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Revelações Privadas e Controvérsias: Uma Investigação Sobre as Supostas Profecias do Padre Oliveira

Written By Beraká - o blog da família on domingo, 15 de outubro de 2023 | 11:44






O que dizer das "profecias do Padre Oliveira?" Devemos dar crédito absoluto ou relativo?


Por *Francisco José Barros Araújo 



Em tempos de grande efervescência espiritual, torna-se cada vez mais urgente reafirmar o lugar único e insubstituível do Magistério da Igreja como critério seguro e definitivo para a fé. A proliferação de mensagens particulares, visões subjetivas, interpretações privadas e manifestações supostamente sobrenaturais pode facilmente seduzir os fiéis, sobretudo quando revestidas de aparência piedosa, tom profético ou linguagem apocalíptica. 



Entretanto, a Igreja ensina com firmeza que a Revelação divina foi plenamente concluída em Cristo e que sua correta interpretação foi confiada unicamente ao Magistério autêntico. Nenhuma revelação — mesmo as reconhecidas oficialmente — tem autoridade para completar, corrigir ou rivalizar com a Palavra definitiva de Deus. Nesse contexto, é essencial recordar que nenhuma revelação privada é obrigatória à fé; sua aceitação nunca constitui critério de ortodoxia. A fé católica não se apoia em fenômenos extraordinários, mas na Palavra revelada por Deus, transmitida pela Tradição viva da Igreja e iluminada pelo Magistério infalível. 



Por isso, antes de buscar “mensagens novas”, cabe ao fiel conhecer profundamente aquilo que Deus já nos deu de maneira segura: a doutrina da Igreja, especialmente sintetizada no Catecismo. Somente a partir dessa base sólida é possível discernir, com maturidade e prudência, o valor espiritual de qualquer manifestação privada, evitando os perigos — sempre reais — de criar um “magistério paralelo”, movido mais por emoções e expectativas do que pela verdade de Cristo. 



É nesse cenário que surgem fenômenos como o das chamadas “Profecias do Padre Oliveira”. Quem não já se deparou com postagens, vídeos e comentários nas redes sociais sobre esse suposto sacerdote gaúcho que, segundo dizem, teria previsto o falecimento de Bento XVI? O caso tomou os holofotes dos ambientes católicos porque, até pouco tempo, essas revelações eram inteiramente desconhecidas. O que realmente impulsionou sua difusão foi a afirmação de que Nossa Senhora revelara a esse padre que, após um período de conflitos e provações, o Brasil seria salvo do comunismo por intervenção divina (um plágio de Cimbres no Recife). Trata-se de uma ideia bonita, profundamente desejada por muitos, e justamente por isso tão facilmente acolhida sem o devido discernimento. 




É verdade que a Igreja reconhece a importância de algumas revelações privadas ao longo da história. Exemplo disso são as visões de Santa Margarida Maria Alacoque, que difundiram a devoção ao Sagrado Coração de Jesus, e a mensagem de Nossa Senhora de Fátima, que gerou um movimento mundial de conversão e penitência. 



Contudo, o que muitas vezes é esquecido é que mesmo essas revelações aprovadas não pertencem ao depósito da fé; elas podem ajudar a vivê-la melhor, mas jamais substituem ou ampliam a Revelação já completa. Por isso, os critérios da Igreja sempre foram claros: prudência, discernimento, investigação rigorosa e jamais aceitação apressada. É exatamente aí que se torna necessário aplicar essa sabedoria ao caso do Padre Oliveira. 



O principal motivo que levou tais visões ao estrelato — a profecia sobre a restauração miraculosa do Brasil — ainda não se cumpriu e, como toda revelação privada, não pode nem deve orientar a vida de fé dos católicos. O fato de uma previsão parecer “bonita” ou “consoladora” não lhe confere autenticidade. Na verdade, justamente por despertar fortes emoções, a Igreja recomenda ainda maior cautela. Assim, diante de qualquer suposta revelação privada, o ensino constante da Igreja permanece válido: duvide, investigue, submeta tudo ao Magistério e jamais trate tais mensagens como verdades de fé. A revelação pública — aquela dada por Cristo e guardada pela Igreja — é suficiente, segura e plenamente capaz de conduzir o cristão à salvação. Tudo o que ultrapassa isso deve ser acolhido com extrema prudência e jamais com ingenuidade espiritual. Se o fiel permanecer ancorado no Magistério, jamais será enganado. Mas se permitir que revelações não autenticadas — ou mesmo aprovadas — ocupem o lugar da doutrina, corre o sério risco de substituir a fé de sempre por expectativas humanas. E esse é o caminho mais rápido para o erro, a confusão e a perda da verdadeira fé.



 


 


Convém deixar absolutamente claro que, embora nenhuma revelação privada — mesmo as reconhecidas oficialmente pela Igreja — seja objeto de fé obrigatória, tampouco pode ser simplesmente ignorada ou tratada com desprezo pelo fiel católico. 


A Igreja jamais impõe tais revelações como dogmas, mas espera do fiel uma atitude respeitosa diante daquelas que ela mesma discerniu e aprovou, como Fátima em Portugal, Nossa Senhora das Graças na França, Guadalupe no México e outras reconhecidas ao longo da história. Contudo, é igualmente verdadeiro que a credulidade fanática é tão perigosa quanto a incredulidade absoluta. O equilíbrio católico não está no “tudo aceitar” nem no “tudo rejeitar”, mas no discernimento maduro, prudente e sereno. 



É por isso que qualquer suposta profecia ou visão particular deve ser examinada com cautela, sobriedade e isenção de ânimo. E é exatamente essa falta de discernimento que tem caracterizado a divulgação das previsões atribuídas ao chamado “Padre Oliveira”. O fato de permanecer oculto sob um pseudônimo já torna o fenômeno suspeito, pois abre amplo espaço para projeções, fantasias e especulações. 



Como muitos católicos desejam ardentemente que Nossa Senhora intervenha de maneira extraordinária para salvar o Brasil do comunismo, acabam se agarrando com ansiedade a essa suposta revelação — conferindo-lhe uma fé sobrenatural que deveria ser reservada somente à Revelação divina reconhecida pela Igreja no Magistério, na Escritura e na Tradição. O problema agrava-se quando aqueles que duvidam da autenticidade dessas mensagens passam a ser chamados de incrédulos, infiéis ou até “excomungados” por não aderirem à narrativa. 



Nada poderia ser menos católico. A prudência diante de revelações não reconhecidas é um dever espiritual, não um defeito de fé. Em uma live realizada no canal “Déia e Tiba”, o teólogo Lucas Gelásio explicou detalhadamente o contexto das chamadas visões do “Padre Oliveira” e o motivo do pseudônimo. Entre outras coisas, esclareceu que o próprio autor das visões não se autodenomina profeta e afirma expressamente que suas locuções não são profecias, mas percepções interiores que ele mesmo não compreende de modo absoluto. 



Um exemplo eloquente: na visão que o tornou famoso, ele relata ter visto o corpo de Bento XVI sendo preparado para o velório e menciona o período de 2022–2023. Diante disso, ele não afirmou que o Papa morreria naquela data; ele apenas questionou: “será que o Papa irá para a casa do Pai...?”, registrando a visão com um ponto de interrogação — o oposto de uma profecia propriamente dita, que é afirmativa, precisa e contundente. Portanto, não são poucos os que têm atribuído ao suposto Padre Oliveira palavras e afirmações que ele nunca proferiu, criando um ambiente de confusão, rumores e falsas expectativas. 



Antes de tirar conclusões precipitadas, é indispensável confirmar o que realmente foi dito, consultando fontes confiáveis e evitando repassar interpretações deturpadas. Como o próprio Lucas observou, algumas das visões apresentadas são pouco claras, de caráter especulativo e não possuem qualquer garantia de autenticidade sobrenatural. Aqui se aplica com toda força a advertência sempre atual do Pe. Paulo Ricardo



“A prudência é a mãe das virtudes.” E, no que diz respeito a revelações privadas que não foram reconhecidas pela Igreja, duvidar, discernir e ponderar não é fraqueza espiritual — é sensatez, maturidade e fidelidade à fé católica. 



Afinal, o povo brasileiro, especialmente os mais simples, é naturalmente piedoso, mas muitas vezes excessivamente crédulo. Isso abre espaço para oportunistas, de boa ou má fé, que se aproveitam dessa sensibilidade religiosa para ganhar visibilidade, influência ou até dinheiro. Portanto, sejamos firmes: a fé católica deve permanecer sempre ancorada no Magistério, na Sagrada Escritura e na Tradição — e não em mensagens anônimas, visões não comprovadas ou promessas que, embora belas, não possuem garantia alguma de autenticidade. A verdadeira segurança espiritual não está no extraordinário, mas no eterno e no já revelado por Cristo.



Veja o esclarecedor vídeo abaixo de Lorenzo Lazzarotto:







Profecias do Padre Oliveira? O Que pensar? O QUE DIZ O SAGRADO MAGISTÉRIO?



Por Lorenzo Lazzarotto  - o fiel Católico








Logo após Bento XVI ter deixado esta terra, os Católicos viram inúmeras publicações nas redes sociais a respeito das 'Profecias do Padre Oliveira'. Este misterioso Padre gaúcho teria previsto – e acertado – a data do falecimento de Joseph Ratzinger. Mas o principal motivo que alçou estas visões desconhecidas ao estrelado foi uma profecia que (ainda) não se cumpriu: "Segundo o Padre Oliveira, após um período de provação, Nossa Senhora salvaria o Brasil do Comunismo". Uma previsão belíssima que todos nós gostaríamos de crer, sem dúvida! Mas, em matéria de revelações privadas, a prudente recomendação constante da Igreja sempre foi: 



"Duvide, até que se demonstre cabalmente sua autenticidade concreta e completa!”






Se por um lado, seria errado manter a posição que São Luís Maria Grignion de Montfort condena no 'Tratado da Verdadeira Devoção':  a dos fiéis "críticos" que pura e simplesmente descartam toda aparição ou revelação como sendo falsa (não é o caso do Apostolado Berakash). Diante dos elementos sobre humanos (milagres não explicáveis pela medicina, credulidade de Santos, aprovações por parte do Magistério), embora nenhuma revelação seja estritamente obrigatória, nenhum fiel tem o direito de temerariamente ignorar, por exemplo, a mensagem de Nossa Senhora de Fátima ou a autenticidade do manto de Guadalupe.




"Mas a credulidade excessiva é tão nociva quanto a incredulidade! É preciso analisar as supostas profecias com muita cautela e isenção de ânimo, a fim de nos indagarmos sobre sua possível autenticidade."




E isso está faltando em não poucos dos fiéis que divulgam as previsões do Padre Oliveira - que permanece blindado sob a égide do anonimato. Como muitos são os fiéis os quais desejam que, efetivamente, Nossa Senhora salve o Brasil do Comunismo, apegam-se a esta suposta profecia com uma Fé Sobrenatural que só deveriam ter na Revelação  (Escritura, Tradição e Magistério) e taxam de incrédulo quem impugna tal autenticidade (ainda não confirmada). Não é porque desejamos que algo seja verdade que será.

 



Fonte: o fiel Católico

 




Por que a Igreja "não obriga a crer nas aparições marianas?"

 



Por Pe. Paulo Ricardo









"Ninguém é obrigado a crer com fé católica em revelações privadas, por não fazerem parte do depósito sagrado que Deus revelou de uma vez para sempre à Igreja Católica."

 



Para entender por que a Igreja Católica não obriga os fiéis a crer em revelações privadas, mesmo que sejam célebres e bem atestadas, como as de Lourdes ou de Fátima, é importante saber que a fé se diz em três sentidos principais [1]:




1) De um lado, há o que se chama fé humana, que, em linhas gerais, é a que prestamos a uma verdade cuja evidência não vemos por nós mesmos, mas aceitamos pelo testemunho ou pela autoridade de outra pessoa. É por fé humana, por exemplo, que sabemos da existência de Roma, embora nunca tenhamos posto os pés na Itália, ou que um aluno dá por verdadeiro um teorema que ainda não é capaz de demonstrar. No primeiro caso, é a convergência de testemunhos (fotos, mapas, documentários etc.) que torna razoável crer que Roma existe; no segundo, é a autoridade do professor que dá ao aluno segurança para aceitar, antes de poder demonstrá-las, as estranhas fórmulas que vê na lousa.




2) De outro lado, há o que se chama fé católica, que se deve às verdades reveladas por Deus aos homens por meio de Cristo e dos Apóstolos, ou seja, da Igreja. A fé católica se assemelha em parte à fé humana quanto ao seu motivo, que neste caso é uma autoridade, não a de qualquer um, mas de Deus. Cremos em algo porque Ele o disse. A diferença é que, se a autoridade humana pode falhar (isto é, equivocar-se no que diz ou ter a intenção de enganar), a de Deus não. Por isso a nossa fé é certíssima. Afinal, Deus não se engana nem engana ninguém. No entanto, para aceitarmos com fé católica uma determinada verdade, é necessário que ela:



-Se funde numa revelação pública ou universal, feita a toda a Igreja.



-Reconhecida infalivelmente como tal pela Igreja e proposta pelo Magistério, solene ou ordinário, para ser crida por todos os cristãos.



-E na qual todos os cristãos estamos obrigados a crer para sermos salvos.








3) Por último, há o que se chama fé meramente divina, que se deve a uma revelação privada ou pessoal, na qual está obrigado a crer apenas aquele a quem é ela certamente dirigida, mesmo que a Igreja prudencialmente a reconheça como autêntica. A fé meramente divina se assemelha à católica também quanto ao motivo, que é a mesma autoridade divina. De fato, quem recebe uma revelação privada deve crer nela, se tem certeza de que é Deus quem lhe fala. A diferença é que, enquanto a fé católica se refere ao que Deus revelou aos fundadores da Igreja para toda a Igreja, a meramente divina se refere ao que Ele quis revelar a esta pessoa particular, ainda que em proveito de toda a Igreja numa época determinada.




Daí se vê que ninguém pode ser obrigado a crer com fé católica nas revelações privadas, quaisquer que sejam elas, uma vez que não fazem e nunca farão parte do depósito sagrado que Deus revelou de uma vez para sempre à Igreja Católica, depósito ao qual, depois da morte do último Apóstolo (João), jamais se acrescentará um só iota.









Tampouco, estão obrigados a prestar assentimento de fé divina a revelações privadas os fiéis a quem elas não foram imediata e certamente dirigidas, embora convenha prestar-lhes assentimento de fé humana, na medida em que a autoridade da Igreja julga prudente reconhecê-las como autênticas, isto é, livres de todo indício razoável de fraude, engano, manipulação, e de quaisquer elementos que contradigam o conteúdo da revelação pública. Assim, não peca contra a fé quem não crê nas revelações de Fátima ou em outras aparições marianas particulares, embora nisto possa haver certa indocilidade temerária ao Magistério eclesiástico, quando ele mesmo reconhece a autenticidade de tais manifestações e as propõe aos fiéis, especialmente pela Liturgia, como dignas de fé e conformes à doutrina cristã.





Diz a esse respeito um autor antigo:




"Quando revelações privadas são aprovadas pela Igreja, não são aprovadas para serem cridas indubitavelmente, mas como prováveis. Deve-se dizer que, quando estas revelações são aprovadas pela Igreja, não são aprovadas para que lhes prestemos assentimento com certeza de fé, mas para que as acolhamos como prováveis. Não para que sejam aceitas como de fé, mas porque nelas não se contém nada contrário à fé ou aos bons costumes. De resto, quanto a fatos particulares, são propostas como prováveis, porque promovem a piedade dos fiéis e não contêm nenhum absurdo. Dizer, porém, depois da aprovação da Igreja, que elas contêm falsidades é grande temeridade e presunção [2].





Quanto a supostas "revelações que ainda não foram examinadas pela autoridade da Igreja" e sobre as quais, portanto, não existe nenhum juízo, quer negativo ou positivo, sirvam de regra os seguintes princípios:





Sejam rejeitadas totalmente, junto com seu autor, as revelações nas quais se acha uma única pregação falsa. Isto se depreende de Deut. 18,20ss - onde se diz: “O profeta que, corrompido pela arrogância, quiser dizer em meu nome o que eu lhe não mandei dizer, ou falar em nome dos deuses estranhos, será morto. Se tu disseres no teu coração: Como posso eu conhecer a palavra que o Senhor não disse? Terás este sinal: Se o que aquele profeta predisse em nome do Senhor, não sucedeu, o Senhor não disse; o profeta, por presunção do seu ânimo, o inventou; por isso, não o temerás” 



Destas palavras se depreende que se pode inferir facilmente, de uma só parte falsa da pregação ou da revelação, que o profeta é um impostor, o qual ou mereceu, por sua arrogância, ser iludido pelo demônio ou quis impiamente iludir a outros. Ora, se cai a autoridade da pessoa, cai com isso a fé em suas palavras. As revelações que, em suas doutrinas ou promessas, dispõem os pecadores a postergar da penitência não vêm de Deus. Esta característica dos pseudoprofetas é descrita em Jeremias  23,14-17) - com essas palavras: 




“Aos profetas de Jerusalém vi coisas horríveis: o adultério, a mentira; fortificaram as mãos dos malvados, para que nenhum se convertesse da sua maldade. Tornaram-se todos para mim como Sodoma, e os moradores de Jerusalém como Gomorra. Portanto, isto diz o Senhor dos exércitos acerca dos profetas: Não queirais ouvir as palavras dos profetas, que vos profetizam! Enganam-vos, contam as visões do seu próprio coração, e não (o que sai) da boca do Senhor. Dizem aqueles que me desprezam: O Senhor disse: Vós tereis a paz! E a todos aqueles que seguem a perversidade do seu coração dizem: Não virá sobre vós mal algum...”




A estas falsas profecias pertencem aquelas revelações que prometem aos pecadores, pela prática de certas "devoçõezinhas" exteriores, a assistência divina e conversões na hora da morte, ou, ensinam outros "supostos caminhos" para o céu desprezando o caminho reto e estreito da cruz, revelado por Cristo [3].




Referências



1.Cf. Pe. Santiago Ramírez, OP, De fide divina. Salamanca: San Esteban, 1994, p. 74s, n. 78.

2.Pe. Eusébio Amort, De revelationibus, visionibus et apparitionibus privatis regulæ tutæ, Augsburgo, Martim Veith (ed.), 1754, p. 33 (grifos nossos).

3Id., p. 4s (grifos nossos).

 


Fonte: padrepauloricardo.org/episodios/por-que-a-igreja-nao-obriga-a-crer-nas-aparicoes-marianas




conclusão





 

Cuidado, portanto, para não construirmos — ainda que sem perceber — um “magistério paralelo” que acabe competindo com aquele que é o único Magistério legítimo, autêntico e sagrado confiado por Cristo à Sua Igreja. A advertência de São Paulo permanece atual: “Guarda o depósito da fé, evita as vãs conversas profanas e as contradições da falsa ciência, que alguns professam e desviaram-se da verdadeira fé…” (1Tm 6,20). A fé cristã não se fundamenta em curiosidades espirituais, suposições subjetivas ou mensagens privadas, mas no depósito revelado por Deus e transmitido pela Igreja ao longo de dois mil anos.


Mesmo quando já é exigente conhecer todo o patrimônio doutrinal contido nos documentos do Magistério — concílios, encíclicas, catecismos, decretos e toda a Tradição viva — ainda assim muitos se veem atraídos por interpretações particulares, supostas revelações e “profetas” modernos que acabam substituindo a voz da Igreja por opiniões pessoais. 


 




A história da Igreja demonstra que, sempre que o povo cristão substitui a doutrina segura pelo fascínio do extraordinário, surgem confusões, divisões e até tragédias espirituais, como ocorreu em Palmar de Troya. Ali, uma espiritualidade inicialmente “devota” terminou em fanatismo, cismas e estruturas paralelas que nada tinham de católico. Este é um alerta vivo para nossos tempos.



É necessário afirmar com toda clareza: o Magistério da Igreja tem autoridade absoluta sobre qualquer revelação privada, inclusive as reconhecidas oficialmente.



A Igreja jamais exige que um fiel aceite uma revelação particular como parte da fé obrigatória. Essas revelações podem ser úteis para a devoção, podem encorajar a conversão, podem iluminar práticas espirituais — mas não pertencem ao depósito da fé. Mesmo as aprovadas não são dogmas, e não são critério de ortodoxia. É a fé que julga as revelações, não o contrário.




O Catecismo é explícito (CIC 67): revelações privadas podem ajudar, mas “não cabe a elas melhorar ou completar a Revelação definitiva de Cristo”, e a sua função é apenas conduzir mais profundamente ao Evangelho. 



No momento em que uma revelação — ainda que “bonita”, “profética” ou “comovente” — começa a ocupar o lugar da doutrina segura, já não estamos mais diante de fé católica, mas de uma espiritualidade paralela e perigosa.






Por isso, diante de qualquer dúvida, o caminho seguro é sempre o Magistério da Igreja, sobretudo como sintetizado no Catecismo da Igreja Católica, esse documento monumental que reúne o essencial da fé cristã. 


Antes de confiar sua alma e toda sua fé a supostas mensagens particulares, é necessário perguntar:


— Eu conheço o básico do Catecismo e em quantas partes se divide?

— Já o estudei consciente e integralmente?

— Sei o que a Igreja realmente ensina sobre cada tema do CIC?



Se as respostas em maioria for “NÃO”, então a prioridade é evidente: "voltar ao fundamento", voltar ao que é reto, sem dúvidas, e perene. 



Cristo confiou à Igreja — e não a revelações privadas — a missão de ensinar com autoridade. Quem se ancora no Magistério jamais será enganado. Em resumo: revelações podem edificar, mas não obrigam; podem inspirar, mas não substituem; podem comover, mas não determinam a fé. 



Em matéria de verdade doutrinária e de salvação, o católico esclarecido segue aquilo que é certo, universal e infalível: o Magistério da Igreja. Tudo o mais deve ser sempre discernido à sua luz — e jamais acima dele.


Bibliografia 


-Bento XVI. Jesus de Nazaré: Do Batismo no Jordão à Transfiguração. São Paulo: Planeta, 2007.(Obra que aborda a revelação definitiva em Cristo e sua suficiência.)


-Bento XVI; Congregação para a Doutrina da Fé. O Teólogo e o Magistério da Igreja. São Paulo: Loyola, 2012.(Textos fundamentais sobre autoridade doutrinária e discernimento.)


-Catecismo da Igreja Católica. Edição Típica Vaticana. São Paulo: Loyola, 2000. (Documentação oficial sobre Revelação, Tradição e revelações privadas – CIC 66–67.)


4. Cantalamessa, Raniero. O Espírito e a Igreja. São Paulo: Paulinas, 1999. (Reflexões sólidas sobre ação do Espírito e prudência diante de fenômenos espirituais.)


5. Denzinger, Heinrich; Hunermann, Peter (org.). Compêndio dos Símbolos, Definições e Declarações de Fé e Moral. 43. ed. São Paulo: Loyola, 2013. (Coletânea magisterial indispensável para compreender doutrina e revelação.)


6. Ratzinger, Joseph. Introdução ao Cristianismo. São Paulo: Loyola, 2005. (Discussão profunda sobre fé, Revelação e autoridade.)


7. Scognamiglio, Mario. Discernimento Espiritual: Como reconhecer a ação de Deus. Aparecida: Santuário, 2014. (Obra pastoral sobre discernimento, critérios e prudência diante de revelações.)



*Francisco José Barros Araújo – Bacharel em Teologia pela Faculdade Católica do RN, conforme diploma Nº 31.636 do Processo Nº  003/17







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Anônimo
25 de outubro de 2023 às 09:14

Isso mesmo: "Se já é difícil conhecermos e estudarmos todo o sagrado magistério da Igreja em seus documentos, imagine um MAGISTÉRIO PARALELO com revelações e interpretações particulares de certos “gurus”

Waldemar - PE

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