os produtores principais dos produtos manufaturados por uma empresa. Assim como Cristóvão Colombo foi o descobridor da América, e não os marujos que tripulavam os navios e que foram seus auxiliares na realização de seus (de Colombo) planos e projetos, os capitalistas é que são os produtores principais dos produtos produzidos por suas empresas.Os empregados do capitalista podem ser mais corretamente descritos como "os auxiliares" na produção dos produtos do capitalista. Os lucros do capitalista não representam uma dedução daquele valor que, segundo Marx, pertence por direito aos trabalhadores na forma de salários. Os lucros representam aquilo que o capitalista ganhou em decorrência principalmente de seu trabalho intelectual, de seu planejamento e de suas decisões. O capitalista produz um produto próprio, embora utilize a ajuda de terceiros cuja mão-de-obra ele emprega com o propósito de implementar seus planos e consequentemente produzir seus produtos.Sendo assim, por exemplo, Henry Ford era o produtor principal na Ford Motor Company; John D. Rockefeller, na Standard Oil; Bill Gates, na Microsoft; Jeff Bezos, na Amazon; e Warren Buffet, na Berkshire Hathaway.Marx teve sim uma grande ideia, a qual era em si totalmente correta, e que pode jogar mais luz sobre esta discussão. Esta sua ideia foi fazer uma distinção entre aquilo que ele chamou de "circulação capitalista" e aquilo que ele chamou de "circulação simples". Mas Marx, infelizmente, ignorou por completo e contradisse totalmente as reais implicações desta sua ideia. Aquilo que todos os "capitalistas exploradores" praticam é a circulação capitalista. A circulação capitalista, como Marx a descreveu, é o gasto de dinheiro, D, para a compra de materiais, M, que serão utilizados na produção de produtos que serão vendidos por uma quantia maior de dinheiro, D'. A circulação capitalista, em suma, é D-M-D'. Se os capitalistas exploradores deixassem de existir, e a circulação capitalista desaparecesse do mundo, os sobreviventes entre aqueles que hoje trabalham como assalariados estariam vivendo em um mundo de circulação simples, isto é, M-D-M. Ou seja, sem ter com o que gastar inicialmente seu dinheiro, eles tentariam imediatamente produzir materiais, M, os quais eles venderiam em troca de dinheiro, D, o qual, por sua vez, eles usariam para comprar outros materiais, M.
Os
capitalistas não são os responsáveis pelo fenômeno do lucro, mas sim pelo
surgimento dos salários e dos custos
Tanto Marx quanto Adam Smith, que veio antes de Marx, presumiram erroneamente que, em um mundo de circulação simples -- o qual Smith chamou de "o estado rude e primitivo da sociedade" --, todas as rendas obtidas eram salários. Para eles, não havia lucro neste modelo. O lucro, segundo eles, só passou a existir quando surgiu a circulação capitalista. Mais ainda: o lucro seria uma dedução daquilo que originalmente era salário.Mas a verdade é que, em um mundo de circulação simples, o que está ausente não é o lucro, mas sim os gastos monetários -- o D inicial -- com o pagamento de salários e com a aquisição de bens de capital, e que são computados como custos de produção.Um mundo de circulação simples seria um mundo em que não há custos de produção mensurados em termos monetários. Seria um mundo em que os gastos com materiais -- utilizando-se dinheiro obtido com a venda de outros materiais -- constituiriam receitas para os vendedores destes materiais. E estes vendedores, dado que eles não tiveram nenhum gasto anterior para obter os materiais que estão vendendo, não teriam de computar nenhum custo de produção em termos monetários. Eles teriam apenas receitas de venda. Seria, portanto, um mundo em que o trabalho é a única fonte de renda. Mas um mundo no qual toda a receita auferida pelos indivíduos é um lucro, e não um salário. Seria um mundo de trabalhadores produzindo produtos primitivos e escassos, pelos quais eles receberiam receitas de venda das quais eles não teriam custos para deduzir. Sendo assim, estas receitas representariam o lucro total.O surgimento da circulação capitalista, portanto, não é responsável nem pela dedução dos salários e nem pelo surgimento do lucro. Ao contrário: ela é responsável pela criação dos salários, pelo surgimento dos gastos com bens de capital e pelo surgimento dos custos de produção mensurados em termos monetários. Estes custos serão deduzidos das receitas, produzindo então o lucro. As receitas de venda, no cenário anterior, representavam o lucro total. Não havia custos a serem deduzidos das receitas. Agora, com o surgimento da circulação capitalista, surgiu o salário dos trabalhadores, os quais são deduzidos dos lucros dos capitalistas. Portanto, primeiro surgiu o lucro; só depois é que surgiu o salário. É o salário que é deduzido do lucro dos capitalistas, e não o lucro que é deduzido do salário dos trabalhadores.Quanto mais economicamente capitalista for o sistema econômico, no sentido de um maior grau de circulação capitalista -- isto é, uma maior proporção de D em relação a D' --, maiores serão os salários e os outros custos em relação às receitas, e menores serão os lucros em relação às receitas. Ao mesmo tempo, se o sistema econômico permitir que os capitalistas se concentrem mais na compra e, consequentemente, na produção e na oferta de bens de capital, este aumento na oferta de bens de capital levará a um aumento na produtividade da mão-de-obra e a um aumento generalizado na capacidade de produção. A oferta de produtos crescerá em relação à oferta de mão-de-obra e, com isso, os preços cairão em relação aos salários. O resultado é que os salários reais aumentarão e continuarão aumentando enquanto a produtividade da mão-de-obra continuar crescendo.Portanto, no que concerne à relação entre capitalistas e assalariados, a verdade é exatamente o inverso daquilo que é alegado pela teoria da exploração. Os capitalistas não deduzem seus lucros dos salários dos trabalhadores; os capitalistas são os responsáveis pelo surgimento dos salários. Sendo um custo de produção, os salários são deduzidos das receitas, as quais, na ausência de capitalistas, representariam o lucro total. Logo, pode-se dizer que os capitalistas são os responsáveis pelo aumento dos salários em relação aos lucros e pela redução dos lucros em relação aos salários. Ao mesmo tempo, por meio do aumento na produção e na oferta de produtos, o que leva à redução de seus preços, os capitalistas aumentam o poder de compra dos salários que eles pagam.Isto não é nenhuma exploração dos trabalhadores assalariados. É, isto sim, a maciça e progressiva melhoria de seu bem-estar econômico.
Fonte: https://mises.org.br/article/1368/a-teoria-marxista-da-exploracao-e-a-realidade
Trabalho escravo na União Soviética
Comunista
O trabalho escravo foi amplamente utilizado na União Soviética como um meio de controlar cidadãos e estrangeiros soviéticos.[1] Trabalho forçado também forneceu mão de obra para projetos do governo e para a reconstrução após a guerra. Tudo começou antes que os sistemas Gulag e Kolkhoz fossem estabelecidos, embora, por meio dessas instituições, seu escopo e severidade aumentassem. As condições que acompanharam o trabalho forçado eram muitas vezes severas e poderiam ser mortais.As seguintes categorias estreitamente relacionadas de trabalho forçado na União Soviética podem ser distinguidas.
Trabalho escravo Pré-Gulag da Antiga Rússia
e União Soviética
Em 4 de abril de 1912, uma greve formada
pelos trabalhadores da Lena Gold Field Company se tornou violenta quando um
destacamento do exército disparou contra a multidão.[2] Nos relatórios que se
seguiram, uma versão confusa dos eventos, essencialmente assumindo que o
exército e os oficiais eram justificados em suas ações, deixou muitos com
perguntas sobre as circunstâncias em que a violência ocorreu. As condições de
trabalho dos anos que antecederam o evento e os anos seguintes poderiam estar
longe de ser desejáveis, mas, nesses anos, os trabalhadores mantiveram o
direito legal de greve, o que exigia preocupação com o uso de violência contra
os atingidos pela Lena Gold Field Company.[2] Nos anos que se seguiram, sob o
regime comunista, o governo começou a tomar direitos e a impor novas políticas
de trabalho forçado que davam menos opções aos trabalhadores, não apenas na
escolha de trabalhar, mas onde eles também trabalhavam.[3] Em julho de 1918, a
Constituição Russa implementou o Serviço Obrigatório de Trabalho, que deveria
começar imediatamente. Então, em 1919, o Código do Trabalho da Rússia
estabeleceu isenções como idosos e mulheres grávidas e os requisitos de
trabalho obrigatório para incluir que os trabalhadores tivessem a opção de
trabalhar em suas atividades, se a opção estivesse disponível.[3] Se a opção
não estivesse disponível, os trabalhadores seriam solicitados a aceitar o
trabalho que estava disponível. Os salários foram fixados em 1917 pelo Conselho
Supremo de Economia Popular e o dia de trabalho era fixado em oito horas, mas
um trabalhador e o empregador podiam acordar horas extras a serem trabalhadas e
foram estabelecidas condições para o trabalho voluntário, trabalho realizado.
aos sábados e domingos.[3] Mulheres e crianças foram a exceção e condições
específicas foram estabelecidas para eles. No final de 1919 e no início de
1920, houve a introdução da militarização do trabalho, apoiada por Trotsky e
Lenin.[3] Nos anos seguintes ao regime de Stalin, os trabalhadores teriam cada
vez menos liberdades no trabalho e na introdução do GULAG.
O Sistema Gulag Soviético
Gulags ou Glavnoye Upravleniye Lagerej (Sede do Acampamento) são descritos como campos de trabalho que eram um sistema policial de colônias e assentamentos especiais. O engodo comunista em torno do Gulag era que esses campos de trabalhos escravos reforçariam o cidadão soviético, que poderia então se tornar uma fundação da Sociedade Soviética.[4] A verdadeira função do gulag soviético era a exploração de seres humanos, que ocorria ao trabalhar as pessoas até a morte ou perto da morte antes de serem descartados.[5] Aproximadamente 20% dos prisioneiros seriam libertados todos os anos dos Gulags, mas estes não eram criminosos reabilitados, eram geralmente prisioneiros que eram fracos demais para realizar suas tarefas por mais tempo ou estavam sofrendo de doenças incuráveis.[6] Os tipos de prisioneiros variavam de pequenos criminosos a presos políticos. Um estudo de 1993 dos arquivos soviéticos revelou que entre 14 e 18 milhões de pessoas foram presas nos campos de trabalho de Gulag entre 1929 e 1953. Outros 10 a 11 milhões de pessoas foram deportados ou já estavam no sistema penal na época. Não há registros de arquivos oficiais ou precisos antes de 1929.[7] O sistema penal Gulag foi isolado a ponto de haver pouca ou nenhuma comunicação permitida entre os diferentes campos, e nenhuma menção aos campos foi discutida na sociedade soviética em geral.[8] Esta instituição era uma sociedade separada, com sua própria cultura e suas próprias regras. No começo, havia brutalidade e morte desenfreadas, mas depois começaram a normalizar e operar como qualquer outra cidade ou cidade social normal. Na maioria dos casos, o comandante do campo agia mais como o prefeito da cidade e até defendia melhores condições e aumento de suprimentos para as pessoas sob seu controle.[9] Segundo o governo dos EUA, as condições eram mortais:Em 1953, 1954, eram péssimas condições nos campos de concentração. É difícil explicar o quão ruim era... [A Comida] era ruim porque, quando cheguei ao campo de concentração, vi prisioneiros com apenas ossos e pele. Todos os dias em nosso campo de concentração, não me lembro de um dia em que menos de 20, 25 pessoas - menos de 35 - morreram de fome.[10]
Categorias diferentes com os Gulags:
O
sistema Gulag consistia em mais de 30.000 campos que foram divididos em três
categorias diferentes, dependendo do número de prisioneiros mantidos naquele
campo. Um grande campo normalmente abrigava mais de 25.000 prisioneiros cada,
um campo médio de 5.000 a 25.000 e os menores acampavam menos de 5.000
prisioneiros cada. Esses pequenos campos eram os mais numerosos dos campos de
trabalho escravo. Dentro do sistema penal, havia diferentes tipos de campos:
prisões, prisões especiais, campos especiais, colônias corretivas de trabalho e
campos para fins especiais, como institutos científicos de prisão (sharashka),
campos de filtragem e campos de prisioneiros de guerra (POW).[11]
Mortes no sistema Gulag:
Agora que os arquivos soviéticos estão disponíveis para estudo, foi determinado que haviam entre 15 e 18 milhões de pessoas mantidas prisioneiras sob o regime de Stalin. Não há registros confiáveis antes deste período. Estima-se que houve 1,8 milhão de mortos nos Gulags, aproximadamente 800.000 mortos pela Polícia Secreta Soviética e outro 1 milhão morrendo durante o processo de exílio após serem libertados do Gulag.A razão oficial do Partido Comunista para os Gulags foi a reabilitação, mas esse não foi o objetivo real. Os prisioneiros de Gualgs eram mão-de-obra escrava, o que ajudou a cumprir os objetivos do Plano Quinquenal, além de fornecer mão-de-obra para os projetos estatais, como o canal Moscou-Volga. Não há dúvida de que os campos foram feitos para abrigar criminosos e desajustados que eram um perigo para a sociedade, mas o que muitas pessoas eram culpadas é dizer ou fazer a coisa errada e depois se tornar prisioneiro político por anos.[6][8] Josef Stalin via esse tipo de pessoas como inimigas do Partido Comunista e queria que elas fossem tratados como inimigos: escravizando-as e levando-as a morte.A instituição denominada Gulag foi encerrada pelo despacho MVD nº 020, de 25 de janeiro de 1960. Campos de trabalho forçado para presos políticos e criminosos continuaram a existir. Os presos políticos continuaram sendo mantidos em um dos campos mais famosos de Perm-36 até 1987, quando foi fechado.
O sistema Kolkhoz
Com a ascensão da União Soviética, o antigo sistema agrícola russo foi transformado em algo mais alinhado com a doutrina soviética da coletivização. Um resultado final foi o que era conhecido como Kolkhoz, uma contração do russo por "fazenda coletiva". Stalin começou a pressionar pela coletivização das fazendas, alegando que economias de escala ajudariam a aliviar a escassez de grãos e buscando estender o controle soviético sobre os camponeses de mente independente (kulaks). No final da década de 1920, Moscou fez um esforço para exigir a coletivização e, em 1930, o Comitê Central pediu a coletivização da "grande maioria" das fazendas camponesas. Em 1932, 61% das famílias camponesas pertenciam a Kolkhozes, embora a transição estivesse longe de ser suave - os camponeses resistiram ativamente de várias maneiras, incluindo o abate de gado. Embora isso aumentasse o grão disponível, como os animais não precisavam ser alimentados, reduziu drasticamente a quantidade de carne, laticínios e couro do campo.[12] Como era mais fácil para as autoridades apreenderem grãos das fazendas coletivizadas, essas fazendas acabaram contribuindo com uma quantidade desproporcional de grãos no mercado no início dos anos 30.[13].Em um dos maiores atos de genocídio da história da humanidade, pelo menos 6 milhões de kulaks morreram de fome pela política deliberada do estado comunista.[14] Joseph Stalin anunciou a "liquidação dos kulaks como classe" em 27 de dezembro de 1929.[15] Stalin havia dito: "Agora temos a oportunidade de realizar uma ofensiva resoluta contra os kulaks, quebrar sua resistência, eliminá-los como classe e substituir sua produção pela produção de kolkhozes e sovkhozes".[16] O Politburo do Comitê Central do Partido Comunista formalizou a decisão em uma resolução intitulada "Medidas sobre a eliminação de famílias kulak em distritos de coletivização abrangente" em 30 de janeiro de 1930.
Todos os kulaks foram atribuídos a uma das três categorias:
1. Aqueles
a serem baleados ou presos, conforme decidido pela polícia política secreta
local.
2. Os
que serão enviados para a Sibéria, o Norte, os Urais ou o Cazaquistão, após o
confisco de suas propriedades.
3. Aqueles
a serem despejados de suas casas e usados em colônias de trabalho dentro de
seus próprios distritos.[17]
Os Kolkhozes eram tipicamente divididos em "brigadas" de 15 a 30 famílias.[18] Com o tempo, elas se tornaram mais permanentes e, na década de 1950, foram reorganizadas em "brigadas complexas". As brigadas eram muitas vezes divididas em "elos" de algumas pessoas.Ao contrário de Sovkhozes, ou fazendas estatais, que empregavam trabalhadores assalariados, os trabalhadores de Kolkhoz deveriam ser pagos por dia de trabalho, embora a taxa real de pagamento variasse bastante na prática - o dinheiro era ocasionalmente usado, mas o pagamento era mais frequente. dado em grão, e isso apenas escassamente.[19] Muitos camponeses confiavam em seus próprios lotes e gado, embora estes às vezes fossem levados pelas autoridades soviéticas.[20]Com o fim da União Soviética em 1991, os ex-Estados membros começaram a permitir a privatização em vários graus, com alguns países os dispersando por completo, e alguns reorganizando-os como diferentes tipos de fazendas corporativas.[21]
Campos de
trabalho forçado soviéticos durante a Segunda Guerra Mundial
O trabalho escravo foi fundamental para a União Soviética e, durante o tempo de industrialização, foi considerado uma ferramenta necessária pelos bolcheviques, a fim de livrar o país de inimigos internos, ao mesmo tempo em que usava esse trabalho para ajudar a alcançar uma união socialista mais forte, e essa ideia não foi diferente durante a guerra.[22] O trabalho escravo era uma maneira de a União Soviética aprisionar alguém por qualquer motivo, incluindo, entre outros, alemães, poloneses, asiáticos, soviéticos muçulmanos e soviéticos judeus ou qualquer um que parecesse judeu. Os gulags soviéticos inspiraram os campos de concentração nazistas. Durante a Segunda Guerra Mundial, alguns desses campos de trabalho foram transformados em campos onde os prisioneiros de guerra eram mantidos e forçados a trabalhar em condições horríveis, resultando em uma alta taxa de mortalidade. Ao mesmo tempo, houve a criação de outra forma mais dura de trabalho forçado, a Katorga. Apenas um pequeno número de pessoas em Gulags foi enviado para o katorga, e o katorga foi usado para aqueles que teriam sido condenados à morte. "Depois de assinar o Tratado de Não Agressão Alemão-Soviético[23] (Pacto Ribbentrop-Molotov) em 1939 e o Acordo Sikorski-Mayski[24] em 1941: a União Soviética participou da invasão da Polônia e seu subsequente desmembramento. As autoridades soviéticas declararam a Polônia inexistente e todos os ex-cidadãos poloneses das áreas anexadas pela URSS foram tratados como se fossem cidadãos soviéticos. Isso resultou na prisão de aproximadamente 2 milhões de cidadãos poloneses (incluindo um quarto de milhão de prisioneiros de guerra e 1,5 milhão de deportados pelo NKVD e outras autoridades soviéticas.[24]
Trabalho forçado estrangeiro
Em julho de 1937, quando parecia que a guerra era iminente, Stalin ordenou a remoção de alemães do solo soviético, alegando que eles estavam trabalhando para o inimigo. Uma ordem da NKVD também afirmou que os trabalhadores alemães eram agentes da Gestapo, enviados para sabotar os esforços soviéticos. Das 68.000 prisões e 42.000 mortes resultantes, apenas um terço era na verdade alemão; o restante era de outras nacionalidades.[25] Apenas um mês depois, a liquidação dos poloneses também foi aprovada pelo Politburo. Em 1938, 11.000 pessoas foram presas na Mongólia, a maioria delas lamas. Muitas outras nacionalidades foram envolvidas em operações semelhantes, incluindo, mas não exclusivamente,: letões, estonianos, romenos, gregos, afegãos e iranianos. Os que foram presos foram baleados ou colocados no sistema de trabalho forçado. Os americanos que viviam ou estavam na União Soviética em busca de trabalho durante a Grande Depressão se viram implorando à embaixada americana por passaportes, para que pudessem retornar ao seu país de origem. A embaixada se recusou a emitir novos passaportes e os emigrantes foram presos e enviados para a prisão, campos de Gulag ou executados.[26] O sistema de campos da UPV, separado do Gulag, foi criado em 1939 para utilizar prisioneiros de guerra e civis estrangeiros para o trabalho [27] Eventualmente, incluiu várias centenas de campos e milhares de campos auxiliares que mantiveram milhões de prisioneiros estrangeiros durante seus anos de operação. Os campos não eram uniformes na maneira como tratavam e forneciam prisioneiros, mas, em geral, as condições eram severas e poderiam ser mortais. Os dias de trabalho costumavam durar de 10 a 14 horas e os acampamentos eram frequentemente marcados por condições inseguras de trabalho, alimentos e roupas insuficientes e acesso limitado a cuidados médicos.A União Soviética não assinou os Acordos de Genebra para não ser obrigada a seguir suas estipulações sobre prisioneiros de guerra.[28] A União Soviética reteve prisioneiros de guerra depois que outros países libertaram seus prisioneiros, apenas começando a fazê-lo após a morte de Stalin em 1953. O restante dos prisioneiros foi libertado em 1956 para construir relações diplomáticas com a Alemanha Ocidental.
Referências
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Fonte: Wikipedia
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