A
Campanha da Fraternidade é sinônimo de comunhão, conversão e partilha. Idealizada por Dom Eugênio de Araújo Sales, de Natal (RN),
hoje é um movimento nacional, abraçado pelas Igrejas Particulares da
Igreja no Brasil.
Os
seus “objetivos permanentes” são três:
1)-Com base na justiça e no
amor, educar para a vida fraterna.
2)-Comprometer cristãos com a
busca pelo bem comum.
3)-Relembrar a responsabilidade
de todos em relação à "evangelização".
Desde seu início, o poder da coleta realizada durante a quaresma tem
transformado a vida de inúmeras pessoas que não têm acesso a bens materiais
básicos. O cuidado com os pobres é
mencionado repetidamente no Evangelho, e é um dos pilares da vida cristã, e o
itinerário da Campanha contribui para que possamos seguir no caminho de Cristo
– o único possível. A primeira
Campanha foi realizada na arquidiocese de Natal em abril de 1962, por
iniciativa do então administrador apostólico, dom Eugênio de Araújo Sales. O objetivo era fazer uma coleta em favor das obras sociais e
apostólicas da arquidiocese. A comunidade rural de Timbó, no município de Nísia
Floresta (RN), foi o lugar onde a campanha ocorreu, pela primeira vez. O
lançamento foi feito oficialmente numa entrevista do administrador apostólico
da arquidiocese às Rádios Rural de Natal e Poty. Dizia, então, dom Eugênio:
“Não vai lhe ser pedida uma esmola, mas uma coisa que lhe custe; não se
aceitará uma contribuição como favor, mas se espera uma característica do
cumprimento do dever; um dever elementar do cristão. Aqui está lançada a
Campanha em favor da grande coleta do dia 8 de abril, primeiro domingo da
Paixão”. A experiência foi adotada, logo a seguir em 1963, por 19
dioceses do Regional Nordeste 2, nos estados de Pernambuco, Paraíba, Rio Grande
do Norte e Alagoas. Em 1964, a CNBB assumiu a Campanha da Fraternidade.
Fonte:http://www.cnbb.org.br/site/campanhas/fraternidade/11121-campanha-da-fraternidade-sera-lancada-no-dia-13-de-fevereiro
Dom Eugênio na fundação das Comunidades
Eclesiais de Base (CEBs)
Amigo pessoal de São João Paulo II, que confessou a D. Eugênio gostar muito do mamão papaia (brasileiro). O papa encontrando mamão papaia no café da manhã, São João Paulo II dizia a quem estava próximo: “Dom Eugenio está em Roma!”
Memórias de dom Eugenio
Por Luiz Paulo Horta - 10/07/2012
“Tenho quase certeza de que ele
e seu amigo Helder Câmara — tão diferentes, sob alguns aspectos — teriam
terminado governando um estado do Nordeste (de onde eles vinham) se não
tivessem seguido a carreira eclesiástica”, diz Luiz Paulo Horta
A primeira impressão que
ele (D. Eugênio) passava era de força contida. Aquele homem alto, magro, ainda
atlético quando eu o conheci, evidentemente não estava na vida para brincar de sacerdote!. Em
seguida a impressão se atenuava, porque ele era bem humorado e tinha o toque
envolvente de um político. Tenho quase certeza de que ele e seu amigo Helder
Câmara — tão diferentes, sob alguns aspectos — teriam terminado governando um
estado do Nordeste (de onde eles vinham) se não tivessem seguido a carreira
eclesiástica. Como bispo muito jovem em Natal, Rio
Grande do Norte, dom Eugenio ganhou reputação de “comunista” — porque tinha
obsessão pela questão social, ajudou a fundar sindicatos. Subindo sempre
na “carreira”, foi arcebispo em Salvador e primaz do Brasil. Ele chega ao Rio
de Janeiro, como arcebispo, em 1971, auge da repressão. Aí já tinha fama de “conservador”, porque não batia de frente com o
regime, como faziam os cardeais Arns e Lorscheider. Agora se sabe, por
reportagens como a de José Casado, que esse método “low profile” permitiu-lhe
agir muitas vezes em defesa de perseguidos políticos — por exemplo, localizando
prisioneiros ou abrigando uma quantidade enorme de asilados políticos que
vinham do Chile, da Argentina, do Uruguai (chegou a alugar apartamentos para
abrigar essas pessoas).A grande história da sua vida começa em 1979, com
a eleição de Karol Wojtyla para o trono de São Pedro. Com o Papa polonês, ele
desenvolveu uma ligação quase simbiótica (ainda por cima, tinham a mesma
idade). Dom Eugenio tornou-se íntimo do Vaticano. Por causa do temperamento
discreto, não chegou a ser um “papabile” como foram Lorscheider e D. Lucas
Moreira Neves. Mas exerceu, no Vaticano, os cargos mais diversos. Encontrando mamão papaia (brasileiro) no café da manhã, João
Paulo II dizia a quem estava próximo: “Dom Eugenio está em Roma!”. Juntos,
Wojtyla e Eugenio Sales cortaram as asas da Teologia da Libertação em suas variantes mais próximas do marxismo. O papa polonês
tinha experiência direta do que era o marxismo no poder e foi duro ao lidar com
o assunto. Dom Eugenio também. Um dos capítulos desse enredo foi o caso
Boff, do qual se encarregou um certo Ratzinger. Duro na
teologia, dom Eugenio nunca perdeu de vista a questão social. Desenvolveu
pastorais importantes como a das favelas, a do menor, tendo colaboradores
incansáveis como Maria Christina Sá. A esta senhora da sociedade também
coube a coordenação das duas visitas papais que são a cereja do bolo no longo
arcebispado de dom Eugenio. Sobretudo a primeira foi uma coisa épica.Muitos outros trabalhos específicos se poderia atribuir a dom
Eugenio. Lembro os encontros no Sumaré, onde o cardeal reunia pessoas
importantes na comunidade carioca — das elites às bases — para seminários onde
se discutia de tudo. O cardeal abria o encontro. Depois, sentava-se a um canto
e ficava ouvindo, até chegar a hora da oração final. Assim procurava
diminuir as discrepâncias de uma sociedade onde a “classe C” ainda era uma
manchinha no mapa.Acho que muita coisa boa foi gerada ali. Obra da figura
longilínea, sempre de preto, que gostava de fazer política. Também nisso, em
comunicação direta com o Papa polonês.
Fonte:https://oglobo.globo.com/rio/memorias-de-dom-eugenio-5443457
As comunidades Eclesiais de Base surgiram para criar e fomentar o espírito cristão de amor a Deus e ao próximo tendo
como característica de sua identidade – como o próprio nome indica - a "Eclesialidade"
Nas palavras de João Paulo II, “sua base é de caráter nitidamente eclesial e não meramente sociológico ou outro”.1 Assim, elas “brotam e desenvolvem-se no interior da Igreja, são solidárias com a vida da mesma Igreja, alimentadas pela sua doutrina e conservam-se unidas aos seus pastores” (EN, n.58).A partir de uma análise das iniciativas pioneiras do Movimento de Natal, pode-se constatar que os fundamentos das conhecidas Comunidades de Base, crescente nos anos 50 e 60, já estavam presentes nos fins da década de 40. Naquela época, os padres Eugenio Sales e Nivaldo Monte, ambos assistentes espirituais da Juventude Masculina Católica e Juventude Feminina Católica, respectivamente, desenvolviam uma vasta atividade nos bairros da periferia da cidade de Natal.2 Com o auxílio de dezenas de leigos desses grupos, a preocupação principal, segundo Dom Eugenio, era a de “instalar núcleos de evangelização que fossem também núcleos de irradiação religiosa”.3A mesma preocupação da cidade se relacionava ao meio rural, ou seja, o primeiro passo situou-se no plano religioso, mas, depois, voltou-se para os problemas sociais do campo. Essa idéia se concretizou com a fundação do S.A.R. (Serviço de Assistência Rural) em 1949. “Desde o início, a equipe que atuava junto ao ‘binômio escola-paróquia’, procurou estimular e auxiliar os vigários e seus auxiliares a elaborar planos tanto de ação social como de ação pastoral. Visou não só treinar pessoal para o trabalho social, mas, também formar apóstolos para o desempenho de uma missão ao mesmo tempo religiosa e temporal. Destes treinamentos, surgiram os primeiros líderes do movimento social nas comunidades do interior e os missionários leigos”. O primeiro treinamento de líderes foi realizado em janeiro de 1952 e sua abordagem girava em torno dos temas: família, escola, paróquia, comunidade.4Em seu livro “Homenagem ao Pastor”, sobre a vida e a obra de Dom Eugenio Sales, Monsenhor Raimundo Meneses Brasil descreve o testemunho de Dom Nivaldo Monte sobre o trabalho desenvolvido: A criação das Comunidades Eclesiais de Base, na periferia de Natal, precedeu a outras atividades quando “rapazes e moças da JFC e JMC, com a autorização de Dom Eugenio, realizavam serviços naquela época permitidos pela Igreja, junto a localidades de difícil acesso, ficando ao Sacerdote apenas o Ministério do Sacramento da Penitência e o da Celebração Eucarística. Estes agentes pastorais Leigos, prévia e cuidadosamente treinados, recebiam formação que incluía normas de vida interior, direção espiritual mensal, assiduidade aos sacramentos, adoração ao Santíssimo Sacramento e devoção ao Terço”.
Duas
ações marcaram
a evolução das Comunidades de Base na Diocese de Natal: a realizada em São Paulo do Potengi e as
“Escolas Radiofônicas”!
1ª)- Ações em São Paulo do Potengi-RN
Ainda na década de 50, destaca-se a cidade de São Paulo do Potengi, interior do Rio Grande do Norte, com suas inúmeras iniciativas. Tendo à frente seu zeloso pároco, Monsenhor Expedito, a paróquia desencadeou um processo de ação com avanços significativos relacionados à conquista de direitos, participação laical e organização coletiva. Suas práticas pastorais acarretaram uma projeção mundial. Ressalte-se que Monsenhor Expedito foi um dos membros do grupo liderado por Dom Eugenio que se reunia para planejar ações que culminaram no Movimento de Natal. Naquela paróquia, um dos grandes pontos de atuação da Igreja era o Centro Social, fundado em 1952. A partir dele, muitas ações religiosas e sociais se concretizaram e outras foram implantadas.O caso do Centro Social, cita Alceu Ferrari, “mostra tanto o fato de sua influência, quanto o da evolução havida. Inicialmente o Centro desenvolvia atividades de ordem religiosa, como a promoção de cursos de catequese e, entre seus Departamentos, não faltava o da Defesa da Fé e da Moral. Os cursos de catequese passaram logo para o Secretariado Paroquial de Pastoral. Na medida em que a Paróquia organizou seu Setor de Pastoral, as obras e atividades passaram a gozar de maior autonomia com relação aos objetivos especificamente religiosos”. Monsenhor Expedito contava, em sua paróquia, com aproximadamente 150 líderes engajados em atividades apostólicas e colocava em prática a dinâmica dos padres Eugenio e Nivaldo nos fins dos anos 40 e do S.A.R.: a de constituir na paróquia “núcleos ou comunidades de leigos que, sob a coordenação de um animador especialmente formado, cultivassem a sua vida cristã através da oração, culto dominical, leitura da Bíblia, reflexão, apoio mútuo e solidariedade. A experiência iniciada em São Paulo do Potengi foi transplantada para outros pontos do país e do exterior, principalmente para as zonas rurais. É o que escreve Dom Estevão Bettencourt ao referir-se à esta respectiva paróquia como lugar de origem das experiências de Comunidades Eclesiais Base.5 Monsenhor Brasil recorda as palavras de Dom Nivaldo a esse respeito:
“Lideres preparados, atentos às exigências do Apostolado, em plena atividade, experimentavam ainda mais a agradável sensação ao constatar que os visitantes reconheciam ali existir uma Igreja mais familiar e mais atuante, sempre pronta a enfrentar todos os desafios, comuns à Região e ao nosso Brasil”.6
2ª)-As Escolas Radiofônicas
A idéia da utilização do
rádio para "programas de educação de base das populações rurais" data de 1948,
mas, somente em 1958 foi concedida ao S.A.R. a autorização para a obtenção de
um canal. No dia 10 de agosto do mesmo ano foram organizadas as chamadas
“Escolas Radiofônicas”, dando-se início à primeira experiência de educação pelo
rádio.7 O papel das escolas radiofônicas para a
alfabetização e formação da comunidade foi fundamental além de se tornarem
“veículos de educação e conscientização, sementes de Igreja”. Segundo Pe.
Marins, “um esforço de resposta efetiva da Igreja, como comunidade comprometida
com o homem e suas lutas.Então se catequizava pelo rádio! Aos domingos
as comunidades se reuniam em torno do aparelho de rádio para responder à missa
que o bispo celebrava e para escutar a sua palavra (...).8Em 1960, por
exemplo, o Centro Social de São Paulo do Potengi colocou 62 rádios cativos em
capelas e fazendas da paróquia atingindo cerca de 700 alunos. No ano seguinte,
121 novos aparelhos foram levados para outras regiões. Um Convênio assinado
entre a Presidência da República e a CNBB, em 1961, fundou o Movimento de
Educação de Base (MEB) e estendeu a experiência a outras áreas do Brasil.Este
modelo de educação de base levou à formação de pequenas comunidades e
“constituíam uma rede fundamental de promoção humana e de evangelização. Eram
comunidades que se evangelizavam e eram evangelizadoras. Em 1963 eram 1.410
escolas radiofônicas na Diocese de Natal”.9A
Conferência Nacional dos Bispos do Brasil (CNBB) abordou o assunto no Plano de
Emergência aprovado na V Assembléia Ordinária (1962). O texto afirmava: “Urge
vitalizar de dinamizar nossas paróquias tornando-as instrumentos aptos a
responder à premência das circunstâncias e da realidade em que nos
encontramos”. Um dos caminhos propostos era fazer da paróquia “uma comunidade
de fé, de culto e de caridade”.10 - No posterior
Plano de Pastoral de Conjunto (1966): “Faz-se urgente suscitar e dinamizar,
dentro do território paroquial, ‘comunidades de base’ onde os cristãos sintam-se
acolhidos e responsáveis, e delas façam parte integrante, em comunhão de vida
com Cristo e com todos os seus irmãos”.11 A II Conferência do Episcopado
Latino Americano em Medellín (1968) tratou do tema denominando a comunidade de
base como “o primeiro e fundamental núcleo eclesial, que deve, em seu próprio
nível, responsabilizar-se pela riqueza e expansão da fé, como também pelo culto
que é sua expressão. É, portanto, célula inicial de estruturação eclesial e
foco de evangelização e fator primordial de promoção humana e desenvolvimento”.12 No decorrer do Sínodo dos Bispos de 1974, as
comunidades de base foram objeto de atenção e na Exortação
Apostólica Pós-Sinodal, “Evangelii Nuntiandi”, dedicou-se um parágrafo
significativo no qual estão elencadas as características e condições para
corresponderem à sua vocação fundamental de ouvintes, destinatárias e
anunciadoras do Evangelho. Deverão atuar, portanto, como “lugar de
evangelização; esperança para a Igreja, à medida que procurem o seu alimento na
Palavra de Deus e não na polarização política ou ideologias; ligadas à Igreja
local e à universal; em comunhão com os Pastores que o Senhor dá à sua Igreja e
com o Magistério; sem se considerarem únicas destinatárias, agentes ou
depositárias do Evangelho e progredindo na consciência do zelo, aplicação,
irradiação e dever missionário”.13 - “Na sua experiência já amadurecida,
as CEBs querem ser Igreja como o Concílio Vaticano II desejou: uma Igreja toda
ministerial a serviço do Reino de Deus”.14
REFERÊNCIAS:
[1]JOÃO PAULO II,
Mensagem aos líderes das Comunidades de Base no Brasil, 1980, n.3.<
https://www.vatican.va/holy_father/john_paul_ii/messages/pont_messages/1980/documents/hf_jp-ii_mes_1980810_comunita-base-brasile_po.html>.
Acesso em: 2 de maio de 2010.
[2]FERRARI, Alceu,
Igreja e Desenvolvimento – O Movimento de Natal, Natal, Fundação José Augusto,
1968, p.60-63.
[3]FERRARI, Alceu,
Igreja e Desenvolvimento – O Movimento de Natal, Natal, Fundação José Augusto,
1968, p.222
[4]FERRARI, Alceu,
Igreja e Desenvolvimento – O Movimento de Natal, Natal, Fundação José Augusto,
1968, 79; 236s.
[5]Estevão, Bettencourt,
Revista “Pergunte e Responderemos”, 251/1980 pp. 461-468
[6]Menezes Brasil, R.,
Homenagem ao Pastor: cinqüenta anos de serviço à Igreja, RJ, Forense, 1996, p.
102
[7]FERRARI, Alceu,
Igreja e Desenvolvimento – O Movimento de Natal, Natal, Fundação José Augusto,
1968, p. 85
[8]MARINS, JOSÉ, Revista
“Concilium” 1975/4, p.408.
[9]Idem.
[10]CNBB, Plano de
Emergência, n.2, 1962.
[11]CNBB, Plano de
Pastoral de Conjunto, 1966.
[12]MEDELLÍN, Pastoral
de Conjunto, 11.
[13]PAULO VI, Exortação
Apostólica Pós-sinodal “Evangelii Nuntiandi”, n.58
[14]CNBB, Mensagem sobre
as CEBs, 48ª Assembleia Geral, 2010
Fonte:https://domeugeniosales.webnode.com.br/comunidades-eclesiais-de-base/
Quem
foi Dom Eugênio Sales?
Dom Eugênio Sales, ao completar 90 anos, recebeu na ocasião uma justa homenagem do Senado Federal. Dom Eugênio ficou conhecido como o idealizador das comunidades eclesiais de base e da Campanha da Fraternidade, destacando-se também a sua atuação na ajuda aos perseguidos políticos durante o regime militar. Dom Eugênio nasceu na Fazenda Catuana, em Acari (RN), no dia 8 de novembro de 1920, em uma família católica. Realizou seus primeiros estudos em Natal (RN), indo, posteriormente, para Fortaleza (CE), onde cursou Filosofia e Teologia. Foi ordenado sacerdote em 1943 em Natal. Ordenado bispo ainda muito jovem, aos 33 anos, assumiu como bispo auxiliar de Natal em 1954, e em 1962 tornou-se administrador apostólico dessa mesma arquidiocese. Em 1964 tomou posse como administrador apostólico de Salvador, sendo elevado a arcebispo dessa sede em 1968, tornando-se, assim, primaz do Brasil (isto é, titular da diocese mais antiga do país). Em 1969, Dom Eugênio Sales foi feito cardeal pelo papa Paulo VI. Em 1971 tornou-se arcebispo do Rio de Janeiro, função em que permaneceu até 2001, quando se aposentou (se tornando bispo emérito). Entre 1972 e 2001 acumulou também a função de bispo dos fiéis de Rito Oriental do Brasil. Foi também membro de 11 congregações na Cúria Romana.
Sua vida apostólica foi marcada pela defesa da ortodoxia católica e pela oposição à Teologia da Libertação (aquela de linha Marxista e Revolucionária Armada, não à aquela Teologia da Libertação Cristã e evangélica também, defendida por seu grande amigo pessoal, São João Paulo II como justa e necessária).
Dom Eugênio ficou conhecido também pela atuação em defesa dos refugiados políticos do Brasil e de outros países latino-americanos no período entre 1976 e 1982.
Dom Eugênio
montou, nessa época, uma rede de apoio a esses refugiados, abrigando-os,
primeiramente, na sé episcopal (Palácio São Joaquim) e depois em apartamentos
alugados com essa finalidade. Contou com apoio da Cáritas Brasileira e do Alto
Comissariado das Nações Unidas para os Refugiados para financiar essa estadia,
até conseguir asilo político a essas pessoas em países europeus.
Fonte: Agência Senado
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A Teologia da Libertação acabou? Sim e não. SIM, porque ela não é mais a Teologia “oficial” da América Latina. Grande parte de seus expoentes está em idade avançada ou fora do debate teórico e prático (pastoral) do magistério da Igreja. Além disso, ela sofreu duras críticas do oficialato do Vaticano desde os anos 1980. Sua origem se deu em meio ao nascimento dos movimentos políticos, na cidade e no campo, nos anos 1960 na América Latina, e varreu grande parte do continente, principalmente do Brasil até o México. Muitos padres e freiras se envolveram em lutas contra regimes totalitários nesses países, como no Brasil, na Nicarágua e em El Salvador. O papel da Teologia da Libertação ao lado da luta pela liberdade política no continente é inegável. Mas, se essa origem e realidade política foram de grande valor histórico, foram também sua maldição. NÃO, a Teologia da Libertação não acabou, porque continua impregnada na formação e nas aspirações de grande parte do clero e daqueles que aderem à Igreja nos países em desenvolvimento, justamente aqueles em que o catolicismo ainda tem alguma vitalidade. A razão de a Teologia da Libertação permanecer viva de alguma forma é simples, e o próprio cardeal Joseph Ratzinger reconhecia essa razão em seus textos dos anos 1980: a Teologia da Libertação parte de um dos centros da experiência bíblica, o profetismo hebraico. Ele tem um forte apelo ético, social e político, eixo central da Teologia. Deus não é apenas místico, é também revolucionário. Ou revolucionário místico. Essa seria a melhor forma de descrever o modo como a Teologia da Libertação compreende seu Deus. a Teologia da Libertação é reconhecida pelo teólogo Ratzinger como justa e correta em sua raiz cristã, na medida em que parte de um anseio que marca o cristianismo em sua matriz: uma crítica ao esvaziamento ético do judaísmo oficial e uma defesa da atenção com os mais “fracos”. Nisso, a Teologia da Libertação é absolutamente correta, em seu pressuposto de “opção pelos desfavorecidos” e de recusa à ordem injusta do mundo. Há, todavia, um erro sério nela, e esse erro é responsável pelas várias críticas que ela recebeu ao longo dos últimos, grosso modo, 35 anos: sua associação com a hermenêutica marxista e sua contaminação com a política partidária. O pecado da Teologia da Libertação foi se apaixonar pelas práticas políticas da esquerda latino-americana. A posição de Ratzinger define a atitude institucional da Igreja diante da Teologia da Libertação, na medida em que ele era representante da guarda da doutrina reta para a Igreja. Ele afirma que a confusão que a Teologia da Libertação fez ao assumir o materialismo histórico de Marx como ferramenta de interpretação da história da salvação implicaria uma evidente eliminação do componente confessional em favor da prática político-partidária. O resultado é que os teólogos “progressistas” acabaram por assumir o proletariado como o novo “povo de Deus”, em detrimento da totalidade da humanidade. O marxismo necessariamente leria a história da salvação como luta de classes, enquanto o cristianismo deveria ler essa história da salvação como um caminho de inserção do amor de Deus no mundo. A salvação no cristianismo é uma história da “caridade” (amor de Deus), e não uma história do “justo ódio”, defendido pelos revolucionários marxistas. Para a Igreja, a história da salvação passa, no plano humano, aquele que está a nosso alcance, pela transformação espiritual do homem, e não pela aceitação das demandas de uma prática política, muitas vezes violenta. Resumindo, a Teologia da Libertação acabaria por escolher Barrabás, o herói político judeu, em lugar de Jesus, o homem-Deus que era contra toda forma de partidarismo militante violento.
Alvaro -MG
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