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(Hans Urs von Balthasar) |
Hans Urs von
Balthasar (Lucerna, 12 de agosto de 1905 — Basileia, 26 de junho de 1988) foi
um sacerdote, teólogo e escritor suíço. Balthasar foi nomeado cardeal pelo Papa
São João Paulo II, mas morreu pouco tempo depois de entrar para o Sacro Colégio
Pontifício, em 1988. Estudou nas universidades de Viena, Berlin e Zurique e, em
1928, recebeu o seu doutorado com uma tese sobre a escatologia na literatura
alemã. No ano seguinte entrou para a Companhia de Jesus, ficando entre os
jesuítas até 1950, quando decidiu deixá-los.
Uniu-se ao teólogos Jean Daniélou, Henri de Lubac e Yves Congar na
corrente de renovação de teologia de regresso às fontes, que ficou conhecida
como Ressourcement. É de conhecimento
comum a simbiose de espiritualidade entre o maior teólogo do século XX Hans Urs von Balthasar e
Adrienne von Speyr. É importante lembrar que em todas estas amizades, nada
havia de carnal ou genital. Tratava-se de um crescimento recíproco no mais elevado
nível. Tais afinidades, em vez de estorvar, aprofundavam os mais nobres ideais.
Basta lembrar aprofunda amizade reinante entre São Francisco e Santa Clara;
entre São Bento e Santa Escolástica.
Mesmo em círculos
teológicos, as pessoas muitas vezes se surpreendem ao saber que Balthasar viveu
21 anos como jesuíta, deixando a Companhia de Jesus em 1950 somente
porque o seu trabalho de co fundação de um instituto secular com a mística
leiga Adrienne von Speyr divergia das prioridades da ordem.Balthasar estava convencido de
que a Companhia de Jesus, nos nossos dias, recebeu a missão de difundir a herança
inaciana para uma sociedade moderna secularizada, e de que, a fim de cumprir
essa missão, há necessidade de uma nova
e complementar comunhão entre leigos e leigas capazes de penetrar no mundo como
fermento na massa. Ele imaginou uma comunidade de cristãos vivendo sob votos e
atuando não tanto com os métodos apostólicos tradicionais (que parecem se
tornar cada vez mais ineficazes na nossa época), mas sim com uma discreta
presença de amor, dentro de uma profissão mundana. Essa visão exigiu que
ele revisitasse o “Chamado do Rei Eterno” dos Exercícios inacianos, tão
decisivo para as missões tradicionais e distantes, como a de Francisco Xavier, e
o interpretasse à luz de uma teologia da cruz mais explícita.Balthasar certamente
não era um pensador especulativo como Lonergan. Ele nunca se tornou professor
ou lecionou em uma faculdade universitária. Ele ministrou alguns cursos de
curta duração promovidos por grupos católicos em universidades suíças e em
outros fóruns educacionais, e jovens homens de língua alemã interessados em
educação cultural e vida espiritual muitas vezes procuravam sua sabedoria e
conselho. Sua atenção não estava voltada para a teologia sistemática.
Juntamente com Karl
Rahner e Bernard Lonergan, Balthasar procurou oferecer uma resposta intelectual
e fiel à modernidade ocidental, que representava um desafio ao pensamento
católico tradicional. Enquanto Rahner ofereceu uma posição progressista e
acomodatícia sobre a modernidade e Lonergan elaborou uma filosofia da história
que procurava criticar apropriadamente a modernidade, Balthasar resistiu ao
reducionismo e ao foco humano da modernidade, querendo que o cristianismo fosse
mais desafiador em relação às sensibilidades modernas.Balthasar é muito
eclético em sua abordagem, fontes e interesses, e permanece difícil de
categorizar.Um exemplo de seu ecletismo foi seu longo estudo e conversa com o
influente teólogo reformado suíço, Karl Barth, em cujo trabalho ele escreveu a
primeira análise e resposta católica. Embora os principais pontos de análise de
Balthasar sobre a obra de Karl Barth tenham sido contestados, sua The Theology
of Karl Barth: Exposition and Interpretation (1951) continua sendo um trabalho
clássico por sua sensibilidade e discernimento; O próprio Karl Barth concordou com
sua análise de seu próprio empreendimento teológico, chamando-o de melhor livro
sobre sua própria teologia.
Existem grandes pontos de ligação entre este teólogo e o Papa Emérito
Bento XVI, para além da amizade que os unia. Diz-se também, que Hans Urs von
Balthasar era o teólogo preferido de São João Paulo II.
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(Bento XVI e Balthasar) |
A "TEOLOGIA DE JOELHOS" de Hans Urs von Balthasar
O teólogo que
defendia uma "teologia ajoelhada", em que o pensamento teológico tem de
estar ligado à oração e à adoração, em vez de ser mera análise sistemática,
foi o grande ausente do Concílio Vaticano II, embora ideias como a da Igreja
santa mas "sempre necessitada de purificação e de penitência" lhe
fossem caras.A obra do teólogo
suíço representa um tipo de racionalidade teológica que se procura distanciar
da concepção moderna de razão. Não querendo aqui catalogá-lo como
progressista ou tradicional, não podemos deixar de apontar que a relevância
dada por ele à estética, embora não esteja em radical ruptura com a teologia
que o precede, representa, para esta, uma lufada de ar fresco. Com
efeito, o pensar teológico, porque demasiado centrado nos métodos
histórico-críticos, esqueceu, por vezes, que o seu objecto nunca é redutível a
categorias racionais, nem, muito menos, passível de uma sistematização total,
no sentido hegeliano do termo. A obra em que Balthasar
mais profundamente desenvolve a temática da fé é o primeiro volume da sua
trilogia (Glória – Teodramática – Teológica), intitulado A percepção da forma.
Nela, o teólogo suíço elabora o princípio de uma estética teológica, ou seja,
procura mostrar como a teologia pode ser pensada a partir do belo como
transcendental, possuindo, por conseguinte, uma dimensão sensorial-perceptiva.
A sua teologia da fé desenrola-se em torno
de três círculos concêntricos:
1)- No centro está o
arquétipo da fé, Jesus Cristo, que, na sua relação histórica com o Pai, é a
experiência que Deus faz de quem é Deus.
2)- Um segundo
círculo é composto pelas experiências de Deus de que a Escritura dá
testemunho (experiências arquetípicas).
3)- Finalmente temos
o crente que, inserido no meio eclesial, participa destas e, assim, do
arquétipo da fé.
RESUMO DA VIDA E OBRA DE BALTHASAR
Balthasar, era discípulo de Henri de
Lubac e autor de uma quantidade impressionante de escritos, foi definido como
um dos maiores teólogos do século XX. A página web de katholisch.de dedicou-lhe
a seguinte breve reflexão comemorativa escrita a duas mãos.O artigo é de
Katharina Klöcker e Anselm Verbeek, publicada por Settimana News, 27-06-2018. A
tradução é de Luisa Rabolini. Balthasar nunca teve
uma cátedra e por muitos anos viveu um relacionamento tenso com as autoridades
eclesiásticas. Quando, finalmente, em 28 de junho de 1988, foi nomeado cardeal
por João Paulo II, ele não teve tempo de receber o barrete cardinalício, porque
morreu dois dias antes, em Basel com a idade de 83 anos.
Os longos caminhos para a teologia
Nascido em Lucerna,
em agosto de 1905, Balthasar chegou à teologia por meio de vias transversas. Tão facetada é sua biografia teológica, quanto controversa é
até hoje a classificação de sua posição.
Mas é difícil ignorar a sua obra constituída por cerca de 100 volumes e
500 ensaios. O card. Joseph Ratzinger, mais tarde, Papa Bento XVI, escreveu
sobre ele em suas memórias:
"Nunca mais vai me acontecer de encontrar pessoas com uma formação
teológica e história espiritual tão vasta", como Balthasar e seu mestre
Henri de Lubac.
A força motriz por
trás do pensamento de Balthasar é o questionamento sobre o caminho correto da
Igreja. Com vívidas imagens verbais e pensamentos brilhantes, ele chamou a
atenção para a Communio: os cristãos deveriam ser irmãos e irmãs de
todos os homens. Como ideólogo
precursor do diálogo deu um fundamento teológico para a sua
preocupação: a corporação dos teólogos, no entanto, tinha por muito tempo e de
maneira insuficiente "apostado no juízo final e não tinha suficientemente
pensado que o Deus em Jesus Cristo é o mesmo que se reserva tal julgamento para
todos aqueles que, independe da comunidade de pertencimento, caíram no abismo
da solidão antidivina e desumana”. Inicialmente von
Balthasar estudou em Zurique, Berlim e Viena, germanística e filosofia. Como
jovem já crescido, possuindo uma sensibilidade musical absoluta, idolatrava
Mozart e Mahler. Tocava piano a quatro mãos com o teólogo
protestante Karl Barth. O amor pela música abriu-lhe as portas
para o seu modo de falar de Deus. Sempre buscando a perspectiva holística,
elaborou uma teologia com a ajuda das categorias musicais.
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(Protestante Karl Barth e Balthasar) |
Sua teologia posteriormente desenvolveu-se em um "teodrama"
através da assunção de formas retiradas do teatro. O próprio Baltasar disse que
a Revelação "no pequeno e no grande é dramática"; “é a história de
uma missão de Deus para o mundo, de uma luta entre Deus e a criatura pelo seu
significado e sua salvação”. Após seus estudos, em
outubro de 1929, Balthasar entrou como noviço nos jesuítas. Descreve
seu estudo em Lyon como "uma luta feroz contra a desolação da
teologia". A teologia é encerrada em uma couraça de "pensamento
neoescolástico". Por essa razão, os jovens estudantes se reuniam cheios
de entusiasmo em torno de Henri de Lubac (1896-1991), que irradiava um grande
fascínio. Em particular, com o seu interesse nos escritos dos Padres da Igreja
e a subsequente concentração sobre o cristianismo, Balthasar abriu um novo
horizonte teológico.
Dos Jesuítas a um instituto secular
Sua obra "Derrubando
as muralhas", que apareceu em 1952, foi escrita nesse sentido e foi saudada por
muitos como uma libertação, alguns anos antes do Concílio Vaticano II
(1962-1965), que abriu a janela para o exterior. Ele escreveu que "uma Igreja não completamente aberta ao mundo deixou de
ser a Igreja de Cristo." Depois de uma longa
atividade como assistente espiritual dos estudantes em Basiléia, ele abandonou
a ordem jesuíta para fundar um instituto secular com Adrienne von Speyr, a
Comunidade de São João. Além disso, abriu sua própria editora que, entre outras
coisas, publicava as suas obras e as de Speyr. Em Zurique, sem renda fixa, ele
morava em um alojamento modesto, sustentando-se com as palestras que fazia
durante suas viagens. Ele sempre recusou as cátedras. Em outubro de 1956 ele
foi indicado como sacerdote em sua diocese e o bispo local consentiu seu
retorno a Basileia.Do ponto de vista programático, von Balthasar se tornou um promotor de
um diálogo ultra confessional que ultrapassou as divisões ideológicas, inclusive
com militantes ateus comunistas, mas não com uma superioridade dogmática ou
"uma posse capitalista da verdade da fé." Balthasar apreciou muito o
diálogo literário com a obra de Bertolt Brecht.
De teólogo inconveniente a Cardeal
Com o Concílio
Vaticano II chegou a grande hora de Henri de Lubac, o grande mestre de Urs von
Balthasar: o alegado modernismo de Lubac foi reabilitado e exerceu uma influência
decisiva sobre os debates do Concílio.Baltasar nos anos do Concílio, para o qual não havia sido
convidado, modificou seu pedido de uma abertura da Igreja para o mundo:
“O cristão não precisa se conformar ao mundo”
Ele pediu com grande
insistência uma reflexão sobre o que distingue o elemento cristão. Seu biógrafo
Thomas Krenski escreve:
"Para muitos de seus contemporâneos, ficou claro que Balthasar
pensava que tinha ido longe demais, de modo a se sentir compelido a voltar
atrás das muralhas protetoras das quais havia pedido a derrubada."
Vinte anos de antecedência
Vários teólogos do
concílio viram nele um teólogo conservador do papa. De acordo com Krenski:
“Isso tornou difícil, a recepção da teologia de um homem que realizou
certamente e polemicamente correções de rota, mas que não pensava de forma
alguma erigir novamente as muralhas derrubadas. Sua sorte foi ter tomado um
caminho vinte anos antes dos demais".
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