Por *Philipp Bagus
As duas ideologias dominantes na
Europa
Desde o início da União Europeia, tem
havido um conflito entre os defensores de dois ideais diferentes. Qual
postura o continente europeu deve adotar: a visão liberal-clássica ou visão
socialista? A introdução do euro teve um papel
decisivo sobre as estratégias dessas duas visões.[1] Para
se entender melhor os problemas causados pela adoção de uma moeda única, bem
como a história por trás de sua adoção, é importante estar familiarizado com
essas duas visões divergentes e essenciais, assim como as subsequentes tensões
que vieram à tona em decorrência de uma moeda única.
A visão
liberal-clássica
Os pais fundadores da União Europeia, Maurice Schuman (França
[nascido em Luxemburgo]), Konrad Adenauer(Alemanha)
e Alcide de
Gasperi (Itália), todos católicos que falavam alemão, eram
adeptos da visão liberal-clássica para a Europa.[2] Eles
também eram democratas-cristãos. A visão liberal-clássica considera a
liberdade individual como sendo o mais importante valor cultural dos europeus e
do cristianismo. De acordo com essa visão, a função dos estados soberanos europeus
é proteger os direitos de propriedade e a economia de livre mercado em uma
Europa de fronteiras abertas, permitindo desta forma o livre comércio de bens,
serviços e ideias. O Tratado de Roma,
assinado em 1957, foi a principal realização para a criação de uma Europa baseada
no liberalismo clássico.
O tratado estabeleceu quatro liberdades básicas:
1)- livre circulação de bens,
2)- livre oferta de serviços,
3)- livre movimentação de capital
financeiro,
4)- livre migração.
O tratado também restaurou direitos
que haviam sido essenciais para a Europa durante a vigência do período
liberal-clássico no século XIX, mas que haviam sido abandonados durante a era
do nacionalismo e do socialismo. O tratado
representou a rejeição da era do socialismo, período esse que havia gerado
conflitos entre as nações européias, culminando em duas guerras mundiais.A visão liberal-clássica visa à
restauração das liberdades do século XIX. A livre concorrência, sem
barreiras à entrada nos mercados, deveria prevalecer em um mercado comum
europeu. De acordo com essa visão, ninguém poderia proibir um
cabeleireiro alemão de cortar cabelos na Espanha, e ninguém poderia tributar um
inglês que quisesse transferir dinheiro de um banco alemão para um banco
francês, ou que quisesse investir no mercado de ações da Itália. Ninguém
poderia impedir, por meio de regulamentações, que uma cervejeira francesa
vendesse suas cervejas na Alemanha. Nenhum governo poderia dar subsídios,
algo que distorce e corrompe o sistema de livre concorrência. Ninguém
poderia impedir que um dinamarquês fugisse de seu estado assistencialista e de
sua alta carga tributária e migrasse para um estado com uma carga tributária
mais baixa, como a Irlanda.
Para atingir esse ideal de cooperação
pacífica e prosperidade comercial, o único pré-requisito necessário seria a
liberdade. De acordo com essa visão, não haveria nenhuma necessidade de se
criar um superestado europeu. Com efeito, a visão liberal-clássica é
completamente cética no que concerne a um estado central europeu; tal criação é
considerada prejudicial e perniciosa para as liberdades individuais.
Filosoficamente
falando, muitos defensores dessa visão são inspirados pelo catolicismo, e as
fronteiras da comunidade europeia são definidas pelo cristianismo.
De acordo com a "doutrina social católica", o princípio da subsidiariedade deveria
prevalecer:
Os problemas deveriam ser resolvidos
no nível mais baixo e menos concentrado possível dos arranjos. A única
instituição centralizada europeia aceitável seria uma Corte de Justiça
Europeia, com suas atividades sendo restritas à resolução de conflitos entre os
estados-membros e à garantia das quatro liberdades básicas.Do ponto
de vista liberal-clássico, deveria haver vários sistemas políticos
concorrentes, como ocorreu na Europa durante séculos. Desde a Idade Média
até o século XIX, existiram sistemas políticos muito diferentes, tais como as
cidades independentes de Flandres (região no noroeste da Europa, que inclui
partes da Bélgica, França e Holanda), da Alemanha e do norte da Itália.
Havia reinados, como os da Bavária e da Saxônia, e havia repúblicas, como a de
Veneza. A diversidade política era demonstrada de modo mais explícito na
fortemente descentralizada Alemanha. Sob essa cultura de diversidade e
pluralismo, a ciência e a indústria se desenvolveram e prosperaram.[3]
A concorrência em todos os níveis é
essencial para a visão liberal-clássica. Ela gera uma congruência, uma
vez que a qualidade dos produtos, os preços dos fatores de produção e,
principalmente, os salários tendem a convergir. O capital vai para os locais onde
os salários são menores, o que provoca sua elevação; os trabalhadores, por
outro lado, vão para onde os salários são mais altos, o que faz com que essa
maior oferta de mão-de-obra os reduza. Os mercados oferecem
soluções descentralizadas para os problemas ambientais, baseando-se na
propriedade privada. A concorrência política assegura o mais importante
valor europeu: a liberdade.
A concorrência tributária promove
alíquotas de impostos mais baixas, bem como a responsabilidade fiscal. As
pessoas "votam com seus pés", saindo dos países com carga tributária
abusiva, como fazem as empresas. Nações soberanas concorrendo entre si com
diferentes cargas tributárias são vistas como a melhor proteção contra a
tirania. A concorrência também se dá na questão das moedas.
Diferentes autoridades monetárias competem para oferecer a moeda de maior
qualidade. As autoridades que oferecem moedas mais estáveis
exercem pressão sobre as autoridades mais displicentes, e estas são obrigadas a
se adequar e seguir o exemplo daquelas.
A visão socialista
Em direta oposição à visão
liberal-clássica tem-se a visão socialista ou imperial da Europa, defendida por
políticos como Jacques Delors e François
Mitterrand. Uma coalizão de interesses estatistas entre grupos
nacionalistas, socialistas e conservadores faz o que pode para promover e
avançar sua agenda. Tal coalizão quer ver a União Europeia como um
império ou uma fortaleza: protecionista para quem está de fora e
intervencionista para quem está dentro. Esses estatistas sonham com um
estado centralizado e controlado por tecnocratas eficientes — atributo este que
todos os tecnocratas estatistas imaginam ter.
Dentro desse ideal, o centro do Império
deveria governar toda a periferia. Haveria uma legislação comum e
centralizada. Os defensores da visão socialista para a Europa querem
erigir um megaestado europeu, reproduzindo as nações-estado em um nível
continental. Eles querem um estado assistencialista
europeu que garanta a redistribuição de riqueza, a regulamentação econômica e a
harmonização das legislações dentro da Europa. A harmonização dos
impostos e as regulamentações sociais seriam executadas pelo mais alto escalão
da burocracia. Se o imposto sobre
valor agregado estiver variando entre 15 e 25% dentro União
Europeia, os socialistas iriam harmonizá-lo em 25% para todos os países.
Tal harmonização das regulamentações sociais é do interesse dos mais
protegidos, mais ricos e mais produtivos trabalhadores, que podem
"arcar" com os custos dessas regulamentações — ao passo que seus
concorrentes não podem. Por exemplo, se as regulamentações sociais alemãs
fossem aplicadas aos poloneses, estes teriam grandes problemas para concorrer
com aqueles.
A intenção
desse ideal socialista é conceder cada vez mais poderes para o estado central —
isto é, para Bruxelas. A visão socialista para a Europa é a ideal para a
classe política, para os burocratas, para os grupos de interesse, para os
privilegiados e para os setores subsidiados que querem criar um poderoso estado
central visando ao seu próprio enriquecimento. Partidários dessa visão
apresentam um megaestado europeu como uma necessidade, e consideram sua total
implementação apenas uma questão de tempo.
Ao longo desse caminho socialista, o
estado central europeu iria se tornar um dia tão poderoso, que os estados
soberanos passariam a lhe prestar total subserviência. (Já podemos ver os
primeiros indicadores de tal subserviência no caso da Grécia. A Grécia se
comporta hoje como um protetorado de Bruxelas, que diz ao governo grego como
ele deve lidar com seu déficit orçamentário.)
A visão socialista não fornece
nenhuma limitação geográfica explícita para o estado europeu — ao contrário da
visão liberal-clássica inspirada no catolicismo. A concorrência política
é vista como um obstáculo para o estado central, o qual, no ideário socialista,
deve sair completamente de qualquer controle por parte do público.
Nesse sentido, o estado central na
visão socialista se torna cada vez menos democrático à medida que o poder vai
sendo deslocado para burocratas e tecnocratas. (Um bom exemplo disso é a
Comissão Europeia, o corpo executivo da União Europeia. Os membros da
comissão não são eleitos, mas sim designados pelos governos dos
estados-membros.)
Historicamente,
os precedentes para esse velho plano socialista de criar um estado central
controlador na Europa foram estabelecidos por Carlos Magno, Napoleão, Stalin e
Hitler. A diferença, entretanto, é que dessa vez nenhum meio militar
seria necessário. Seria a mera coerção do poder estatal a mola propulsora
para a criação de um poderoso estado central europeu.
De um ponto de vista tático,
situações específicas de crise seriam utilizadas pelos partidários da visão
socialista para criar novas instituições (tais como o Banco Central Europeu
(BCE), ou, possivelmente no futuro, um Ministério Europeu das Finanças), bem
como para ampliar os poderes das atuais instituições, como a Comissão Europeia
ou o próprio BCE. [4] A visão liberal-clássica e a visão
socialista para a Europa são irreconciliáveis. Com efeito, o aumento no
poder de um estado central — como proposto pela visão socialista — implica uma
redução das quatro liberdade básicas, e certamente liberdades civis cada vez
menores.
A história de uma
batalha entre duas visões de mundo
Essas duas visões
têm travado batalhas entre si desde os anos 1950. No início, o projeto
das Comunidades Europeias era mais fiel à visão liberal-clássica[5].
A Comunidade Europeia era composta por estados soberanos e assegurava as quatro
liberdades básicas. Do ponto de vista do liberalismo clássico, um dos
principais defeitos de nascença do projeto eram os subsídios e as intervenções
da política agrícola. Da mesma forma, desde seu nascimento, o único poder
legislativo pertencia à Comissão Europeia. Assim, uma vez que a Comissão
fizesse uma proposta legislativa, o Conselho da União Europeia poderia sozinho,
ou em conjunto com o Parlamento Europeu, aprovar a proposta.[6] Esse arranjo já continha em si as
sementes da centralização. Consequentemente, o arranjo institucional,
desde seu início, havia sido projetado para acomodar a centralização e o
controle sobre as opiniões minoritárias, uma vez que a unanimidade não era
necessária para todas as decisões, e as áreas em que a regra da unanimidade se
fazia necessária foram sendo reduzidas ao longo dos anos.[7] O modelo liberal-clássico é defendido
tradicionalmente pelos democratas-cristãos e por países como Holanda, Alemanha
e Reino Unido. Porém, os social-democratas e socialistas, normalmente
liderados pelo governo francês, defendem a versão imperialista da Europa.
Com efeito, em decorrência de sua rápida queda em 1940, dos anos da ocupação
nazista, de seus fracassos na Indochina, e da perda de suas colônias africanas,
a classe dominante francesa utilizou a Comunidade Europeia para readquirir sua
influência e seu orgulho, e para se recuperar da perda de seu império.[8]
Com o passar dos anos, houve uma
lenta porém contínua tendência rumo ao ideal socialista — com orçamentos cada
vez maiores para a União Europeia e uma nova política regional que efetivamente
redistribui riquezas por toda a Europa.[9]
Inúmeras regulamentações e harmonizações também estão empurrando o arranjo para
essa direção.
A visão
liberal-clássica sobre estados soberanos e independentes de fato parecia ter
readquirido um novo vigor após o colapso da União Soviética e a reunificação da
Alemanha. Primeiro porque a Alemanha, tendo tradicionalmente sempre
defendido essa visão, se tornou mais forte após a reunificação. Segundo
porque os novos países emergindo das cinzas do comunismo, tais como a Tchecoslováquia
(sob a liderança do misesiano Václav Klaus), a Polônia, a Hungria etc., também
apoiavam a visão liberal-clássica para a Europa. Esses novos países
queriam usufruir sua nova e recém-conquistada liberdade. Eles já estavam
fartos de socialismo, impérios e centralizações.
A influência do governo francês
estava agora reduzida.[10] O
campo socialista viu sua derrota se aproximando. Uma rápida ampliação da
União Europeia, com a incorporação dos novos estados do Leste Europeu e a
consequente ampliação do mercado comum, tinha de ser impedida. Um passo
rumo à criação de um estado centralizador tinha de ser rapidamente feito.
A moeda única seria o veiculo que permitiria a realização desse objetivo.[11] De acordo com os jornais alemães, o
governo francês temia que a Alemanha, após sua reunificação, criasse "uma
área de livre comércio dominada pelo marco alemão, estendendo-se de Brest [litoral
noroeste da França] até Brest-Litowsk [no sul da Bielorrúsia]".[12] Os
socialistas europeus (franceses) precisavam urgentemente de adquirir poder
sobre a unidade monetária.
Como argumentou Charles Gave[13] a
respeito dos eventos ocorridos após a queda do Muro de Berlim:
Para os proponentes do "Império
Romano" [a visão socialista], o Estado Europeu tinha de ser organizado
imediatamente, não importasse os riscos, e se tornar algo inevitável.
Caso contrário, os proponentes de uma "Europa Cristã" [a visão
liberal-clássica] venceriam a batalha por ausência de rivalidade, e a história
provavelmente jamais reverteria seu curso. O colapso da União Soviética
foi a crise que deu a oportunidade, bem como a força-motriz, para que o Império
Romano levasse a cabo um programa ostensivamente ambicioso. Com a balança
pendendo para o lado da Europa Cristã, o Império Romano precisava urgentemente
desequilibrá-la para o seu lado; e a criação do euro, mais do que qualquer
outra coisa, veio para simbolizar a investida do campo Romano rumo a uma
superestrutura centralizada.
O argumento oficial utilizado pelos
defensores de uma moeda única e de curso forçado era o de que o euro iria
reduzir os custos de transação — facilitando o comércio, o turismo e o
crescimento econômico na Europa. Mais implicitamente, entretanto, a moeda
única era vista como o primeiro e essencial passo rumo à criação de um estado
europeu. Foi presumido que o euro iria criar a pressão necessária para a
introdução desse estado.
O real motivo de o governo alemão,
tradicionalmente oposto à visão socialista, ter finalmente aceitado o euro
tinha a ver com a reunificação alemã. O acordo era o seguinte: a França
construía seu império europeu e, em troca, dava o apoio que faltava para a
reunificação das duas Alemanhas.[14] Afirmava-se
que, de outra forma, a Alemanha iria se tornar excessivamente poderosa.
Consequentemente, sua arma mais pujante, o marco alemão, tinha de ser abolido —
em outras palavras, um desarmamento.
A etapa seguinte nos planos do campo
socialista foi redigir o esboço de uma constituição europeia (feito pelo
ex-presidente francês Valery Giscard d'Estaing Ginard), estabelecendo um estado
central. Porém, esse projeto constitucional fracassou completamente; ele
foi rejeitado nas urnas pelos eleitores da França e da Holanda em 2005.
Como sempre, a Alemanha sequer foi consultada. Os alemães também não
foram perguntados se queriam fazer parte do euro. Porém, os políticos geralmente
não desistem até que todas as suas ideias sejam aceitas. No caso da
constituição europeia, eles simplesmente renomearam a constituição; e não mais
foi necessário submetê-la à votação popular em muitos países.Como consequência, o Tratado de
Lisboa foi aprovado em dezembro de 2007. O Tratado está cheio de palavras
como pluralismo, não discriminação, tolerância e solidariedade,
todas elas podendo ser interpretadas como clamores para se violar os direitos
de propriedade de terceiros, bem como toda e qualquer liberdade de
contrato. No Artigo Três, a União Europeia promete lutar contra a
exclusão social e a discriminação, desta forma abrindo as portas para
intervencionismos de todos os tipos. Deus não é mencionado uma única vez
no Tratado de Lisboa.
Na realidade, o Tratado de Lisboa
acabou sendo uma derrota para o ideal socialista. Não se trata de uma
genuína constituição, mas apenas de um tratado. Isso deixou os
proponentes de um Império Europeu em um beco sem saída, e eles foram obrigados
a se reagrupar e centrar seus esforços na única ferramenta que restou — o
euro. Mas como, exatamente, o euro provoca a centralização de Europa?
O euro gera os tipos de problemas que
podem ser encarados como um pretexto para que haja uma centralização de poder
coordenada por políticos. Com efeito, a construção e a implantação do
euro provocaram uma corrente de crises severas: os estados-membros podem
utilizar as impressoras do Banco Central Europeu para financiar suas dívidas;
essa característica da União Monetária Europeia invariavelmente gera crises da
dívida soberana para os países-membros que se endividam em excesso. Essa
crise, por sua vez, pode ser utilizada para centralizar o poder e as políticas
fiscais. A centralização das políticas fiscais pode então ser utilizada
para unificar a tributação e com isso abolir a guerra tributária entre os
países. Com a atual crise da dívida soberana
de países como Grécia, Espanha, Portugal e Irlanda, o único meio que restou aos
socialistas para fortalecer seu plano de implementar um estado central está em
risco.
Portanto,
é algo totalmente irrealista dizer que o fim do euro significaria o fim da
Europa ou do ideal europeu; o fim do euro seria apenas o fim da versão
socialista da Europa!
Naturalmente, é perfeitamente possível
ter uma Europa economicamente integrada, com suas quatro liberdades básicas,
sem que haja uma moeda única de curso forçado. O Reino Unido, a Suécia, a
Dinamarca e a República Tcheca não utilizam o euro, mas pertencem ao mercado
comum e usufruem essas quatro liberdades. Se a Grécia abandonar o euro e se
juntar a esses países, a visão liberal-clássica permaneceria intacta. Com
efeito, uma livre escolha entre várias moedas é algo mais relacionado ao valor
europeu de liberdade do que a obrigação de utilizar uma moeda continental de
curso forçado criada por um banco central que possui o monopólio de sua
produção.
Notas
[1] Ver Jesús Huerta de Soto, "Por una
Europa libre," in Nuevos Estudios de Economía Política (2005),
pp. 214-216. Ver Hans Albin Larsson, "National Policy in
Disguise: A Historical Interpretation of the EMU," in The Price of
the Euro, ed. Jonas Ljundberg (New York: Palgrace MacMillan, 2004), pp. 143-70, sobre
as duas alternativas para a Europa.
[2] Uma base teórica para esse visão explicitada
em Hans Sennholz, How can Europe Survive (New York: D. Van Nostrand Company,
1955). Sennholz critica os planos para uma cooperação governamental
criados por diferentes políticos, e mostra que apenas a liberdade pode eliminar
a causa dos conflitos na Europa.
[3] Roland Vaubel, "The Role of Competition
in the Rise of Baroque and Renaissance Music," Journal of Cultural
Economics 25 (2005): pp. 277-97, argumenta que o surgimento da música barroca e
renascentista na Alemanha e na Itália resultou da descentralização desses
países e da subsequente concorrência entre eles.
[4] Em consonância com essa teoria, o presidente
Frances Nicolas Sarkozy tentou introduzir um fundo de resgate europeu durante a
crise de 2008 (ver Patrick Hosking, "France Seeks ?300 bn. Rescue Fund for
Europe."Timesonline. Dois de outubro, 2008, http://business.timesonline.co.uk).
A chanceler alemã Angela Merkel, entretanto, resistiu à ideia, e passou a ser
conhecida como a "Madame Não". A recente crise também foi
utilizada para estabelecer a European Financial Stability Facility (Linha
de Crédito para a Estabilidade Financeira Europeia), com a qual o BCE ampliou
suas operações e, consequentemente, a base monetária. Outras
instituições, como a European Systemic Risk Board (Conselho de
Risco Sistêmico Europeu), também foram criadas durante a crise. Sobre a
tendência de os estados expandirem seu poder em situações de emergência, ver
Robert Higgs, Crisis and Leviathan: Critical Episodes in the Growth of
American Government (Oxford: Oxford University Press, 1987).
[6] O Conselho da União Europeia, frequentemente
chamado de "O Conselho" ou "Conselho dos Ministros", é
formado por um ministro de cada estado-membro e não deve ser confundido com o
Conselho Europeu. O Conselho Europeu é formado pelo presidente do
"Conselho dos Ministros", pelo presidente da Comissão, e por um representante
de cada estado-membro. O Conselho Europeu orienta a União Europeia ao
definir sua agenda política.
[7] Esses importantes defeitos de nascença
reduzem o crédito dado aos pais fundadores, como Schuman, Adenauer e outros.
[8] Larsson, Hans Albin. 2004. "National Policy in Disguise: A
Historical Interpretation of the EMU.", p. 162. Como escreve
Larsson: "A arena na qual a França buscou ressuscitar sua honra e
influência internacional foi a Europa Ocidental. Como principal país da
Comunidade Econômica Europeia, a França recuperou influência e, com isso,
recompensou a perda de seu império — e tudo isso dentro de uma área onde a
França, tradicionalmente e de diversas maneiras, sempre procurou ter domínio e
influência". Já em 1950, o premiê francês René
Pleven, propôs criar um Exército Europeu como parte da Comunidade de Defesa
Europeia (sob a liderança da França). Ainda que o plano tenha fracassado,
ele fornece evidências de que, desde o início, os políticos franceses
pressionaram pela centralização e pela visão imperial da Europa. Uma
exceção foi o presidente Charles de Gaulle, que se opunha a um estado europeu
supranacional. Durante a "crise da cadeira
vazia", em junho de 1965, a França abandonou seu assento no
Conselho dos Ministros por seis meses em protesto contra um ataque à sua
soberania. A Comissão havia pressionado por uma centralização do
poder. Entretanto, de Gaulle também estava tentando melhorar a posição e
liderança da França nas negociações acerca da Política Comum Agrícola. A
Comissão havia proposto a criação de uma decisão por maioria de votos nesse
quesito. Os agricultores franceses eram os principais beneficiários dos
subsídios, ao passo que a Alemanha era a principal contribuinte. A
decisão por maioria de votos poderia ter privado os agricultores franceses de
seus privilégios.
[9] Roland Vaubel, "The Political Economy of
Centralization and the European Community," Public Choice 81
(1—2 1994): pp. 151—190, explica a tendência rumo à centralização na Europa
utilizando argumentos oriundos da Teoria da Escolha Pública.
[10] Larsson, "National Policy in Disguise," p. 163.
[11] Como escreveu Arjen Klamer a respeito da
estratégia de se utilizar a moeda única como veículo para a centralização:
"A suposição era a de que, tão logo a unidade monetária fosse uma
realidade, seria necessário algum tipo de construção federal — ou ao menos uma
união política mais forte — para que a união monetária pudesse funcionar.
Assim, a carroça foi colocada na frente dos bois. Foi tudo um
experimento. Nenhum político ousaria lidar com as consequências do
fracasso — ou do que poderia acontecer — caso uma forte união política não
fosse realizada. Tudo já estava arrumado e o show tinha de
continuar." (Arjen Klamer,
"Borders Matter: Why the Euro is a Mistake and Why it will Fail," in The
Price of the Euro, ed. Jonas Ljundberg, (New York: Palgrave MacMillan,
2004), p. 33).Similarmente, Roland Vaubel escreve
sobre os efeitos do euro: "A União Monetária Europeia é o ponto de partida
para a centralização de várias outras políticas econômicas e, em última
instância, para a criação de um estado europeu". (Roland Vaubel, "A Critical Analysis of EMU and of Sweden Joining
It," in The Price of the Euro, ed. Jonas Ljundberg, (New York:
Palgrave MacMillan 2004), p. 94) Ver também James Foreman-Peck, "The UK
and the Euro: Politics versus Economics in a Long-Run Perspective," in The
Price of the Euro, ed. Jonas Ljundberg, (New York: Palgrave MacMillan
2004), p. 104.
[12] Frankfurter Allgemeine Zeitung, June 1, 1996.
[14] Até hoje, o governo francês obteve êxito em
criar uma influência desproporcional sobre a União Europeia. A maioria
das instituições da UE está localizada na França e na Bélgica. O francês
é um dos idiomas oficiais da UE, ao lado do inglês, mas não o alemão, ainda que
a União Europeia tenha muito mais cidadãos que falem alemão do que
francês. Quando se pondera a influência dos estados-membros baseando-se
em sua população, a França está sobre-representada e a Alemanha,
sub-representada. Com efeito, a influência proporcional da Alemanha não
aumentou absolutamente nada após sua reunificação. Como escreveu Larsson:
"Em suma, a União Europeia e seus arranjos predecessores são basicamente
projetos franceses, os quais, não obstante algumas declarações oficiais, em
muitos aspectos serviram ao propósito de utilizar todos os meios possíveis para
ampliar — ou, no mínimo, manter — a influência política mundial da França,
particularmente na Europa." ("National Policy in Disguise," p.
165)
Link para o catálogo de nossos livros: https://amzn.to/3vFWLq5
....................................................................
GOSTOU Do APOSTOLADO berakash? QUER SER UM (A) SEGUIDOR (a) E RECEBER AS ATUALIZÇÕES EM SEU CELULAR, OU, E-MAIL?
Segue no link abaixo o “PASSO-A-PASSO” para se tornar um(a) seguidor(a) - (basta clicar):
https://berakash.blogspot.com/2023/10/como-ser-um-ser-um-seguidor-e-ou.html
Shalom!
.............................................
APOSTOLADO BERAKASH - A serviço da Verdade: Este blog não segue o padrão comum, tem opinião própria, não querendo ser o dono da verdade, mas, mostrando outras perspectivas racionais para ver assuntos que interessam a todos. Trata basicamente de pessoas com opiniões e ideias inteligentes, para pessoas inteligentes. Ocupa-se de ideias aplicadas à política, a religião, economia, a filosofia, educação, e a ética. Ele constitui uma tentativa de manter um pensamento crítico e independente sobre literatura, questões culturais, e em geral, focando numa discussão bem fundamentada sobre temas os mais relevantes em destaques no Brasil e no mundo. A mera veiculação, ou reprodução de matérias e entrevistas deste blog não significa, necessariamente, adesão às ideias neles contidas. Tal material deve ser considerado à luz do objetivo informativo deste blog, não sendo a simples indicação, ou reprodução a garantia da ortodoxia de seus conteúdos. As notícias publicadas nesta página são repostadas a partir de fontes diferentes, e transcritas tal qual apresentadas em sua origem. Este blog não se responsabiliza e nem compactua com opiniões ou erros publicados nos textos originais. Caso você encontre alguma inconsistência nas notícias, por favor, entre em contato diretamente com as fontes originais para as devidas correções, ou faça suas observações (com fontes) nos comentários abaixo para o devido esclarecimento aos internautas. Os comentários devem ser respeitosos e relacionados estritamente ao assunto do post. Toda polêmica desnecessária será prontamente banida. Todos os comentários são de inteira responsabilidade de seus autores e não representam, de maneira alguma, a posição do blog. Não serão aprovados os comentários escritos integralmente em letras maiúsculas, ou CAIXA ALTA. A edição deste blog se reserva o direito de excluir qualquer artigo ou comentário que julgar oportuno, sem demais explicações. Todo material produzido por este blog é de livre difusão, contanto que se remeta nossa fonte.Não somos bancados por nenhum tipo de recurso ou patrocinadores internos, ou externo ao Brasil. Este blog é independente e representamos uma alternativa concreta de comunicação. Se você gosta de nossas publicações, junte-se a nós com sua propaganda para que possamos crescer e fazer a comunicação dos fatos, doa a quem doer. Entre em contato conosco pelo nosso e-mail abaixo, caso queira colaborar de alguma forma:
filhodedeusshalom@gmail.com
+ Comentário. Deixe o seu! + 1 Comentário. Deixe o seu!
Até hoje, o governo francês obteve êxito em criar uma influência desproporcional sobre a União Europeia. A maioria das instituições da UE está localizada na França e na Bélgica. O francês é um dos idiomas oficiais da UE, ao lado do inglês, mas não o alemão, ainda que a União Europeia tenha muito mais cidadãos que falem alemão do que francês. Quando se pondera a influência dos estados-membros baseando-se em sua população, a França está sobre-representada e a Alemanha, sub-representada. Com efeito, a influência proporcional da Alemanha não aumentou absolutamente nada após sua reunificação. Como escreveu Larsson: "Em suma, a União Europeia e seus arranjos predecessores são basicamente projetos franceses, os quais, não obstante algumas declarações oficiais, em muitos aspectos serviram ao propósito de utilizar todos os meios possíveis para ampliar — ou, no mínimo, manter — a influência política mundial da França, particularmente na Europa." ("National Policy in Disguise," p. 165)
Postar um comentário
Todos os comentários publicados não significam a adesão às ideias nelas contidas por parte deste apostolado, nem a garantia da ortodoxia de seus conteúdos. Conforme a lei o blog oferece o DIREITO DE RESPOSTA a quem se sentir ofendido(a), desde que a resposta não contenha palavrões e ofensas de cunho pessoal e generalizados. Os comentários serão analisados criteriosamente e poderão ser ignorados e ou, excluídos.