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O que não é a Santa Missa? Um caminho para conhecê-la e amá-la

Written By Beraká - o blog da família on sexta-feira, 4 de julho de 2025 | 23:43





Com efeito, chegamos ao absurdo nos tempos atuais, a esquecer por completo o que é a Santa Missa! É desconhecido para muitos católicos o que ela realmente é, e, via de conseqüência, substituímos sua essência pelos elementos acidentais que dela fluem. Para que isso seja corrigido, impõe-se a correta exposição da doutrina e a mais ampla catequese, que atinja o douto e o simples, o erudito e o humilde. 








Cumpre, em primeiro plano, dizer o que a Missa não é:

 


-A Santa Missa não é uma simples reunião de oração, louvor e pregação, onde os fiéis leigos se reúnem sob a presidência de uma liderança da igreja. É muito mais que isso, e nada a substitue!

 

-Tampouco, a Santa Missa é apenas um culto, à moda protestante, onde cantamos, louvamos, pedimos perdão e ouvimos a Palavra de Deus numa pregação carregada de emoção.Participar da Santa Missa pode não ser sempre agradável ou prazeroso, e pode exigir mudanças, sacrifícios, e esforço, indo além do que se considera confortável ou desejável. Em outras palavras, o foco da Santa Missa está no seu propósito e objetivo: memorial, e não no bem-estar ou satisfação pessoal de quem dela participa.

 

-Também, a Santa Missa não se trata de um programa psicológico, onde procuramos atrair as pessoas para que se sintam bem, e busquem forças para a semana que se inicia, nem ao menos é uma estratégia evangelística ou de pregação, para buscar as “ovelhas perdidas” - não é esse o objetivo da Santa Missa.

 

-A Santa Missa não é somente um ato público, oficial, em que o povo católico congregado, reza junto com o bispo ou padre.

 


-Outrossim, cabe salientar que a Missa não é uma celebração nostálgica, ou uma encenação histórica, ainda que piedosa, do que Jesus fez na última ceia.



Tudo isso acima, é verdade, pode ser santo, ungido, e nos levar a Deus, mas caberia mais adequadamente, essas definições acima, para um culto numa igreja protestante!







As reuniões de oração tem seu valor e lugar na igreja e são importantes. Desde os círculos de meditação e reflexão espiritual às famílias que se juntam para recitar o rosário; grupos de oração carismática ou não, àqueles que cantam o Ofício Divino, na Liturgia das Horas; das diversas orações que se fazem em equipes nos mais variados movimentos, até aquelas comunidades religiosas que fiam nos formulários oficiais da Santa Igreja; toda a forma católica de oração é importantíssima, pois nos faz entrar em contato com nosso Soberano Deus, Rei e Senhor do Universo. 



Porém, a Missa é muito mais do que isso! Ela é memorial do único e suficiente sacrifício de Nosso Senhor Jesus Cristo, oferecido na Cruz, não apenas recordado de forma encenada, mas, tornado realmente presente em nossas igrejas! 



Para isso, na santa missa temos todos os elementos de um sacrifício: temos um sacerdote, um altar, e a oferenda do sacrifício (pão e vinho). Sacerdote é aquele que, em qualquer religião, preside um sacrifício real e verdadeiro. Altar é o lugar onde esse sacrifício é oferecido (por isso, os protestantes, que não crêem na atualidade do sacrifício, não chamam a seus pastores de sacerdotes, nem têm altares em suas igrejas). E temos o principal elemento do sacrifício, o próprio Jesus Cristo, nas espécies do Pão e Vinho (conforme João 6,52-59) em todas as missas!








A carta apostólica "Mysterium Pascale" de Paulo VI vem esclarecer isso mui adequadamente:

 

 

 

“A celebração do mistério pascal, conforme nos ensinou claramente o sacrossanto Concílio Vaticano II, constitui o cerne do culto religioso do cristão no seu desenvolvimento cotidiano, semanal e anual. Por isso, era necessário que a restauração do ano litúrgico, cujas normas foram dadas pelo Santo Sínodo, colocasse numa luz mais clara o mistério pascal de Cristo, tanto na organização do Próprio do Tempo e dos Santos, como na revisão do Calendário Romano.



Na verdade, no decorrer dos séculos, a multiplicação das festas, das vigílias e das oitavas, bem como a complexidade crescente das várias partes do ano litúrgico, encaminharam os fiéis às devoções particulares, desviando-os um pouco dos mistérios fundamentais da nossa Redenção. 




Ninguém ignora que os nossos predecessores São Pio X e João XXIII, de venerável memória, deram normas para que os domingos, restaurados em sua dignidade primitiva, fossem verdadeira e propriamente tidos por todos como o "dia de festa primordial" e para que restaurasse a celebração litúrgica da Sagrada Quaresma. 



E sobretudo o nosso predecessor Pio XII, de venerável memória, ordenou que na Igreja Ocidental, durante a Noite da Páscoa, fosse restaurada a solene vigília pascal para que o Povo de Deus, celebrando então os Sacramentos de iniciação cristã, renovasse a aliança espiritual com o Cristo Senhor ressuscitado. 



Estes Sumos Pontífices, seguindo o ensinamento dos Santos Padres e a doutrina firmemente transmitida pela Igreja Católica, julgaram com razão que no curso anual da liturgia não se recordam apenas as ações pelas quais Jesus Cristo por sua morte nos trouxe a salvação, nem se renova somente a lembrança de ações passadas, para instruir e nutrir a meditação dos fiéis, mesmo os mais simples. 



Ensinavam também, que a celebração do ano litúrgico "goza de força sacramental e especial eficácia para alimentar a vida cristã". Nós também pensamos e afirmamos o mesmo. 


Portanto, é com razão que, ao celebrar o "sacramento do Natal do Cristo"  e sua manifestação ao mundo, pedimos que, "reconhecendo sua humanidade semelhante à nossa, sejamos interiormente transformados por Ele" e, ao renovarmos a Páscoa do Senhor, suplicamos ao sumo Deus pelos que renasceram com Cristo "para que sejam fiéis por toda a vida ao sacramento do Batismo, que receberam professando a fé" . 



Pois, para usarmos as palavras do Concílio Ecumênico Vaticano II, "celebrando os mistérios da Redenção, a Igreja abre aos fiéis as riquezas do poder e dos méritos de seu Senhor; de tal modo que os fiéis entram em contato com estes mistérios, tornados de certa forma presentes em todo o tempo e lugar, e se tornam repletos da graça da salvação". 






 

CONSTITUIÇÃO APOSTÓLICA MISSALE ROMANUM DE PAULO, BISPO, SERVO DOS SERVOS DE DEUS, PELA QUAL SE PROMULGA O MISSAL ROMANO, RESTAURADO SEGUNDO O DECRETO DO CONCÍLIO ECUMÊNICO VATICANO II, PARA PERPÉTUA MEMÓRIA

 

 

O Missal Romano que, conforme o decreto do Concílio Tridentino, foi promulgado em 1570 pelo nosso predecessor São Pio V [1]) conta-se entre os muitos e admiráveis frutos que aquele Santo Sínodo difundiu por toda a Igreja de Cristo. Na verdade, durante quatro séculos, os sacerdotes do rito latino o tiveram como norma para a celebração do sacrifício eucarístico, e os santos arautos do Evangelho o introduziram em quase toda a terra. Nele também muitos santos alimentaram copiosamente a sua piedade para com Deus, haurindo-a tanto das leituras da Sagrada Escritura como das suas orações, cuja parte principal fora organizada por São Gregório Magno.




Mas, desde que começou a crescer e a fortificar-se entre o povo cristão o desejo de promover a sagrada liturgia ― desejo que, segundo a palavra do nosso predecessor de venerável memória Pio XII, deve ser considerado um sinal favorável da Divina Providência para com os homem do nosso tempo e uma passagem salutar do Espírito Santo pela sua Igreja [2] ― tornou-se evidente que as fórmulas do Missal Romano deviam ser restauradas e enriquecidas. O mesmo Pontífice deu início a esta obra, restaurando a Vigília Pascal [3] e o Ordinário da Semana Santa, que se tornou assim o primeiro passo para a adaptação do Missal Romano à nova mentalidade do nosso tempo.




Recentemente, porém, o Concílio Ecumênico Vaticano II, promulgando a Constituição que se inicia com as palavras "Sacrosanctum Concilium", lançou os fundamentos da reforma geral do Missal Romano: 




ele estabeleceu primeiramente que os textos e ritos sejam ordenados de modo a exprimirem mais claramente as realidades sagradas que significam [4]; depois que o Ordinário da Missa seja revisto para manifestar melhor o sentido de cada uma de suas partes e a conexão entre elas, e para facilitar a participação piedosa e ativa dos fiéis [5]; que se prepare para os fiéis uma mesa mais abundante da Palavra de Deus, abrindo-lhes largamente os tesouros bíblicos [6]; enfim, que se elabore o novo rito da concelebração a ser inserido no Pontifical e no Missal Romano [7].




Mas não se deve pensar que esta renovação do Missal Romano tenha sido feita de modo improvisado, pois o seu caminho foi preparado pelo progresso das disciplinas litúrgicas nos últimos quatro séculos. Se, de fato, após o Concílio Tridentino, o estudo dos antigos manuscritos da Biblioteca Vaticana e de outros recolhidos de toda parte, como se exprime a Constituição Apostólica Quo Primum de nosso predecessor São Pio V, muito contribuiu para a revisão do Missal Romano, de então para cá também foram descobertas e publicadas as mais antigas fontes litúrgicas e foram mais profundamente estudadas as fórmulas litúrgicas da Igreja Oriental. Assim muitos insistiram para que tais riquezas doutrinais e espirituais não permanecessem na obscuridade das bibliotecas, mas pelo contrário, fossem dadas à luz, para ilustrarem e nutrirem as mentes dos cristãos.








A seguir apresentamos em grandes traços a nova composição do Missal Romano. Em primeiro lugar temos a Instrução Geral que, como Proêmio do livro, expõe as novas normas para a celebração do Sacrifício Eucarístico, tanto em relação aos ritos e funções de cada participante, como às alfaias e lugares sagrados.



A principal novidade da reforma está na chamada Oração Eucarística. Embora, no rito romano, a primeira parte desta Oração ― o Prefácio ― tenha conhecido diversos formulários através dos séculos, a segunda parte, que é chamada o Cânon da Ação, conservou sempre a mesma forma que foi fixada entre os séculos IV e V. 



As liturgias orientais, pelo contrário, admitiam certa variedade nas suas Anáforas. Neste ponto, decidimos acrescentar ao Cânon Romano três novos formulários de Orações Eucarísticas, além de enriquecê-los com grande número de Prefácios, tirados da antiga tradição na Igreja Romana ou compostos agora, a fim de manifestar melhor os vários aspectos do mistério da fé, e oferecer mais numerosos e fecundos motivos de ação de graças. 



No entanto, por motivos de ordem pastoral e para facilitar a concelebração, estabelecemos que as palavras do Senhor sejam as mesmas em todos os formulários do Cânon. Assim, queremos que em cada Oração Eucarística se pronunciem as seguintes palavras: 




Sobre o pão: "ACCIPITE ET MANDUCATE EX HOC OMNES: HOC EST ENIM CORPUS MEUM, QUOD PRO VOBIS TRADETUR"; sobre o cálice: "ACCIPITE ET BIBITE EX EO OMNES: HIC EST ENIM CALIX SANGUINIS MEI NOVI ET AETERNI TESTAMENTI, QUI PRO VOBIS ET PRO MULTIS EFFUNDETUR IN REMISSIONEM PECCATORUM. HOC FACITE IN MEAM COMMEMORATIONEM". A expressão "MYSTERIUM FIDEI", tirada do contexto das palavras de Cristo e proferida pelo sacerdote, serve de preâmbulo à aclamação dos fiéis.




Quanto ao Ordinário da Missa, "as cerimônias foram simplificadas, conservando-se cuidadosamente a substância"[8]. 



Deixou-se também de lado "tudo o que foi duplicado no decurso dos tempos ou acrescentado sem verdadeira utilidade" [9], sobretudo nos ritos da oblação do pão e do vinho, da fração do pão e da comunhão.



Assim, "foram restaurados, segundo a primitiva ordem dos Santos Padres, alguns ritos que tinham caído em desuso" [10], tais como: 


 

 

-A homilia [11], 

 

-A oração universal ou dos fiéis [12], 

 

-O rito penitencial ou de reconciliação com Deus e os irmãos no início da Missa, devidamente revalorizado.

 

-Também, segundo prescrição do Concílio Vaticano II, que mandava ler ao povo "dentro de um período determinado de anos as partes mais importantes da Sagrada Escritura"[13], todo o conjunto das leituras dominicais foi distribuído num período de três anos. 

 

-Além disso, nos domingos e dias de festa, as leituras da Epístola e do Evangelho são precedidas de uma outra do Antigo Testamento ou, no Tempo Pascal, dos Atos dos Apóstolos. 

 



Desta forma, aparece mais claramente o desenvolvimento do mistério da salvação, a partir das palavras reveladas. 



Essa tão grande riqueza de leituras bíblicas, que apresenta aos fiéis nos dias festivos a parte mais importante da Sagrada Escritura, é completada por outras partes dos Livros Santos lidos em dias não festivos.



Tudo isto foi assim ordenado para aumentar cada vez mais nos fiéis "a fome da Palavra de Deus" [14] que, sob a direção do Espírito Santo, deve levar o povo da Nova Aliança à perfeita unidade da Igreja. Por estas determinações esperamos que tanto os sacerdotes como os fiéis venham a se preparar mais santamente para a Ceia do Senhor e, ao mesmo tempo, meditando de maneira mais profunda as Sagradas Escrituras, se alimentem sempre mais com as palavras do Senhor. Assim, conforme as exortações do Vaticano II, as Sagradas Escrituras se tornarão para todos uma fonte perene de vida espiritual, o meio precípuo para a transmissão da doutrina cristã e, por fim, como que a medula de toda a formação teológica.



Nesta reforma do Missal Romano, além das três mudanças citadas: 

 


-A Oração Eucarística, 


-O Ordinário da Missa,


-E a distribuição das Leituras 



Outras partes foram revistas e consideravelmente modificadas (papa melhor, basta ver como era antes): 




-O Santoral, 

 

-O Comum dos Santos, 

 

-As Missas Rituais e as Votivas; 

 

-Merecem particular atenção as orações, não só aumentadas em número, para que novos textos correspondessem às necessidades de hoje, como restauradas, quando antigas, segundo os textos primitivos. Por isso, acrescentou-se uma oração própria para cada dia ferial dos principais tempos litúrgicos, ou seja, do Advento, do Natal, da Quaresma e da Páscoa.

 

 

-Quanto ao mais, embora não se tenha mudado o texto do Gradual Romano para o canto, foram restaurados, conforme a conveniência, para melhor compreensão dos fiéis, tanto o Salmo Responsorial, a que muitas vezes se referem Santo Agostinho e São Leão Magno, como as antífonas para a entrada e para a comunhão nas Missas sem canto.




Por fim, queremos dar força de lei a tudo que até aqui expusemos sobre o novo Missal Romano



Nosso predecessor, São Pio V, promulgando a edição-príncipe do Missal Romano, apresentou-o ao povo cristão como fator da unidade litúrgica e sinal da pureza do culto da Igreja. Da mesma forma, nós, no novo Missal, embora deixando lugar para "legítimas variações e adaptações" [15], segundo as normas do Concílio Vaticano II, esperamos que seja recebido pelos fiéis como um meio de testemunhar e afirmar a unidade de todos, pois, entre tamanha diversidade de línguas, uma só e mesma oração, mais fragrante que o incenso, subirá ao Pai celeste por nosso Sumo Sacerdote Jesus Cristo, no Espírito Santo.O que prescrevemos por esta nossa Constituição entrará em vigor este ano, a partir do dia 30 de novembro, primeiro domingo do Advento.



Tudo o que aqui estabelecemos e ordenamos queremos que seja válido e eficaz, agora e no futuro, não obstante a qualquer coisa em contrário nas Constituições e Ordenações Apostólicas dos nossos predecessores, e outros estatutos, embora dignos de menção e derrogação especiais.



Dado em Roma, junto de São Pedro, a 3 de abril de 1969, quinta-feira da Ceia de Nosso Senhor Jesus Cristo, sexto ano do nosso pontificado.

 

 PAULO PP. VI

 



Referências:




[1] Const. Apost. "Quo Primum", de 14.07.1570.

[2] Cf. Pio XII, Alocução aos participantes do I Congresso Internacional de Pastoral Litúrgica de Assis, de 22.09.1956, AAS 48 (1956), p. 712.

[3] Cf. S.C. dos Ritos, Decreto Geral Dominicae Ressurrectionis, de 09.02.1951, AAS 43 (1951) pp. 128ss; Decreto geral  Maxima Redemptionis Nostrae Mysteria, de 16.11.1955, AAS 47 (1955), pp. 838ss.

[4] Conc. Vaticano II, Const. sobre a Sagrada Liturgia, Sacrosanctum Concilium, nº 21, AAS 56 (1964), p. 106.

[5] Cf. ibid., nº 50, p. 114.

[6] Cf. ibid., nº 51, p. 114.

[7] Cf. ibid., nº 57, p. 115.

[8] Cf. ibid., nº 50, p. 114.

[9] Cf. ibid., nº 50, p. 114.

[10] Cf. ibid., nº 50, p. 114.

[11] Cf. ibid., nº 50, p. 114.

[12] Cf. ibid., nº 53, p. 114.

[13] Cf. ibid., nº 51, p. 114.

[14] Cf. Amós 8,11.

[15] Cf. Conc. Vaticano II, Const. sobre a Sagrada Liturgia, SC, nnº 38-40, AAS 56 (1964), p. 110.




Fonte: Vatican.va




QUAIS PONTOS DE "ORIGEM MERAMENTE HUMANA E NÃO DIVINA", NO MISSAL ROMANO DE PIO V, FORAM NECESSÁRIOS SEREM REVISTOS E APERFEIÇOADOS PELO CONCÍLIO VATICANO II ?

           

 

 


 


Apenas um exemplo: "na Missa Cantata, havia claramente confusão por parte dos servidores e, consequentemente, da congregação sobre quando os fieis deveriam ficar de pé em vez de se ajoelhar. O mestre de cerimônias dizia que os servidores deveriam estar de pé para as orações, Glória e Credo, Prefácio, Pai Nosso e o último Evangelho. Um vídeo em São João Câncio mostra acólitos ajoelhados durante toda a cerimônia, como se estivessem em uma missa lírica..."

 


 




O Missal de Pio V, também conhecido como Missal Tridentino, não é isento de críticas e "falhas humanas" contidas nele! 



As principais críticas se concentram na sua rigidez litúrgica, na dificuldade de participação dos fiéis e na pouca valorização do uso das línguas vernáculas. 



O movimento litúrgico, culminando com o Concílio Vaticano II, retomou a antiga Tradição que via na Liturgia a fonte do genuíno espírito cristão da qual não se deveria participar como meros espectadores. Os especialistas em matéria litúrgica são praticamente unânimes ao afirmar que o Missal plenário obtido a partir da reforma de Trento tem como escopo o Ordo Missae da Cúria Romana. 



Compreende-se, com isso, que a partir de Trento, a normatividade estabelecida para a Celebração Eucarística estendida a toda a Igreja do Ocidente será aquela da missa privada. Não há assembleia prevista à participação. 





Quer dizer, neste esquema, não transparece qualquer preocupação com a presença e envolvimento da comunidade de fé nos ritos!









O Ordo Missae Tridentino é pensado e esquematizado, de certo modo, para atender à devoção de quem preside. Não se tem em vista da participação eclesial no Mistério de Cristo. Deste modo, faz sentido que tudo quanto diga respeito à comunidade dos fiéis tenha desaparecido: salmo responsorial, homilia, oração dos fiéis, comunhão. Tudo girava em torno do padre denominado no mais das vezes como “celebrante” e dos ministros (quando havia) que lhe serviam na realização dos ritos – isto é, o clero.



(foto reprodução)





Se por um lado, o Missal de Pio V significou certa unidade no Rito Romano (principalmente no turbulento contexto da reforma protestante),  pondo um freio nos excessos acumulados, com o passar dos séculos, por outro, colaborou para tornar a Missa algo desconectado da vida dos fiéis, que tinha cada vez mais uma participação mitigada no Mistério da Fé celebrado. 



A partir daí, sucederia o contexto sempre mais propenso às devoções que viriam a se tornar fonte da espiritualidade dos cristãos!




Isso perdurou até que o movimento litúrgico, culminando com o Concílio Vaticano II, retomasse a antiga Tradição que via na Liturgia a fonte do genuíno espírito cristão e da qual não se deveria participar como meros espectadores (Santa Missa não é teatro!)




A insistência no latim, já desconhecido não apenas pelos fiéis, mas também pelo clero, condicionava ainda mais a participação efetiva daqueles que insistiam em tomar parte na Missa... 










Para formulários já incompreensíveis, multiplicavam-se gestos e movimentos já carentes até mesmo de funcionalidade, tornando os ritos um espetáculo complexo a ser apreciado por espectadores mudos. 









Tudo é posto em cena diante do altar-mor encostado à parede, com seu retábulo geralmente desproporcional, que não mais cooperava para que se compreendesse que a Eucaristia não era apenas Sacrifício - segundo os cânones do Antigo Testamento-, mas participação no Banquete Eucarístico! Morte, mas também, RESSURREIÇÃO!








A Missa transparecia aos que a assistiam ser uma coreografia solitária daquele que preside, com participação comedida dos que o auxiliavam, sendo o Missal plenário posto ora para a direita, de onde se lia a Epístola, ora para a esquerda, de onde se lia o Evangelho. 





Não havia mais a necessidade do Ambão. Tudo devia ser meticulosamente realizado conforme as orientações contidas no Ritus Servandus. Uma coleção de normativas detalhadas sobre posturas, gestos e tons com os quais aquele que presidia deveria se preocupar.




Nesse horizonte, cabia de fato a linguagem de “administrar” o sacramento aos fiéis, verbo que ainda hoje encontramos em alguns documentos magisteriais





Os fiéis são destinatários ocasionais e a celebração está vinculada à piedade particular do padre que "reza a sua Missa". Se para nós, hoje, comungar durante a missa é algo normal e habitual, isso, antes do Concílio Vaticano II com sua reforma litúrgica, era exceção. 



Inclusive, talvez possamos debitar a esse costume de não comungar na celebração eucarística, a origem de se apresentar aos comungantes – ainda hoje – a reserva eucarística guardada no tabernáculo, mesmo que isso seja claramente reprovado pelo Missal atual (IGMR n. 85). O Ritus Servandus, que obrigatoriamente deveria ser conhecido e executado tal e qual, regia em minúncias a prática do “celebrante”. Não se tratava de teologia e descrição ministerial dos ritos como se apresenta na Instrução Geral do Missal Romano, segundo conhecemos da reforma litúrgica. É uma espécie de “ABC” do gestual. 




A Ars Celebrandi – se existisse – constaria de replicar à perfeição o que aí se indica. Essa é uma das portas para o que contemporaneamente chamamos de “rubricismo”. Como dito antes, o Ritus Servandus praticamente não se refere à comunidade dos fiéis, a não ser quando se tratava da comunhão onde se lia: “Se na missa houver comungantes…” e passa a descrever como devia prosseguir. 




Revelava-se aqui uma perspectiva teológica da Eucaristia que a vinculava estritamente ao presbítero ou bispo. Não se notava qualquer acento pastoral. 



Note-se também que nele, ainda encontramos a indicação do que deveria ser feito enquanto houvesse outra Missa sendo “dita” no mesmo espaço, mas noutro altar. Cada padre com sua missa, portanto. A assembleia, se houvesse, era detalhe.Quem presidia deveria estar a maior parte do tempo voltado para o altar e para a cruz, a fim de não se distrair com aquilo que acontecia ao seu redor. Voltava-se para o povo somente em algumas poucas circunstâncias, como no convite à oração (Oremos).




Deve-se concordar com Paulo VI quando afirma que a Missa assim rezada e vivida, nutriu a Igreja desde a promulgação do Missal piano com a Carta Quo primum tempore em 1570. 



É errôneo e desonesto pensar e afirmar os dois extremos que vemos hoje: 

 


1º)-Dos que são contra: de que a igreja errou, ou estava errada em adotar o latim e o Rito Tridentino (muitos santos e santas foram gerados nesse rito)

 

 

2º)-Dos que são a favor: dizer que a Missa conforme esse rito litúrgico regeu a espiritualidade dos fiéis desde sempre (carece de veracidade histórica e cabal tal afirmação). 








Embora em Trento e seu Missal encontremos ecos da antiga tradição litúrgica romana, muitos elementos importantes haviam sim, desaparecido e que foram resgatados. As observações que ora fazemos partem da experiência de quem não vive mais no século XVI, em clima de contrarreforma. É resultado de uma avaliação minunciosa oferecida pelo Movimento Litúrgico – sobretudo – no decorrer de quase um século de estudos sérios, realizados por pessoas igualmente sérias. Especialmente, trata-se de uma perspectiva crítica positiva que se oferece a partir da reflexão teológica e pastoral do Concílio Vaticano II, cujo Missal Romano que daí resulta passa a dar contornos concretos e estampa no corpo da Igreja. 

 



resumo das Principais críticas ao Missal de Pio V:



1)-Rigidez Litúrgica:O missal era extremamente rígido e formal, com pouco espaço para adaptações às diferentes culturas e necessidades locais.



2)-Dificuldade de Participação dos Fiéis: A complexidade dos ritos e o uso exclusivo do latim dificultavam a participação ativa e compreensiva dos fiéis na celebração ("assistiam a missa" como num teatro e não participavam).



3)-Desvalorização da língua Vernácula:A missa era celebrada quase exclusivamente em latim, o que impedia a compreensão plena dos fiéis mais simples e iletrados sobre o que estava sendo rezado e celebrado (ficavam como meros papagaios a dizer apenas Amém).


4)-Ênfase na figura do sacerdote:O Missal de Pio V era focado na figura do sacerdote, que realizava a maior parte dos ritos, com pouca interação dos fiéis.


5)-Pouca valorização da dimensão comunitária:A celebração da missa era vista mais como uma ação individual do sacerdote do que como uma ação comunitária e pública de caráter salvífico e universal, aberta a todos e não a um grupo seleto.

 

 


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