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O que é a “Consciência Possível” em Teologia?

Written By Beraká - o blog da família on quarta-feira, 30 de março de 2022 | 12:09

 

(foto reprodução)

 



O indígena na foto de abertura deste post foi colocado propositalmente, para nos lembrar que os níveis morais e de desenvolvimentos da consciência são variáveis tanto entre pessoas como entre as culturas. É neste contexto que entra a teologia da “Consciência Possível”.

 

 

 

O que nos ensina o Magistério da Igreja Católica a respeito da Consciência Moral?

 

 

 

VS (Veritatis Splendor) Nº 2: Nenhum homem pode esquivar-se às perguntas fundamentais: Que devo fazer? Como discernir o bem do mal? A resposta somente é possível graças ao esplendor da verdade que brilha no íntimo do espírito humano, como atesta o salmista: «Muitos dizem: "Quem nos fará ver o bem?" Fazei brilhar sobre nós, Senhor, a luz da vossa face» (Salmo 4, 7).

 

 

 

O objeto da Encíclica  Veritatis Splendor de São João Paulo II:

 

 

 

VS Nº4. Sempre, mas sobretudo ao longo dos dois últimos séculos, os Sumos Pontífices, quer pessoalmente quer em conjunto com o Colégio Episcopal, desenvolveram e propuseram um ensinamento moral relativo aos múltiplos e diferentes âmbitos da vida humana. Em nome e com a autoridade de Jesus Cristo, eles exortaram, denunciaram, explicaram; fiéis à sua missão, nas lutas a favor do homem, confirmaram, ampararam, consolaram; com a garantia da assistência do Espírito da verdade, contribuíram para uma melhor compreensão das exigências morais nos âmbitos da sexualidade humana, da família, da vida social, económica e política. O seu ensinamento constitui um contínuo aprofundamento do conhecimento moral, dentro da tradição da Igreja e da história da humanidade. [8]  Hoje, porém, parece necessário reflectir sobre o conjunto do ensinamento moral da Igreja, com a finalidade concreta de evocar algumas verdades fundamentais da doutrina católica que, no actual contexto, correm o risco de serem deformadas ou negadas. De facto, formou-se uma nova situação dentro da própria comunidade cristã, que experimentou a difusão de múltiplas dúvidas e objecções de ordem humana e psicológica, social e cultural, religiosa e até mesmo teológica, a propósito dos ensinamentos morais da Igreja. Não se trata já de contestações parciais e ocasionais, mas de uma discussão global e sistemática do património moral, baseada sobre determinadas concepções antropológicas e éticas. Na sua raiz, está a influência, mais ou menos velada de correntes de pensamento que acabam por desarraigar a liberdade humana da sua relação essencial e constitutiva com a verdade. Rejeita-se, assim, a doutrina tradicional sobre a lei natural, sobre a universalidade e a permanente validade dos seus preceitos; consideram-se simplesmente inaceitáveis alguns ensinamentos morais da Igreja; pensa-se que o próprio Magistério possa intervir em matéria moral, somente para «exortar as consciências» e «propor os valores», nos quais depois cada um inspirará, de forma autónoma, as decisões e as escolhas da vida.  Em particular, deve-se ressaltar a discordância entre a resposta tradicional da Igreja e algumas posições teológicas, difundidas mesmo nos Seminários e Faculdades eclesiásticas, sobre questões da máxima importância para a Igreja e a vida de fé dos cristãos, bem como para a própria convivência humana. Em particular, pergunta-se: os mandamentos de Deus, que estão escritos no coração do homem e fazem parte da Aliança, têm verdadeiramente a capacidade de iluminar as opções quotidianas dos indivíduos e das sociedades inteiras? É possível obedecer a Deus e, portanto, amar a Deus e ao próximo, sem respeitar em todas as circunstâncias estes mandamentos? Generalizada se encontra também a opinião que põe em dúvida o nexo intrínseco e indivisível que une entre si a fé e a moral, como se a pertença à Igreja e a sua unidade interna se devessem decidir unicamente em relação à fé, ao passo que se poderia tolerar no âmbito moral um pluralismo de opiniões e de comportamentos, deixados ao juízo da consciência subjectiva individual ou à diversidade dos contextos sociais e culturais".

 

 

 

O Catecismo da Igreja Católica, no capítulo dedicado à reflexão sobre a dignidade da pessoa humana, nos números 1776-1802, trata do tema da consciência moral:




O número 1776 define a consciência como “uma lei que o homem não se deu a si mesmo, mas à qual deve obedecer e cuja voz ressoa, quando necessário, aos ouvidos do seu coração, chamando-o sempre a amar e fazer o bem e a evitar o mal”, e esta lei é “uma lei escrita pelo próprio Deus”. E assim, citando a Constituição Pastoral Gaudium et Spes, do Concílio Vaticano II, n. 16, o Catecismo afirma que “consciência é o núcleo mais secreto e o sacrário do homem, no qual ele se encontra a sós com Deus, cuja voz ressoa na intimidade do seu ser”. É por isso que, “quando presta atenção à consciência moral, o homem prudente pode ouvir Deus a falar-lhe” (n. 1777). E é também por isso que se exige a retidão da consciência moral, da qual depende a dignidade da pessoa humana (cf. n. 1780). Diz o número 1780:“A consciência moral compreende a percepção dos princípios da moralidade (“sindérese”), a sua aplicação em determinadas circunstâncias por meio de um discernimento prático das razões e dos bens e, por fim, o juízo emitido sobre os atos concretos a praticar ou já praticados. A verdade sobre o bem moral, declarada na lei da razão, é reconhecida prática e concretamente pelo prudente juízo da consciência. Classifica-se de prudente o homem que opta em conformidade com este juízo”.Também o Documento 50 da Conferência Nacional do Bispos do Brasil, fruto da 31ª Assembleia Geral, ocorrida em Itaici-SP, de 28 de abril a 7 de maio de 1993, em conformidade com o Catecismo, apresenta-nos uma definição de consciência e sua função:

 

 

 

“A consciência se apresenta – na linguagem que tenta expressar simbolicamente a sua experiência – como uma “voz” ou uma “luz”. As religiões, também a cristã, dirão: a voz de Deus, a luz de Deus. Porque o imperativo moral manifesta-se à pessoa como algo que está no ser humano, mas que não é dele, não se reduz à sua vontade. O ser humano se descobre não como dono do mundo e dos outros, mas como responsável perante eles (responsável = chamado a dar uma resposta à voz ou ao apelo da consciência). O ser humano descobre o que revela a imensa dignidade de que é portador” (CNBB, Doc. 50, n. 71). Daí que é a consciência que permite assumir a responsabilidade dos atos praticados, de forma que, “se o homem comete o mal, o justo juízo da consciência pode ser nele a testemunha da verdade universal do bem e, ao mesmo tempo, da maldade da sua opção concreta […]. Atestando a falta cometida, lembra o perdão a pedir, o bem a praticar ainda e a virtude a cultivar incessantemente com a graça de Deus” (Catecismo, n. 1781). Aqui, vê-se a necessidade da formação contínua da consciência moral, uma vez que “uma consciência bem formada é reta e verídica; formula os seus juízos segundo a razão, em conformidade com o bem verdadeiro querido pela sabedoria do Criador. A formação da consciência é indispensável aos seres humanos, submetidos a influências negativas e tentados pelo pecado a preferir o seu juízo próprio e a recusar os ensinamentos autorizados” (n. 1783). Esta formação da consciência é o dever ético mais fundamental e tarefa para toda a vida, desde os primeiros anos, quando a criança desperta para o conhecimento e para a prática da lei interior reconhecida pela consciência moral. Exige-se uma educação prudente em que se destaque o ensino da virtude (cf. n. 1784). E é certo também que, quanto mais pesadas as responsabilidades que vão sendo assumidas na sociedade, tanto maior deve ser a preocupação com apropriada formação da consciência moral. Essa formação garante a liberdade e gera a paz do coração. A liberdade, a responsabilidade e o bem moral estão estritamente ligados ao compromisso da constante formação da consciência. Aqui, terá um papel fundamental, como principal formadora da consciência, a Palavra de Deus, que ilumina o caminho do ser humano, de modo que “devemos assimilá-la na fé e na oração, e pô-la em prática. Devemos também examinar a nossa consciência, de olhos postos na cruz do Senhor. Somos assistidos pelos dons do Espírito Santo, ajudados pelo testemunho e pelos conselhos dos outros e guiados pelo ensino autorizado da Igreja” (n. 1785).





Não se pode esquecer que a competência e a responsabilidade da família devem ser realçadas de maneira especial!




Antes de tudo, em relação à formação básica. Também outros agentes da formação, a começar da escola, não podem renunciar às responsabilidades que lhes dizem respeito na formação da consciência moral. Este compromisso, por sua vez, não pode deixar de ser sentido, de uma maneira ainda mais decidida, pela comunidade cristã. A verdade do Evangelho, que lhe foi confiada, pede-lhe que se torne, como Paulo, “tudo para todos, a fim de, a todo custo, salvar alguns” (1Cor 9,22-23). A exigência do testemunho produz fruto que conduz ao caminho dos valores.

 

 

 

Por fim, o número 1789 do Catecismo nos apresenta algumas regras básicas e essenciais que favorecem a devida formação da consciência e possibilitam o discernimento moral, a saber:

 

 

 

“Nunca é permitido fazer mal para que daí resulte um bem; a ‘regra de ouro’ é: ‘Tudo quanto quiserdes que os homens vos façam, fazei-o, de igual modo, vós também’ (Mt 7,12); a caridade passa sempre pelo respeito do próximo e da sua consciência: ‘Ao pecardes assim contra os irmãos, ao ferir-lhes a consciência, é contra Cristo que pecais’ (1Cor 8,12). ‘O que é bom é não fazer nada em que o teu irmão possa tropeçar, cair ou fraquejar’ (Rm 14,21)”. Assim, “a consciência boa e pura é iluminada pela fé verdadeira. Porque a caridade procede, ao mesmo tempo, ‘dum coração puro, de uma boa consciência e de uma fé sincera’ (1Tm 1,5)” (Catecismo, n. 1794).

 

 

 

 

Na visão clássica, a consciência foi considerada algo que Deus implantou em nosso interior:

 



(Cícero é de 43.ac - portanto, não era Cristão)

 

Romanos 2,6-16: “6Deus retribuirá a cada um segundo o seu procedimento. 7Ele concederá vida eterna aos que perseverando em fazer o bem, buscam glória, honra e imortalidade. 8Por outro lado, reservará ira e indignação para todos os que se conservam egoístas, que rejeitam a verdade e preferem seguir a injustiça. 9Ele trará tribulação e angústia sobre todo ser humano que persiste em praticar o mal, em primeiro lugar para o judeu, e, em seguida, para o grego; 10porém, glória, honra e paz para todo aquele que perseverar na prática do bem; primeiro para o judeu, depois para o grego. 11Porquanto em Deus não existe parcialidade alguma.  12Pois todos os que sem a Lei pecaram, sem a Lei também perecerão; e todos os que pecarem sob a Lei, pela Lei serão julgados. 13Pois, diante de Deus, não são os que simplesmente ouvem a Lei considerados justos; mas sim, os que obedecem à Lei, estes serão declarados justos. 14De fato, quando os gentios que não têm Lei, praticam naturalmente o que ela ordena, tornam-se lei para si mesmos, muito embora não possuam a Lei; 15pois demonstram claramente que os mandamentos da Lei estão gravados em seu coração. E disso dão testemunho a sua própria consciência e seus pensamentos, algumas vezes os acusando, em outros momentos lhe servindo por defesa. 16Todos esses fatos serão observados na humanidade, no dia em que Deus julgar os segredos dos homens, por intermédio de Jesus Cristo, de acordo com as declarações do meu Evangelho...”

 

 

 

 

Algumas pessoas chegaram a descrever a consciência como a voz de Deus dentro de nós!

 



 


 

A ideia era que Deus nos criou de tal maneira, que havia um elo entre as sensibilidades da mente e a consciência, com sua responsabilidade intrínseca para com as leis eternas de Deus. Por exemplo, considere a lei da natureza que o apóstolo Paulo afirma estar escrita em nosso coração. Havia uma sensibilidade de consciência, muito antes de Moisés descer do monte Sinai com as tábuas de pedra. O famoso filósofo Immanuel Kant era cético, no que diz respeito à capacidade humana de racionar, a partir deste mundo, sobre o mundo transcendente de Deus. Apesar disso, ele ofereceu o que chamou de argumento moral para a existência de Deus, um argumento que se baseou no que ele chamou de senso universal de dever implantado no coração de todo ser humano. Kant acreditava que toda pessoa carregava em si um senso genuíno do que deveria fazer em determinada situação. Ele chamou isso de imperativo categórico. Kant acreditava que há duas coisas que enchem a alma com admiração e reverência sempre novas e crescentes: os céus fascinantes, no espaço, e a lei moral, no íntimo do ser humano. É importante notar isto, porque até no âmbito da filosofia secular tem havido, historicamente, um reconhecimento da consciência. Todavia, com a revolução moral de nossa cultura, surgiu uma abordagem diferente da consciência, e esta abordagem se chama visão relativista. Estamos realmente na era do relativismo, na qual valores e princípios são considerados meras expressões de desejos e interesses de um grupo específico de pessoas, em determinado momento da história. Ouvimos, repetidas vezes, que não há absolutos no mundo de hoje. No entanto, se não há nenhum absoluto, princípios transcendentes, como explicamos este mecanismo que chamamos de consciência? Dentro de uma estrutura relativista, vemos a consciência ser definida em termos evolucionários: as personalidades interiores subjetivas das pessoas estão reagindo a tabus evolucionários vantajosos, que lhes foram impostos por sua sociedade ou por seu ambiente. Havendo chegado a um tempo, em nosso desenvolvimento, em que esses tabus não servem mais para promover nossa evolução, podem ser descartados sem qualquer consideração às consequências.

 

 

 

No aspecto espiritual, o alarme da culpa pode indicar-nos que algo está errado!


 

 


 

Há um remédio para isso, aquele que a igreja tem oferecido sempre, ou seja, o perdão. Culpa real exige perdão real e uma libertação real!Este novo conceito relativista vê a consciência meramente como um processo evolucionário condicionador da sociedade, que é um resultado de tabus impostos. Como o cristão lida com tudo isto? Há uma visão bíblica quanto à consciência? O termo hebraico traduzido por “consciência” ocorre no Antigo Testamento, mas esparsamente. Entretanto, no Novo Testamento, parece haver um reconhecimento mais pleno da importância da função da consciência na vida cristã. A palavra grega que expressa consciência aparece 31 vezes, e parece ter uma dimensão dupla, como argumentavam os eruditos medievais. Envolvia a ideia de acusar e a ideia de justificar. Quando pecamos, a consciência fica perturbada. Ela nos acusa. A consciência é o instrumento que o Espírito Santo usa para nos convencer, trazer-nos ao arrependimento e recebermos a cura do perdão que flui do evangelho. Sem consciência agimos como psicopatas, ou seja, pessoas que não sentem culpa ou remorso por nada! No entanto, há também um sentido em que esta voz moral, em nossa mente e coração, igualmente nos diz o que é certo. Lembre-se de que o cristão é sempre um alvo de críticas que podem ou não ser válidas. Até dentro da comunidade cristã, há grandes diferenças de opinião a respeito de comportamentos que são ou não agradáveis a Deus. Um homem aprova dançar; outro o desaprova! Um aprova beber moderadamente, ou radicalmente, não! Como saberemos quem está certo?

 

 

 

Vemos, no Novo Testamento, que a consciência não é a autoridade única e final para a conduta humana, porque a consciência é capaz de evoluir! (Seguem dois exemplos de evolução abaixo):

 

 

Lucas 1,34-35: “permaneçam as mulheres em silêncio nas igrejas, pois não lhes é permitido falar; antes permaneçam em submissão, como diz a Lei. Se quiserem aprender alguma coisa, que perguntem a seus maridos em casa; pois é vergonhoso uma mulher falar na igreja. A lei foi revelada a homens...”

 

 

 

1 Coríntios 11,13-16: “Julgai entre vós mesmos: é decente que a mulher ore a Deus descoberta? Ou não vos ensina a mesma natureza que é desonra para o homem ter cabelo crescido? Mas ter a mulher cabelo crescido lhe é honroso, porque o cabelo lhe foi dado em lugar de véu. Mas, se alguém quiser ser contencioso, nós não temos tal costume, nem as igrejas de Deus.”

 

 

 

 

 

Enquanto os princípios de Deus não mudam, nossa consciência hesita e se transforma com as novas circunstâncias. Estas mudanças podem ser positivas ou negativas!  Por exemplo, os profetas do Antigo Testamento anunciaram o juízo de Deus sobre o povo de Israel, que se acostumara com o pecado. Uma das grandes acusações que veio sobre Israel, nos dias do rei Acabe, foi que haviam se tornado tão insensíveis e acostumados com o mal, que o povo tolerava a impiedade do rei Acabe. A consciência dos israelitas estava calejada e cauterizada. Pense sobre esta realidade em sua vida, sobre as ideias que você tinha quando criança. Considere as pontadas de consciência que devem ter penetrado em sua vida, quando você experimentou, pela primeira vez, certas coisas que sabia serem erradas. Você ficou perturbado e abalado. Mas, o poder do pecado pode corroer a consciência até ao ponto de ela se tornar uma voz débil nos profundos recessos de sua alma. Por meio disto, nossa consciência se torna endurecida e cauterizada, condenando o que é certo e justificando o que é errado. É interessante que podemos sempre achar alguém que oferecerá uma defesa convincente e bem formulada da legitimidade ética de algumas das atividades que Deus julga ofensivas a ele. Como humanos, nossa capacidade de defender a nós mesmos de culpabilidade moral é bem desenvolvida e acentuada. Somos uma cultura em problemas, quando começamos a chamar o mal de bem, e o bem de mal. Para fazer isso, temos de distorcer a consciência e, em essência, tornar o homem a autoridade final da vida. Tudo que alguém precisa fazer é ajustar sua consciência para se encaixar na ética do homem. Assim, podemos viver com paz na mente, pensando que estamos vivendo num estado de retidão.

 

 

 

ATENÇÃO! A consciência pode ser formada de maneira distorcida!

 

 


 

Lembre-se: a visão evolucionária e relativista, quanto à consciência, está fundamentada sobre o princípio de que ela é uma reação subjetiva a tabus impostos pela sociedade. Embora eu não creia em absoluto que essa opinião seja convincente, tenho de reconhecer que há um elemento de verdade nessa opinião. Reconhecemos que pessoas podem ter consciência altamente sensibilizada, não porque estão sendo instruídas pela Palavra de Deus, mas porque têm sido formadas por regras e normas feitas por homens. Em algumas comunidades cristãs, o teste da fé de alguém é se ele dança ou não dança, se bebe ou não!  Se uma pessoa cresce neste ambiente e decide dançar, o que acontece? Geralmente, a pessoa é dominada por culpa, por haver dançado. Como você responderia a isso? Diria à pessoa que dançar não é pecado, que sua consciência foi mal instruída? Essa pode ser uma abordagem normal, mas tal resposta pode ser problemática por esta razão: a consciência pode justificar, quando deveria estar acusando, e pode acusar, quando deveria estar justificando.

 

 

 

Devemos lembrar que agir deliberadamente contra a consciência é pecado!

 

 

 

 “Tudo o que não provém de fé é pecado” (Rm 14,23).Se alguém é criado em um ambiente que o persuadiu de que ler filosofia é pecado, mas, apesar disso, lê filosofia, ele está pecando, porque Lutero disse que a razão e a filosofia é a prostituta do diabo! É porque para esta pessoa ler filosofia é pecado? Porque ele está fazendo algo que Lutero acredita ser pecado! Por outro lado, temos de lembrar que agir de acordo com a consciência pode, às vezes, ser pecado. Se a consciência é mal instruída, procuramos razões para esta má instrução. Deus se dignou em nos revelar seus princípios, para que a consciência seja bem instruída. Posso achar que não há problema algum em realizar uma atividade específica a qual tenho pleno consciência que Deus a proíbe totalmente, mas não poderei dizer-lhe no último dia: “Eu não sabia que lhe desagradaria com esta minha forma de comportamento”. Já uma pessoa que não teve este mesmo nível de conhecimento que tenho da palavra de Deus, pode com razão dizer: “Minha consciência não me acusava, e agi de acordo com minha consciência”. Devemos retornar ao primeiro princípio. Somos chamados a ter a mente de Cristo, conhecer o bem e possuir mente e coração treinados na verdade de Deus, para que, nos momentos de pressão, sejamos capazes de permanecer firmes com integridade.

 

 

 

Um dos grandes presentes dados ao mundo pelos jesuítas foi o seu “carisma do discernimento!”

 

 

 

 

O discernimento, como ensinado pelos jesuítas, é antes de tudo uma ferramenta para o nosso dia a dia; é discernir se estamos com Deus ou com o demônio; se cada ação ou pensamento nosso é sagrado ou profano; sobre como levar uma vida santa, e como colocar nossas vidas, no menor dos atos, a serviço de Deus e Sua Igreja. Uma terrível confusão acontece quando o homem extrapola as definições de consciência e discernimento. Quando a consciência parece um carisma autônomo, ela transforma o discernimento em algo entre ‘eu’ e ‘eu’, entre a minha vontade e os meus instintos. Desligada da responsabilidade, a consciência não é livre, mas escrava do pecado, o feitor do nosso ego. Separada do depósito da fé, nossa consciência não é mais um instrumento divino e libertador, mas um símbolo da nossa servidão. Fora da Igreja, o discernimento é mero diálogo com nossos impulsos mais baixos.

 

 

 

 

O mantra do mundo moderno: “siga a sua consciência”, nos é entregue embalado em uma falsa definição do que é a consciência!

 

 

 

 

Fora da Igreja, desligada do depósito da fé, seguir a sua consciência se torna o slogan do show da nossa perdição. O que o mundo quer é que você atenda aos seus impulsos e tente modificar o depósito da fé, e não cumpri-lo! Tirar a culpa para que você possa pecar com toda liberdade sem se importar com a consciência. Se o depósito da fé é protegido pelo Espírito Santo, fora da Igreja, o rastro de destruição deixado por esse slogan arrisca afastar os fiéis do Senhor. Nossa missão é santificar nossas vidas e levar a Palavra de Deus, a salvação em Jesus Cristo, a todos. Isso significa conduzir os povos para a Igreja, guardiã da fé. Se ensinamos ao povo que ele pode decidir unicamente por seus impulsos, e não que uma consciência só é livre quando em comunhão com a doutrina da Igreja, estamos pecando contra o Espírito Santo, pois, no batismo, recebemos a missão de levar a Palavra da Salvação a todos. Trair essa missão é pecar contra o Espírito Santo, o pior pecado possível. Exatamente porque estamos afastando as pessoas da Igreja, senão fisicamente, mas espiritualmente.

 

 

 

O discernimento proposto por algumas correntes moralistas, trata a consciência como uma “revelação privada”, algo que o Espírito Santo revela unicamente à pessoa...

 

 

 

De acordo com essas pessoas, esse tipo de (falso) discernimento vale mais do que a doutrina da Igreja, pois seria uma maneira do Espírito Santo ensinar diretamente ao homem como a Verdade revelada deve ser interpretada naquele momento da história, como se Espírito Santo seguisse o calendário, e não a eternidade. Isso não só é uma perigosa mentira, como uma contradição inaceitável! O Espírito Santo não pode contradizer o que Ele mesmo guarda no depósito da fé! Não é da natureza de Deus se contradizer ou agir por caprichos de momento as verdades perenes e universais como os 10 mandamentos. É por isso que esse tipo de “revelação” não é tratada pela Igreja como tendo o mesmo peso que as revelações públicas ou a doutrina.

 

 

 

Vejamos o que o Catecismo, a explicação do depósito da fé, diz sobre “revelações privadas”:

 

 

 

“No decurso dos séculos tem havido revelações ditas «privadas», algumas das quais foram reconhecidas pela autoridade da Igreja. Todavia, não pertencem ao depósito da fé. O seu papel não é «aperfeiçoar» ou «completar» a Revelação definitiva de Cristo, mas ajudar a vivê-la mais plenamente, numa determinada época da história. Guiado pelo Magistério da Igreja, o sentir dos fiéis sabe discernir e guardar o que nestas revelações constitui um apelo autêntico de Cristo ou dos seus santos à Igreja. A fé cristã não pode aceitar «revelações» que pretendam ultrapassar ou corrigir a Revelação de que Cristo é a plenitude. É o caso de certas religiões não-cristãs, e também de certas seitas recentes. fundadas sobre tais «revelações»” (CIC §67).

 

 

 

Voltamos ao nosso ponto inicial: para um católico, não existe teologia fora da Igreja, ou seja, separado do depósito da fé.

 

 

 

 

Não existe consciência senão a que ouve a lei de Deus inscrita em nossos corações. E não existe discernimento que não seja o que permite uma interpretação em harmonia com a sã doutrina.Qualquer coisa contrária a isso causa dissidência. Não é um cisma, como alguns dizem. É dissidência. Cisma é algo ainda mais grave, pois não dá a oportunidade de correção fraterna e a volta do dissidente aos braços da Santa Mãe Igreja. De qualquer forma, a dissidência é uma chaga terrível. É um membro do corpo físico que não está em comunhão com o resto. Ele tem que ser identificado e tratado com fraternal correção, ou a medida cabível se insistir no erro. Porém, até lá, o desastre pode ser enorme entre a sua congregação.Todo bispo é responsável pelo que acontece ou é dito sob sua autoridade, e ele responderá por isso diretamente ao Senhor. Porém, a responsabilidade cristã, em comunhão com a Igreja, nos comanda a discernir o rumo das ações individuais. É necessário provar o lugar e o valor da boa teologia, aquela em comunhão perfeita com o depósito da fé, na sociedade, especialmente no ensino, como nos orienta a segura exortação da Veritatis Splendor no inicio deste post. A pergunta é simples: o que nós podemos fazer pela Igreja? Não basta exigir ação e reação dos bispos em um mundo em que existem milhares de sacerdotes e leigos sob a sua responsabilidade. É preciso participação na vida da comunidade, principalmente, ocupar os espaços de ensino com a boa teologia. Muito mais que o embate público, muitas vezes infrutífero e que serve apenas ao próprio ego, o católico deve se esforçar para aprender e ensinar a boa teologia, a teologia fiel à Sagrada Tradição. O ensino católico da teologia tem se deixado pautar pela “Alta Crítica” e por qualquer moda, aceitando passivamente qualquer explicação que contradiga a doutrina. Aliás, não só aceitando como escolhendo essas teorias ao invés da doutrina, principalmente no caso da exegese bíblica.

 

 

 

Já passou da hora de (re)ocuparmos o espaço nas escolas e universidades católicas, e utilizar as redes sociais para catequizar e ensinar!

 

 

 

Já existem muitas boas iniciativas pela internet, mas é preciso ir além! As duas coisas são necessárias, tanto os instrumentos que a tecnologia nos dá, quanto as cátedras em cursos de teologia e filosofia católicos. Ensinar! Não ficar “caçando hereges” para deleite de um público que pouco contribui para a salvação das almas! Faça alguma coisa, não só aponte o dedo e só reclame com o bispo ou culpe o papa.É preciso uma vivência católica que seja exemplo para o próximo. O ensino é o complemento necessário, mas é o exemplo que conduz o próximo a buscar a Igreja.

 

 

 

“Não extingais o espírito. Não desprezeis as profecias. Examinai tudo e ficai com o que é bom” (1Ts 5,19-21).

 

 

 

Como saber o que é bom? A Igreja nos brinda com a sã doutrina, que nos ensina, para além de nossas interpretações pessoais, a vontade de Deus. Discernir, em comunhão com a Igreja, é o que São Paulo chama de “o que é bom” na carta aos Tessalonicenses. Siga a sua consciência, sim, mas uma consciência fiel à doutrina da Igreja. Deus nos deu a Tradição e o Magistério como um escudo contra a má interpretação. Use-o e defenda a sua fé! Que recorramos sempre à Santa Igreja Católica, a guardiã da fé. Que saibamos que nossa consciência é alimentada pela Palavra de Deus inscrita em nossos corações, e nosso discernimento é livre quando é feito em comunhão com a Doutrina Sagrada da Igreja. Entendamos, de uma vez por todas, que não existe teologia católica fora da Igreja!

 

 

 

 

 

 

«Mestre, que devo fazer de bom para alcançar a vida eterna?» (Mt 19, 16) 

 

 

 




VS nº8. “Do fundo do coração surge a pergunta que o jovem rico dirige a Jesus de Nazaré, uma pergunta essencial e irresistível na vida de cada homem: refere-se, de facto, ao bem moral a praticar e à vida eterna. O interlocutor de Jesus intui que existe um nexo entre o bem moral e a plena realização do próprio destino. Trata-se de um piedoso israelita que cresceu, por assim dizer, à sombra da Lei do Senhor. Podemos imaginar que, se faz esta pergunta a Jesus, não é por ignorar a resposta contida na Lei. É mais provável que o fascínio da pessoa de Jesus tenha feito surgir nele novas interrogações acerca do bem moral. Sente a exigência de se confrontar com Aquele que tinha começado a sua pregação com este novo e decisivo anúncio: «Completou-se o tempo e o Reino de Deus está perto: convertei-vos e crede no Evangelho» (Mc 1, 15).  Impõe-se que o homem de hoje se volte novamente para Cristo, a fim de obter d'Ele a resposta sobre o que é bem e o que é mal. Ele é o Mestre, o Ressuscitado que possui em Si a vida e que sempre está presente na sua Igreja e no mundo. É Ele que desvenda aos fiéis o livro das Escrituras e, revelando plenamente a vontade do Pai, ensina a verdade sobre o agir moral. Cristo, fonte e vértice da economia da salvação, Alfa e Ómega da história humana (cf. Ap 1, 8; 21, 6; 22, 13), revela a condição do homem e a sua vocação integral. Por isso, «o homem que quiser compreender-se a si mesmo profundamente — não apenas segundo imediatos, parciais, não raro superficiais e até mesmo só aparentes critérios e medidas do próprio ser — deve, com a sua inquietude, incerteza e também fraqueza e pecaminosidade, com a sua vida e com a sua morte, aproximar-se de Cristo. Deve, por assim dizer, entrar n'Ele com tudo o que é em si mesmo, deve "apropriar-se" e assimilar toda a realidade da Encarnação e da Redenção, para se encontrar a si mesmo. Se no homem se atuar este processo profundo, então ele produz frutos, não somente de adoração de Deus, mas também de profunda maravilha perante si próprio».Se quisermos então penetrar no âmago da moral evangélica e identificar o seu conteúdo profundo e imutável, devemos procurar diligentemente o sentido da questão posta pelo jovem rico do Evangelho e, mais ainda, o sentido da resposta de Jesus, deixando-nos guiar por Ele. De fato, Jesus, com delicado tato pedagógico, responde conduzindo o jovem quase pela mão, passo a passo, em direção à verdade plena”.

 

 

 

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Neste Apostolado APOLOGÉTICO (de defesa da fé, conforme 1 Ped.3,15) promovemos a “EVANGELIZAÇÃO ANÔNIMA", pois neste serviço somos apenas o Jumentinho que leva Jesus e sua verdade aos Povos. Portanto toda honra e Glória é para Ele.Cristo disse-nos:Eu sou o caminho, a verdade e a vida e “ NINGUEM” vem ao Pai senão por mim" (João14, 6).Defendemos as verdade da fé contra os erros que, de fato, são sempre contra Deus.Cristo não tinha opiniões, tinha a verdade, a qual confiou a sua Igreja, ( Coluna e sustentáculo da verdade – Conf. I Tim 3,15) que deve zelar por ela até que Ele volte(1Tim 6,14).Deus é amor, e quem ama corrige, e a verdade é um exercício da caridade. Este Deus adocicado, meloso, ingênuo, e sentimentalóide, é invenção dos homens tementes da verdade, não é o Deus revelado por seu filho: Jesus Cristo.Por fim: “Não se opor ao erro é aprová-lo, não defender a verdade é nega-la” - ( Sto. Tomás de Aquino).Este apostolado tem interesse especial em Teologia, Política e Economia. A Economia e a Política são filhas da Filosofia que por sua vez é filha da Teologia que é a mãe de todas as ciências. “Não a nós, Senhor, não a nós, mas ao vosso nome dai glória...” (Salmo 115,1)

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