O autor Silvio de
Abreu contou em entrevista ao Ofício em Cena, da Globo News, aquele fato
histórico que até hoje parece inconcebível a muitos jovens intoxicados de
propaganda esquerdista anti-Rede Globo: que as telenovelas brasileiras foram
desenvolvidas na emissora por autores pasmem! de esquerda!
-Hoje, quando Walcyr Carrasco faz propaganda de livro que exalta Che
Guevara em “Amor à vida”.
-Ricardo Linhares faz um comercial pró-aborto em
“Saramandaia”.
-Manoel Carlos chama “mais da metade dos brasileiros” de
“machistas” e “da idade das pedras” por conta de pesquisa errada do IPEA sobre
estupro,
-Lícia Manzo e Daniel Adjafre discutem o incesto em “Sete vidas”.
Sem falar em polêmicas sobre “beijos gays”, convém lembrar a tradição
ideológica da casa em matéria de dramaturgia.
José Bonifácio Sobrinho, o Boni, relatou que:
“a maior parte dos criadores da Globo eram comunistas e as novelas
serviram como “válvula de escape” à censura durante a ditadura militar.”
Acrescento também
trechos de uma entrevista da neta de Dias Gomes e Janete Clair, e de uma edição
do Roda Viva com o próprio Dias Gomes, em que ele, tentando salvar o vírus como
todo esquerdista, defende a tese de que o socialismo real foi um “projeto
deformado em sua essência”, não a concretização exata do projeto mesmo, conforme
exaustivamente demonstrado no livro: “O mínimo que você precisa saber para não
ser um idiota.”
1)-Renata Ricci, atriz
(da plateia): Eu cresci ouvindo dizer que a telenovela brasileira é considerada
a melhor do mundo. Então a primeira pergunta é se você acredita nessa premissa?
Sílvio de Abreu:
Acredito!
2)-Renata Ricci: E a
segunda é: o que é que você acha que é a diferença principal da nossa maneira
de se fazer telenovela, dramaturgicamente falando, na questão da atuação e da
direção, para as outras, que são feitas… sei lá, a soap opera americana e as
outras?
Silvio de Abreu: É, a
soap opera americana é feita para um público de donas de casa, que passa na
hora do almoço, e a produção dela é muito precária, as cenas são só cenas de
interior e as histórias são sempre só histórias românticas. A novela mexicana,
por exemplo, que é um sucesso no mundo todo, é uma novela que é sempre feita
dentro da mesma fórmula, e elas não fogem dessa fórmula. A novela brasileira… Quando a
gente teve a ditadura aqui, os excelentes autores intelectuais de esquerda,
eles não podiam trabalhar em teatro, não podiam trabalhar em cinema, porque
eram censurados, e eles vieram para a televisão. Então o Dias Gomes, o Bráulio
Pedroso, o Jorge Andrade, o Lauro Cézar Muniz, os melhores autores do país
começaram a fazer novela. Então eles deram à novela uma categoria que
nenhum outro país tem. O ator que faz soap opera americana não é o melhor ator
dos Estados Unidos, muito pelo contrário. O ator que faz a novela mexicana
também não é o melhor ator do México. E aqui nós temos os melhores atores do
país fazendo novela.
2)- Esther: Ô Boni,
você sempre falou, defendeu muito o jornalismo, né, você está agora reforçando
isso…
Boni: Minha paixão na
televisão é o jornalismo.
3)-Esther: É o
jornalismo - Interessante que a censura também visava mais o jornalismo.
Boni: Perfeito!
4)- Esther: O doutor
Roberto [Marinho] também estava interessado mais no jornalismo. Será que as
novelas se beneficiaram de uma certa liberdade com a falta de expectativa em
relação a elas…?
Boni [interrompendo]:
Eles não percebiam exatamente o poder que a novela tinha. Tanto que “O
Bem-amado” começa com uma música que era do Vinícius, que dizia: “Nós estamos
sentados sobre um barril de pólvora.” E ninguém reclamava disso, o tempo todo
(…). Mas eles reclamavam quando um sujeito chamava “Ei, coroné!”, aí eles
diziam assim: corta esse “coroné” aí. (Risos)
5)-Esther: Eu tenho a
impressão que o jornal era tão controlado que essa integração nacional se deu
de uma maneira muito diferente da que os militares imaginavam e tudo…
Boni: Sua observação
é perfeita!
6)- Esther: …porque
havia mais vida nas novelas!
Boni: Existia até um
termo que foi criado pelo Dias Gomes, que ele dizia assim… Quando a gente mandava uma
sinopse para a censura, dizíamos: “Vamos pentear a sinopse”, que é para que
eles não percebessem como é que era a figura do bicho. Então dava-se uma
penteadinha, suavizava-se tudo e depois fazia-se o que se tinha que fazer
mesmo. Então a novela foi um escape. Diria que ela não foi a coisa mais
importante, mas ela foi uma válvula de escape naquele momento em que nós estávamos
sob uma censura bastante dura.
7)-Marília Gabriela:
Você teve algum embate direto com a censura?
Boni: Ah, tive
vários. Nós tivemos vários sobre questões do jornalismo e sobre questões de
conteúdo. Primeiro que os censores de conteúdo eram censores contratados, quer
dizer, eram censores profissionais de carreira, então diferentes de censores
militares que não entendiam do que fazer, nem como falar sobre aquele assunto,
mas nessas duas categorias existiam pessoas extremamente inteligentes e extremamente
despreparadas, então às vezes você tinha embates em que você era ameaçado de
ser recolhido, porque você estava sendo muito agressivo na defesa dos seus
interesses.
8) - Esther: Ô Boni,
entre essas várias opiniões que você consultava e que faziam a televisão,
tinham vários comunistas… declarados, né?...O Dias era um exemplo de uma pessoa
que até o fim se classificava assim, se associava… Como é que era isso? Como é
que isso aconteceu? Isso é uma das…
Boni: Não, essa
questão, nós nunca… Nossos funcionários, nossos criadores, a maior parte deles
eram socialistas ou comunistas, mas o próprio doutor Roberto nunca se importou
com isso! Sabe
da história lá da redação, da invasão, quando eles queriam convencer o doutor
Roberto que ele estava cercado de comunistas na redação e que eles queriam
entrar para prender os comunistas. O doutor Roberto disse assim: “Aqui ninguém
entra. Nos meus comunistas, mando eu!” (Risos)
Renata Dias Gomes, neta de Dias Gomes e Janete
Clair, em entrevista de 28/07/2011:
“Eu acho que as emissoras não
estão interessadas em ideologia e política, no caso das novelas. Mas tanto é
que meu avô fazia novelas politizadas dentro da Globo no auge da ditadura. Meu
avô era comunista e trabalhava na Globo! A maior prova, pra mim, de que as
emissoras são comerciais e não ideológicas é isso. O meu avô fez “O Bem-amado”
no auge da ditadura, dentro da TV Globo. Meu avô nunca foi mandado embora do
país. Você acha que se ele não fosse contratado da Globo não teria sido preso,
torturado e exilado? É lógico que teria sido, como todo mundo foi! Ele ficou
aqui por dois motivos: primeiro, a minha avó era a esposa dele e se ele fosse
embora ela iria junto, e ela era a maior audiência da Globo. E segundo, que ele
também fazia novelas de sucesso. Tem aquela
frase famosa do Roberto Marinho que diz ‘Dos meus comunistas cuido eu’. Ele
pegou o meu avô, Mário Lago, Lauro César Muniz, Bráulio Pedroso. Os comunistas
todos trabalhavam dentro da TV Globo naquela época. Então o importante é você
contar uma boa história, a questão é a audiência, não a ideologia.”
Roda Viva com Dias Gomes, em 12 de junho de
1995:
Dias Gomes: “Eu nunca fui de
participar de grupos. Você focalizou ainda há pouco a minha trajetória no
teatro brasileiro. Quantos grupos teatrais que influíram decisivamente no
teatro brasileiro eu vi se formarem ao meu lado e eu nunca participei de
nenhum. Estava-se organizando os comediantes, que tanta influência tiveram na
renovação do espetáculo com o [Zbigniew Marian] Ziembinski [(1908-1978), pintor,
fotógrafo, ator e diretor polonês
bastante polêmico, que se dizia o "criador do teatro brasileiro"] e
tal. Eu estava estreando no momento em que os comediantes estavam estreando
também, e eu não participei dos comediantes. Nos anos 1960: Teatro de Arena, Oficina
depois o grupo Opinião. Todos eles eram formados não só de amigos meus como de
pessoas que pensavam parecidos comigo. Havia
até uma influência esquerdista em todos eles, e eu nunca participei de nenhum
também. Eu nunca fui… eu sempre tive um caminho meio solitário. Então a
Academia é um grupo fechado de 40 pessoas, entre as quais eu tenho amigos,
tenho pessoas que prezo, que admiro, mas eu não tenho muita vocação para esse
convívio, eu sou um socialista insociável. [risos]”
Matinas Suzuki: Você
ainda é de esquerda?
Dias Gomes: Sou.
Matinas Suzuki: O que
significa ser de esquerda hoje?
Dias Gomes: É uma bobagem esse
negócio de pensar que não existe mais esquerda e direita. Então nós estaríamos
em uma sociedade igualitária e justa, se não existe mais esquerda e direita.
Porque enquanto houver pobres e ricos, opressores e oprimidos haverá esquerda e
direita. Haverá aqueles que querem mudar tudo e aqueles que querem mudar só
algumas coisas para que tudo continue como está, que é o conservador. Então sempre
haverá esquerda e direita.
Rita Buzzar: Qual a
sua utopia possível dentro de um horizonte?
Dias Gomes: Toda minha juventude, e maturidade até, eu alimentei, como toda a minha
geração, a utopia de uma sociedade igualitária, uma sociedade socialista. Infelizmente
a tentativa, o projeto dessa sociedade, na União Soviética, nos países do leste
europeu, foi um projeto deformado em sua essência, que excluía uma coisa
essencial ao socialismo que é a liberdade. E no momento em que você exclui a
liberdade, você não está mais realmente em um projeto socialista...Eu e
Janete éramos pessoas muito diferentes, talvez por isso nos déssemos tão bem. O
nosso casamento durou 33 anos, mas nós tínhamos visões de mundo muito
diferentes. Janete era católica, eu sempre
fui ateu, eu fui marxista, tive formação marxista e tudo. E ela tinha
também um estilo de realismo romântico, e eu sempre fui um realista
empedernido. (…)
Felipe Moura Brasil ⎯ veja.abril.com.br/blog/felipe-moura-brasil
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