![](https://blogger.googleusercontent.com/img/b/R29vZ2xl/AVvXsEivh2iN1Ja2pKc5iJuyze0mJzH3kCC285LYZrCLVt4QjobMxTq81lBsWigCdDdu8pemFTZNYyO2Sn4S7giIdwINoa9vwAPefFF0D8gCU4Oh4yvPJOZcLkFcxBnt77fYOa1GlKPfKPRaD4vnTGs8tZfRUxssL5HvK20umqgobMAbVm4n1h-B-FvbKCyHXn21/w557-h404/propiedade.PNG)
Foi
o filósofo de Genebra Jean-Jacques Rousseau (1712 +1778), que afirmou em seus
escritos que é com a propriedade privada que começa o
desmoronamento da sociedade, e quando instalou-se, de fato, a desigualdade.
Segundo Rousseau com a propriedade privada o homem priorizava o amor próprio. Em sua primeira encíclica, Deus caritas
est, o Papa Bento XVI salientou que palavra amor tem sido deturpada em nosso
tempos: “O termo «amor» tornou-se hoje uma das palavras mais usadas e mesmo
abusadas, à qual associamos significados completamente diferentes” (Bento XVI,
Deus caritas est, n0 2). Mais ainda do que abusado, o
termo amor foi sendo prostituído em nossos dias, sobretudo nos meios
progressistas. Como principiou essa prostituição do termo amor? Como se
processou essa deturpação semântica, pensada e planejada, a fim de levar a confundir
amor com mera solidariedade? Como se passou do conceito católico de amor -
virtude teologal da Caridade - até reduzi-lo ao nível puramente animal, depois
de o ter feito passar pela confusão de amor com mero sentimento? Certamente, o
processo de deturpação do sentido da palavra "amor" foi longo. Bento
XVI, em sua aula magistral de Regensburg, apontou a origem de toda a derrocada
metafísica na Cristandade com filosofia voluntarista de Duns Scoto. De fato, o
voluntarismo da filosofia de Duns Scoto fez colocar o querer, isto é, o amor
acima do conhecer, iniciando um processo que culminaria no Romantismo e no
modenismo atuais. Não se pode negar que Pascal e o Romantismo prosseguiram esse
processo de deturpação da caridade, amor sobrenatural, desvinculando o querer
do conhecimento. É bem conhecida a frase do jansenista Pascal de que “O coração
tem razões que a própria razão desconhece”. Para os românticos progressistas e subjetivistas,
o amor era completamente separado da razão. Mais ainda, os românticos
consideravam que o amor necessariamente devia ser irracional. Devia ser uma
paixão desprovida de racionalidade. Devia ser mero sentimento. Por isso Rousseau, um dos mais proeminentes sentimentalistas do romantismo, e ideólogo da revolução francesa, dizia que o homem devia se deixar levar só pelo coração, pelo
sentimento, não pela razão: “Existir, para nós, é sentir; incontestavelmente
nossa sensibilidade é anterior à nossa inteligência, e nós antes tivemos mais sentimentos
do que idéias” (Jean-Jacques Rousseau, La profession de foi du Vicaire
Savoyard, n0 1036). Rousseau irá mais
longe ainda em seu repúdio à racionalidade, ao escrever: “Ouso quase
assegurar que o estado de reflexão é um
estado contrário a natureza, e que o homem que medita é um animal
depravado” (Jean-Jacques Rousseau, Discurso sobre a Origem da desigualdade
entre os homens, I Parte, In Os Pensadores, XXIV, Abril Cultural, p.247). Se Rousseau
acusa a propriedade privada e a família de todas as mazelas da sociedade, porque o homem
primitivo usando seus sentimentos, não intuiu e desenvolveu solução melhor para
a vida comunitária que só crescia carregando todas as consequências? Está na hora de testar se a tese sentimentalista
Rousseauana é sustentável, e é isso que faremos agora!