Romanos
2,11-16: “Porquanto em Deus não existe parcialidade alguma. Pois todos os que sem
a Lei pecaram, sem a Lei também perecerão; e todos os que pecarem sob a Lei,
pela Lei serão julgados. Pois, diante de Deus, não são os que simplesmente
ouvem a Lei considerados justos; mas sim, os que obedecem à Lei, estes serão
declarados justos. De fato, quando os
gentios que não têm Lei, praticam naturalmente o que ela ordena, tornam-se lei
para si mesmos, muito embora não possuam a Lei; pois demonstram claramente que
os mandamentos da Lei (natural) gravados em seu coração. E disso dão testemunho
a sua própria consciência e seus pensamentos, algumas vezes os acusando, em
outros momentos lhe servindo por defesa. Todos esses fatos serão observados
na humanidade, no dia em que Deus julgar os segredos dos homens, por intermédio
de Jesus Cristo, de acordo com as declarações do meu Evangelho...”
Romanos 7,7-8: “De fato, eu não teria como saber o que é pecado, a não
ser por intermédio da Lei. Porquanto, na realidade, eu não haveria conhecido a
cobiça, se primeiro a Lei não tivesse dito: “Não cobiçarás”. Mas o pecado,
aproveitando-se da ocasião dada pelo mandamento, provocou em mim todo o tipo de
cobiça; porque, onde não há lei, não
existe pecado...”
UMA
INTRODUÇÃO TEOLÓGICA AO PECADO
De certo modo é correto se afirmar que todos os
pecados são odiosos perante Deus e suficientes para nos impedir da comunhão
plena e eterna com Ele! Por isso somos recebedores tão somente de sua graça
infinita (em Cristo Jesus) e não temos qualquer mérito em qualquer suposta perfeição
de “vida moral”. Portanto, Todo pecado, até o menor, sendo contra a soberania,
bondade, santidade de Deus, e contra a sua justa lei, merece a sua ira e
maldição, nesta vida e na vindoura, e não pode ser expiado, senão unicamente pelo
sangue e méritos de Cristo.As referências que sustentam estas afirmações são:
Tg 2,10-11; Mal 1,14; Deut 32,6; Habc 1,13; I Ped 1,15-16; Lev 11,45; I Jo 3,4;
Gal 3,10; Efe 5,6; Prov 13,21; Mat 25,41; Rom 6,21-23; Hb 9,22; I Jo 1,7; I Ped
1,18-19, das quais destacamos Tiago 2,10: “Pois qualquer que guarda toda a lei, mas
tropeça em um só ponto, se torna culpado de todos”. Todo pecado é igual, pois o menor dos pecados já nos
faz culpados por não guardar os princípios de justiça de Deus. No entanto, essa
afirmação deve ser bem entendida e qualificada, pois não representa o todo da
verdade, pois é o próprio Deus que nos ensina existir uma GRADAÇÃO de pecados,
ou seja, alguns realmente, são mais odiosos do que outros, pois apesar de todas
as transgressões da lei de Deus são igualmente odiosas; mas alguns pecados em
si mesmos, e em razão de diversas circunstâncias agravantes, são mais odiosos à
vista de Deus do que outros.Não precisamos argumentar muito sobre isto, basta
lembrarmos da afirmativa que Jesus fez a Pilatos: "Aquele que me entregou a ti
maior pecado tem", Jo 19,11. Num português claro, Jesus está
dizendo que essa pessoa tinha UM PECADÃO! Negligenciar o grau, ou tamanho do
pecado é tão perigoso como desconsiderar o tamanho do amor. Segundo nosso
Mestre e Senhor Jesus Cristo: "Maior amor tem aquele que dá a sua
vida por seus amigos".Sobre esse tema escreveu
muito bem o teólogo alemão Bonhoeffer, o qual também pagou com sua própria vida
por levantar-se em favor dos valores cristãos contra os absurdos do sistema
nazista, que eram bem maiores (um Pecadão!) que briga-de-boca de comadres
vizinhas (um pecadinho).É verdade que todo e qualquer pecado separa o homem de
Deus, e que a graça de Deus superabunda onde o pecado abundou. Deus, em seu
amor infinito, perdoa até as maiores dívidas humanas. Seus tesouros são
inesgotáveis. Mas isso não é uma licença para um caos moral, pois não somos ingênuos para perceber que roubar um ovo para matar a fome (um pecadinho), é bem
diferente de assassinar o dono da galinha para roubar o ovo (um tremendo PECADÃO!)
Quais são as "circunstâncias agravantes que tornam alguns pecados mais
odiosos do que outros"? Algumas circunstâncias se tornam mais agravantes, ou atenuantes em relação ao pecado!
1º)
Em razão dos ofensores, se forem pessoas de idade mais madura, de maior
experiência ou graça; se forem eminentes pela vida cristã, dons, posição,
ofícios, se forem guias para outros e pessoas cujo exemplo será, provavelmente,
seguido por outros. Isto é referendado em: Jr 2,8; I Rs 11,9; II Sm 12,14; I Co
5,1; Tg 12,47; Jo 3,10; II Sm 12,7-9; Ez 8,11-12; Rm 2,21-22.24; Gl 2,14.
2º)
Em razão das pessoas ofendidas, se as ofensas forem diretamente contra
Deus, seus atributos e culto, contra Cristo e sua graça; contra o Espírito
Santo, seu testemunho e operações; contra superiores, pessoas eminentes e
aqueles a quem estamos especialmente relacionados e a quem devemos favores;
contra os santos, especialmente contra os irmãos fracos; contra as suas almas
ou as de quaisquer outros, e contra o bem geral de todos ou de muitos. Refências: I Jo 5.10; Mt 21.38,39; I Sm 2.25; Rm
2.4; Mt 1.14; I Co 10.21,22; Jo 3.18,36; Hb 6.4-6; Hb 10.29; Mt 12.31,32; Ef
4.30; Nm 12.8; Pv 30.17; Zc 2.8; I Co 8.11,12; I Ts 2.15,16; Mt 23.34-38.
3º) Pela natureza e qualidade de ofensa, se for contra a letra expressa da lei de Deus e da Igreja legítima
fundada por Ele sobre Pedro (conf. Mat 16,18). Se violar muitos mandamentos,se
for concebida não só no coração, mas manifestar-se em palavras e ações,
escandalizar a outrem e não admitir reparo algum; se for contra os meios,
misericórdias, juízos, luz da natureza, convicção da consciência, admoestação
pública ou particular, censuras da igreja, punições civis; se for contra as
nossas orações, propósitos, promessas, votos, pactos, obrigações a Deus ou aos
homens; se for feita deliberada, voluntária, presunçosa, imprudente,
jactanciosa, maliciosa, freqüente, e obstinadamente, com displicência, persistência,
reincidência sem constrangimento e deliberados conscientemente.Ref.: Ez
20.12,13; Cl 3.5; Mq 2.1,2; Rm 2.23,24; Pv 6.32-35; Mt 11.21-24; Dt 32.6; Jr
5.13; Rm 1.20,21; Pv 29.1; Rm 13.1-5; Sl 78.34,36,37; Jr 42.20-22; Sl 36.4; Nm
15.30; Ez 35.5,6; Nm 14.22,23; Zc 7.11,12; Pv 2.14; Jr 9.3,5; II Pe 2.20,21; Hb
6.4,6.
Portanto, se estudarmos com maior profundidade a questão, aprendemos que
realmente existe gradação no pecado!
Uma outra maneira de verificar isso é pelas
diferentes penas aplicadas aos diversos crimes na lei judicial (ou civil) de
Israel. Essa Lei foi dada pelo próprio Deus. É bíblico demonstrarmos
entendimento e solidariedade, na face do arrependimento sincero. Na ausência
desse, a Palavra nos manda até quebrarmos as associações de amizade (nem mesmo
"comer" com o impenitente, para que ele, sacudido por esse terremoto
social, se arrependa (conf.1 Cor 5,11). Podemos quebrar os princípios de
justiça de Deus, desprezando a disciplina; achando que são ações injustas e sem
misericórdia; ou seja, querendo exceder a benevolência e benignidade de Deus,
querendo ser falsamente mais caridosos e justos que o próprio Deus, pode ser
uma tentação demoníaca, principalmente se este comportamento enfraquece a fé de
outros e até os escandaliza. Quando isso ocorre no seio da família, expressamos
um amor equivocado, não disciplinamos os filhos, criamos seres que desrespeitam
a hierarquia e que se darão mal no futuro. Quando fazemos no seio da igreja,
contribuímos para a concretização de uma igreja doentia e conivente com o
pecado.
O mesmo erro deve ser sempre "penalizado de forma igual"?
Um outro argumento utilizado pelos
que querem enfatizar tão somente a igualdade dos pecados (não somente entre si,
mas também quando cometidos por pessoas diferentes) é dizer que seria
incoerência penalizar pessoas de forma diferente, desde que cometam o mesmo
erro. Como já vimos, não é isso o que ensina a Palavra. Existe, sim, diferenciação
de gravidade, mesmo tendo sido cometido o mesmo pecado. A questão é que o
pecado não é só o incidente isolado (é até impossível se isolar um incidente),
mas não pode ser ignorada a forma como ele afeta mais ou menos pessoas. Pecados cometidos por
lideranças, são muito mais graves do que o mesmo pecado cometido por alguém que
esteja sendo instruído na fé.É
teologicamente correto dizer que qualquer pecado é
suficiente para nossa condenação, mas temos que reconhecer que o que concebe,
mas não pratica, pecou um pecado "menos ruim" do que aquele que o
levou às suas últimas conseqüências. Quanto mais o pecado se alastra (como no
caso de David, que tentava acobertá-lo) mais pessoas são atingidas e mais
sofrimento é gerado.A parte prática está exatamente no dano que um líder causa,
quando peca. Não é errado esperarmos um comportamento exemplar (no
contexto de que somos todos pecadores) da parte do líder (1 Tm 4.12), pois
assim a Palavra no direciona. O Salmista pede que nós não sejamos "causa
de vergonha" (Sl 69,6). O dano ao evangelho é muito grande, quando o
pecado está presente e é observado na vida do líder! Ainda que todos os pecados sejam odiosos e suficientes
para nos alijar da santidade de Deus, a não ser pela graça e misericórdia dele
e pelo sacrifício de Cristo, existem pecados "mais ruins do que
outros"; ou em circunstâncias "mais ruins do que outras". Pecados
de lideranças fazem “desencaminhar a muitos” e a muitos tropeçar na sua
compreensão da lei de Deus, portanto, oremos por nossas lideranças, não
sejamos apenas juízes e fiscais a apontar seus erros. Com relação ao
pecado das lideranças, o alerta vem de Malaquias 2,7-8: "Pois os lábios do sacerdote devem guardar
o conhecimento, e da sua boca devem os homens procurar a instrução, porque ele
é o mensageiro do Senhor dos exércitos. Mas vós vos desviastes do caminho; a
muitos fizestes tropeçar na lei..."
Há uma consideração sobre os "agravantes " e
"atenuantes", com relação ao mesmo pecado, nos casos de disciplina.
-São
atenuantes: Pouca experiência religiosa; relativa ignorância das
doutrinas evangélicas; influência do meio; bom comportamento anterior; assiduidade
nos serviços divinos e nas atividades da Igreja; reconhecida e verdadeira
humildade; desejo manifesto de corrigir-se; ausência de más intenções;
confissão voluntária e frequente.
São
agravantes: Ter experiência religiosa; relativo conhecimento das doutrinas
evangélicas e magistério da Igreja; boa influência do meio; maus precedentes;
ausência nas reuniões de oração, formação e adoração; autonomia, arrogância e
desobediência; não reconhecimento das faltas.
PECADO E MAGISTÉRIO DA IGREJA
Os pecados mortais são os atos pelos quais o
homem, com plena liberdade rejeita Deus! O Catecismo da Igreja Católica define o
pecado como “uma falta contra a razão, a
verdade, a consciência reta; é uma falta ao amor verdadeiro para com Deus e
para com o próximo, por causa de um apego perverso a certos bens. Fere a
natureza do homem e ofende a solidariedade humana. Foi definido como uma
palavra, um ato ou um desejo contrário à lei eterna” (CIC 1849).
Resumidamente, o pecado é uma ação contrária ao
amor de Deus. Do mesmo modo que o homem é livre para amar e praticar a
caridade, também é livre para desobedecer. É sabido também, que existe uma grande
variedade de pecados e, apesar de todos serem uma ofensa a Deus, estão
separados em diferentes graus. A Sagrada Escritura traz várias listas e
descrições. Por exemplo, São Paulo na Carta aos Gálatas diz que:“As obras da carne são manifestas: fornicação,
impureza, libertinagem, idolatria, feitiçaria, ódio, rixas, ciúmes, ira,
discussões, discórdia, divisões, invejas, bebedeiras, orgias e coisas
semelhantes a estas, a respeito das quais eu vos previno, como já vos preveni,
os que tais coisas praticam não herdarão o Reino de Deus” (Gl 5,1
9-21). O
pecado, conforme sua gravidade, pode ser dividido em Pecado Mortal ou Pecado Venial. Por
pecado venial entende-se aquele ato que não separa o homem totalmente de Deus,
mas que fere essa comunhão. Já o pecado mortal, por sua vez, atenta
gravemente contra o amor de Deus, desviando o ser humano de sua finalidade
última e da bem-aventurança.
Ensina o CIC (Catecismo
da Igreja Católica):
“O pecado mortal requer
pleno conhecimento e pleno consentimento deliberado! Pressupõe o conhecimento do caráter
pecaminoso do ato, de sua oposição à lei de Deus. Envolve também um
consentimento suficientemente deliberado para ser uma escolha pessoal. A
ignorância afetada e o endurecimento do coração não diminuem, antes
aumentam, o caráter voluntário do pecado.” (CIC 1859)
Isso significa que o pecado mortal só acontece quando o indivíduo comete um
delito contra Deus, consciente desses três requisitos citados acima
(conhecimento, consentimento e deliberação), e não somente pela matéria grave. Por
exemplo, se uma pessoa sem formação moral e intelectual adequada e sem
condições de adquirí-la, pratica uma ação pecaminosa, ela pode ser isenta de
culpa, pois se enquadra no caso da ignorância invencível. Por outro
lado, existe também, a ignorância afetada, que é quando a pessoa tinha
condições de conhecer a verdade, mas preferiu não conhecê-la. Neste caso, o
indivíduo peca gravemente.
Na prática, o que um
pecado mortal pode fazer com a pessoa que o comete? O CIC ensina que:
“O pecado mortal é uma
possibilidade radical da liberdade humana, como o próprio amor. Acarreta a
perda da caridade e a privação da graça santificante, isto é, do estado de
graça. Se este estado não for recuperado mediante o arrependimento e o
perdão de Deus, causa a exclusão do Reino de Cristo e a morte eterna no
inferno, já que nossa liberdade tem o poder de fazer opções para sempre, sem
regresso. No entanto, mesmo podendo julgar que um ato é em si falta grave,
devemos confiar o julgamento sobre as pessoas à justiça e à misericórdia de
Deus.” (CIC 1861)
“O pecado cria uma propensão ao pecado; gera o vício
pela repetição dos mesmos atos. Disso resultam inclinações perversas que
obscurecem a consciência e corrompem a avaliação concreta do bem e do mal. Assim,
o pecado tende a reproduzir-se e a reforçar-se, mas não consegue destruir o
senso moral até a raiz.” (CIC 1865)
Mas o que dizer, então,
dos pecados veniais? (leves), Eles são desprezíveis?
Não,
pois um
pecado mortal é gerado por uma multidão de pecados veniais que foram cometidos
antes. (Santo Agostinho dizia: Uma multidão de pecados veniais, nos
levará ao pecado mortal).O pecado venial, embora pareça sem
importância, é um passo que conduz ao abismo. Um após o
outro, leva a pessoa para o buraco, que é o rompimento da amizade com Deus.
O Catecismo cita Santo Agostinho para explicar melhor como se dá a ação dos
pecados veniais:
“O homem não pode, enquanto está na carne, evitar
todos os pecados, pelo menos os pecados leves. Mas esses pecados que chamamos
leves, não os consideres insignificantes, se os consideras insignificantes ao
pesá-los, treme ao contá-los. Um grande número de
objetos leves faz uma grande massa; um grande número de gotas enche um rio; um
grande número de grãos faz um montão. Qual é então nossa esperança? Antes de
tudo, a confissão…” (CIC 1863)
Portanto, para evitar o rompimento da amizade com Deus, ou seja, cometer um
pecado grave, é preciso combater os chamados pecados veniais, os quais são passos que
se dão em direção ao abismo. Nesse sentido, o Sacramento da Confissão é o remédio eficaz que pode refrear essa triste caminhada! Ainda sobre o pecado mortal: É considerado
mortal todo pecado que tem como objeto uma matéria grave e que é cometido com
plena consciência, afirma o Catecismo da Igreja Católica no parágrafo 1587.
Portanto todo ato pecaminoso contra os 10 mandamentos é um pecado grave. Os
mandamentos são a base da moral católica. A resposta de Jesus ao jovem
rico no Evangelho de São Marcos ilustra bem os pecados graves: “Conheces os
mandamentos: não cometerás homicídio, não cometerás adultério, não roubarás,
não levantarás falso testemunho, não prejudicarás ninguém, honra teu pai e tua
mãe!” ( Mc 10,19 )
Sobre a Imputabilidade da culpa:
§1860 A ignorância
involuntária pode diminuir ou até escusar a imputabilidade de uma falta
grave, mas supõe-se que ninguém ignora os princípios da lei moral inscritos
na consciência de todo ser humano (conf.
Rom 2,11-16). Os impulsos da
sensibilidade, as paixões podem igualmente reduzir o caráter voluntário e livre
da falta, como também, pressões exteriores e perturbações patológicas. O
pecado por malícia, por opção deliberada do mal, é o mais grave.
DO PECADO
MORTAL:
§ 1855. O pecado mortal destrói a caridade no
coração do homem por uma infracção grave à Lei de Deus. Desvia o homem de Deus,
que é o seu último fim, a sua bem-aventurança, preferindo-Lhe um bem inferior.
O pecado venial deixa subsistir a caridade, embora ofendendo-a e ferindo-a.
§ 1856. O pecado mortal, atacando em nós o
princípio vital que é a caridade, torna necessária uma nova iniciativa da
misericórdia de Deus e uma conversão do coração que normalmente se realiza no
quadro do sacramento da Reconciliação:«Quando […] a vontade se deixa atrair por
uma coisa de si contrária à caridade, pela qual somos ordenados para o nosso
fim último, o pecado, pelo seu próprio objecto, deve considerar-se mortal […],
quer seja contra o amor de Deus (como a blasfémia, o perjúrio, etc.), quer
contra o amor do próximo (como o homicídio, o adultério, etc.) […] Em
contrapartida, quando a vontade do pecador por vezes se deixa levar para uma
coisa que em si é desordenada, não sendo todavia contrária ao amor de Deus e do
próximo (como uma palavra ociosa, um risco supérfluo, etc.), tais pecados são
veniais» (95).
§ 1857. Para
que um pecado seja mortal, requerem-se, em
simultâneo, três condições: «É pecado mortal o que tem por objecto uma matéria
grave, e é cometido com plena consciência e de propósito deliberado» (96).
§ 1861. O
pecado mortal é uma possibilidade radical da liberdade humana, tal como o
próprio amor. Tem como consequência a perda da caridade e a privação da graça
santificante, ou seja, do estado de graça. E se não for resgatado pelo
arrependimento e pelo perdão de Deus, originará a exclusão do Reino de Cristo e
a morte eterna no Inferno, uma vez que a nossa liberdade tem capacidade para
fazer escolhas definitivas, irreversíveis. No entanto, embora nos seja possível
julgar se um ato é, em si, uma falta grave, devemos confiar o juízo sobre as
pessoas à justiça e à misericórdia de Deus.
§ 1874. Optar
deliberadamente – isto é, sabendo e querendo – por algo gravemente contrário à
lei divina e ao fim último do homem, é cometer um pecado mortal. Este destrói
em nós a caridade, sem a qual a bem-aventurança eterna é impossível; se não
houver arrependimento, tem como consequência a morte eterna.
Raiz do pecado?
§1853 Pode-se distinguir os
pecados segundo seu objeto, como em todo ato humano, ou segundo as virtudes a
que se opõem, por excesso ou por defeito, ou segundo os mandamentos que eles
contrariam. Pode-se também classificá-los conforme dizem respeito a Deus, ao
próximo ou a si mesmo; pode-se dividi-los em pecados espirituais e carnais, ou
ainda em pecados por pensamento, palavra, ação ou omissão. A raiz do pecado
está no coração do homem, em sua livre vontade, segundo o ensinamento do
Senhor: "Com efeito, é do coração que procedem más inclinações,
assassínios, adultérios, prostituições, roubos, falsos testemunhos e
difamações. São estas as coisas que tomam o homem impuro" (Mt 15,19-20).
No coração reside também a caridade, princípio das obras boas e puras, que o
pecado fere.
§1868 Responsabilidade de
quem coopera com os pecados de outros. O pecado é um ato pessoal. Além disso,
temos responsabilidade nos pecados cometidos por outros, quando neles
cooperamos:
-Participando neles direta e
voluntariamente.
-Mandando, aconselhando,
louvando ou aprovando esses pecados.
-Não os revelando ou não os
impedindo, quando a somos obrigados a isto.
-Protegendo os que fazem o
mal.
Modos de obter o perdão dos pecados?
§1434 As múltiplas formas da
penitência na vida cristã A penitência interior do cristão pode ter expressões
bem variadas. A escritura e os padres insistem principalmente em três
formas: o jejum, a oração e a esmola, que exprimem a conversão com relação a si
mesmo, a Deus e aos outros. Ao lado da purificação radical operada pelo
batismo ou pelo martírio, citam, como meio de obter o perdão dos pecados, os
esforços empreendidos para reconciliar-se com o próximo, as lágrimas de
penitência, a preocupação com a salvação do próximo, a intercessão dos santos e
a prática da caridade, "que cobre uma multidão de pecados" (1Pd 4,8).
§1435 A conversão se realiza
na vida cotidiana por meio de gestos de reconciliação, do cuidado dos pobres,
do exercício e da defesa da Justiça e do direito, pela confissão das faltas
aos irmãos, pela correção fraterna, pela revisão de vida, pelo exame de
consciência pela direção espiritual, pela aceitação dos sofrimentos, pela
firmeza na perseguição por causa da justiça. Tomar sua cruz, cada dia, seguir a
Jesus é o caminho mais seguro da penitencia.
§1436 Eucaristia e
penitência. A conversão e a penitência cotidiana encontram sua fonte e seu
alimento na Eucaristia, pois nela se torna presente o sacrifício de Cristo que
nos reconciliou com Deus; por ela são nutridos e fortificados aqueles que vivem
da vida de Cristo: "ela é o antídoto que nos liberta de nossas faltas
cotidianas e nos preserva dos pecados mortais".
§1437 A leitura da Sagrada Escritura, a oração da
Liturgia das Horas e do Pai-nosso, todo ato sincero de culto ou de piedade
reaviva em nós o espírito de conversão e de penitência e contribui para o
perdão dos pecados.
§1438 Os tempos e os dias de
penitência ao longo do ano litúrgico (o tempo da quaresma, cada sexta-feira em
memória da morte do Senhor) são momentos fortes da prática penitencial da
Igreja. Esses tempos são particularmente apropriados aos exercícios
espirituais, às liturgias penitenciais, às peregrinações em sinal de
penitência, às privações voluntárias como o jejum e a esmola, à partilha
fraterna (obras de caridade e missionárias).
§1439 O dinamismo da
conversão e da penitência foi maravilhosamente descrito por Jesus na parábola
do "filho pródigo", cujo centro é "O pai misericordioso":
o fascínio de uma liberdade ilusória, o abandono da casa paterna; a extrema
miséria em que se encontra o filho depois de esbanjar sua fortuna; a profunda
humilhação de ver-se obrigado a cuidar dos porcos e, pior ainda, de querer
matar a fome com a sua ração; a reflexão sobre os bens perdidos; o
arrependimento e a decisão de declarar-se culpado diante do pai; o caminho de
volta; o generoso acolhimento da parte do pai; a alegria do pai: tudo isso são
traços específicos do processo de conversão. A bela túnica, o anel e o
banquete da festa são símbolos desta nova vida, pura, digna, cheia de alegria,
que é a vida do homem que volta a Deus e ao seio de sua família, que é a
Igreja. Só o coração de Cristo que conhece as profundezas do amor do Pai
pôde revelar-nos o abismo de sua misericórdia de uma maneira tão simples e tão
bela.
CONCLUSÃO:
O Senhor é rico em misericórdia e não quer a morte do pecador, mas que ele se converta e viva! Há muitos textos bíblicos que descrevem a grande misericórdia de Deus. Jeremias a descreve assim: “As misericórdias do SENHOR são a causa de não sermos consumidos, porque as suas misericórdias não têm fim; renovam-se cada manhã. Grande é a tua fidelidade” (Lamentações 3,22-23). Embora o pecado tenha nos separado de Deus e, por causa da transgressão estivéssemos todos condenados à morte eterna (Romanos 6, 23), o Senhor teve misericórdia de nós e enviou Jesus Cristo para morrer em nosso lugar. Ele sofreu a punição da culpa pelo pecado que nós cometemos sem que Ele tivesse culpa alguma. “Pelas suas pisaduras fomos sarados” (Isaías 53,5). Por Sua grande misericórdia fomos resgatados pelo sangue que Cristo verteu na cruz. “Não foi mediante coisas corruptíveis, como prata ou ouro, que fostes resgatados do vosso fútil procedimento que vossos pais vos legaram, mas pelo precioso sangue, como de cordeiro sem defeito e sem mácula, o sangue de Cristo” (1 Pedro 1,18 -19).
A maior revelação da misericórdia de Deus está fato histórico da morte de Jesus em nosso lugar. Foi por misericórdia e amor para com o homem que Cristo condescendeu em tomar sobre Si a natureza humana, deixar o Céu e a adoração dos anjos e morrer injustamente pelo pecador. Como poderíamos apreciar tão grandiosa manifestação de amor e misericórdia? “Por isso o Senhor esperará, para ter misericórdia de vós; e por isso se levantará, para se compadecer de vós; porque o Senhor é um Deus de eqüidade; bem-aventurados todos os que por Ele esperam” (Isaías 30,18). “Como um pai se compadece de seus filhos, assim o Senhor se compadece daqueles que o temem” (Salmos 103,13). A Bíblia diz em Miquéias 7,18: “Quem é Deus semelhante a ti, que perdoas a iniqüidade, e que te esqueces da transgressão do resto da tua herança? O Senhor não retém a sua ira para sempre, porque ele se deleita na benignidade.” - Quando desobedecemos, Deus nos dá a Sua misericórdia. O salmista Davi clamou: “Tem compaixão de mim, Senhor, porque sou fraco; sara-me, Senhor, porque os meus ossos estão perturbados” (Salmos 6,2). Se por um lado o pecador humilde e arrependido que confessa o seu pecado recebe o perdão de Deus, o orgulhoso se fecha para a misericórdia divina. “O que encobre as suas transgressões jamais prosperará; mas o que as confessa e deixa alcançará misericórdia” (Provérbios 28,13). Sendo assim, os orgulhosos não recebem a misericórdia de Deus. O exemplo do publicano e do fariseu revela este fato. “Mas o publicano, estando em pé de longe, nem ainda queria levantar os olhos ao céu, mas batia no peito, dizendo: Ó Deus, sê propício a mim, pecador! Digo-vos que este desceu justificado para sua casa, e não aquele; porque todo o que a si mesmo se exaltar será humilhado; mas o que a si mesmo se humilhar será exaltado” (Lucas 18,13-14). Como está o seu relacionamento com Deus? Sua graça, compaixão e misericórdia estão disponíveis para conceder perdão e curar suas feridas. Ele pode restaurar sua vida, sua fé, esperança e amor. Deus não se cansa de perdoar, nós é cansamos de buscar seu perdão! “Buscar-me-eis e me achareis quando me buscardes de todo o vosso coração” (Jeremias 29,13).
"Louvado sejas Nosso Sr Jesus Cristo"
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APOSTOLADO BERAKASH: Como você pode ver, ao contrário de outros meios midiáticos, decidimos por manter a nossa página livre de anúncios, porque geralmente, estes querem determinar os conteúdos a serem publicados. Infelizmente, os algoritmos definem quem vai ler o quê. Não buscamos aplausos, queremos é que nossos leitores estejam bem informados, vendo sempre os TRÊS LADOS da moeda para emitir seu juízo. Acreditamos que cada um de nós no Brasil, e nos demais países que nos leem, merece o acesso a conteúdo verdadeiro e com profundidade. É o que praticamos desde o início deste blog a mais de 20 anos atrás. Isso nos dá essa credibilidade que orgulhosamente a preservamos, inclusive nestes tempos tumultuados, de narrativas polarizadas e de muita Fake News. O apoio e a propaganda de vocês nossos leitores é o que garante nossa linha de conduta. Sempre nos preocupamos com as questões de direito autoral e de dar o crédito a quem lhe é devido. Se por acaso alguém se sentir ferido(a) em seus direitos autorais quanto a textos completos, ou parciais, publicados ou traduzidos aqui (já que não consegui identificar e contatar alguns autores(as), embora tenha tentado), por favor, não hesite em nos escrever para que possamos fazer o devido registro de seus créditos, sejam de textos, fontes, ou imagens. Para alguns, erros de ortografia e de digitação valem mais que o conteúdo, e já invalida “todes” o texto? A falta de um “a”, de alguma vírgula, ou alguns trocadilhos, já são suficientes para não se ater a essência do conteúdo? Esclareço que levo mais tempo para escrever, ou repostar um conteúdo do que corrigi-lo, em virtude do tempo e falta de assessoria para isto. A maioria aqui de nossos(as) leitores(as) preferem focar no conteúdo e não na superficialidade da forma (não quero com isto menosprezar as regras gramaticais, mas aqui, não é o essencial). Agradeço as correções pontuais, não aquelas genéricas, tipo: “seu texto está cheio de erros de português” - Nas próximas pontuem esses erros (se puderem e souberem) para que eu faça as devidas correções. Semanalmente faço postagens sobre os mais diversos assuntos: política, religião, família, filosofia, sociologia, moral Cristã, etc. Há quem goste e quem não gosta de minhas postagens! Faz parte do processo, pois nem todos pensamos igual. Isso também aconteceu com Jesus e com os apóstolos e com a maioria daqueles(as) que assim se expõem. Jesus não disse que só devemos pregar o que agrada aos outros, mas o que precisamos para nossa salvação! Paulo disse o mesmo ao jovem bispo Timóteo (2Tm 4,1-4). Padre, seminarista, leigo católico e catequista não devem ter medo de serem contestados! Seja fiel ao Magistério Integral da igreja! Quem disse que seria fácil anunciar Jesus e seus valores? A mera veiculação, ou reprodução de matérias e entrevistas deste blog não significa, necessariamente, adesão às ideias neles contidas. Tal material deve ser considerado à luz do objetivo informativo deste blog. Os comentários devem ser respeitosos e relacionados estritamente ao assunto do post. Toda polêmica desnecessária será prontamente banida. Todos as postagens e comentários são de inteira responsabilidade de seus autores e não representam necessariamente, a posição do blog. A edição deste blog se reserva o direito de excluir qualquer artigo ou comentário que julgar oportuno, sem demais explicações. Todo material produzido por este blog é de livre difusão, contanto que se remeta nossa fonte. Não somos bancados por nenhum tipo de recurso ou patrocinadores internos, ou externo ao Brasil. Este blog é independente e representamos uma alternativa concreta de comunicação. Se você gosta de nossas publicações, junte-se a nós com sua propaganda, ou doação, para que possamos crescer e fazer a comunicação dos fatos, doa a quem doer. Entre em contato conosco pelo nosso e-mail abaixo, caso queira colaborar:
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