FONTE: Eduardo Arens - A Bíblia
sem Mitos – Uma introdução Crítica
7)- Por que o Deus que
ordenava o mandamento NÃO MATARÁS, mas mandava matar até mesmo crianças no Antigo
Testamento?
"Não
podemos conceber de forma alguma que DEUS coloque no decálogo um mandamento
dizendo: "Não matarás" e em seguida mande que Moisés mate todos os
povos conquistados...”Ora se isto fosse uma contradição,
seria um crime qualquer país manter um exército. É preciso sempre entender o
texto e contexto em que o mesmo foi escrito. Ora na hora de defender o país ou
a população, o que o soldado vai fazer, atirar flores? Em Gn 9 Deus dá ao homem
a autoridade de matar como forma de exercer juízo. Essa autoridade é confirmada
no NT em Rm 13 e essa é a dificuldade de muitas pessoas não entenderem que a
pena de morte, por exemplo, ou a morte na guerra, foram coisas autorizadas por
Deus em Gênesis 9 e nunca revogadas.Obviamente
hoje o cristão, por ser um cidadão do céu, talvez não se sinta bem em estar na
posição de um algoz, embora existam muitos cristãos que ocupem postos de
soldados e policiais onde eventualmente terão de matar como forma de proteger a
si mesmo ou outras pessoas.Eu também tinha dificuldade para
entender esse modo de proceder de Deus no Antigo Testamento, até entender a
noção de autoridade, algo a que todos estamos sujeitos. Não cabe ao subordinado
julgar se a autoridade está certa ou errada, cabe a ele se submeter aos poderes
superiores (pais, professores, policiais, prefeitos, governadores, presidentes,
juízes...).Quando Deus mandava os judeus
invadirem uma terra, Ele estava exercendo Seu juízo sobre povos cruéis. Você
pode entender isso quando Ele adia seu juízo sobre os Amorreus porque ainda não
tinham enchido a medida de iniquidade:"Na
quarta geração, porém, voltarão para cá; porque a medida da iniqüidade dos
amorreus não está ainda cheia". Gênesis 15,16
Mas Deus não usou apenas judeus como Seu instrumento de
juízo. Ele usou gentios, como Ciro:
"Assim
diz o Senhor ao seu ungido, a Ciro, a quem tomo pela mão direita, para abater
nações diante de sua face, e descingir os lombos dos reis; para abrir diante
dele as portas, e as portas não se fecharão" (Isaías 45,1).
É difícil admirar o trabalho de um
soldado na guerra, de um policial na luta contra o crime, ou de um carcereiro
em trancafiar pessoas, mas eles são instrumentos da justiça humana (e por
tabela, da divina, de forma imperfeita). É ingenuidade você pensar em um
mundo sem autoridades superiores, e é ingenuidade maior ainda, pensar em um Deus
sem autoridade para julgar e condenar segundo os Seus (e não os nossos)
critérios de justiça. Afinal,
de onde você acha que aprendeu as noções de justiça que hoje traz em sua mente? Quer goste ou não, herdamos da uma cultura judaico-cristã, da qual não podemos negar e fugir. Todavia, se por um lado você se arvora no direito (e capacidade) de
julgar o que é certo e errado nos atos divinos, isso o torna juiz imperfeito de
um Deus perfeito. No oriente antigo, ao povo vencedor
de uma guerra, infelizmente, reconhecia-se a faculdade de dispor das posses e da vida dos
vencidos, mesmo de mulheres e crianças; felizes se poderiam considerar aqueles(as) que, derrotados na batalha, fossem apenas despojados de suas posses e reduzidos
à escravidão. Não podemos esquecer que no mundo antigo não havia tratados sobre a guerra, nem os órgãos himanitários que temos hoje, aos vencedores só restavam duas alternativas:
-Exterminar todos se não houvesse acordo de paz vantajoso para os vencedores.
-Transformar os melhores, mais novos, e mais saudáveis em escravos (pois não existia recursos suficientes para manter campos de prisioneiros).
O
kyrie Eleison da liturgia Católica (Senhor Piedade), surge deste contexto, pois
os vencidos eram em carreata passados diante dos vencedores, e imperadores, os
quais clamavam pelas suas vidas e de suas famílias dizendo
encurvados: Senhor piedade!Além disso, aqueles povos (e também
os de outras partes da terra) julgavam que na guerra a honra de seus deuses
estava em jogo. Uma derrota militar seria escárnio para as divindades da nação
vencida, assim como a vitória um triunfo. Por conseguinte, aos deuses do
vencedor deviam ser religiosamente imolados, por um ato de extermínio total, os
homens, as famílias, as cidades, os haveres.Ora,
tal praxe, familiar aos antigos, foi também respeitada pela Lei de Moisés;
porém esta mentalidade rude seria paulatinamente corrigida.Deve-se dizer que
para os hebreus essa prática (chamada herém) se tornava particularmente
necessária e imperiosa: este povo possuía a verdadeira fé, para um dia
transmiti-la ao mundo (o que esqueceram); por conseguinte, era de sumo
interesse que Israel não corrompesse sua religião. Todavia, a fim de manter
incontaminada sua crença, não havia outra alternativa aos hebreus que a
separação absoluta dos demais povos; a experiência mais de uma vez comprovou
que, ao habitar pacificamente com tribos subjugadas em guerra, os judeus se
deixaram seduzir pelas suas pompas religiosas.Em consequência, era absolutamente
necessário que a legislação de Israel apelasse para o hérem e o sancionasse
(repita-se: a fidelidade dos filhos de Abraão ao verdadeiro Deus era, na
história, um valor insubstituível, que não podia ficar exposto a risco nenhum).
Apoiando-se nestas idéias, eis como o legislador sagrado
incutia "o hérem" a Israel:
Deuteronômio 20, 16-18: "Quanto
àquelas cidades porém, que te hão-de ser dadas, nenhum absolutamente
deixarás com vida. Mas passá-los-as todos ao fio de espada; convém a
saber, aos heteus e aos amorreus, e aos cananeus, aos fereseus, e aos heveus, e
aos jesubeus, assim como o Senhor teu Deus te mandou: para que não suceda que
vos ensinem a cometer todas as abominações, que eles mesmos fizeram a seus
deuses, e venhais a pecar contra o Senhor vosso Deus. "
O fato de que os hebreus possuíam a
verdadeira religião num mundo idólatra, fazia que a sorte desse povo viesse a
ser nada menos que a do Reino de Deus em meio ao reino do erro e do
pecado. Noutros termos (Estamos explicando, não justificando):Já
que o Senhor decretaria realizar o seu plano salvífico através das vicissitudes
de Israel, os hebreus não podiam evitar a conclusão de que os seus sucessos
militares seriam vitórias do Reino de Deus. Dentro da mentalidade do Antigo
Testamento, portanto, podia-se com toda razão dizer que o reino das trevas
triunfava sobre o Reino da Luz cada vez que Israel sucumbia na guerra; nessas
ocasiões parecia estar em perigo a causa messiânica, a salvação do gênero
humano. Eis por que os judeus diziam que os inimigos de Israel eram inimigos de
Javé e vice-versa; que as suas guerras eram “as guerras de Javé” (Êxodo XVII,
16) ou que “Javé combatia em favor de Israel” (Josué X, 14 e 42). Eis igualmente por que se afirmava,
segundo um modo típico, que Deus mesmo inculcava o hérem (Josué X, 40) e, caso
não fosse devidamente executado (o que geralmente se dava por desejo ganancioso
que os israelitas tinham de se aproveitar dos bens alheios), puniria os próprios
judeus.É de notar, como já foi dito, que o
extermínio dos homens e mulheres em guerra não implicava na condenação póstuma
deles; podiam estar inocentes em sua consciência e merecerem o agrado divino.Mais uma observação se impõe: embora
a legislação de Israel reconhecesse o hérem, ela o abrandava assaz, em
confronto do que faziam as outras.Os monumentos e os textos assírios dão
testemunho da maneira realmente bárbara como os soldados pagãos tratavam seus
prisioneiros de guerra: crivavam-lhes os olhos, tomavam-nos como supedâneos
para os pés dos monarcas, etc.Na
Sagrada Escritura mesma, o profeta Amós repreende os amonitas porque, entre
outros crimes cometidos, abriram os ventres das mulheres israelitas grávidas
(Amós I, 13).O simples fato de que o extermínio
dos inimigos figurava no catálogo das leis religiosas, devia concorrer para
coibir a eventual tendência dos chefes hebreus ao seu abuso.
Assim, tolerando "o hérem" (mas um hérem
mitigado), o Senhor dava a entender que imperfeito era tal procedimento. Eis
alguns testemunhos:
a) O Deuteronômio (Deuteronômio XX,
10-18) muito insiste na humanização do código militar de Israel; recomenda, por
exemplo, que na campanha de conquista da terra prometida, ao defrontar uma
cidade inimiga, não-cananéia, o povo eleito procure reduzir os seus habitantes
a tributo e serviço temperados pela benevolência, evitando o derramamento de
sangue; caso, porém, o adversário obrigue a uma campanha militar e seja
derrotado, Israel vitorioso é exortado a poupar mulheres e crianças.O modo de tratar as cidades cananéias
seria outro, pois, estando localizadas na terra que os hebreus deviam habitar,
a coexistência oferecia grave perigo de contaminação. Não era, portanto,
permitido aos judeus abster-se do hérem ao vencer os cananeus, como inculda
Deuteronômio VII, 2-5; XX, 15s. Isto vem confirmar a observação de que em
Israel o preceito em análise era ditado principalmente pelo ideal religioso;
era em vista da fidelidade de homens rudes ao verdadeiro Deus que ele fora
sancionado.
b) A mulher não-cananéia feita
prisioneira de guerra, podia ser tomada como esposa de um judeu, que a trataria
com todo carinho; abusar de tal prisioneira era estritamente vedado
(Deuteronômio XXI, 10-14).
c) Dois episódios da História
Sagrada, um do período dos Juízes (Juízes XXI, 13) e o outro do reinado de Davi
(II Samuel XX, 14-22), dão a ver que as exortações à brandura não ficaram sendo
letra morta: em ambos os casos, os chefes israelitas entram em acordo com
inimigos não-cananeus.
Houve também, varões do povo de Deus que espontaneamente se
mostraram humanitários para com os adversários. Por exemplo:
Conforme II Samuel VIII, 2, Davi,
animado de louvável compaixão, não hesitou em romper o costume de matar todos
os prisioneiros; resolveu exterminar “apenas” a metade dos cativos moabitas,
metade designada pela sorte...Para os padrões da época isso é o que se
explica em I Reis XX, 31, os Sírios reconheçam a clemência rara de
que dão provas os reis de Israel; com efeito, diziam os soldados a seu monarca
Ben-Hadad, vencido por Acab:"Ouve:
nós temos ouvido dizer que os reis de Israel são clementes. Ponhamos sacos
sobre nossos rins e cordas ao nosso pescoço, e vamos ter com o rei de Israel;
talvez ele te poupe a vida."Acontecia também que os israelitas,
ao aplicarem a lei do hérem, por vezes deixavam-se levar não pelo zelo de Deus,
mas por paixão humana. É o que se verifica, entre outros casos, na história de
Jeú:Este general foi, por mandado divino,
ungido rei de Israel e recebeu a incumbência de exterminar a Casa de Acab, mas,
embora intencionasse zelar pelo interesses de Javé, cedeu a crueldade horrorosa
(II Reis X, 1-17)... Ora, o feito de Jeú foi, um século mais tarde,
explicitamente repreendido pelo Senhor mesmo, mediante o profeta Oséias (Oséias
I, 4s).Este
episódio permite concluir que nem tudo que a Sagrada Escritura refere ter sido
mandado por Deus foi executado de maneira correspondente à vontade divina.
Também Davi, parece ter-se deixado
arrastar a excessos no episódio relatado em I Samuel XXVII, 8-11:
Certa vez, perseguido por Saul, o
futuro monarca se refugiou nas terras do rei filisteu Aquis, que o recebeu
benevolamente; de sua nova mansão, porém, Davi fazia incursões contra
populações vizinhas: os amalecitas, que Samuel condenara ao anátema (I Samuel
XV, 3); os gessuruianos e os gezrianos, que eram provavelmente tribos
amalecitas. O grande guerreiro tudo devastava, matando homens e mulheres, roubando
gado e vestes. A seguir, voltava à presença do rei Aquis e, temendo o controle
ou represálias da parte deste, dizia-lhe ter feito expedições nas regiões do
Negeb, regiões que pertenciam à tribo de Judá e seus aliados. Tais
depredações procediam realmente zelo religioso? E a mentira subseqüente que as
encobria, poderia ser justificada?De resto, a Bíblia fornece indícios
de que os constantes derramamentos de sangue cometidos por Davi nem sempre
corresponderam ao Plano Divino; antes, desagradaram ao Senhor!Isto
é fato! Quando o rei de Israel desejou edificar o Templo de Javé em Jerusalém,
recebeu formal recusa de Deus, pois, como reconheceu o próprio monarca, não
convinha que o Templo, santuário da paz, fosse erguido por mãos que haviam
feito correr tanto sangue (I Crônicas XXII, 8-10; XXVIII, 3).Era igualmente a necessidade de
manter pura a religião de Israel que fazia que o hérem fosse praticado entre os
próprios hebreus, caso um ou mais indivíduos caíssem na idolatria ou em outro
pecado grave. Tal sanção é prescrita por Moisés em Deuteronômio XIII, 13-19;
foi a aplicação da mesma que motivou a guerra fraticida contra a tribo de
Benjamim (Juízes XX, 1-48; XXI, 1-14).À
medida, porém, que ia se elevando o nível cultural e moral dos hebreus,
abrandava-se a praxe do hérem entre conacionais; assim na época de Esdras
(século V/VI), implicava não já a morte do réu, mas a confiscação dos seus bens
e sua exclusão das assembléias do povo (Esdras X, 8).
O hérem, infelizmente, ainda existe até hoje!
Nosso país foi abalado pela notícia de um ataque contra 80
compatriotas (alguns foram mortos e muitos ficaram feridos) no interior do
Suriname, como vingança coletiva, pelo fato de um nativo daquele país ter sido
assassinado por um imigrante brasileiro.
Ainda outro elemento, que deve ser levado em conta para se
entenderem devidamente as façanhas bélicas do Antigo Testamento, é a mentalidade
do clã:
Entre os antigos, de modo geral, o
indivíduo costumava ser prezado não somente como tal, mas também (e, não raro,
preponderantemente) como membro de uma coletividade; dava-se muita importância
à solidariedade natural que une todo homem à família, tribo ou nação. Isso se
explica, em grande parte, pelo gênero de vida nômade que levavam os primitivos.De fato, os nômades vivem da grei,
dos rebanhos que os acompanham, e isto (dizem os psicólogos) não pode deixar de
imprimir um caráter coletivista à vida do clã, fazendo com que o indivíduo como
tal desapareça na engrenagem do todo. Ademais, nesse modo de vida é mais
difícil que na vida sedentária descobrir o autor de um crime (fora os casos de
delito flagrante); por conseguinte, julgava-se muitas vezes na antigüidade que
os fatores da história não são “este” e “aquele indivíduo”, mas “este” e
“aquele clã”.Este modo de ver implicava que, ao se
cometer um crime contra determinado sujeito, todo o grupo respectivo se julgava
atingido. Por conseguinte, era a tribo inteira que se levantava para reagir, e
reagir não contra o agressor isolado, mas contra a coletividade de que fazia
parte o ofensor. É
o que explica(mas não justifica), os freqüentes choques de grupo contra grupo,
choques em que nem as mulheres, nem as crianças eram poupadas; é também este o
motivo por que muitas vezes filhos, netos e ulteriores descendentes da geração
criminosa eram por um legislador condenados à maldição.
A
História Sagrada apresenta disto um exemplo significativo em I Samuel XV, 1-3:
Samuel manda a Saul que extermine os
amalecitas – homens, mulheres e crianças – e todo o seu gado, pois em três
ocasiões durante a travessia do deserto, havia mais de dois séculos, se tinham
oposto à passagem do povo de Deus (Êxodo XVII, 8-13; Números XIV, 45; Juízes
III, 13; VI, 3); Moisés, em conseqüência, os tinha condenado a completo
extermínio (Deuteronômio XXV, 17-19; Números XXIV, 20). Segundo a ordem de
Samuel, pois, uma geração bem posterior pagaria pela culpa de antepassados longínquos!Vale
notar que resquícios desse tipo de mentalidade existem até hoje no nosso país,
em especial nas regiões rurais (quem nunca ouviu falar de
"guerras de famílias" no Nordeste?).
Aos poucos, porém, Deus quis corrigir "Pedagogicamente" também, essa postura imperfeita:
Acontecia no século VI que os judeus,
punidos por guerras de deportações, se queixavam de que seus pais haviam
“comido uvas amargas e os dentes dos filhos sofriam em decorrência” (um
provérbio que os exilados aplicavam a si mesmos, lançando sobre os pais a falta
cujo castigo suportavam - Ezequiel XVIII, 2; Jeremias XXXI, 29); apoiados em
tal tese, dispensavam-se hipocritamente de qualquer propósito de penitência,
pois se apregoavam inocentes. Foi então que o Senhor se dignou explicitamente
negar a veracidade do pressuposto (Ezequiel XVIII, 4; cf, Jeremias XXXI, 30):
"Eis
que todas as almas Me pertencem: a alma do filho como a alma dói pai é minha; a
alma que pecar, essa morrerá."
Ainda mais uma vez se manifestava a
paciência divina em lenta tarefa educacional.Os dizeres de Ezequiel e Jeremias
indicam bem que a mentalidade do clã está abolida. Não se diga, pois, que
alguém está pagando pelos pecados de seus antepassados.Sendo assim, podemos
afirmar que a mensagem revelada tinha de ser passada segundo o grau de
civilização em que estavam os ouvintes ou não seria entendida.
Consideremos uma criança:
A sua consciência é rudimentar,
poucos deveres indica e poucas restrições impõe. O pequeno conhece, sem dúvida,
o preceito fundamental da lei moral: "Faze o bem, evita o mal."
Todavia, em que consiste exatamente o bem a praticar e o mal a evitar ele não
sabe dizer com clareza; poucas são as conclusões práticas que ele deduz
daqueles mandamento básico; assim o bem, para ele, vem a ser primeiramente o
que os mais velhos lhe indicam como tal; o mal será desobedecer a estes. Só aos
poucos é que o adolescente vai percebendo as conseqüências do princípio
"Faze o bem, evita o mal."Pois
bem, Deus quis que se desse com o gênero humano inteiro algo semelhante ao que
se verifica com toda criança: nos primórdios da história, os homens tinham uma
consciência moral pouco desenvolvida, a qual através dos séculos foi se
tornando mais apurada, minuciosa.Também os membros do Povo de Deus, que o
Criador se dignou tornar portadores da verdadeira fé, possuíam, apesar da sua
sublime vocação, uma consciência moral ainda embrionária. Percebiam bem que é
preciso "fazer o bem e evitar o mal", obedecer a tudo que vissem ser
a Vontade de Deus; mas a maioria das aplicações concretas deste princípio
escapavam à sua percepção. Não há dúvida, o Senhor poderia ter revelado tudo
que a Lei Natural nos incute; preferiu, porém, um lento desabrochar que, de
resto, mais condizia com a maneira como Ele criou e rege o mundo.Ao chamar Abraão, Deus não quis
cortar bruscamente todas as suas tradições de família (isso seria
antipedagógico); eliminou em termos severos o que era estritamente politeísta;
quanto às outras observâncias, preferiu ir contemporanizando, tomando o
israelita como era; permitiu, pois, que o povo vivesse, em parte, à semelhança
dos demais povos orientais; às práticas antigas não politeístas, o Mestre
Divino apenas quis insuflar novo espírito, comunicando nobres idéias e
aspirações.
Assim fazia com que o povo "se fosse
elevando espiritualmente e moralmente," até um dia poder ouvir a mensagem do Evangelho (João
XV, 12):
"Este
é o meu preceito: que vos ameis uns aos outros, como Eu vos amei."
É muito importante frisar, ainda, que
uma consciência moral ora mais, ora menos embrionária, como tinham os homens do
Antigo Testamento, não é incompatível com a santidade, e elevada santidade,
pois esta consiste em cumprir generosamente a vontade de Deus manifestada
através da consciência reta e sincera. Notemos o caso de Abraão, que não hesitou
em deixar sua terra e sua parentela para ir à região à qual Deus o chamava
(Gênesis XII, 1-4). Também não vacilou quando o Senhor lhe pediu que oferecesse
seu filhos em sacrifício (Gêneses XXII, 1-18).A História Sagrada é, sim, apesar
de todos os escândalos e vicissitudes que os homens nela disseminaram, um
movimento ascensional contínuo, que tem por fundamento uma mensagem perene:
Cristo! Infelizmente
a má vontade para se entender essas coisas é muito grande; para tudo se tem
condescendência, menos para se entender a Palavra de Deus. Façamos a nossa
parte, expliquemos a verdade para quem tem um coração aberto, os outros que
assumam a responsabilidade de sua falta de zelo no estudo da Revelação no dia
de prestarem conta a Deus.
8)- Qual era "o nome de Jesus? A profecia afirmava
que Ele seria chamado de “Emanuel”?
Os estudiosos sérios concordam que Jesus existiu historicamente, que Ele era um judeu da Galileia que foi batizado por João Batista e começou seu
próprio ministério logo depois. Eles também concordam quando afirmam que Ele pregou oralmente, foi referido como “rabino”, e não deixou documentos
escritos de sua autoria.A maioria desses estudiosos também afirma que
Jesus foi preso, julgado e executado pelas autoridades romanas. Em suma, a
pesquisa científica arqueológica, histórica e bibliográfica afirma que havia
uma figura histórica com o nome de Jesus que viveu cerca de 2.000 anos atrás.
Mas seu nome era realmente Jesus?
Enquanto todos os Evangelhos, os primeiros textos cristãos e os
historiadores da Antiguidade de fato se referem a Ele como “Iesous” (uma
transliteração grega do nome hebraico original “Joshua”), algumas
aparentes discrepâncias nos próprios Evangelhos podem iluminar esta questão.
Vamos dar uma olhada nos Evangelhos de Mateus e
Lucas:
O
Evangelho de Mateus começa com uma genealogia de Jesus que vai desde Abraão,
passando por Davi até chegar em José, apresentando assim Jesus como membro da
Casa de Davi. No entanto, Mateus também indica que José não é o pai natural de
Jesus. Só se encontra uma ocasião no Evangelho de Mateus em que Jesus é
referido como “o filho do carpinteiro” (cf. Mateus 13, 55). Por outro lado, seu
Evangelho diz claramente que Maria estava prometida a José quando ele a
encontrou “com o filho do Espírito Santo”. José estava prestes a romper o
noivado quando um anjo apareceu para ele em sonhos, revelando a origem divina
da criança. Lê-se em Mateus 1, 22-23):
“José,
filho de Davi, não temas receber Maria por esposa, pois o que nela foi
concebido vem do Espírito Santo. Ela dará à luz um filho, a quem porás o nome de Jesus, porque ele salvará o seu povo de seus pecados. Tudo isto aconteceu
para que se cumprisse o que o Senhor falou pelo profeta: Eis que a Virgem conceberá e dará à luz
um filho, que se chamará Emanuel (Is 7, 14), que significa: Deus conosco...”
Mas por
que o anjo está dizendo a José para chamar a criança de “Jesus”, se a profecia
diz claramente que eles o chamarão de Emanuel?
Parece haver alguma confusão angelical aqui,
já que o anjo também diz a Maria, no Evangelho de Lucas (cf. Lc 1, 30-31): “O anjo disse-lhe: Não temas, Maria, pois encontraste graça
diante de Deus. Eis que
conceberás e darás à luz um filho, e lhe porás o nome de Jesus...”
Os anjos
teriam errado em algo?
Não
necessariamente. Há uma diferença entre “como ele será chamado” (“Emmanuel”) e
o “nome propriamente” (“Jesus”). Para resolver esse aparente quebra-cabeças,
precisamos dar uma olhada mais de perto no nome Emanuel e na tradição bíblica. A primeira
vez que o nome “Emanuel” aparece na Bíblia está no livro de Isaías, nos
capítulos 7 e 8. No entanto, o nome aqui não tem nenhum significado messiânico, à
primeira vista. Ele simplesmente aparece listado entre outros nomes, como um
sinal da proteção de Deus sobre a Casa de Davi durante um período de guerra.Isaías respondeu:
“Ouvi, casa de Davi: Não vos basta fatigar a paciência dos
homens? Pretendeis cansar também o meu Deus? Por isso, o próprio Senhor
vos dará um sinal: uma virgem conceberá e dará à luz um filho, e o chamará Deus
Conosco. Ele será
nutrido com manteiga e mel até que saiba rejeitar o mal e escolher o bem.”
Embora haja discussão sobre o que o profeta
quis dizer, a tradição rabínica e alguns estudiosos consideram que ele estava
apontando para o fato de que o nome “Deus conosco” era um gesto de
agradecimento pela proteção de Deus durante tempos difíceis. No entanto, o
Evangelho de Mateus entende esse texto de maneira diferente, como profetizando
a vinda do Messias, a Encarnação de Deus, literalmente “Deus conosco”.
Então, por
que o nome Jesus?
O nome Yeshua (a forma original do nome
hebraico, sendo ele mesmo uma derivação de Yehoshua) era relativamente popular
na Judeia no tempo de Jesus. Encontramos nas obras de Flavius Josephus,
historiador do século I, pelo menos 20 pessoas diferentes chamadas de Iesous.
Além disso, ele não é o primeiro personagem a se chamar Yeshua (Joshua) na
Bíblia (recorde-se o livro de Josué no Antigo Testamento). O nome,
etimologicamente, significa “Deus salva”, “Yahweh é salvação”, “Yah salva”.
Este é realmente o nome que todos os Evangelhos usam para se referir a Jesus.
Isso significa que Jesus tinha dois nomes?
Bem, esse
não é o caso. Um judeu nos dias de Jesus teria apenas um nome, às vezes seguido
por “filho de” e pelo nome do pai (é assim que Filipe se refere a Jesus, “Jesus
filho de José de Nazaré” no Evangelho de João) ou pela cidade natal da pessoa
(como em Marcos 10, 47, “Jesus de Nazaré”).A resposta é que “Emanuel” é
mais um título expressivo do que um nome, exatamente como “Cristo” (Messias, que não é sobrenome).O texto de Isaías também explica que o Messias será chamado
“Conselheiro admirável, Deus forte, Pai eterno, Príncipe da paz” (Isaías 9, 5).Jeremias diz explicitamente que “o rei que
reinará sabiamente” será chamado de “o Senhor é a nossa justiça”. Naturalmente,
nenhum desses nomes são em si nomes verdadeiros. Estes são atributos que descrevem quem é o Messias. Em
hebraico, “ser chamado” e “ser” geralmente significa a mesma coisa, então “ser
chamado Emanuel” significa, no fim, que “ele será o Deus vivendo com e entre
nós”. Por natureza, ele é o Emanuel. Por nome, ele é Jesus, “o nome
acima de todos os nomes” (cf. Filipenses 28, 11).Na realidade pouco
importa se Francisco é Chico, Chiquinho, ou Chicão, todos são modos de se
dirigir a Francisco e ponto final. Não vamos criar chifre em cabeça de cavalo
por causa de picuinhas.
Fonte:
Aleteia
9)- ARCA DE NOÉ: MITO, REALIDADE,
OU UMA MISTURA DOS DOIS?

Dos
historiadores e arqueólogos que se propõem a pesquisar acerca de algum evento
bíblico, é bem provável que o Dilúvio de Noé seja o de
maior pesquisa e divulgação até a presente data. Em parte por seu apelo
épico, porém também, por esta história conter um dos objetos mais instigadores
àqueles que têm um “Q” de Indiana Jones: A arca de Noé. De antemão, é bom
ratificar: apesar de evidências históricas e arqueológicas importantes do
relato bíblico (como veremos adiante), ninguém ainda achou a arca. O prof.
Rodrigo Silva, protestante e doutor em “arqueologia bíblica”, fez o oportuno
comentário: “Ao todo já relacionei ao relatório mais de
40 supostos achados da arca de Noé e além de serem todos falsos ou inconclusos,
eles têm mais dois pontos em comum: primeiro que foram todos encontrados por
leigos sem nenhuma formação ou treinamento de arqueologia e segundo, que a
maioria deles convenceu muitas pessoas apesar de apresentarem provas
questionáveis e relatos contraditórios.”[1] Contudo, apesar da arca
ainda estar desaparecida, há fortes evidências para acreditar-se “pelo menos”
que, em algum momento, uma catástrofe hídrica global aconteceu.
Catástrofe global ou local?
Antes
de avaliarmos as evidências empíricas, vale ressaltar a discussão que em tempos
é levantada sobre a real extensão do Dilúvio. Embora o
entendimento geral de que o evento tenha sido global, alguns, a fim de
defenderem o modelo geológico evolucionista , atribuem à inundação uma
aplicação local em vez de universal.
Resumidamente, os principais argumentos aceitos para a compreensão
global do Dilúvio são:
(1) A
necessidade da arca?
(2) As
dimensões da arca?
(3) A
necessidade dos animais irem à arca?
(4) A necessidade
de aves na arca?
(5) O
julgamento era universal?
(6) O
Dilúvio era um tipo de julgamento vindouro?
(7) As
águas submergiram os montes?
(8) A
duração do Dilúvio?
(9) A
promessa de Deus?
(10) Os
povos descendem de Noé e sua família?
(11) A
terminologia hebraica registrada em Gênesis?
(12) O
Novo Testamento retrata o Dilúvio como global (Jesus e apóstolos)?
Para
uma pesquisa mais detalhada sobre o assunto, sugerimos conferir as referências
[2], [3] e [4]. Além dos argumentos acima elencados, as evidências
multiculturais também, em certa medida, sugerem uma catástrofe hídrica mundial.
Sob a luz da arqueologia, relatos contidos em artefatos
têm evidenciado a veracidade bíblica do relato de Gênesis. O Dr. Rodrigo Silva
afirmou que: “Já foram encontradas e decifradas mais de 40 versões antigas
sobre o dilúvio, que datam de até 2100 a.C. Gravadas em antigos códigos ainda
preservados, essas versões contêm extraordinárias semelhanças com o texto de
Gênesis. A mais famosa delas é o Épico de Gilgamesh (ou Gilgamés),
encontrado na biblioteca de Nínive e que hoje pertence ao acervo do Museu
Britânico de Londres.

Segundo
especialistas, se somarmos as tradições orais e
escritas que encontramos ao redor do mundo, fora as do Oriente Próximo, chega a
mais de 100 o número de versões e relatos a respeito de um dilúvio universal
que cobriu toda a Terra. Isso demonstra que Moisés não foi o criador da
história diluviana, mas apenas o transmissor de um antigo fato que antecedeu o
seu próprio tempo.”[5]
os Astecas e o Épico de Gilgamesh
“Quando
a humanidade foi coberta pelo dilúvio, tudo foi destruído, menos um homem
chamado Coxcox e uma mulher chamada Xochiquetzal, que se salvaram em um pequeno
barco; tendo depois repousado em cima de uma montanha, chamada por eles Colhuacan,
tiveram lá vários filhos;todas essas crianças nasceram mudas, até que uma pomba
de uma árvore alta se lhes ensinou línguas, mas estas diferiam tanto que eles
não podiam se entender.”[6] Uma versão deturpada dos relatos bíblicos de Noé e
Babel? Talvez. Essa história vem dos astecas do México – um dos vários contos
que falam de uma inundação catastrófica, de geografias remotas e culturas diferentes.[7]
O relato mesopotâmico da inundação global tem recebido certo destaque, talvez
por conta do documentário “Zeitgeist”, de Peter Joseph. Nele, o diretor se
utiliza da evidência mesopotâmica para reivindicar um possível plágio bíblico;
contudo, o argumento realmente poderoso é o oposto: o fato de outras culturas
registrarem a história de uma inundação universal suporta o fato de que, pelo
menos, em algum momento da história isso ocorreu. Os detalhes bíblicos,
entretanto, provêm maior credibilidade frente aos outros registros. Prova
disso, por exemplo, são as dimensões atribuídas à arca no relato mesopotâmico:
“Essa
história conta que Ea, senhor das águas e guardião dos homens, alertou
Utnapishtim sobre o dilúvio pelo qual os deuses destruiríam a humanidade. Ea
mandou Utnapishtim ‘derrubar a sua casa e construir um barco’, para ‘levar no
barco a semente de todas as criaturas vivas.Cada um dos lados medindo 120
côvados, formando um quadrado.’ Havia sete conveses ao todo. O dilúvio foi
assustador e cheio de fúria. Utnapishtim contou que ‘o deus da chuva tornou a
luz em trevas, quando ele esmagou a terra como um copo’. Quando a tempestade
diminuiu, Utnapishtm olhou para a face da terra e havia silêncio. Toda a humanidade retornou à argila. A superfície do
mar se estendia plana como um telhado; de todos os lados era a desolação das
águas’. Utnapishtim soltou uma pomba, que retornou sem encontrar lugar de
descanso e depois uma andorinha, com o mesmo resultado. Finalmente, um corvo
foi solto, mas não retornou. O barco chegou à terra em uma montanha e
Utnapishtim ofereceu um sacrifício.’[8] Apesar
dos problemas de engenharia do relato, o que mais chama atenção são as
incríveis semelhanças entre o relato bíblico, asteca e mesopotâmico.
o dilúvio entre os Chineses e os Aborígenes
australianos
Chineses
e australianos são, por vezes, alvo daqueles que, por argumentos de natureza
“cultural” e “geográfica”, não aceitam a cosmovisão criacionista e, por
consequência, o Dilúvio. Entretanto, descobertas significativas
demonstram o oposto. Os primeiros estudiosos jesuítas foram os primeiros
europeus a terem acesso ao “livro de todos os conhecimentos”, chinês, dos
tempos antigos. Essa coleção de 4320 volumes conta a repercussão da rebelião da
humanidade contra os deuses. “A Terra foi abalada em suas fundações. O céu do
norte se abaixou. Sol, Lua e estrelas mudaram seus movimentos. A Terra foi
despedaçada e as águas de seu peito subiram com violência, transbordando a
Terra”.[9] Outra história, no folclore dos Bahnars, uma tribo primitiva
de Cochin, na China, conta como os rios incharam “até que as águas atingirem o
céu e todos os seres vivos morrerem, menos dois irmãos que foram salvos em uma
arca enorme. Levaram consigo um par de cada tipo de animal.”[10] O relato
aborígene é impressionante. Foi encontrado por antropólogos numa remota tribo
aborígene, antes de qualquer contato com missionários:
“Aconteceu
que as crianças mais novas se atormentaram e maltrataram a Coruja Piscante,
Dumbi. Ngadja, o Supremo, se ofendeu e sentiu profunda tristeza por ela. Então,
instruiu Gajara: ‘Se você quiser viver, pegue seus filhos e esposas e faça uma
jangada dupla. Por causa do que aconteceu a Dumbi,
quero afogar a todos. Estou prestes a mandar a chuva e a inundação marítima’,
disse ele. Coloque nas jangadas alimentos que possam ser amarzenados, como
gumi, banimba e ngalindaja, todos estes alimentos do chão. Então Gajara
amarzenou todos esses alimentos. Ele também reuniu as aves do céu, como o cuco,
o visco-comedor, o pássaro do arco-íris, o pássaro de capacetes e os
tentilhões, juntamente com uma fêmea de canguru. Gajara fez de seus filhos e
esposa a tripulação. Então Ngadja enviou as nuvens de chuva para baixo,
fechando o céu sobre eles. A inundação veio do norte-nordeste e as
pessoas foram cercadas por águas salgadas e pelas águas da maré. Ngadja girou
as águas e a Terra se abriu, engolindo todas as pessoas. Ele as matou em
Dumbey. Enquanto isso, a inundação carregava todos o que estavam na balsa com
Gajara para Dulugun. Finalmente, as enchentes guiaram Gajara para esta direção.
Ele enviou alguns pássaros do barco, primeiro o cuco. Este achou terra e não
voltou mais para ele. Gradualmente as águas foram baixando. Mais tarde, os
outros pássaros retornaram a Gajara, que os enviou novamente no dia seguinte.
As terras já estavam secando e as criaturas vivas acharam comida e um lar. Eles
mataram o canguru depois de desembarcarem; a esposa de Gajara, Galgalbiri,
colocou-o no forno de terra e o cozinhou com outros alimentos. A fumaça subiu
lentamente até atingir o céu. Ngadja, o Ser Supremo, pôde sentir o cheiro da
fumaça da fêmea do canguru enquanto era cozida e ficou satisfeito. Ngadja, o Ser Supremo, colocou um arco-íris no céu para
afastar as núvens de chuva. O arco-íris nos protege para que as chuvas não
aumentem demais. Nosso povo entende o significado disso. Quando o vemos,
pensamos: ‘Não haverá catástrofe’.[11]
Conclusões óbvias, mas
rejeitadas (por alguns)
Esses
relatos preservados entre diversas culturas espalhadas pelo mundo concordam em
pelo menos três pontos:
(1) A
água destruiu toda a raça humana e outras formas de vida sobre a terra.
(2) Uma
arca ou barco proveu um meio de escape.
(3) Uma
família foi preservada para perpetuar a raça humana.
É
difícil imaginar que todos esses povos tenham inventado
uma mesma história que coincide em tantos detalhes.[12] O volume de
evidências culturais e arqueológicas demonstra que ignorar a (alta)
possibilidade de uma catástrofe hídrica num passado remoto é, de fato, muito
desonesto. Sem mesmo reivindicar as implicações teológicas do enredo bíblico, a
historicidade do relato (com base nas evidências histórico-culturais e
arqueológicas) somada aos argumentos científicos (engenharia e geologia),
permite-nos admitir que o autor de Gênesis registrou a verdade e que não é (ou
não deveria ser) “apenas simbólico”.
Por Jônatas
Duarte Lima
Referências e notas
[1] Dr. Rodrigo Silva, “Encontraram a arca
de Noé?”, disponível em http://novotempo.com/evidencias/2013/10/02/encontraram-a-arca-de-noe/.
[2] Ver Michelson Borges, A História da
Vida, “O dilúvio de Gênesis: lenda ou fato?”, p. 77-95.
[3] Creation Magazine LIVE!: “Was Noah’s
Flood global?” em https://youtu.be/c36LQILHQ18.
[4] Creation Answers Book, “Chapter 10: Was
the Flood global?”, disponível para download em
http://creation.com/the-creation-answers-book-index.
[5] Michelson Borges, Por que Creio, p.
141.
[6] Frazer, J.G., Folklore in the Old
Testaments: Studies in Comparative Religon, Legend and Law (Edição resumida),
Avenel Books, New York, NY, EUA, p. 107, 1988.
[7] Citado em “Dilúvio!”, disponível
em
http://creation.com/flood-legend-portuguese.
[8] Sanders, N.K., The Epic of Gilgamesh,
Penguin Classics, Londres, UK, pp. 108-113, 1972; citado em “Dilúvio!”,
disponível em
http://creation.com/flood-legend-portuguese.
[9] Berlitz, C., The Lost Ship of Noah,
W.H. Allen, Londres, UK, p. 126, 1987; citado em “Dilúvio!”, disponível em http://creation.com/flood-legend-portuguese.
[10] Frazer, p. 82.
[11] Funk & Wagnalls, Standard
Dictionary of Folklore, Mythology and Legend, 1950; citado em “Dilúvio!”,
disponível em
http://creation.com/flood-legend-portuguese.
[12] Michelson Borges, A História da Vida,
p. 95.
Fonte:
https://engenhariafilosofica.com/2015/09/25/o-diluvio-do-genesis-verdade-ou-mito-parte-3/
O que podemos "teologicamente" dizer sobre a Arca de Noé?

A idea
de um dilúvio global parece quase grande demais para ser verdade: água cobrindo
a terra inteira, todos aqueles animais cabendo em um único barco, uma família
salva de dentro de uma numerosa multidão de pessoas. Poderia alguma coisa assim
já ter acontecido? Onde estão as evidências incontestáveis? Muitas pessoas
duvidam da história do Dilúvio, porque elas não pensam que exista alguma
evidência. Isto poderia ser um evento único, depois de tudo. Muitos de nós tem
sido ensinado que tudo que nós vemos – erosão, vento, fluxo de água sempre tem
ocorrido a uma taxa quase constante durante milhões de anos. Esta ideia, chamada
uniformitarismo, assume que, para a maior parte dos, canyons e fósseis,
montanhas e camadas de rocha, foram formadas gradualmente durante longos
períodos de tempo. O Grand Canyon, os himalaias, as bacias oceânicas, todas
elas vieram de acordo com o mesmo processo que nós vemos hoje, em basicamente a
mesma proporção.Mas, e se há outra explicação? E se a
evidência sugere uma figura completamente diferente do passado da terra?
A imagem da Arca de Noé que você deve ter visto nos livros de criança ou em
pinturas nos muros do berçário é frequentemente pequena e limitada com cabeças
de girafas saindo do topo. Mas a real Arca de Noé, a descrita na Bíblia,
poderia ter sido em torno de 155,4 m de comprimento e 15,54 m de altura – e
incrivelmente em condições de navegar até mesmo nos mares mais agitados. Este é
um návio que poderia ter mantido os ocupantes seguros durante uma provação de
um ano inteiro.Durante o dilúvio, águas em furia, suficientes para cobrir a
terra inteira, transformou a paisagem, derrubou camada sobre camada de
sedimentos, e formou a maioria dos fósseis que nós ainda estamos cavando hoje.
A terra mostra evidências, não de mudança gradual, mas de um evento
cataclístico que transformou completamente o mundo e nos deixou com um incrível
testemunho do poder do nosso Criador.Mas esta
destruição não foi sem propósito. Deus é amor, mas Ele também deve julgar a
maldade. As pessoas dos dias de Noé não se importavam com a justiça ou em fazer
os que elas sabiam ser certo. Ao invés de ver a arca que Noé estava
construindo como um meio de escapar, eles rejeitaram a ideia de uma tal
catástrofe e foram deixados de fora dos muros seguros do navio. Noé foi salvo, não devido suas próprias “boas ações”, mas somente
devido a provisão de Deus. Apesar de nos dias de hoje a história de Noé
parecer repetir-se,todos nós temos a mesma oferta da gratuidade de Deus
ofertada e colocada a disposição de seus contemporâneos: Deus nos colocou aos
cuidados de uma outra arca como fez o Bom Samaritano com aquele homem quase
morto encontrado caído a beira da estrada que é a sua Igreja!
“Una, santa, católica e apostólica: esta é a Igreja que devemos crer e
professar já que é isso o que a ensina a fé. Nesta Igreja cremos com firmeza e
com simplicidade testemunhamos. Fora dela não há salvação, nem remissão dos
pecados, como declara o esposo no Cântico: "Uma só é minha pomba sem
defeito. Uma só a preferida pela mãe que a gerou" (Ct 6,9). Ela representa o único corpo místico, cuja cabeça é
Cristo e Deus é a cabeça de Cristo. Nela existe "um só Senhor, uma só
fé e um só batismo" (Ef 4,5). De fato, apenas uma foi a arca de Noé na época do dilúvio; ela foi a figura
antecipada da única Igreja; encerrada com "um côvado" (Gn 6,16), teve
um único piloto e um único chefe: Noé. Como lemos, tudo o que existia fora
dela, sobre a terra, foi destruído.A esta única Igreja, nós a veneramos,
como diz o Senhor pelo profeta: "Salva minha vida da espada, meu único
ser, da pata do cão" (Sl 21,21). Ao mesmo tempo que Ele pediu pela alma -
ou seja, pela cabeça - também pediu pelo corpo, porque chamou o seu corpo como
único, isto é, a Igreja, por causa da unidade da Igreja no seu esposo, na fé,
nos sacramentos e na caridade. Ela
é a veste sem costura (Jo 19,23) do Salvador, que não foi dividida, mas tirada
à sorte. Por isso, esta Igreja, una e única, tem um só corpo e uma só cabeça, e
não duas como um monstro: é Cristo e Pedro, vigário de Cristo, e o sucessor de
Pedro, conforme o que disse o Senhor ao próprio Pedro: "Apascenta as minhas ovelhas" (Jo 21,17)
- (Bula
Unam Sanctam - Papa Bonifácio VIII - 18.11.1302 )
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