Atualidade dos Exercícios Espirituais de Santo
Inácio de Loyola
Hoje o mundo gosta de
barulho, não do silêncio e do recolhimento; quer estar livre de leis e
disciplinas. Podemos ainda falar de “busca da vontade de Deus na disposição de
nossa vida?” Em 1967 os Bispos do Triveneto escreveram
uma carta sobre “Validade dos Exercícios Espirituais”, e recomendaram ” em
perseverar neste apostolado que se revela cada dia mais precioso”. Sem
excluir o empenho de experimentar formas que se adaptam aos nossos dias,
insistimos “sobre a clássica estrutura dos Exercícios inacianos, tão válida e
providencial em seu clima de reflexão e de profundo silêncio” (Pietro Schiavone
s.j., Il Progetto Del Padre, pp.12-13).Os Exercícios
são um “carisma”: um dom de Deus à Igreja,para sua edificação e renovação, e a
experiência de inúmeras pessoas que também hoje se beneficiam é a prova que o
Espírito Santo continua iluminando as almas através dos Exercícios. Ano
1548. O jovem Duque de Gandìa (Espanha), Francisco Borgia, bisneto do Papa
Alexandre VI faz chegar ao Pontífice Paulo III um particular pedido: a
aprovação pontifícia do livreto dos Exercícios Espirituais, escrito por Inácio
de Loyola, superior e fundador da Companhia de Jesus, que o mesmo Papa tinha
aprovado oito anos antes.Inácio e seus Companheiros já
davam estes Exercícios, com excelentes frutos espirituais. Mas, por causa
deles, Inácio já tinha ficado preso duas vezes em Alcalà e Salamanca, vítima
das suspeitas da Inquisição, que no tempo da Reforma Protestante olhava com
desconfiança qualquer novo movimento espiritual. A resposta do Papa
chegou no dia 31 de julho de 1548:
“Feito examinar tais
Exercícios e ouvidas também testemunhas e relatórios favoráveis, constatamos que ditos Exercícios estão cheios de piedade e
santidade, e são e serão muito úteis para o progresso espiritual dos fiéis.
Ademais é nosso dever reconhecer que Inácio e a Companhia por ele fundada vão
recolhendo frutos abundantes de bem em toda a Igreja; e de tudo isso muito
mérito é dos Exercícios Espirituais. Por isso, exortamos os fiéis de
ambos os sexos, em qualquer lugar do mundo, para usufruir dos benefícios destes
Exercícios e se deixar educar por eles.”
Durante os séculos,
outras seguiram a esta primeira solene aprovação de Paulo III. Em nosso século, os maiores elogios vieram
particularmente de Pio XI, Pio XII e Paulo VI. O papa
Pio XI, em 1922, declarou santo Inácio de Loyola Padroeiro de todos os
Exercícios Espirituais, e na Encíclica Mens nostra de 1929 trata de modo
magistral os Exercícios inacianos, evidenciando a profundidade da
doutrina e a segurança do método ascético. Paulo
VI, aluno dos jesuítas, assim escrevia em 1965: “Sabemos
que a pregação mais eficaz é mesmo aquela dos Exercícios Espirituais.” E
precisava: “Ai de nós se os Exercícios espirituais, por terem aquele paradigma
maravilhoso e magistral que S. Inácio deixou, se tornassem uma repetição formal
e, diria, preguiçosa deste esquema […] Temos que ampliar esta fonte de salvação
e de energia espiritual, precisamos torná-la possível a todas as categorias”.
O pensamento de S. Inácio
Assim – de Veneza –
escrevia o santo ao seu amigo e confessor Emanuele Miona (16 de novembro de
1536): “Não conheço nesta minha vida outro meio para pagar uma parte de minha
dívida convosco senão aquele de vos fazer praticar os Exercícios Espirituais de
um mês. […]OS Exercícios são, sem dúvida, quanto de melhor eu possa conceber, conhecer
e compreender nesta vida, seja pelo progresso pessoal de um homem, seja pelos
frutos, a ajuda e o proveito que ele pode causar a muitos outros”.Santo Inácio considerava os Exercícios não como “sua obra”,
mas como um dom de Deus para toda a Igreja. Os Exercícios não foram estudados e
feitos na mesinha, mas experimentados em seu ermo de Manresa onde passou um ano
inteiro como asceta e penitente, e onde – como ele escreve em sua Autobiografia
– “Deus se comportava com ele como um professor de escola com uma criança: o
instruía” (Autob. 27). Isso o levava a precisar que os Exercícios fossem
“feitos” e não lidos. Não queria então que o livrinho dos Exercícios estivesse
na mão de todos, porque pouco se ganha com a simples leitura. Nem queria demoradas explicações por parte daquele que dava
os Exercícios. Os pontos de meditação deviam ser breves, porque vale mais o que
a alma descobre por si mesma, do que uma longa explicação didática. A
espiritualidade da Companhia de Jesus está fundamentada nos Exercícios
Espirituais de Santo Inácio, instrumento privilegiado para ajudar no encontro
do ser humano com seu Senhor. Inserido apaixonadamente em seu tempo e em seu
mundo, Inácio, de nenhuma maneira, estava preocupado em propor uma nova
doutrina teológica, nem uma ideologia e/ou nova moral. Ele encontrou experimentalmente sua maneira pessoal de mergulhar na
aventura do espírito, sistematizou o método e o propôs a outros (Exercícios
Espirituais). O centro de sua proposta não consiste no conteúdo doutrinal, mas
nas indicações práticas do método de
exercício para tocar, ativar, assumir e fortalecer as estruturas profundas da
pessoa e, assim, dar novo sentido à própria existência.
“O SER HUMANO É CRIADO
PARA LOUVAR, REVERENCIAR E SERVIR A DEUS, NOSSO SENHOR E, ASSIM, SALVAR-SE.”[EE
23]
Os Exercícios
Espirituais constituem-se como um caminho a percorrer, uma maneira vital de
dispor-se inteiramente à ação do Espírito (“deixar-se conduzir por Ele”), que
transforma e liberta o coração de todo desejo desordenado, para buscar, encontrar e
realizar a vontade de Deus na própria vida de quem procura fazê-los. São uma escola de oração na qual cada um é convidado a descobrir Deus e seu projeto, ajudando a
conhecer-se mais a fundo, em suas luzes e sombras. Os EE têm sido uma proposta
que já ajudou uma infinidade de pessoas a se libertar de tudo o que lhes trava
viver mais intensamente, ganhando profundidade, sentido e compromisso em suas
vidas.
COMO FAZER OS EXERCÍCIOS ESPIRITUAIS?
Santo Inácio explica as
diversas formas pelas quais são dados os Exercícios Espirituais e as
possibilidades de adaptá-los às diversas realidades de lugares e de pessoas.
Segundo ele, “devem ser aplicados conforme a disposição das pessoas que desejem
recebê-los, isto é, conforme a sua idade, instrução ou talento, para que não se
deem, a quem é rude ou de pouca resistência, coisas que não possa suportar sem
fadiga e de que não possa tirar proveito. Por outro lado, dar-se-á a cada um,
segundo queira dispor-se, aquilo de que mais se possa ajudar e aproveitar.” S. Inácio recomenda antes de mais nada, fazer os Exercícios
Espirituais num lugar diferente do próprio ambiente costumeiro. Por isso os
jesuítas deram vida às chamadas “Casas de Exercícios”, organizadas em modo de
permitir aquela concentração, aquele “deserto” também exterior, aquele
“silêncio” que facilite a ação da Graça em nós. Começa-se com u ma
consideração fundamental (S. Inácio chama de “Princípio e fundamento”): para
que finalidade Deus nos criou? A razão. Iluminada pela
fé, dá a resposta: o homem foi criado por Deus e para Deus. Todo bem foi
colocado a disposição do homem para que o auxilie a conseguir esta finalidade.
Por isso, precisa o homem fazer disso um uso razoável. Precisamos assim adquirir
liberdade de espírito e um perfeito controle de nossos instintos, por meio
daquela que Inácio chama de “indiferença”, que não é apatia, mas autocontrole e
equilíbrio espiritual. Feito isso, Inácio passa aos Exercícios
verdadeiros, que ele divide em quatro semanas, entendidos come assuntos a
tratar e não segundo o número dos dias.
São assim 4 etapas, que podemos lembrar com
quatro tradicionais palavras latinas, cada qual expressa a finalidade.
Iª Semana
(etapa): “Deformata reformare”, eliminar da alma as deformações causadas pelo
pecado. E’ um modo de se conhecer a nós mesmos e a grave desordem
criada pelo pecado em nossa vida, além do perigo de danação ao que fomos
expostos! Para não cair na desconfiança, Inácio nos faz contemplar a imagem do
Salvador Crucificado, morto para nos salvar da morte eterna.
IIª Semana
(etapa): “Reformata conformare”. Somos convidados a nos revestir do Cristo e de
sua armadura. O homem “reformado” deve “se conformar” ao Cristo: pobre
como ele; ardente de amor para o Pai e os irmãos. É o tempo da “reforma” ou da
opção do estado de vida: como eu, na prática, preciso seguir Cristo?
IIIª Semana
(etapa): “Conformata confirmare”. Isto é, fortalecer os propósitos de adesão a
Cristo,por meio da contemplação de Aquele que foi obediente até a morte na cruz. O grito do Filho:
“Pai, se for possível, afasta de mim este cálice”, precisa continuamente nos
relembrar a segunda parte desta súplica: “Mas não a minha, e sim a tua vontade
seja feita”. Nesta etapa nos confirmamos nas decisões tomadas.
IVª Semana
(etapa): “Confirmata transformare”. “Eu não morro: entro na vida”, escreveu S.
Teresa de Lisieux ouço antes de morrer. E, de fato, a Igreja canta: “Vita
mutatir, non tollitur”, isto é, “a vida não é tirada com a morte, e sim
transformada”. A morte de Jesus na cruz coincidiu com o começo do
Cristianismo. “Quem perde sua vida por causa de mim, a encontrará”, diz Jesus
no Evangelho. E a vida do Ressuscitado é a esperança de quem faz os Exercícios
nesta etapa final.
No fim dos Exercícios,
S. Inácio propõe uma maravilhosa contemplação para alcançar o Amor puro de Deus
(chamada “contemplatio ad amorem”). Com o pensamento se
volta à Criação e à Redenção, para descobrir como e quanto Deus nos ame!
E a lama fica com um único desejo que se expressa na oração: “Oh Senhor, dá-me
teu amor e tua graça: isto me basta!
Pontos Principais dos Exercícios Espirituais: SUMÁRIO
BÁSICO
O material abaixo foi
retirado do Livro dos Exercícios Espirituais de Santo Inácio e visa auxiliar os
Núcleos Inacianos na recepção à pessoas novas em seus grupos.
1. O que são os Exercícios Espirituais?
Entende-se por
Exercícios Espirituais (EE) qualquer modo de examinar a consciência, meditar,
contemplar, orar vocal ou mentalmente e outras atividades espirituais (EE 12).
2. Como são os Exercícios Espirituais?
Assim como passear,
caminhar e correr são exercícios corporais, chamam-se exercícios espirituais
diversos modos de a pessoa se preparar e dispor (EE 1,3a).
3. Para que servem os Exercícios Espirituais?
Para tirar de si todas
as afeições desordenadas, e depois de tirar estas, buscar e encontrar a vontade
de Deus, na disposição da sua vida para sua salvação (EE 1,3b-4).
4. O que se busca nos Exercícios Espirituais?
A pessoa que contempla,
tomando o verdadeiro fundamento da história, reflete e raciocina por si mesma.
Quando encontra alguma coisa que a esclareça ou faça sentir mais a história,
quer pelo seu próprio raciocínio, quer porque o entendimento é iluminado pela
virtude divina, acaba por ter maior gosto e fruto espiritual do que se quem dá
os exercícios explicasse e desenvolvesse muito o sentido da história. Porque,
não é o muito saber que sacia e satisfaz a alma, mas o sentir e saborear
internamente as coisas (EE 2).
5. O que é necessário para fazer os Exercícios
Espirituais?
Muito aproveita entrar
nos Exercícios, com grande ânimo e generosidade para com seu Criador e Senhor,
oferecendo-lhe todo seu querer e liberdade, para que Deus se sirva, conforme a Sua
santíssima vontade, tanto de sua pessoa como tudo o que possui (EE 5).
6. O que acontece nos Exercícios Espirituais?
Enquanto se busca a
vontade divina, o Criador e Senhor se comunica à pessoa espiritual, abraçando-a
em seu amor e louvor, e dispondo-a pelo caminho em que melhor O poderá servir
no futuro (EE 15,3-4).
Pontos Importantes do Exercício Espiritual
Diversos pontos dos Exercícios Espirituais devem ser aprendidos e
compreendidos ao se preparar uma experiência de oração inaciana. Não
visamos esgotar o assunto, passar por toda a experiência, mas de preservar a
integridade e circularidade dos EE. Cada oração contém em si as partes
principais do todo. Se achar conveniente para melhor entendimento por parte dos
participantes da experiência, se pode oferecer folhas avulsas, onde, de forma
clara e sintética, possam ter este material.
a) Oração Preparatória
Os EE nos colocam com
muita clareza que rezar é dialogar com Deus. Buscamos na oração um encontro,
conhecer mais a Deus, desabafar, perguntar, pedir. Mas, todo diálogo supõe
troca de ideias: um fala, outro escuta e depois o que falou escuta, o que ouvia
agora coloca seus pensamentos. Surge aqui uma dificuldade. Quero e desejo ouvir
a Deus, mas nem sempre isto é fácil. Necessito muitas vezes de um tradutor e este
só pode ser o próprio Deus!A “oração preparatória”, a
qual está presente em todos os exercícios antes de todas as orações, vem em
nosso socorro. Ela consiste em pedir:“Graça a Deus Nosso Senhor para que todas
as minhas intenções, ações e operações sejam ordenadas puramente ao serviço e
louvor de Sua Divina Majestade” (EE 46 e outros). Pedimos que o Espírito
Santo nos coloque em sintonia com Ele e que nossos limites não atrapalhem a
conversa. A oração preparatória rezada com convicção nos introduz no dinamismo
de Deus, que nos quer livres e sustentados por Ele, com todo nosso ser
comprometido. Não se trata de palavras ou conceitos, mas de compromisso
concreto.
• Peço que todas as
minhas intenções, isto é, todos os meus desejos estejam alinhados com Deus, em
outras palavras, que a vontade de Deus seja a minha.
• Peço que todas as
minhas ações, isto é, que todos os meus movimentos e impulsos, todas as coisas
que faço, tenham a Deus como origem e fim.
• Peço que todas as
minhas operações, isto é, que todos os processos que ocorrem em minha mente,
dos quais resultam os atos concretos, sigam a lógica de Deus.
Nesta oração
preparatória encontramos a essência do Princípio e Fundamento [EE 23], o qual
permeia todas as orações, é o pano de fundo e horizonte dos EE. Ela expressa o
desejo de ordenar e orientar a vida a Deus.
b) Pedido da Graça
Só caminha quem sabe por
aonde ir e aonde quer chegar, senão fica-se a vaguear, perambulando de um lado
a outro e por fim se cansa. O pedido de graça é como uma bússola que aponta
para onde ir a cada oração. Santo Inácio diz no 2o preâmbulo: “pedir a Deus
nosso Senhor o que quero e desejo” [EE 48,1].Há diferença entre querer e
desejar, ainda que possa parecer apenas um “reforço de linguagem”, uma forma de
enfatizar. O querer é um ato voluntário, parte de um pensamento, da
consciência, o desejo brota de forma espontânea, rápida e pode ou não levar a
um querer, pode ou não ser valorizado e realizado. Devo tomar consciência de
quais são meus desejos profundos, do que me move verdadeiramente, de quem quero
ser… ainda que meu desejo seja frágil, o desejo de desejar já é acolhido por
Deus, e Ele me ajuda, quando nem sei como falar, a entrar em diálogo, a rezar.
Posso tornar meu desejo num querer, e posso querer desejar algo, ser uma pessoa
integrada, inteira, com foco e direção, unindo o desejo ao querer. Todo progresso espiritual depende da graça: “Se alguém disser
que a graça de Deus pode ser dada segundo a vontade humana e não é a graça
mesma que nos faz pedir contradiz o Apóstolo, que diz: O que tens que não
recebeste?” (Rm 10,20). O pedido de graça é específico para cada etapa
dos EE (Semana), pois é adaptado à matéria que é proposta [EE 48,2]. Expressar
o desejo antes de cada tempo de oração é “a corda” que não me permite sair do
caminho, especialmente quando ele é escarpado, ou quando parece haver uma
correnteza que me arrasta, por exemplo, quando durante a oração encontro
distrações.O pedido de graça purifica meu querer e me coloca na posição de
criatura, amada e buscada por Deus. Ao pedir a Deus Nosso Senhor o que quero e
desejo em oração, expresso em realidade aquilo que o Senhor desperta em mim, “Porque é Deus quem, segundo o seu beneplácito, realiza em
vós o querer e o executar” (Fl 2,13).Muito se aproveita ao fazer a
revisão da oração refletir se obteve a graça pedida, e se de fato desejo a
graça pedida.
c) Passos da Oração
1º Entro em oração: Busque um lugar tranquilo,
onde possa estar sozinho e concentrado. Marque um tempo razoável para a experiência (30
minutos? Uma hora?). Separe com antecedência a matéria de oração. Em silêncio,
imagine que Deus está perto e te escuta.
2º Na presença
de Deus: Inicie a oração sentada, de pé ou de joelhos, como ajudar mais. Faça o
sinal da Cruz. Peça ao Pai que envie o Espírito Santo, para que minhas
operações, intenções e ações desejos estejam inteiramente voltados para Deus.
3º. Ler com fé a
Palavra, meditar ou contemplar o que o texto anuncia e revela. Ler o texto
bíblico devagar, pedacinho por pedacinho, sentindo que o Senhor está “atrás” de
cada palavra. Imagine o lugar ou ambiente onde a passagem bíblica
acontece e peça ao Senhor o que precisa e deseja e o que a passagem bíblica
quer lhe doar. Na meditação: usa-se a memória (recordar), a inteligência
(compreender e aplicar à vida) e a vontade (desejar, pedir, agradecer, louvar,
adorar, amar…). Na contemplação (Mistérios da vida de Jesus da 2ª, 3ª e 4ª semanas):
“vê-se” interiormente o Senhor, “ouve-se” o que Ele diz e quer lhe dizer e
“participa-se” da cena evangélica como se presente estivesse, se atenta aos
sentimentos, suas ações, refletindo
sobre em si mesmo, se colocando “na pele” dos personagens, sem pressa, pois não
é preciso “terminar” o texto, mas sentir e saborear interiormente enquanto
encontrar alimento interior. Não se apresse em tirar mensagens.
4º. Colóquio
espiritual: Tenha o maior carinho e reverência quando falar diretamente ao Senhor.
Peça, agradeça ou adore. Converse com o Senhor no seu coração, falando com seu
Salvador, como quem precisa de salvação, como filho com o Pai ou um amigo com o
Amigo [EE 54]. Continue atento às “moções” interiores sentidas e
experimentadas. Encerre rezando o Pai Nosso, o Glória ou a Ave-Maria.
5º. Por último, a revisão da oração. Terminado
o tempo de oração, examine brevemente como foi o EE, perguntando: alcancei a graça pedida?
Fui fiel aos passos da oração? Tive alguma dificuldade? Como me senti? Qual
sentimento predominou? Qual Palavra, frase ou imagem mais me marcou?
d) Revisão da Oração e Registro
A revisão da oração é um
ponto fundamental nos EE, o “termômetro” do aprendizado desta forma de
rezar e, principalmente, do discernimento espiritual, visando o crescimento
espiritual, o contato íntimo com o Senhor. Aceitamos a dificuldade em aprender
uma língua estrangeira, a dirigir um veículo, a tudo o que hoje sabemos, e
lembremos, não nascemos sabendo. Aprende-se vendo, ouvindo, tocando,
deixando-se “impregnar” e “decodificar” pelo significado de cada coisa ou
evento.“Rezar é por o coração de molho na água de
Jesus” (Pe.Álvaro Barreiro). É o encontro de duas liberdades: a da pessoa que
ora e a de Deus. O resultado deste encontro depende tanto da pessoa quanto de
Deus. A observação e reflexão das “reações afetivas”, parte constitutiva
da aprendizagem, destaca-se na pedagogia inaciana. Os movimentos que se
experimentam em nosso íntimo, no nível mais profundo, os sentimentos,
influenciam nosso comportamento, as escolhas que fazemos e o rumo pra o qual
orientamos nossa vida.Não é fácil “acessar” nosso mundo
interior. Mesmo quando conseguimos “dar nome” a um sentimento, nem sempre
descobrimos de fato sua origem, mas, o que de fato importa são a interpretação
e a avaliação que fazemos, é perceber a direção para a qual nosso espírito se
move.Os sentimentos provocados pela ação de Deus, pela vida e pelos
acontecimentos, são a “escola que nos ensina” a crescer na vida espiritual, no
conhecimento verdadeiro de Deus Encarnado.Os passos propostos para a revisão da
oração serão “nossa cartilha”. Lembrar sempre que não é “cobrança”, mas sim um
momento de diálogo franco e amoroso consigo mesmo.
Pontos que dependem da pessoa:
• Fiz-me presente ao Senhor?
• Fui fiel ao tempo de
oração?
• O lugar que escolhi,
minha posição corporal foram bons para a oração? Ajudou na minha concentração?
• Fiz a oração
preparatória com gosto?
• Pedi a graça sugerida
ou que desejo?
• Li o texto bíblico com
calma?
• Fiz o colóquio de
despedida ao final?
• Estive atento ao que
me foi dado sentir?
• Rezei o que senti?
Rezei a minha verdade?
Pontos que dependem de Deus:
• A graça pedida foi ou
está sendo concedida?
• Quais os sentimentos
predominantes durante a minha oração? Que sentimento/os experimentei?
–Positivos: paz,
alegria, confiança, ânimo, abertura, coragem, experiência do sentido da vida?
–Negativos: angústia,
tristeza, desconfiança, desânimo, fechamento, obscuridade, confusão.
• O que provocou estes
sentimentos em mim? Foram pensamentos? Versículo ou palavra da Escritura?
Quais?
• Qual ponto
(palavra/pensamento/imagem) efetivamente mais me tocou?
• Senti algum apelo?
Desejo? Inspiração? Resolução? Criatividade? Já antes, em alguma ocasião ou
época da minha vida havia sentido algum apelo, desejo parecido? Quando? Como
respondi a ele até hoje?
• Senti alguma
dificuldade, resistência, repugnância, indolência, aridez, medo diante desses
desejos, apelos?
Anoto a data, o texto rezado e o que foi mais significativo, de forma sucinta, em poucas palavras. Terminar com uma breve oração de louvor, de agradecimento, de petição.O tempo de oração pode ter sido agradável ou não. Pode ter gerado inspirações enquanto outras vezes parece que foi “tempo perdido”, que o texto “estava errado”. O principal não são as “ideias bonitas”, mas perceber a presença de Deus, Sua proximidade, ou não. Podemos sintetizar isto em dois termos: consolação ou desolação. É sempre útil examinar o que mais ajudou e o que mais atrapalhou na oração para que possa melhor orar nos próximos momentos. Anotar a revisão da oração permite perceber as “pegadas” de Deus, e, como nos diz o poeta Antonio Machado:
“Caminhante, não há
caminho, o caminho se faz ao caminhar”
e) Grupo de Partilha
A partilha em pequenos
grupos é um modo de rezar, no qual cada um dos membros do grupo coloca as suas
experiências enquanto outros escutam numa atitude de sincero e fraterno
acolhimento. Partilhar é diferente de fazer um estudo,
de discutir ou de debater um assunto. Partilhar é colocar-se diante de Deus e
dos irmãos, comunicando – num clima de silêncio e de recolhimento – aquilo que
o Senhor mesmo falou ao nosso coração nos momentos de oração pessoal, nas
celebrações ou em outras situações do encontro/retiro.A partilha tem,
pois, um caráter espiritual, já que somos chamados a partilhar aquilo que Deus
mesmo foi revelando no nosso íntimo.
Possível Roteiro para a Partilha:
• Começar com alguma
oração ou canto que ajude a criar um clima de acolhida e de recolhimento.
• Breves palavras do
acompanhante do grupo, recordando o sentido da partilha e motivando o grupo
para este momento.
• A partilha
propriamente dita: por em comum as experiências, sentimentos, apelos e outras
moções surgidos e vivenciados na oração.
• Ao longo da partilha
podem ser entremeados alguns refrões apropriados. Mas, também pode, se
preferirem, manter um silêncio de escuta e assimilação interior da experiência
do outro.
• De um modo espontâneo,
a partilha pode terminar em preces, dirigidas diretamente ao Senhor, a Quem
pedimos, agradecemos, louvamos, etc.
• A oração partilhada
deve ser concluída, isto é, deve ter um encerramento que corresponde a uma
despedida de filhos (em relação a Deus) e de irmãos (em relação aos companheiros
do grupo de partilha). Por isso, evitar acabar de
repente (porque o tempo estourou). Pode-se concluir com alguma oração vocal,
com um pequeno canto ou alguma breve dinâmica de oração em comum.
Algumas outras dicas para o Acompanhante
O que se deve partilhar
é o que se rezou! Por isso, o principal papel do acompanhante é zelar para que
não se desvie desse objetivo. Para tanto, deve-se recordar com a devida
caridade, mas com insistência, a importância da revisão da oração. Deve também cuidar
para que no grupo não se iniciem outros assuntos, nem que sejam tecidos
comentários a partir do que se lembra na hora em que os demais estão
partilhando.É importante ainda estar atento para que todos se sintam acolhidos
no grupo e que todos participem, repetindo a liberdade pessoal. Ao acompanhante
não convém que intervenha demais, mas deve ser aquele que favorece que os mais
tímidos se sintam à vontade para dizer uma palavra, bem como aquele que cuida
pata que ninguém fale demais ou se detenha em longas explicações desnecessárias
ou julgue e rebata colocações de outro.
f) Consolação e Desolação
Já no início dos EE, na
6ª anotação se encontra os termos: desolação e consolação: “Quando quem dá os
exercícios sente que o que se exercita não lhe vem alguma moção espiritual,
tais como consolação ou desolação, nem é agitado por vários espíritos, interrogue-o
muito se os faz nos tempos marcados e como” [EE 6].Santo
Inácio nos fala com clareza que não se trata de sentimento, mas de estado de
espírito ou de alma. São moções espirituais, portanto originadas fora de mim,
mas que produzem efeito interior na pessoa que reza, que busca esta intimidade,
o conhecimento íntimo de Deus.Em vários momentos Santo Inácio torna a
destacar tanto a consolação quanto a desolação, apontando possíveis causas e
efeitos das mesmas, aconselhando modos de agir, de acordo com o tipo de moção,
o momento dos EE e a pessoa que reza, alertando sempre a quem dá os EE estar atento
às moções de quem os faz.Tanto a consolação quanto a
desolação estão em direta relação com Deus, não com acontecimentos pessoais ou
estados de ânimo, alegria ou tristeza, o que requer atenção e discernimento.Pe.
Adroaldo, SJ ressalta a etimologia dos termos: con-solação = com solo;
des-solação = sem solo, e nosso solo é Deus! A moção, portanto, é sentida em
nosso interior como maior ou menor proximidade a Deus.Quando sentimos
consolação, proximidade de Deus, seja com ou sem causa, compreendemos os
discípulos de Emaús: “Não ardia nosso coração enquanto
Ele nos falava?”[Lc 24,32]. Há um ardor, uma paixão, um aumento no amor, que
leva a um aumento da fé, da esperança e do amor: crescem em nós as virtudes
teologias [EE 316]. Só mesmo Deus pode penetrar no mais íntimo de cada
pessoa [EE 237. 329. 330], só Ele pode tocar e provocar tal fervor e zelo que
como resposta gratuita e confiante e o desejo de mais amar [Magis], de mais
intimidade, de testemunhar tão grande amor, de fazer algo – há um apelo de
abertura a Deus e aos outros,Tal experiência de Deus deixa marcas, assinala o
cristão para o maior serviço de Deus, no concreto de seu cotidiano. É lembrança
viva, memorial, da relação de quem reza e Deus, até a hora é recordada, como
lemos nos Evangelhos várias vezes. A verdadeira consolação remete a Deus e aos
irmãos, um único movimento, que unifica e pacifica, daí o sentimento de paz que
a caracteriza.A desolação, como um negativo da consolação, tem um amargo sabor
de pensar-se distante de Deus. Há um sentimento de solidão, de não pertença,
como se não houvesse sentido o que se crê, o que se deseja, a esperança
enfraquece, uma névoa parece encobrir a vida, que pode se tornar uma escuridão.
No lugar de confiança e ânimo instala-se medo, desânimo; ao invés do querer
anunciar, o desejo é de se esconder, se fechar, deixar os planos, como se
fossem pouco importantes. A desolação inquieta, incomoda, questiona.A oração torna-se árida, sem sabor, o tempo parece mais
longo. Não se trata, portanto, de depressão ou simples tristeza, mas de uma
moção interior, que pode se manifestar com sentimentos negativos e fechamento.Vale
ressaltar que alguns pensam ter “rezado mal” por não terem sentido moções
durante o tempo de oração. De fato, Santo Inácio nos alerta para verificar a
fidelidade ao tempo de oração, preâmbulos e adições, pois pode ser fruto de
alguma negligência, mas nem sempre é.Identificar a
desolação e auxiliar a quem reza atravessar este tempo é tarefa delicada e
importante, como nos alerta Pe. Geza,SJ: “ O “tempo sem moções espirituais” nos
Exercícios implica certa ambiguidade, uma vez que pode provir de causas
diversas (por exemplo: da falta de generosidade ou de uma prova de Deus ou do
“tempo tranqüilo”). É preciso descobrir a causa deste estado interior, para se
trabalhar adequadamente (cf. Pe. Géza, p. 19).As moções nos educam, nos
fortalecem e nos aproximam do Deus verdadeiro, ajudam a ordenar-se e a crescer
na liberdade, no amor, sem buscar “recompensas” nem temer o desconhecido, mas
colocando nossa confiança apenas em Deus, seguindo as pegadas de Jesus Cristo
g) Meditação
A meditação é uma forma
de rezar muito antiga, que busca a Deus através do silêncio, da quietude
exterior e interior, através das Palavras, que encadeiam pensamentos,
lembranças, vivências, num dinamismo de aprofundamento e aplicação à vida. Meditar
é pensar com o coração.Nos EE, já no início, Santo
Inácio fala de “modo e ordem para meditar ou contemplar” [EE 2], e explicita
mais sobre meditação nos exercícios da Primeira Semana ao dizer “meditação com
as três potências” [EE 45], a saber, a memória, o entendimento e a vontade,
como diz depois: “exercitar a memória sobre o primeiro pecado, que foi o dos
anjos, e logo, sobre o mesmo, o entendimento discorrendo, depois, a vontade,
querendo recordar e entender tudo isto para…”[EE 50]A memória nos
preâmbulo: composição de lugar, recordar a história e então o entendimento, no
“refletir para tirar proveito”, isto é, deixar que a vida pessoal seja
iluminada pela Palavra, que a compreensão dos acontecimentos, dos projetos,
seja dentro do modo de ser e proceder de Jesus Cristo. Por fim, a vontade, que
fortalecida pela Palavra, pelo desejo de mais amar e servir a Deus, à luz da
graça pedida, se concretize em gestos evangélicos.Em muitos exercícios Santo
Inácio sugere o modo de rezar: considerar, meditar, contemplar…. Não se trata
de imposição, mas de sugestão. A meditação inaciana, como todas as orações, se
segue aos preâmbulos: colocar-se na presença de Deus, oração preparatória,
composição de lugar, pedido de graça. A leitura pausada, refletida, atenta da
Palavra é o fio condutor da meditação, sem que se tenha obrigação de “dar
conta” de todo o texto, mas de ler sem pressa e, como diz Santo Inácio, “no
ponto em que achar o que quero, aí repousarei, sem ter ânsia de passar adiante,
até que me satisfaça” [EE 76. 254], isto é, onde encontrar moção ou gosto
espiritual [EE 227] eu me detenho e medito.Termina-se a oração com o colóquio,
uma oração formal e depois, conforme a 5a Adição “depois de acabado o
exercício, por espaço de um quarto de hora, ou sentado ou passeando, observarei
como me correram as coisas na contemplação ou meditação” [EE 77].
h) Contemplação
Ordinariamente,
contemplar é ficar parado, sem dizer nada, olhando, escutando e deixando-se
afetar (por uma obra de arte, uma paisagem, o rumor da água, o movimento do
mar, etc.). Saborear, admirar, deixar-se comover pelo que produz em nós a
visão, a escuta das coisas ou os sentidos do olfato, paladar ou tato.Na perspectiva da espiritualidade cristã, contemplar implica
colocar as funções dos sentidos a serviço da fé (registrando o Mistério oculto
e revelado na realidade visível: Deus e seu Amor, em seu desígnio de
libertação). É “abrir o campo de visão de uma pessoa e estar com Cristo”.Este
modo de orar se adapta bem às cenas bíblicas nas quais há personagens que
podemos olhar e escutar. Os preâmbulos habituais tem aqui um maior sentido:
– Ver a Cena da Passagem
a ser Rezada. A passagem da história evangélica não é uma imagem piedosa, mas
eco de uma realidade vivida e relida: o Senhor na história dos homens.
– Fixar a atenção no
lugar geográfico ou simbólico (montanha, mar, etc) ou no estado de espírito
humano.
– Graça a ser pedida:
pedido no sentido de “VER” as pessoas, “ESCUTAR” o que falam, “OBSERVAR” o que
fazem e, em cada etapa, “REFLETIR” para tirar proveito.
As Pessoas na cena: ver
quem são (elas tem um nome, uma história, um temperamento, um sofrimento);
Contemplá-los, não como uma coleção de estampas piedosas, mas como realidade:
homens e mulheres. Buscar compreender, sentir e conhecer internamente.Escutar o que Dizem (as palavras, os silêncios): procurar
escutar as palavras como se estivesse presente, ou fossem dirigidas a
diretamente a si, ou fosse eu mesmo quem as pronunciasse. Sentir o tom, a
intenção. Ponderar seu alcance.Ver o que Fazem: Os gestos, as atitudes,
ações, reações (verbos). Estas são ações de Deus, ou da pessoa (portanto,
minhas) para com Deus. Posso constatar seu sentido, ou alguma coisa minha, meu
desejo, minha resistência, ou descobrir em tudo isso o rosto de Deus. Toco-o
com a mão, em vez de “fazer disso uma teoria”.Refletir
e TIRAR PROVEITO: É possível que este “eco”, este reflexo tenha lugar sem
palavras, no momento, e que só no diálogo final com o Senhor, ou na revisão da
oração venha a formulá-lo com palavras.No final, entretenho-me com o
Senhor ou com algumas das pessoas (colóquio). É possível que ao retomar, ao
repetir uma passagem do texto, sinta paz ao viver a cena de perto, até o ponto
de contemplá-la não só com a vista e ouvido, mas também com o tato, o olfato e
o gosto. Todos os meus sentidos oram, prova de que minha oração se simplificou,
se unificou, que meu CORPO e meu SER deixam que a Palavra de Deus lhes fale.
Alguns comentários para os orientadores
– Não pensar que a
contemplação evangélica está reservada aos “profissionais” da oração. Não
confundir a contemplação evangélica, aqui apresentada, com uma oração unitiva,
mística, embora possa ser um caminho para chegar a esta.
– Não classificar as
diversas formas de oração segundo uma hierarquia de valores: meditar ou orar ao
compasso da respiração são também importantes.
– Não ter
ansiedade por “viver coisas espirituais”. O que ajudará não é a ânsia, mas a
simplicidade no descentrar-se de si mesmo. Simplesmente “ver, escutar”. Demorar-se, dar o
tempo necessário sem querer ver tudo, esgotando toda a cena.
– Não separar, de
maneira forçada, o “ver” e o “escutar”, quando tendem a ir juntos. As etapas
distintas estão aí para nos ajudar e não para nos bitolar.
– O nível da
contemplação não deve ser muito “alto” (permanecer em altas considerações
bíblicas ou teológicas) nem muito “baixo” (permanecer em meros sentimentos
piedosos, beirando o sentimentalismo).
– Neste modo
de ORAR pelos sentidos, nossa inteligência, nossa intuição teológica e a fé da
Igreja oferecem boas garantias no uso da imaginação.
– A excessiva
preocupação com questões pessoais pode impedir a contemplação do Senhor. Nesse caso seria melhor
orar sobre minha vida ou meditar um texto, em lugar de orar “à margem” dos
problemas que me afligem.
i) Exame do Consciente
Em nosso coração há
sempre algum movimento profundo que é manifestação da ação de Deus no mais
íntimo de cada um. S. Agostinho cunhará a expressão de que Deus é “mais íntimo
que nossa própria intimidade”. Esta presença é fonte de vida espiritual, e flui
com diferentes “moções” que nos fazem sentir perto d’Aquele que já está perto.O exame do consciente é um tempo de oração que nos faz ter
acesso ao nosso núcleo essencial, expande nossa interioridade e nos torna mais
profundos e sensíveis aos sutis “toques” do Senhor que nos guiam em seu
seguimento. O exame é um meio importante para buscar e encontrar a Deus em tudo
e não somente no tempo da oração.O exame, como “pausa diária”, constitui-se
um tempo de pacificação, de integração espiritual, precisamente para “ler” a
jornada com os olhos de Deus – “por onde passa meu Senhor” -, dando especial
atenção aos movimentos interiores suscitados pela presença e agir do Senhor. É
discernir as “moções” de Deus que nos fala ao coração pelos acontecimentos, é
retificação do rumo para o necessário crescimento humano e cristão. Trata-se de
um tempo privilegiado para fazer mais profunda nossa vida cotidiana.
Diferença entre “exame do consciente”
e “exame de consciência”
O exame de consciência é
marcado, muitas vezes, por tonalidades moralistas. A preocupação principal está
centrada em “nomear” ações boas ou más que fizemos durante o dia, focando em
nós mesmos e marcados pelo passado. O exame de consciência
desperta sentimentos doentios de culpa, autojulgamento, visão pessimista de nós
mesmos, caindo no desânimo e impotência.No “exame do consciente”, pelo
contrário, a preocupação primeira não se centra na moralidade das ações boas ou
más, senão em captar como o Senhor atua em nós, para nós e como nos move, no
mais profundo de nosso consciente afetivo. Trata-se de considerar a
“atração” do Pai e o impulso do Espírito em nosso cotidiano. Esse discernimento
desemboca em decisões maduras, radicais, profundas e amplas.
Os cinco passos do exercício do “exame do
consciente”:
– Coloco-me na presença
de Deus numa atitude de pobre e com um coração agradecido.
– Peço luz a Deus para
entrar em meu próprio coração e poder discernir quem o move ou o habita.
– Repasso o dia
procurando descobrir as “pegadas” de Deus em minha vida.
– Examino meu coração à
luz de Deus. Recordo (visito de novo com o coração) como me fiz dom ao Senhor,
como me fiz presente a Ele e como O fiz presente, como trabalhei por Ele e com
Ele, como difundi Sua maneira de ser. Examino quê “espírito” me moveu durante o
dia; moções que tive, luzes, inspirações, apelos.
– Dou graças,
peço perdão: é no encontro com o Amor do Senhor que descubro minha fraqueza,
infidelidade e onde experimento a alegria e a paz pelas minhas respostas
positivas. A contrição e o arrependimento é confiança no perdão e no
amor de Deus.
Concluímos com estas palavras do Santo padre
Papa Paulo VI
“A prática dos
Exercícios constitui não somente uma pausa tonificante e revigorante para o
espírito, no meio das dissipações da barulhenta vida moderna, mas também uma escola ainda hoje insubstituível para
introduzir as almas numa maior intimidade com Deus, no amor à virtude e
à ciência verdadeira da vida, como dom de Deus e como resposta ao seu chamado”.
Segue o link para os Exercícios Espirituais de
Santo Inácio:
http://www.raggionline.com/saggi/scritti/pt/exercicios.pdf
REFERÊNCIAS DE CONSULTAS:
-https://www.jesuitasbrasil.org.br/espiritualidade/
-https://www.nucleosinacianos.org.br/subsidios/guias-de-orientacao-geral/pontos-principais-dos-exercicios-espirituais/
-Inácio de Loyola (1948). 1a anotação.
Exercícios Espirituais. Edições Loyola, São Paulo, 1990.
-http://www.raggionline.com/saggi/scritti/pt/exercicios.pdf
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