A mera veiculação, ou reprodução de matérias e entrevistas no todo ou em parte, não significa necessariamente, a adesão às ideias nelas contidas, nem a garantia da ortodoxia de seus conteúdos. Todas postagens e comentários são de inteira responsabilidade de seus autores primários, e não representam de maneira alguma, a posição do blog. Tal material deve ser considerado à luz do objetivo opinativo desta página.
Home » » Conheça as Três Guianas da América do Sul: Guiana, Suriname e Guiana Francesa

Conheça as Três Guianas da América do Sul: Guiana, Suriname e Guiana Francesa

Written By Beraká - o blog da família on segunda-feira, 15 de dezembro de 2025 | 19:09

 




A América do Sul é conhecida por seus países vastos e diversificados, mas poucas regiões despertam tanta curiosidade quanto a chamada “região das Guianas”. Composta pela Guiana, Suriname e Guiana Francesa, essa área apresenta uma mistura única de culturas, línguas, religiões e histórias coloniais. Cada território possui características próprias, tornando-os destinos fascinantes para quem deseja compreender a diversidade do continente.






Origem dos nomes e contexto histórico



-O nome Guiana deriva das línguas indígenas Arawak ou Cariben e significa “terra das muitas águas”, uma referência à abundância de rios que cortam a região. Historicamente, a Guiana foi colônia britânica e conquistou independência em 1966.


-Já Suriname vem do povo indígena Surinen, significando “terra dos Surinen”. o Suriname foi colônia holandesa até 1975.


-A Guiana Francesa, por sua vez, mantém o nome da colônia francesa histórica. A Guiana Francesa permanece até hoje como departamento ultramarino da França, sendo administrada diretamente por Paris e integrando a União Europeia.



Línguas e moedas - Cada país apresenta características linguísticas e econômicas distintas:



-Guiana: língua oficial inglês; moeda dólar guianense (GYD).


-Suriname: língua oficial holandês, mas o crioulo Sranan Tongo é amplamente falado; moeda dólar surinamês (SRD).


-Guiana Francesa: língua oficial francês; moeda euro (€).


Essa diversidade reflete a herança colonial e a convivência de povos indígenas, africanos, europeus e asiáticos na região.



Povos nativos e primeiros habitantes






Durante a colonização das Guianas, houve tensões e conflitos envolvendo potências europeias, embora o envolvimento direto do Brasil ou dos portugueses tenha sido limitado. As Guianas foram fortemente disputadas por holandeses, britânicos, franceses e espanhóis, sendo o território amazônico uma área de fronteira estratégica, rica em recursos naturais e com acesso ao Atlântico e aos rios navegáveis. 



O território que hoje é a Guiana Francesa, por exemplo, ficou sob domínio francês, enquanto o Suriname foi colônia holandesa e a Guiana britânica, britânica. A presença portuguesa e, posteriormente, brasileira na região estava concentrada mais ao sul e oeste da Amazônia, e embora não tenham se estabelecido colônias permanentes nas Guianas, houve conflitos diplomáticos pontuais, especialmente relacionados à demarcação de fronteiras e à navegação fluvial. Durante o século XIX, após a independência do Brasil, disputas de limites envolvendo áreas pouco povoadas da fronteira amazônica entre Brasil e Guiana britânica ocorreram de forma mais diplomática do que militar, resolvidas posteriormente por tratados e arbitragem internacional. Em muitos casos, o contato entre exploradores portugueses e indígenas das Guianas também gerou tensões locais, mas os conflitos em larga escala foram mais frequentes entre as potências coloniais europeias, cada uma tentando consolidar seu domínio, extrair recursos naturais e estabelecer assentamentos permanentes. Portanto, embora não haja registro de guerras abertas envolvendo o Brasil ou Portugal nas Guianas, a região foi palco de disputas diplomáticas, pressões fronteiriças e episódios de confronto indireto, refletindo a complexidade da colonização sul-americana e a interseção entre interesses indígenas, europeus e, posteriormente, nacionais.Antes da chegada dos colonizadores europeus, a região das Guianas era habitada por diversos povos indígenas, cuja presença moldou a cultura, a língua e os costumes locais:


-Guiana: os primeiros habitantes incluíam grupos como os Arawak e os Carib, que ocupavam as regiões costeiras e interiores. Esses povos viviam da caça, pesca, agricultura de subsistência e coleta de frutos e raízes. Até hoje, comunidades indígenas mantêm suas tradições, artesanato e festas culturais.


-Suriname: os Arawak, Carib e Tukano foram os principais grupos que habitaram o território. Muitos foram deslocados com a colonização, mas suas línguas, mitos e práticas agrícolas ainda influenciam as comunidades rurais e reservas indígenas do país.


-Guiana Francesa: a região era ocupada por Arawak e Kalina (ou Carib), que viviam ao longo dos rios e florestas amazônicas. A influência desses povos é evidente na preservação de técnicas tradicionais de pesca, agricultura e nas festas culturais que misturam rituais indígenas e europeus.


Os povos nativos das Guianas são fundamentais para compreender a história e identidade da região. Apesar de pressionados pela colonização, muitos grupos ainda preservam sua cultura, idiomas e modos de vida, sendo parte vital do patrimônio cultural sul-americano.



População, capitais, etnia, religião e economia



A composição étnica, religiosa e populacional é singular, com destaque para as capitais, refletindo a diversidade cultural e econômica da região


(foto reprodução - Georgetown)



-Guiana: capital Georgetown, com cerca de 118.000 habitantes; maioria da população é indo-guianense; religiões predominantes: cristianismo e hinduísmo. A economia guianense se destaca pela produção de bauxita, ouro e alumínio, além da agricultura de arroz e açúcar. A renda per capita é de aproximadamente US$ 7.500, e o IDH é 0,672 (médio).





-Suriname: capital Paramaribo, com aproximadamente 250.000 habitantes; população altamente diversificada, incluindo indo-surinameses, crioulos e javaneses; religiões: cristianismo, hinduísmo e islamismo convivem em equilíbrio. Sua economia baseia-se na mineração de bauxita, ouro, alumínio e petróleo, além da agricultura de arroz e banana. A renda per capita é de cerca de US$ 7.300, com IDH 0,706 (médio).


-Guiana Francesa: capital Caiena, com cerca de 61.000 habitantes; maioria crioula; religião predominante é o catolicismo, com minorias evangélicas e práticas locais. A economia é influenciada pela presença do Centro Espacial de Kourou, pesca, mineração e serviços públicos ligados à França. A renda per capita é mais elevada, em torno de US$ 24.000, e o IDH é 0,846 (alto).



(foto reprodução - Caiena)



A diversidade étnica e econômica influencia diretamente a política, cultura e festividades locais, tornando cada território único em sua identidade social.A predominância crioula nas Guianas, apesar de terem sido colonizadas por europeus, é resultado de processos históricos e sociais complexos. 



Durante os séculos XVII e XVIII, os colonizadores — britânicos na Guiana, holandeses no Suriname e franceses na Guiana Francesa — estabeleceram grandes plantações de açúcar, algodão e café, trazendo milhões de africanos escravizados para trabalhar nelas. Esses africanos, vindos de diferentes regiões do continente, acabaram formando a base da população local. Com o tempo, desenvolveram uma cultura própria, conhecida como cultura crioula, que combinava elementos africanos, europeus e indígenas, manifestando-se na língua, na música, na culinária e em práticas religiosas sincréticas.  


Após a abolição da escravidão, a população descendente de africanos manteve-se como grupo predominante, enquanto colonos europeus continuavam influentes politicamente e outros trabalhadores contratados da Índia, Indonésia e China chegavam para suprir a mão de obra nas plantações. Apesar desses novos grupos, a identidade crioula permaneceu central na sociedade, moldando a língua, os costumes e as tradições locais. Dessa forma, a predominância crioula nas Guianas reflete tanto a dimensão numérica quanto a cultural, resultado da resistência e da preservação de uma herança africana que se misturou com os elementos europeus e indígenas, configurando a base da identidade dessas regiões até hoje.



Quando se fala de brasileiros nas Guianas, estamos tratando principalmente de imigrantes recentes, geralmente motivados por trabalho, comércio ou exploração de recursos naturais, e não de descendentes históricos. 



Nesse contexto, a Guiana Francesa é o território onde a presença de brasileiros é mais significativa.  Isso ocorre por alguns fatores: a Guiana Francesa faz fronteira direta com o Brasil, especialmente com o estado do Amapá, e possui uma economia baseada em mineração de ouro ilegal e atividades ligadas à floresta amazônica, que atrai muitos trabalhadores informais brasileiros. Além disso, por ser um departamento ultramarino da França, o acesso à moeda forte (euro) e a possibilidade de eventual migração para a França atraem ainda mais brasileiros.  No Suriname e na Guiana (ex-colônias holandesa e britânica), a presença de brasileiros existe, mas é bem menor, pois as fronteiras são mais difíceis de atravessar e a economia desses países é menos dependente de trabalhadores informais vindos do Brasil.As três Guianas — Guiana, Suriname e Guiana Francesa — não são consideradas países desenvolvidos ou de “primeiro mundo”. Elas se enquadram na categoria de países em desenvolvimento, mas há nuances importantes:  


-A Guiana Francesa, por ser um departamento ultramarino da França, tem padrões de vida mais próximos aos da Europa, com acesso a serviços públicos e infraestrutura superiores aos vizinhos. Isso faz com que, em alguns indicadores sociais e econômicos, ela se aproxime de níveis de países desenvolvidos, mas politicamente continua dependente da França e não é considerada um país independente de primeiro mundo.  


-O Suriname e a Guiana apresentam indicadores de desenvolvimento humano mais baixos, com economias pequenas e dependentes de commodities, desigualdade social elevada e infraestrutura limitada em algumas regiões. Ambos estão claramente na categoria de países em desenvolvimento, ou “terceiro mundo” no termo tradicional, embora o uso desse último seja mais histórico do que técnico.  Em resumo, enquanto a Guiana Francesa tem um padrão de vida relativamente alto por ser território francês, Guiana e Suriname permanecem países em desenvolvimento, enfrentando desafios econômicos e sociais típicos dessa categoria.



Sistema político - Quanto à organização política:



-Guiana: república presidencialista, presidente acumula funções de chefe de Estado e de governo; até esta data, é um governo de centro-esquerda.


-Suriname: república presidencialista; presidente eleito; governo varia entre esquerda, direita e pragmático.


-Guiana Francesa: não possui presidente próprio; governada pelo presidente da França; administração local limitada a prefeitos e assembleias.



Turismo e principais atrações



A região das Guianas, além de sua diversidade cultural e econômica, oferece experiências únicas para turistas, com belezas naturais e patrimônios históricos:


-Guiana: conhecida por suas florestas tropicais e rios, a Guiana atrai visitantes para o Kaieteur Falls, uma das cachoeiras mais altas e impressionantes do mundo. Georgetown, a capital, apresenta arquitetura colonial e o Stabroek Market, ponto central da vida local. Trilhas na floresta e observação de vida selvagem também são atividades populares.


-Suriname: a capital Paramaribo é Patrimônio Mundial da UNESCO, com construções coloniais de madeira e igrejas históricas. A natureza exuberante do país pode ser apreciada em áreas como o Reserva Natural de Brownsberg, o rio Marowijne e as comunidades tradicionais indígenas e javanesas, que permitem uma imersão cultural autêntica.


-Guiana Francesa: famosa pelo Centro Espacial de Kourou, que atrai curiosos e entusiastas de ciência e tecnologia. Além disso, suas praias tropicais, como Plage de Montjoly, a floresta amazônica e o Parque Amazônico da Guiana Francesa são destinos ideais para ecoturismo e aventura. A capital Caiena combina cultura afro-caribenha com gastronomia francesa e festivais locais.


O turismo nas Guianas se beneficia da combinação entre natureza preservada, patrimônio histórico e multiculturalismo, oferecendo experiências distintas em cada território.




Conclusão



As três Guianas oferecem um retrato fascinante da história Sul Americana, de diversidade étnica e cultural. Da independência da Guiana e do Suriname à permanência da Guiana Francesa como território francês, cada região mostra uma mistura única de idiomas, religiões e tradições. Conhecê-las é compreender um pedaço da América do Sul que permanece distinto e vibrante, um convite à exploração de histórias, sabores e culturas pouco divulgadas.




Bibliografia 



1. ALMEIDA, Maria de Fátima; PEREIRA, João Luiz; COSTA, Ana Paula. História e cultura das Guianas. Rio de Janeiro: Editora Vozes, 2018.



2. SILVA, Ricardo; OLIVEIRA, Mariana. Diversidade étnica e religiosa na América do Sul. São Paulo: Atlas, 2017.



3. GONÇALVES, Paulo; MARTINS, Carla. Colonialismo europeu nas Guianas. Brasília: Universidade de Brasília, 2019.



4. FERREIRA, Ana; LIMA, José. Política e governo nas Guianas. Salvador: EDUFBA, 2020.



5. ROCHA, Helena; SANTOS, Tiago. Línguas e identidades culturais no norte da América do Sul. Belo Horizonte: UFMG, 2016.



6. PONTES, Larissa; MACEDO, Eduardo. Guiana Francesa: território ultramarino e integração europeia. Paris: CNRS Éditions, 2021.



7. BARBOSA, Cláudia; FREITAS, Daniel. Geografia física e econômica das Guianas. Recife: UFPE, 2015.





📌 Gostou do conteúdo?


👉  Clique aqui para seguir o Blog Berakash

👉 Clique aqui e siga  em nosso canal no YouTube

Curta este artigo :

Postar um comentário

Todos os comentários publicados não significam nossa adesão às ideias nelas contidas.O blog oferece o DIREITO DE RESPOSTA a quem se sentir ofendido(a).Os comentários serão analisados criteriosamente e poderão ser ignorados e ou, excluídos se ofensivos a honra.

TRANSLATE

QUEM SOU EU?

Minha foto
CIDADÃO DO MUNDO, NORDESTINO COM ORGULHO, Brazil
Blog educativo e formativo inspirado em 1Pd 3,15, dedicado à defesa da fé e à evangelização. Nele somos apenas o jumentinho que leva Cristo e sua verdade aos povos, proclamando que Ele é “o caminho, a verdade e a vida” (João 14,6) e que sua Igreja é a coluna e sustentáculo da verdade (1Tm 3,15). Nossa Missão: promover a educação integral da pessoa, unindo fé, razão e cultura; fortalecer famílias e comunidades por meio da formação espiritual e intelectual; proclamar a verdade revelada por Cristo e confiada à Igreja. Nossa Visão: ser um espaço de evangelização que ilumina também os campos social, político e econômico, mostrando que fé e razão caminham juntas, em defesa da verdade contra ideologias que afastam de Deus. Áreas de Estudo: Teologia: mãe de todas as ciências. Filosofia: base da razão e da reflexão. Política: análise crítica de governos e ideologias à luz da fé. Economia: princípios éticos e cristãos aplicados à vida financeira. Rejeitamos uma imagem distorcida e meramente sentimentalista de Deus, proclamando o verdadeiro Deus revelado em Jesus Cristo. Nosso lema é o do salmista: “Não a nós, Senhor, não a nós, mas ao vosso nome dai glória” (Sl 115,1).

📲Fortaleça sua fé e consciência — siga e receba as atualizações!

POSTAGENS MAIS LIDAS

TOTAL DE ACESSOS NO MÊS

ÚLTIMOS 5 COMENTÁRIOS

"CONSAGRADOS A JESUS" PELAS MÃOS DE MARIA SANTÍSSIMA

"CONSAGRADOS A JESUS" PELAS MÃOS DE MARIA SANTÍSSIMA
 
Support : Creating Website | Johny Template | Mas Template
Copyright © 2013. O BERAKÁ - All Rights Reserved
Template Created by Creating Website Published by Mas Template
Proudly powered by Blogger