Absurdo,
excesso de zelo, iluminismo, que mais? Não havia palavras suficientes para
denegrir a figura de São João Maria Vianney.
Escreviam-lhe anonimamente, sem assinar:
-"Vós desonrais a nossa batina!"
Outra
carta anônima dizia:
-"Dizem que sois um santo, mas nenhuma das pessoas que vai procurar-vos volta convertida! Faríeis bem em moderar o vosso zelo mal-entendido; caso contrário, nós nos veremos forçados, ainda que a contragosto, a advertir ao senhor bispo!"
Outro
correspondente tinha suficiente descaramento para terminar assim:
-"Quando
se tem tão pouca teologia como vós, nunca se deveria entrar num
confessionário..."
Apesar
de disfarçada, o pe. Vianney reconhecia a letra dos seus colegas. Gostaríamos
de saber o que é que lhes respondia?
Dizia assim: "Senhor Pároco, agradeço-vos sinceramente os caridosos conselhos que houvestes por bem transmitir-me. Confesso a minha ignorância e a minha incapacidade. Se há pessoas das paróquias vizinhas que não se converteram após terem recebido os sacramentos da minha mão, isso me aflige profundamente. Se vos parecer correto, podeis escrever ao senhor bispo, e ele, assim espero, terá a bondade de repreender-me. Rogai a Deus, por favor, senhor Pároco, para que eu faça menos mal e mais bem".
São João Maria Vianney dizia de si mesmo na carta:
"Quanta razão tenho para amar-vos, meu muito caro e muito venerado colega: vós sois o único que realmente me conhece bem! E como sois tão bom e tão caridoso a ponto de vos interessardes pela minha pobre alma, ajudai-me a obter a graça, que já estou pedindo há tanto tempo, de ser substituído neste posto que não sou digno de ocupar devido à minha ignorância, a fim de que possa retirar-me para algum canto onde chorar a minha pobre vida. Quanta penitência tenho de fazer! Quantas lágrimas devo chorar!"
A denúncia, dotada de uma longa exposição de motivos e enumerando todas as acusações que havia contra ele, veio parar às suas mãos, não se sabe se por malícia ou por remorso, através de um dos membros do grupo que elaborara o documento. O pe. Vianney acrescentou a sua assinatura e a devolveu ao remetente.
Sim, ele se uniu aos queixosos para obter uma punição que considerava, como eles, merecida!
São João Maria Vianney dizia:
"Eu estava esperando, de um momento para o outro, dizia mais tarde - que me pusessem para fora a bordoadas, preso e condenado a terminar os meus dias numa prisão.Parecia-me que todo o mundo deveria mostrar-me a língua por ter ousado permanecer tanto tempo numa paróquia onde eu não podia ser senão um obstáculo ao bem".
Não só se julgava indigno de converter as almas, mas, mais ainda, considerava-se incapaz!
No final da sua vida, terá causado aproximadamente cem mil retornos a
Deus: para ele, era como se não tivesse feito nada; outro teria feito mais. E
raciocinava corretamente, mas raciocinava como um santo.
Rebaixam-no? Ele se humilha! Insultam-no? Ele se alegra! E o faz sinceramente, não precisamos duvidar disso nem por instante. Onde reside a alegria perfeita, segundo São Francisco de Assis? Na perfeita humilhação!
D.
Devie que analisou o caso, obtinha Tato, bondade, fineza, penetração,
conheci-mento dos homens, amor pelas almas, essas eram as suas qualidades, ou
melhor, as suas virtudes. Acusou recebimento da missiva e fez saber que se
informaria. Sabia do que se estava passando; as excentricidades do acusado
nunca haviam escandalizado nem inquietado a sua prudência.
Para
completar o que já sabia, enviou a Ars os seus principais auxiliares, que
voltaram tontos de admiração. Que responder e que pensar de um homem que aceita
de antemão a sua punição, que a reclama e que não exprime senão um só desejo: "enfiar-me num buraco para chorar os meus pobres pecados"?
D. Devie pediu afetuosamente ao pe. Vianney que enviasse ao bispado os casos de consciência mais difíceis. De duzentos casos submetidos a exame, não se encontraram senão dois que os teólogos mais sutis teriam resolvido de modo diferente do santo Cura d'Ars . E então o bispo deu o seu veredito:
"Senhores
- bradou certo dia perante um grande número de eclesiásticos, entre os quais se
achavam alguns dos oponentes, eu desejo para vós um pouco daquela loucura de
que vos rides com frequência: ela não causará mal algum à vossa sabedoria!"
Noutra
ocasião, declarou o clérigo com força e gravidade:
-"Sim, meus senhores, é um santo! Um santo que devemos admirar e tomar como modelo!"
E
dirigindo-se a alguém que referia a reputação de ignorante de que gozava o Cura
d'Ars:
- "Não sei se ele é muito instruído, mas é esclarecido!"
Em 1838, Mons. Devie foi a Ars; como era praxe, foi recebido no castelo, e como
o fazia normalmente quando o bispo convidava os seus colegas sacerdotes, o pe.
Vianney não compareceu à recepção. Mas, o Monsenhor declarou não estar
contrariado, e que fazia questão de lhe deixar toda a sua santa liberdade, isto
é, a liberdade de aproveitar o seu tempo com todas as suas santas obras.
Após o falecimento do bispo, o seu protetor, o pobre Cura d'Ars, herdou um dos seus roquetes (sobrepeliz estreita, de mangas, com rendas e pregas miúdas, usadas por bispos e dignitários religiosos). Sempre se recusou a usá-lo; considerava-o uma relíquia! Esperava dele que fizesse milagres, e espantava-se ao ver que não os fazia.
Foi assim que São João Batista Maria Vianney continuou em Ars na França, mais firme do que antes, apesar das denúncias dos seus colegas; estes, aliás, se renderam e foram pedir-lhe perdão. São João Batista Maria Vianney, também conhecido como Santo Cura d'Ars (Dardilly, Ródano, 8 de maio de 1786 — Ars-sur-Formans, 4 de agosto de 1859, França), foi canonizado pela Igreja Católica, e nomeado padroeiro dos Párocos em 23 de abril de 1928.
Fonte: Livro
O Cura D' Ars, Henri Ghéon, páginas 122 a 126, Editora Quadrante
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