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BBC e StB mostram o "verdadeiro Rubens Paiva" que o filme Ainda Estou Aqui não mostrou!

Written By Beraká - o blog da família on domingo, 10 de novembro de 2024 | 21:15








O francês, crítico de cinema, Jacques Mandelbaum, do jornal Le Monde, afirmou que “a produção brasileira é tradicional e classifica como monocórdica a performance de Fernanda Torres.” Já  Silvia Adoue, professora da Unesp, diz que:

 


 

“A narrativa adotada em Ainda Estou Aqui opta por um recorte muito específico da história da ditadura militar no Brasil (grifo nosso: mostrando apenas um lado da moeda como SANTOS). Para ela, essa abordagem limita a compreensão do período e se alinha a um relato hegemônico da ditadura, restrito à experiência da classe média intelectual que foi atingida pelo regime a partir de 1968.  Parece que faz 40 anos que assistimos ao mesmo filme sobre a ditadura militar. Há um relato dominante que estabelece, para começo de conversa, que a ditadura foi um evento que começou, acabou e pronto. Mas não acho que tenha sido um evento que deixou apenas restos, resíduos ou marcas superficiais. Esse período estruturou o que é o Brasil hoje! Mas esses relatos são os hegemônicos porque quem formula essas narrativas são intelectuais, em sua maioria, pessoas da classe média atingidas pela ditadura a partir de maio de 1968", afirma. (fonte BBC)


 

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Gazeta do povo: “Ideologia fala mais alto que os fatos”




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A perspectiva em que o espectador é colocado na primeira metade do filme é a da inocência e sua posterior perda por parte dos filhos e aparentemente da mãe da família Paiva, Eunice, em relação às ações do pai, Rubens. Acompanhamos o cotidiano de uma família feliz, com casa na beira da praia no Leblon, festas constantes, tendo a realidade político-social do país como pano de fundo razoavelmente distante. A segunda parte, porém, é quase um outro filme. Salta-se muitos anos depois, a perspectiva dos filhos praticamente desaparece, restando apenas a de Eunice, cuja história, porém, pouco é contada, apenas pontuada. Como bem observou o crítico Cole Kronman, na revista Slant, "com isso o filme optou por transformar Eunice mais em um símbolo, com pouco interesse neles [os personagens] como pessoas, e mais interessado em determinar como a História deveria lembrá-los".







No fim das contas, "a única coisa que ainda está aqui" é o viés ideológico falando mais alto do que qualquer outra coisa! (fonte: Gazeta do povo).







Em 20 de janeiro de 1971, seis homens invadiram a casa dos Paiva e levaram o ex-parlamentar para prestar depoimentos no quartel da 3ª Zona Aérea, próximo ao aeroporto Santos Dumont, na capital carioca. A ação se deu após agentes do regime militar terem encontrado uma carta de Helena Bocayuva, militante do MR-8 (Movimento Revolucionário 8 de Outubro), endereçada a Rubens Paiva. O grupo de luta armada ficou conhecido pelo sequestro do embaixador Charles Elbrick, em 1969, com Bocayuva como fiadora da casa em que o americano foi mantido. De acordo com a versão oficial do governo à época, um grupo terrorista teria levado o ex-parlamentar enquanto agentes militares transportavam-no para o Alto da Boa Vista, bairro na zona norte do Rio. Ele teria fugido do carro em que estava em meio a uma troca de tiros. (via: nexojornal.com.br).





Rubens Paiva, um "esquerdista radical" nos documentos da STB

 

 


Nos arquivos da StB em Praga, encontramos a pasta de objeto nº 11.778, intitulada "Pessoas da vida política e econômica no Brasil". Nela, há duas cartas com relatórios oficiais sobre o político brasileiro e ex-deputado federal do PTB, eleito em 1962, Rubens Paiva. 




Ambos os relatórios foram escritos em 27 de março de 1964 por um "oficial do serviço secreto comunista tchecoslovaco", que operava no Brasil, de codinome MOLDÁN.O conteúdo do relatório mostra que MOLDÁN [ou melhor, Josef Mejstřík], se interessou por esse notório membro do parlamento. 




Tendo o auxílio da jornalista comunista Maria da Graça Dutra, e dos agentes LOSADA e LENCO, fora feito um mapeamento do espectro ideológico de muitos deputados brasileiros, a fim de se saber a respectiva orientação política de cada parlamentar. O motivação que levara Moldán a conduzir esse trabalho não se tratava de nenhuma tarefa de inteligência em específico, mas, de um pedido oficial feito pelo embaixador (comunista) tchecoslovaco, no curso de suas atividades diplomáticas legais. No entanto, todas as informação colhidas sobre Paiva foram envidas à sede da inteligência do StB, pois, por óbvio motivo, aquele conteúdo adquirido, mais cedo ou mais tarde, poderia ser útil.




Vamos ver o que o espião comunista tchecoslovaco, escreveu sobre este deputado:

 



-Rubens Paiva, membro do PTB, um dos vice-presidente em uma das comissões parlamentares na Câmara. Pertence a uma ala mais esquerdista do partido, integra o denominado “Grupo compacto”, que reúne os deputados mais radicais dos partidos PTB, PSD, e UDN, que estão sob a influência do PCB, juntamente com a esquerda mais radical.




-Rubens Paiva é conhecido como deputado radical esquerdista, mas não se diz  comunista...Eu o conheci no ano passado, em algum momento no final de maio durante minha visita à Comissão de Relações Exteriores da Câmara dos Deputados, ele me foi apresentado junto com outros membros dessa comissão. Então, eu passei a encontra-lo por minha própria iniciativa enquanto estava no parlamento (…) com o passar do tempo, nos tornamos amigos e o contato estava em tal estado que poderia ser desenvolvido. Eu verifiquei isso mais cedo com a ajuda dos camaradas: Maria da Graça Dutra, LOSADA e LENCO, juntamente com muitos outros nomes … Todos os três responderam em uma avaliação consistente sobre R.P. como sendo um nacionalista radical, combativo político. Aparentemente, ele não é membro do PCB.




Na segunda nota de MOLDÁN, datada do mesmo dia, a informação acima fora completada!




-Ele escreveu que "estava convencido de que poderia usá-lo para realizar operações ativas envolvendo sua atuação no parlamento". Até então, ele não foi usado porque, durante os dias em que AO TORO, não estava presente no parlamento (para saber mais sobre LOSADA, LENCO e a AO TORO, veja o capítulo XV do nosso livro, "1964 O Elo Perdido" - O Brasil nos arquivos do serviço secreto comunista, sobre a "AO LUTA").



(foto reprodução)




O agente comunista tcheco avisa que o contato com o deputado se intensificará e, de acordo com os resultados, ele verá se poderá desenvolvê-lo.

 



Como é fato, a pretensão de recrutamento acabou não se realizando. E sabemos o porquê, pois os documentos são datados de 27 de março de 1964…

 



Vladimír Petrilák




Fonte - https://stbnobrasil.com/pt/rubens-paiva-um-esquerdista-radical-nos-documentos-da-stb

 

 


 

Bolsonaro: a infância do presidente entre quilombolas, guerrilheiros, e a rica família de Rubens Paiva




Autor: Ingrid Fagundez - Role,Enviada da BBC News Brasil a Eldorado (SP)






(foto reprodução)




Em Eldorado Paulista, há uma pequena praça onde os sinos da igreja tocam de meia em meia hora. Ali, debaixo de árvores de copas largas, moradores conversam preguiçosamente, protegendo-se do sol. As lojas e restaurantes dos arredores ficam vazios nas tardes quentes, quando a cidade parece inabitada. Só meninos arriscam-se na rua, rumo ao rio Ribeira. Para encontrar vestígios do presidente em Eldorado, no interior de São Paulo, onde ele morou dos 11 aos 18 anos, é necessário olhar para além do espaço. É preciso recorrer à história.



 





Naquela praça, em 1970, o guerrilheiro Carlos Lamarca baleou três pessoas em um tiroteio com a polícia militar, enquanto Jair Bolsonaro então com 15 anos, corria para casa. O adolescente, que havia saído da escola, testemunhou de perto a operação de caça a Lamarca, que o levou a alistar-se no Exército.








Uma das torres do santuário foi doada por Jaime Almeida Paiva, homem mais rico e "coronel" da pobre Eldorado por vinte anos. Dono de uma das maiores fazendas do Vale do Ribeira, "Dr. Jaime" era pai do deputado opositor à ditadura e desaparecido político Rubens Paiva, alvo de acusações de Bolsonaro durante toda a vida pública do ex presidente. Apesar de Bolsonaro ter nascido em Glicério e vivido em várias partes do Estado de São Paulo, é em Eldorado que alguns de seus temas favoritos têm origem. 




A BBC News Brasil foi à cidade de 15 mil habitantes para narrar os fatos que ajudaram a formar as ideias da mais destacada liderança de direita no Brasil




O domínio dos Paiva











Bolsonaro é um grande crítico de Rubens Paiva, ex-deputado federal que fez oposição ao regime militar e desapareceu em 1971. Paiva aparece com frequência nas falas do ex presidente sobre o regime militar, um dos temas recorrentes em seus discursos. No plenário da Câmara, Bolsonaro chegou a negar que o deputado tenha morrido durante uma sessão de tortura, como foi afirmado pela Comissão Nacional da Verdade, e, ao longo dos anos, fez várias acusações contra ele. Uma delas é a de que Rubens Paiva ajudou o ex-capitão do Exército Carlos Lamarca a montar uma guerrilha no Vale do Ribeira, onde fica Eldorado..." - Por coincidência, a família de Rubens Paiva tinha uma fazenda na cidade de Eldorado Paulista, no Vale do Ribeira, São Paulo, chamada Fazenda Caraitá. O sr. Rubens Paiva fez com que o guerrilheiro, traidor e desertor Lamarca ocupasse a sua fazenda e lá fizesse uma base de guerrilha", disse Bolsonaro em sessão plenária de 2013.



 





A fazenda Caraitá sustentou a economia de Eldorado por mais de vinte anos. O "doutor" Jaime Paiva, como moradores ainda chamam o empresário de Santos que se tornou um grande fazendeiro do Vale do Ribeira, começou a comprar terras ali em 1941. Sua propriedade só foi vendida em 1975, depois de Bolsonaro mudar-se para Resende (RJ), onde começou sua carreira militar. Enquanto o presidente morava na cidade – e por muitos anos antes disso –, Jaime Paiva era o chefe de boa parte da população. Ele tinha plantações de banana e laranja, criações de gado e uma serraria de móveis, além de ser responsável pela vida social do lugar: a festa da Rainha da Laranja, a mais importante do ano, era organizada pela família. Mais do que uma liderança informal, Paiva foi prefeito duas vezes. Na primeira, de 1956 a 1959, fez a ponte sobre o rio Ribeira e uma das escolas locais. Na segunda, em 1968, eleito pela Arena, partido da ditadura, ficou pouco menos de um ano...Rubens Paiva tinha 12 anos quando o pai comprou as primeiras terras por ali – ele e os irmãos estudaram em colégios de elite em São Paulo.

 


"Não se tinha acesso ao Paiva, só aos empregados", Nizilene retoma o assunto. "Eram muito ricos... mas ele fazia a festa da Rainha da Laranja e todos iam." 

 





Um professor de História aposentado falava dos "dois lados" de Paiva:

 


"Foi um marco histórico – para o bem e para o mal. Como todo mundo trabalhava lá, quando a fazenda fechou, a cidade entrou em decadência...Ele era amado e odiado, sabe?", disse José Milton Galindo.O tom é frequente nas declarações sobre o empresário que fez fortuna em Santos, como despachante. De um lado, ele era o homem visionário que alargou as ruas da antiga área de garimpo – Eldorado foi batizada assim em razão do primeiro ciclo do ouro no Brasil –, desenvolvendo o urbanismo local. De outro, era o coronel autoritário que não conversava com o povo, trazia empregados do Nordeste no pau de arara, e pagava os funcionários com "boró", moeda própria que só valia nos comércios da região. "Quando tinha a festa da Laranja, se ele cismava com a pessoa, quebrava o copo na mão dela com a bengala. Andava cheio de capangas em volta", diz Antônio Carlos de Melo Cunha, de 64 anos, engenheiro agrônomo aposentado e amigo de Jair Bolsonaro dos tempos de colégio. Foi de seu avô que Paiva comprou as terras da fazenda.

 



Em livro sobre o caso de "Rubens Paiva, Segredo de Estado", o jornalista Jason Tércio narra que até o deputado chamava o pai de "coronel" e discutia com ele sobre política. Em diálogo reconstruído por Tércio durante a Ceia de Natal de 1970, na fazenda Caraitá, Jaime teria dito a Rubens: 



"A única política que tu deve fazer com os militares é a política da boa vizinhança"

 

 



Filho do deputado, o escritor Marcelo Rubens Paiva conta que o pai era brigado com o avô e por isso ia pouco à fazenda. Ele diz que não sabe responder aos comentários sobre Jaime, porque morava no Rio com os pais e a irmã.

 


 

Nessa época, Rubens Paiva havia voltado do exílio há anos, depois de ter seu mandato pelo PTB (Partido Trabalhista Brasileiro) cassado após o golpe de 1964, e trabalhava como engenheiro civil. No entanto, ele ainda ajudava perseguidos políticos a sair do país e mantinha contato com exilados.





"Ato Contínuo, 1970. Aí, eu entro na história", disse Bolsonaro durante uma sessão da Câmara em setembro de 2014








"Eu tinha 15 anos de idade e morava na cidade de Eldorado paulista. Ali – já mudou de nome – existia a Fazenda Caraitá. Proprietário: família Rubens Paiva. Rubens Paiva tinha uma chácara ali. Do cocoruto, do topo da cidade de Eldorado Paulista, cidade bastante pequena, via-se a chácara de Rubens Paiva, a montante do Ribeira de Iguape..." 

 



A dois quilômetros do centro de Eldorado, a fazenda, que não se chama mais Caraitá, já não pertence aos Paiva, mas ainda está de pé. Hoje ela é de um produtor de bananas, que usa a terra para plantação, mas não mora ali. Apesar de descuidado, o casarão de teto europeu mantém os ares de "mansão", como era chamado pelo povo da cidade.As paredes azuis, brancas na época de Rubens Paiva e Bolsonaro, ainda exibem as sacadas estreitas que permitiam aos hóspedes uma vista privilegiada do grande jardim e, à esquerda, dos hectares de mexericas e bananas. Os quartos são oito ou nove, pequenos, segundo os filhos do atual proprietário, que oferecem apenas um tour pelo terreno porque a casa está fechada. Nele, há, como havia nos anos 1960, duas piscinas – adulta e infantil –, uma casa de hóspedes e outra de bonecas, uma casinha de cachorro em forma de castelo, e um mirante para dois lagos artificiais. Na casa de bonecas, de dois andares, com sala, cozinha e quarto com varanda, mesas e cadeiras em miniatura ocupam o espaço perto da porta, como se alguém ainda brincasse por lá.Antes de entrar pelo alto portão de ferro que demarca o espaço do casarão, percorre-se uma estrada de terra. Paralelas a ela, à direita e à esquerda, pequenas casas de arquitetura semelhante estão enfileiradas.



 

"Tinha dezenas de casas aqui", diz um dos filhos do proprietário, ao parar sua caminhonete em frente ao portão. "Eram as casas dos funcionários do Paiva. Isso aqui era uma cidade, tinha até escola." A maior parte das construções está abandonada – poucas estão ocupadas por empregados do dono atual.





A relação de Eldorado com os Paiva era, de alguma forma, dividida pelo portão da fazenda. Do lado de fora, para além do bairro privado dos funcionários, a vida do povo seguia alheia aos luxos do casarão. O Vale do Ribeira era e ainda é uma das regiões mais pobres do Estado de São Paulo, com uma renda média de dois salários mínimos, segundo o IBGE. 

 

 





Nos anos 1970, a situação era mais dramática. O emprego fora de Caraitá era escasso e o dinheiro, difícil. As famílias pobres se viravam como podiam: pescavam, vendiam produtos de porta em porta, cuidavam de fazendas.No caso dos Bolsonaro, o patriarca Percy Geraldo Bolsonaro trabalhava como dentista prático: fazia extrações, obturações, próteses, mesmo sem ter instrução universitária. Percy era a única opção numa comunidade sem dentistas e chegou a ser indiciado em inquérito policial por "exercício ilegal de medicina, odontologia ou farmácia", mas foi absolvido em 1973.

 









Boa parte das pessoas entrevistadas em Eldorado teve dentes extraídos por Percy, de quem lembram com carinho. "A gente era muito humilde na época, então os dentes iam estragando e o pai mandava tirar", conta a vice-diretora Nilzilene. "Geraldo Bolsonaro era uma pessoa maravilhosa! Quando eu tinha uns 8, 9 anos, fui tirar um dente com ele. Depois que acabou, ele disse para minha mãe: 'Agora leva a menina pra tomar um sorvete'."

 




Apesar de trabalhar muito, os ganhos de Percy Bolsonaro nem sempre eram suficientes para sustentar a mulher e os seis filhos. 




Fumando um cigarro atrás do outro no pequeno consultório, às vezes ficava até tarde da noite com o 'buticão' – um grande alicate de ferro – em mãos, arrancando molares. Ao final do serviço, era compreensivo com os clientes que não podiam pagar: quem não tivesse dinheiro, que desse galinhas ou porcos.



 

"Eles eram muito pobrezinhos, milha filha", diz Lúcia Lima Melo, de 72 anos, do portão da casa onde mora há 47 anos, ao fim da entrevista com ela e seu marido, Reinaldo. Durante anos, eles foram vizinhos dos Bolsonaro, e Reinaldo tornou-se amigo de Percy.

 



Na conversa com a BBC News Brasil, ele contou que o dentista prático era conhecido por seu senso de humor e educação!



Era atencioso, mas também, não perdia a piada! Chamava os conhecidos de "morfiosos", outro jeito de dizer "leprosos", explicou o vizinho. Reinaldo riu ao lembrar as tiradas do amigo, como quando ele repetia que "preferia ter as filhas todas prostitutas do que filhos viados".

 


"Quantos quartos têm ali?", a reportagem pergunta a Lúcia, ainda no portão. A antiga casa dos Bolsonaro, hoje pintada de azul claro, é a próxima, à direita. "Acho que só dois", ela responde, olhando para o lado. "Então era pequeno para a família",  diz á reportagem. "Eles não tinham dinheiro, não", ela abaixa a voz. "Não faltava comida, mas bens eles não tinham: carro, casa. Eram pobres mesmo. Mas que bom que graças a Deus chegaram onde chegaram, né", ela sorri por entre as barras de ferro.

 



Para ajudar em casa, Jair pescava e buscava maracujá no mato para vender, além de descarregar caminhões de adubo e, numa brincadeira cheia de desejo, procurava ouro nos ribeirões pela madrugada. Vivendo no aperto, a maioria da população precisava coexistir com a riqueza dos Paiva, numa convivência descrita como amigável por alguns e distante por outros. Os últimos argumentam que a relação era boa só para os "puxa-sacos" da família, muitos deles membros da Igreja. Como Aracy, mulher de Jaime, era católica fervorosa, padres e coroinhas que iam rezar missa na fazenda acabavam se aproximando do casal.


 


"Fui amigo dos netos de Paiva. Conheci Rubens Paiva, convivi com Marcelo e os irmãos", diz Antônio Avelino de Melo Cunha, policial aposentado e dono de uma pousada em Eldorado que hoje mora no litoral paulista.


 



Assim como Antônio, o agricultor Celso Luiz Leite, de 63 anos, cuja irmã casou com um dos irmãos de Bolsonaro, era coroinha. Ele se lembra de Aracy abraçando-o depois das missas. Se "doutor" Jaime tinha fama de durão, sua mulher era vista com benevolência. "Quando o resto da família vinha para cá, nos finais de semana e férias, eu ia lá ajudar nas missas, já que o padre era puxa-saco. Mas ela era muito simpática", diz Celso, sentado em seu sítio, às margens do Ribeira.

 



Celso dá de ombros ao falar que o fazendeiro: "não dava muita bola para gente. Só para a turma com mais grana"... 




Apesar de não ser um cara "ruim", como Celso repete, Jaime Paiva e sua família não eram sempre bem vistos pelos moradores. Entrevistados descreveram que nos meses de verão, quando filhos e netos visitavam a fazenda, era comum ver os Paiva cavalgando seus cavalos de raça pelas ruas. Recostado em seu sofá, Antônio Carlos, um dos amigos de infância de Bolsonaro, tenta encontrar uma palavra para definir a família. "Eles eram... como eu posso dizer?", ele coça a cabeça enquanto sua mulher o observa da porta da cozinha. "Eles eram... vistos com outros olhos! O pessoal via como gente rica, né." Antônio fala de uma vez em que visitou a fazenda para fazer companhia a uma das netas de Jaime Paiva, que estava se tratando de uma leucemia. Adolescentes, ele e a mulher foram até lá com alguns amigos para conversar com ela e tocar violão.



 

"Nessa época, íamos por causa da doença dela, mas não tínhamos amizade com eles, não", diz sua mulher, Mara Cristina, apoiada no batente da porta. "Os jovens de lá não davam muita bola para os daqui."

 


 

Por "lá" também passava Rubens Paiva que, segundo relatos dos moradores entrevistados, tinha uma chácara anexa à do pai com uma pista de pouso para chegar à cidade de avião. Após a publicação desta reportagem, o filho de Rubens Paiva, Marcelo Rubens Paiva, disse que a chácara não pertencia a seu pai, mas a seu tio Carlos e que a pista de pouso ficava na cidade vizinha de Registro e não em Eldorado. A BBC News Brasil foi ao cartório registro de móveis, onde não teve acesso aos documentos sobre as terras, mas apenas foi informada que a família começou a comprar terrenos na região em 1941 e vendeu a propriedade em 1975. Um dos moradores de Eldorado mais próximos do presidente, o funcionário público aposentado João Evangelista Correa, conta do dia em que entregou um bolo a Rubens a pedido da confeiteira local. Ele e um colega caminharam os dois quilômetros até a fazenda na esperança de ganhar um trocado pelo serviço. Chegando lá, João diz que Rubens olhou irritado para os meninos: "o que vocês querem aqui? Falei que ia buscar na cidade". Ao responderem que a confeiteira havia prometido uma gorjeta, teriam ouvido um "não" resoluto.

 



"Não tinha amizade com pobres", diz João Evangelista...



Ele é um dos poucos que narra interações de Bolsonaro com os Paiva, já que quando adolescente Jair não era um grande frequentador das festas da Rainha da Laranja ou do clube Caraitá, fundado pela família. Seus conhecidos dizem que ele preferia pescar a ir a bailes. João conta que, apesar da eventual irritação, Rubens convidava os meninos para jogar futebol nas terras da família. Bolsonaro teria participado de algumas partidas.



 

Quando parlamentar, ao citar mais uma vez as supostas relações entre os Paiva e o guerrilheiro Carlos Lamarca, Bolsonaro disse que conheceu o ex-deputado!



 

 

"Eu sou paulista do Vale do Ribeira, de Eldorado. Ali conheci Rubens Paiva, com 10 anos de idade", disse em sessão da Câmara de março de 2016.



Além de jogar bola na fazenda de Rubens, Bolsonaro teria sido, nas palavras do agricultor Celso Leite, "um dos maiores ladrões de mexerica da família Paiva". Ele conta isso aos risos, explicando que os furtos, comuns entre os meninos locais, eram "só farra mesmo". Para proteger sua plantação, Jaime Paiva teria colocado um vigia de plantão e um cão de guarda, que teria corrido atrás de Celso e de Bolsonaro enquanto os meninos fugiam em direção ao rio.

 




Bolsonaro e os Paiva







Bolsonaro não parece ter memórias felizes dos Paiva. A biografia "Mito ou Verdade: Jair Messias Bolsonaro", escrita por seu filho Flávio Bolsonaro, indica que as diferenças de classe incomodavam o presidente.

 


No livro, Flávio escreve que "parte considerável do território da cidade de Eldorado Paulista era de domínio particular, uma fazenda enorme chamada Caraitá – que hoje seria um latifúndio".Na mesma página, é mencionada a chácara de Rubens Paiva, que aparece como irmão e não como filho de Jaime Paiva – Rubens tinha um irmão chamado Jaime, mas este não era dono da fazenda, como dito na biografia.

 




Nessa chácara, escreve Flávio, "tinha piscina, algo raro à época, mas que não era socializada com a criançada da vizinhança – que ficava apenas admirando, de longe, onde os filhos da família Paiva se refrescavam".




Mito ou Verdade ainda narra que os filhos de Rubens Paiva eram da mesma faixa etária de Bolsonaro e, "não raras vezes", eram vistos comprando picolés Kibon em Eldorado, "inacessíveis à garotada local, que ao ver um deles jogar o palito fora, corria na expectativa de estar premiado com 'vale um picolé' marcado na madeira". Sobre esse episódio, um dos filhos de Rubens Paiva, Marcelo Rubens Paiva, diz que "não tomava sorvete" e "não tinha irmãos", mas apenas irmãs. "Talvez ele me confunda com meus primos", ele diz. "Quando ele tinha 16 anos, eu tinha 11 e foi a última vez que fui a Eldorado."

 



No parágrafo seguinte do livro é citada, de novo, a suposta ligação entre os Paiva e Lamarca que, por sua afinidade com a família, teria escolhido uma área próxima à fazenda para montar a guerrilha. A afirmação foi feita em vários discursos de Bolsonaro na Câmara. "A verdade está lá em Eldorado Paulista!", Bolsonaro disse no plenário da Casa em fevereiro de 2013. "Está todo mundo vivo lá. A Fazenda Caraitá está em cartório. A base de renda do Lamarca está lá na fazenda da família Paiva. É muito fácil verificar isso."

 



Em visita ao registro de imóveis da cidade, a BBC News Brasil confirmou que a compra e venda da fazenda estão, sim, documentadas! 



Mas nada indica que os Paiva tenham fornecido recursos a Lamarca. Nem os antigos amigos do presidente, João Evangelista e Antônio Carlos, dizem conhecer essa versão da história. Apesar de não haver indícios de ajuda financeira, o guerrilheiro chegou a cruzar as terras da família durante sua fuga, em 1970, como escreveu Marcelo Rubens Paiva em texto publicado no jornal Folha de S.Paulo em 1994.




"Meu tio Jaime Paiva acenou para ele, pouco antes do tiroteio com a Força Pública de Eldorado (...) O tiroteio foi a metros da fazenda, ao lado da Escola Jaime Paiva. Lamarca atravessou também o sítio 0K, do meu tio Carlos, e seguiu para Sete Barras." 




Depois do tiroteio, conta o escritor, a fazenda foi invadida por soldados que procuravam armas e tentavam estabelecer conexões entre os Paiva e Lamarca. Segundo ele, empregados e amigos da família chegaram a ser presos e torturados, e Carlos levou um tiro no pé acidental em uma das barreiras para cercar Lamarca. À BBC News Brasil, Marcelo Rubens Paiva disse que a família não tinha nenhuma relação com Lamarca e que seu pai era contra a luta armada. "Ele não era comunista, mas do PSB (Partido Socialista Brasileiro) e se elegeu deputado pelo PTB."

 




As teorias de Bolsonaro sobre esses dois personagens se estendem até ao desaparecimento de Rubens Paiva. Ele argumenta que o ex-deputado não foi morto por agentes da repressão, mas por membros da esquerda comandada por Carlos Lamarca. Segundo Bolsonaro, o grupo de Lamarca teria chegado à conclusão de que Lamarca foi denunciado por Rubens Paiva depois que este foi preso. 

 

 

"Ninguém resiste à tortura (…). Então, o grupo do Lamarca suspeitou que Rubens Paiva o havia denunciado, disse Bolsonaro na Câmara em março de 2012. E esperaram o momento certo! Quando o Rubens Paiva foi detido pelo Exército e posto em liberdade, com toda a certeza, foi capturado e justiçado pelo bando do Lamarca e pelo bando da Esquerda, da VPR. E aí a culpa recai sobre as Forças Armadas." 




Em 2013, a Comissão Nacional da Verdade divulgou um documento inédito do Arquivo Nacional sobre as circunstâncias da morte do ex-deputado. O coordenador da Comissão, Claudio Fonteles, afirmou "não haver dúvidas" de que Paiva fora torturado e morto nas dependências do DOI-Codi do Rio. Às palavras de Bolsonaro somam-se ações que marcaram sua animosidade contra os Paivas.  "Era Jair Bolsonaro, junto com alguns amigos (talvez fossem os filhos, na época eu não sabia quem eram), que se deu ao trabalho do sair de seu gabinete e vir em nossa direção, gritando que 'Rubens Paiva teve o que mereceu, comunista desgraçado, vagabundo!' A BBC News Brasil procurou o Palácio do Planalto para falar sobre o episódio, mas não teve resposta.



 

O gesto de Bolsonaro não foi noticiado na época, mas jornais reportaram como ele vaiou o discurso do então líder do PSOL na Câmara, deputado Ivan Valente (SP), durante a inauguração do busto.

 




O tiroteio do terrorista Lamarca





Não muito acontece em Eldorado. É até difícil distinguir dias úteis de feriados, já que o movimento nas ruas é parecido, as lojas abertas e vazias, a mesma dupla tocando violão no Centro, os conhecidos se cumprimentando de novo e de novo pelas calçadas.

 



Não é de se estranhar que um tiroteio na praça da cidade tenha gerado tanto rebuliço em 1970 – agitação que se mantém até hoje, quando os moradores recontam o enfrentamento entre o guerrilheiro Carlos Lamarca e a polícia. Falar de 8 de maio de 1970 na cidade é como perguntar onde alguém estava no dia da queda das Torres Gêmeas de Nova York: todo mundo tem uma história. "Quando Lamarca passou eu tinha dez anos. Foi muito tiro! A gente era pequena, mas era atenta. Meu pai disse 'abaixa, abaixa' e foi todo mundo para debaixo da mesa", diz Nilzilene de Oliveira, a vice-diretora da escola Dr. Jayme Almeida Paiva. "O pai da minha amiga foi baleado e ficou com chumbo no corpo até morrer!"

 



Os relatos ouvidos divergem em alguns pontos, mas combinados com registros históricos sobre a passagem de Lamarca pelo Vale do Ribeira constroem uma narrativa sobre o que aconteceu naquela noite – e onde Bolsonaro estava ao longo da ação.

 



Carlos Lamarca foi um dos principais nomes da oposição armada à ditadura brasileira como um dos líderes da VPR (Vanguarda Popular Revolucionária). Ele chegou a ser capitão do Exército, mas desertou e foi expulso da corporação em 1969, quando já estava engajado na luta contra o regime militar. Participou de assaltos a bancos para financiar as atividades de seu grupo e comandou o sequestro do embaixador suíço no Brasil, Giovanni Enrico Bucher, em 1970, que foi trocado por 70 presos políticos. Nesse mesmo ano, considerado inimigo número um dos militares, Lamarca foi duramente perseguido.

 




A perseguição ao terrorista Lamarca pelo Vale do Ribeira

 



Em abril de 1970, um militante da VPR capturado no Rio de Janeiro revelou que Lamarca estava no Vale do Ribeira, próximo a Registro, formando um grupo de guerrilha. Lá, contou o militante preso, o ex-capitão ensinava tática, tiro, desenhava uniformes e construía armadilhas. O que os livros não detalham foi que, antes de se juntar a seus companheiros, Lamarca teria circulado sozinho pela região. Antônio Avelino de Melo Cunha, policial aposentado e dono de uma pousada em Eldorado, diz que chegou a conhecer o ex-capitão, que se apresentava como estudante universitário, assim como ele. O guerrilheiro teria se hospedado no hotel Eldorado, que ainda fica na praça central da cidade, e dito que gostaria de conhecer as cavernas da região – hoje uma das principais atrações locais. "Ele estava procurando meu avô Guilherme, que tinha sido pesquisador do Exército e descobriu algumas cavernas. Lamarca se aproximou de mim perguntando se eu conhecia alguém da família e eu respondi que era neto. Mas não sabia com quem estava falando", diz Cunha. O ex-capitão teria pedido ao estudante que o levasse até as cavernas e, mesmo avisado que enfrentaria um dia de caminhada, não hesitou.Cunha convidou dois amigos para se juntarem a eles, além de um mateiro que sempre andava com seu avô. Enquanto caminhavam na mata fechada, surpreendeu-se com a agilidade do novo amigo. "Ele dizia que era universitário, mas caminhava na frente da gente e do mateiro também, cortando galho com facão", diz. Lamarca teria ficado alguns dias na cidade, conta o policial aposentado, participando dos bailes e pedindo música para a bandinha local, da qual ele fazia parte. 




Aquele tempo serviria para que conhecesse a região a fundo antes de organizar sua guerrilha. 

 



Mas, recebida a informação sobre o paradeiro de Lamarca, em abril de 1970, o Exército foi rápido em enviar 1,5 mil homens ao Vale do Ribeira. À procura de seu inimigo número 1, as tropas fecharam estradas, prenderam dezenas de pessoas e varreram a serra com helicópteros, bombardeando a floresta. "O Exército pousou no meio do campo de futebol, quando o pessoal estava jogando. Os policiais queriam saber se meu tio tinha ajudado Lamarca a fugir, porque ele roubou a canoa do meu tio e desceu o rio. 'Foi roubo mesmo? Foi roubo?' eles ficavam gritando." Informado do perigo, Lamarca desativou suas bases de guerrilha próximas a cidade de Jacupiranga. Oito membros foram embora em ônibus, misturados à população. Outros dois foram capturados na estrada. Sobraram sete. Esses caminharam na floresta por três semanas, até que no dia 8 de maio entraram num vilarejo e alugaram o caminhão de um comerciante. O homem fechou negócio, mas enviou um cavaleiro para avisar a polícia, que montou uma pequena barreira de policiais na praça central de Eldorado. Por volta das sete da noite, quando o caminhão de Lamarca parou na cidade, um policial pediu que os sete passageiros descessem com documentos em mãos. Foi aí que os tiros começaram. Tal versão não bate com a contada por moradores. Eles dizem que o grupo de guerrilheiros roubou o caminhão, obrigando seus donos a dirigirem até Eldorado enquanto ficavam escondidos na traseira, debaixo de uma lona. Quando o veículo parou no posto de gasolina, os policiais teriam desconfiado da movimentação, puxado a lona e passado a atirar. Nessa hora, Bolsonaro estaria em aula na escola Dr. Jayme Almeida Paiva, que fica a 100 metros da praça. Antônio Carlos de Melo Cunha, amigo do presidente eleito, conta que estava na mesma sala quando alguém apareceu na porta para avisar que Lamarca tinha passado por Barra do Braço, a 30 km de Eldorado, e se aproximava.



 

"Pediram para o diretor liberar os alunos, mas não deu tempo porque pouco depois veio o tiroteio. Tivemos que ir rastejando. A polícia não tinha arma e o pessoal do Lamarca tinha armamento pesado", diz.




Como ele, Bolsonaro e outros alunos moravam próximo ao rio Ribeira, do outro lado da cidade, e precisaram atravessar a praça. Antônio diz que o grupo de adolescentes viu um dos policiais feridos ser carregado, coberto em sangue, até sua casa. O homem foi atingido na perna e depois precisou amputá-la.

 




"Os soldados estavam sendo massacrados!", ele arregala os olhos. "Um grupo de homens invadiu a delegacia para pegar armamento. A gente gostava do Exército! Os outros, para nós, eram terroristas!"









Moradores relatam que Lamarca gritava "não queremos nada com vocês, nosso negócio é com o Exército", tentando evitar mais tiros. Mesmo assim, dois PMs e uma mulher foram baleados. 

 



O ainda 'moleque' Bolsonaro, na caça à Lamarca

 



Lamarca aparece em 33 discursos de Bolsonaro no plenário da Câmara desde 1995. Como deputado, ele repetiu que, quando adolescente, ajudou os militares a procurarem o guerrilheiro na mata. "Eu sou de Eldorado Paulista. Eu participei, de forma bastante discreta, porque tinha 15 anos de idade, da caça ao Lamarca, ao lado do Ribeira", disse Bolsonaro em sessão de março de 2012.

 



A mesma história foi citada em entrevista ao Programa Roda Viva, da TV Cultura, já como candidato a Presidência... No texto, o jornalista Plínio Fraga narra o causo do chamado "moleque sabido" de Itapecerica da Serra que, em 1969, ao anotar a placa de um Fusca, teria dado aos militares a primeira pista sobre Lamarca – "moleque" este que seria presidente, explica o jornalista.




Apesar de a BBC News Brasil não ter encontrado documentos sobre a participação do presidente, moradores que testemunharam a operação de busca dizem que era comum o Exército pedir e receber dicas de pessoas que conheciam os arredores, inclusive adolescentes.  



O contato entre militares e população foi frequente, já que soldados rondaram a região por semanas. Lamarca só conseguiu escapar do Vale do Ribeira três semanas depois do tiroteio.

 



Filho do escrivão de polícia de Eldorado na época, Antônio Avelino conta que foi informante do Exército, narrando seus encontros com Lamarca. Segundo ele, Bolsonaro fez o mesmo. "Jair Bolsonaro também foi informante. Ele conhecia bem o mato! Indicava para onde eles podiam ter fugido."



 

Mesmo com todos esses esforços, Lamarca não foi capturado ali. Depois do enfrentamento em Eldorado, escapou em direção a Sete Barras. A pouco mais de um quilômetro da cidade, seu grupo foi interceptado por uma tropa da PM. Os guerrilheiros abriram fogo, ferindo catorze policiais e rendendo outros 18. O pelotão era comandado pelo tenente Alberto Mendes Júnior, de 23 anos, que se tornou refém do grupo. Depois que dois de seus companheiros foram capturados, Lamarca decidiu que o tenente deveria morrer. O assassinato de Mendes Júnior é usado por Bolsonaro como símbolo da violência que a esquerda teria praticado contra os militares durante a ditadura. Ele mencionou o militar ao rebater o pagamento de indenização aos familiares de Lamarca, ao criticar a criação da Comissão Nacional da Verdade e até ao defender a possibilidade de um regime de exceção no caso de vitória de Dilma Rousseff nas eleições de 2010.



 

"O Tenente Alberto, heroicamente, trocou-se por outros soldados subordinados seus para seguir mata a dentro como refém de Carlos Lamarca, o grande traidor", disse Bolsonaro no plenário da Câmara em 1996. "E depois, como Lamarca não precisava mais dele, porque estava livre, já longe das tropas das Forças Armadas, submeteu-o a bárbaras torturas, em que inclusive foi obrigado a engolir os seus órgãos genitais, assassinando-o a coronhas." A versão de que, antes de ser morto, Mendes teria sido obrigado a engolir seus órgãos genitais não consta nos documentos do Exército, disponíveis no Arquivo Nacional, nem nos escritos do general Carlos Alberto Brilhante Ustra em A Verdade Sufocada, livro de cabeceira do presidente. Em um capítulo destinado apenas a descrever o assassinato, Ustra relata apenas que Mendes foi morto com "violentos golpes na cabeça", deferidos por Yoshitame Fujimore, outro membro da VPR, com a coronha de seu fuzil.

 




Soldados e meninos




Depois da troca de tiros na praça, soldados continuaram em Eldorado para impedir que o ex-capitão reaparecesse por ali. Moradores contam que os militares acampavam na ponte que passa sobre o rio Ribeira e liga a cidade a Sete Barras, ao norte. A ponte fica no quarteirão onde os Bolsonaro moravam. Os vizinhos Reinaldo e Lúcia Melo lembram os dias em que recebiam os pracinhas da operação para o almoço ou um cafézinho. - "O sargento de Guaratinguetá vinha tomar café em casa. Eles lanchavam, eu fritava uns bolinhos de chuva. Ficaram mais de uma semana acampados aí. As meninas iam lá conversar com eles e muitas ficaram grávidas depois. Meninos iam conversar também, tinham fascínio por esse negócio de arma", diz Lúcia na pequena sala onde cabos e sargentos pediam licença para entrar.

 



Os amigos de infância de Bolsonaro relatam como as crianças e adolescentes procuravam os soldados para saber se o "terrorista" já tinha sido capturado.

 


"Depois do tiroteio, estávamos conversando com um pracinha quando ele enroscou a arma no cinto e ela disparou. Pegou só no sapato dele, que ficou cravado no chão", ri Antônio Carlos, o colega de turma. "A gente era a favor do militarismo, nunca tivemos problema." Em versão bem conhecida da história – e repetida pelo próprio presidente –, um desses soldados entregou um panfleto sobre o alistamento militar para o jovem Jair.

 




O sonho da Presidência




João Evangelista, colega de colégio e parceiro de pescarias do presidente, diz que depois da fuga de Lamarca, Bolsonaro passou a repetir seu novo sonho: ir para o Exército. Três anos mais tarde, ele entraria na Academia Militar das Agulhas Negras.

 



"Depois disso daí, ele sempre falava que queria ir para o Exército. Achou bonito o trabalho deles."



Em Mito ou Verdade, Flávio Bolsonaro escreve como seu pai "conheceu e se encantou pelo Exército Brasileiro, quando sentiu tocar no seu coração a vontade de servir ao seu país".

 



Para um ex-prefeito da cidade, a influência da passagem de Lamarca na escolha de Bolsonaro é reforçada pela postura de sua família, que não era uma grande apoiadora da ditadura. Fernando Cláudio de Freitas, que administrou a cidade entre 1982 e 1988, era vereador pelo MDB quando Percy Geraldo Bolsonaro, pai de Jair, se candidatou à prefeitura pelo mesmo partido, em 1976. A sigla abrigava os opositores da ditadura. Percy Paiva tentou o cargo mais duas vezes – em 1982 e 1988, dessa vez pelo PDS (Partido Democrático Social), sucessor da Arena e extinto em 1993 –, mas nunca foi eleito. O pai de Bolsonaro foi fichado e monitorado pela ditadura em razão de sua candidatura pelo MDB. Documentos oficiais mostram que o Departamento de Ordem Política e Social (Dops), o Serviço Nacional de Informação (SNI) e o comando da Aeronáutica monitoraram suas atividades políticas e registraram o crime pelo qual ele tinha sido acusado, de exercício ilegal de profissão (medicina, odontologia ou farmácia). Sobre o ex-colega de partido, Freitas diz que era "um cara democrático, liberal e tranquilo".

 




Ele acredita que o caminho seguido por Bolsonaro foi ditado pelo episódio de Lamarca e cita seus irmãos como prova: "tanto é que os outros cinco seguiram caminhos diferentes". 



 

Só o caçula, Renato, foi militar. Depois de candidatar-se à Prefeitura de Miracatu por duas vezes e não ser eleito, e de ser exonerado do cargo de assessor especial da Assembleia Legislativa de São Paulo sob o argumento de que seria funcionário-fantasma, hoje ele administra lojas de móveis no Vale do Ribeira. Os outros irmãos também estão no comércio. Cláudio lembra que a oposição ao governo era feita "dentro da legalidade e da normalidade". Não havia ali defensores do comunismo ou socialismo, mas pessoas contrárias a ações do regime, como o desaparecimento de inimigos políticos. A disputa entre Arena e MDB era mais parecida a uma partida de futebol do que a um campo de batalha, ele compara.

 



Quando estava no Exército, Bolsonaro já dizia que queria ser presidente!





"Jair, então logo logo você vai ser presidente", disse um colega.

 


"Mas, é o meu sonho!" - ele respondeu: "Um dia ser presidente!"


 

João explica o contexto da conversa. Segundo ele, o colega dizia que, subindo rápido assim, um dia Jair poderia tornar-se general e assumir a Presidência do Brasil como Castelo Branco, Costa e Silva e Médici haviam feito. Um dia, Bolsonaro poderia tornar-se o comandante máximo do regime. "Naquela época, era o militarismo que tomava conta do Brasil. 1970 era o Garrastazu, Garrastazu Médici", ele explica.

 



"Jair disse: 'meu sonho é um dia ser presidente' só que naquela época era o militarismo. Porque era militar, né, general, coronel, que ia para a Presidência."





Para a maioria dos moradores entrevistados, a forte presença de quilombolas na região foi um dos motivos para que a votação de Bolsonaro não fosse tão expressiva em Eldorado. O presidente teve 54% dos votos contra 45% de Fernando Haddad (PT).

 




"O PT é forte aqui com os quilombos, as ONGs, e a igreja católica. Para mim o número foi vergonhoso, tinha que ter sido muito mais", diz a professora aposentada Mara Cristina de Freitas Cunha, mulher de Antônio Carlos, um dos velhos amigos de Bolsonaro. 

 



 




 

Ao perguntar a moradores por que escolheram seu conterrâneo para o cargo mais alto do país, o motivo que se destacava não era ideológico, mas econômico: "Esperamos que ele trabalhe para melhorar o Vale do Ribeira". Do outro lado, a preferência dos quilombolas por Haddad não vem apenas da proximidade do PT com movimentos sociais, mas da indignação que uma declaração de Bolsonaro causou. Em abril de 2017, já pré-candidato a Presidência da República, ele disse em uma palestra no Clube Hebraica, no Rio de Janeiro, que havia visitado um quilombo em Eldorado Paulista e seus habitantes "não faziam nada". "O afrodescendente mais leve lá pesava sete arrobas. Não fazem nada. Eu acho que nem para procriador ele serve mais. Mais de R$ 1 bilhão por ano é gasto com eles", discursou. O então deputado também afirmou que, se eleito, nenhum "centímetro" a mais seria destinado para reservas indígenas ou quilombolas. Leonila franze a testa quando a reportagem pergunta sobre as menções de Bolsonaro a seus amigos negros, citados para rebater acusações de racismo. Gotas de suor correm por debaixo de seus óculos enquanto ela aperta os olhos. "Isso pode ser lá onde ele nasceu, mas em Eldorado, não! Sempre foi separado. Hoje está menos, mas é porque está enrustido. Naquela época, se fosse do sítio e pobre era discriminado. Se fosse negro, pior ainda!" O pai de Leonila fazia parte da Congregação Mariana, uma associação pública de leigos católicos, e todo domingo caminhava por horas para ir a missa na cidade. Ele sempre levava os filhos, para quem recomendava: "não sentem na frente senão vão tirar vocês de lá". No carro, ao voltar do quilombo para Eldorado, onde hoje mora com uma prima, Leonila diz que ainda não se sente bem na cidade. Elas se mudaram há alguns anos, quando um tio adoeceu e precisou de tratamento no hospital local. Para explicar seu desconforto, lembra de uma procissão em que ela e outras duas mulheres negras foram escolhidas para carregar a imagem da santa. Ao deixarem a igreja, um grupo teria tirado a estátua de suas mãos. Leonila conhece os Bolsonaro. Quando Percy Geraldo Paiva chegou com a família a Eldorado, para administrar uma fazenda às margens do Ribeira, ela diz que o dentista pediu dinheiro emprestado a seu pai, então um inspetor de quarteirão. Sem conseguir pagar, Geraldo ofereceu seus serviços. Vários dentes de Leonila foram arrancados por ele:

 



"O pai era um homem muito humilde. Ele tinha um gabinete na cidade, bem organizadinho e bem pobrezinho. Essa aqui também tirou dente", ela diz, apontando para Virginia, sua prima, que senta a seu lado no pátio da Igreja do Abobral.

 



 

Fonte: https://www.bbc.com/portuguese/brasil-46845753



"Ainda Estou Aqui" - A história completa: o que de fato aconteceu com Rubens Paiva

 

Por Gabriel de Arruda Castro - 25/01/2025 às 21:46

 

 

 

Rubens Paiva (de terno escuro e gravata) participa de reunião com correligionários do PTB. 
(Foto: COARQ/SEDAU/Câmara dos Deputados)


 

 

Rubens Paiva foi preso dentro de casa em 1971. O corpo nunca foi encontrado. A guerra sangrenta que marcou o regime militar tem episódios ainda nebulosos e que talvez nunca sejam esclarecidos. Este não é o caso da prisão e da morte de Rubens Paiva, em 1971.Ainda não se sabe o que foi feito com o cadáver do ex-deputado. Mas é possível saber, para além de qualquer dúvida razoável, o que aconteceu com ele desde o momento em que foi retirado da sua casa no Leblon por militares da Aeronáutica, na manhã de 20 de janeiro. O episódio ocupa um papel central na trama de "Ainda Estou Aqui", indicado a três categorias do Oscar, e foi descrito em detalhes por testemunhas diretas.

 


A história começa com uma carta interceptada e termina com um carro incendiado em circunstâncias misteriosas.


 

Filho de família rica, membro do Partido Socialista Brasileiro



Rubens Beyrodt Paiva nasceu em Santos (SP), em dezembro de 1929. Ele vinha de uma família rica: o pai era empresário e ganhou dinheiro com as exportações de produtos agrícolas brasileiros. O futuro deputado federal se formou em Engenharia na Universidade Mackenzie, em São Paulo, e teve cinco filhos com Eunice Facciolla Paiva — que é interpretada por Fernanda Torres em "Ainda Estou Aqui". Os dois haviam se conhecido no colégio. Ainda no Mackenzie, Rubens Paiva se envolveu com o movimento estudantil. O jovem resolveu se filiar ao Partido Socialista Brasileiro (PSB), que — ao contrário do Partido Comunista — buscava a implementação do socialismo de forma gradual, "usando a estrutura institucional" da democracia. Em 1955, Rubens Paiva abriu a S/A Paiva Construtora. Com engenheiro, ele integrou um dos times que apresentaram projetos para o plano urbanístico de Brasília. Embora não tenham obtido sucesso (a equipe de Lúcio Costa seria a escolhida), Rubens Paiva e seus colegas participaram da construção de nove viadutos na capital e de empreendimentos como o Hotel Vila Rica, em São Paulo.



Paiva sacou arma para agentes do DOPS



Rubens Paiva foi eleito deputado federal pelo PTB em 1962, na primeira experiência como candidato. Ele deixara o PSB para aumentar suas chances de sucesso eleitoral. Aos 34 anos, o jovem parlamentar tomou posse no ano seguinte. Seu momento de maior destaque foi a participação na Comissão Parlamentar de Inquérito (CPI) que apurava o envio de recursos do governo americano para desestabilizar o governo João Goulart por meio do Instituto Brasileiro de Ação Democrática (Ibad).

 



Rubens Paiva tinha temperamento forte!

 



Em fevereiro de 1964, ele foi uma das duas mil pessoas presentes ao lançamento da Frente de Mobilização Popular, em São Paulo. O grupo pretendia reunir forças de esquerda para resistir ao que chamava de “ameaça golpista”. Durante um tumulto ao fim do evento agentes do DOPS (Departamento de Ordem Política e Social) levaram preso um professor da USP e sua mulher. Rubens Paiva subiu no capô da viatura para impedir que eles fossem levados. “Sou deputado federal! Soltem o casal que está nessa perua! Essa prisão é ilegal!”, ele gritava.

 



Os militares hesitaram e fizeram contato com os superiores pelo rádio. Eles receberam ordens de tirar Rubens Paiva do capô “a tapa”. Mas o deputado sacou o revólver que carregava, o que colocou fim à situação: sem querer criar um incidente sangrento com uma autoridade da República, os militares libertaram o casal.

 



A história é contada pelo premiado biógrafo Jason Tércio, em um livro publicado pela Câmara dos Deputados em 2014. O mandato do deputado socialista durou pouco. Logo depois que os militares assumiram o poder, em abril de 1964, ele foi cassado e se exilou na Iugoslávia até novembro. Em 1966, mudou-se de São Paulo para o Rio de Janeiro. Lá, ele foi diretor da Machado da Costa, uma grande empresa de engenharia. Quatro anos depois, passou a trabalhar para a Geobrás Engenharia e Fundações. Não há registro de que Rubens Paiva tenha feito parte de grupos armados. Assim como Fernando Henrique Cardoso, de quem era amigo, o ex-deputado acreditava que o conflito direto era uma estratégia infrutífera.

 



Ao mesmo tempo, é verdade que Paiva prestou apoio, inclusive financeiro, para que Helena Bocayuva, integrante do MR-8 (Movimento Revolucionário 8 de outubro), deixasse o Brasil rumo ao Uruguai. O MR-8 participou do sequestro do embaixador americano no Brasil, Charles Elbrick, em 1969.

 


Jason Tércio conta, sucintamente, outro favor de Rubens Paiva ao grupo: 



“Um dia ele (Paiva), entregou a Marco Antônio um caixote com armas, para que desse um sumiço ou fizesse o que considerasse mais adequado”.

 



O interlocutor era Marco Antônio Costa, ex-deputado federal e integrante do Partido Comunista Brasileiro. “O PCB era contra a guerrilha, e Marco Antônio repassou o caixote a seus colegas de clandestinidade, que o jogaram no mar pelo penhasco da avenida Niemeyer”, afirma Tércio.

 



A Carta interceptada levou militares a buscarem Rubens Paiva




O episódio da prisão de Rubens Paiva está indiretamente ligado ao sequestro do embaixador suíço Giovanni Enrico Bucher pela VPR (Vanguarda Popular Revolucionária), em 1970.O casal Luiz e Jane Viveiros de Castro estava entre os 70 presos libertados em troca da soltura do diplomata. Eles rumaram para o exílio no Chile.  

 

 

Em janeiro do ano seguinte, a mãe de Luiz, Cecília Viveiros de Castro, e a irmã de Jane, Marilene Corona Franco, foram visitar o casal. Elas voltaram juntas ao Brasil em 20 de janeiro de 1970. Escondidas sob a roupa, a dupla trazia consigo cartas dos exilados a familiares e amigos em território brasileiro. As duas foram abordadas por militares assim que desembarcaram no aeroporto. Não demorou para que as cartas fossem encontradas.

 

 


 

O informe do SNI (Serviço Nacional de Inteligência), produzido à época, registrou que “ao ser interrogada, Marilene declarou que as cartas que conduzia deveriam ser entregues no Rio, a um Sr. por nome RUBENS, que as faria chegar aos destinatários”. Ligado ao MR-8, Carlos Alberto Muniz seria o destinatário final da carta.Na denúncia que ofereceu contra os acusados de matar Rubens Paiva, em 2014, o Ministério Público Federal afirma que o material incluía "papéis com conteúdo político".


 

Não há consenso sobre o conteúdo da carta. Uma das versões afirma que o conteúdo tinha material para ser usado em publicações (clandestinas) do MR-8. Outra, defendida pelo historiador Luís Mir, de que havia “documentos” para o grupo guerrilheiro. Ao mesmo tempo, Mir afirma que a decisão de usar Paiva como intermediário da correspondência foi tomada por Helena Bocayuva e Luiz Viveiros de Castro “sem consulta a outros responsáveis da organização”.

 


Presa, Marilene foi obrigada a ligar para Rubens Paiva e avisar sobre a carta. A conversa estava sendo gravada pelos policiais, que buscavam confirmar se o ex-deputado estava em casa. Ele estava.



 

A prisão




Rubens havia voltado da praia e jogava gamão com Eunice quando militares da Aeronáutica bateram à sua porta. Marcelo Rubens Paiva, filho mais novo do ex-deputado e futuro escritor, ainda dormia. Sem que o ex-deputado resistisse, os agentes o conduziram a uma unidade da Aeronáutica — a III Zona Aérea (atual Comar 3), ao lado do aeroporto Santos Dumont. Cecília e Marilene já estavam presas na mesma unidade. Anos depois, elas afirmariam ter ouvido Rubens Paiva ser espancado numa sala. 








Ele também foi colocado frente a frente com Marilene para uma acareação. Segundo ela, só então ela associou o nome de Rubens Paiva a um rosto: por acaso, ela era professora do Colégio Sion, onde os filhos dele estudavam. A entrega da carta a ele seria um mero favor, comum entre familiares e amigos de militantes de esquerda. Da unidade da Aeronáutica, Rubens Paiva foi levado (assim como Cecília e Marilene) para DOI-CODI. 


 


A versão da fuga



No dia seguinte à morte de Rubens Paiva, um capitão do Exército escreveu um ofício ao chefe do DOI-CODI com um relato surpreendente: o ex-deputado na verdade havia sido resgatado por um grupo de guerrilheiros que abrira fogo contra uma viatura. A história dizia que, quando o ataque ocorreu, Paiva estava sendo levado para mostrar a casa de alguém que havia trazido cartas dos exilados no Chile. A libertação de Rubens Paiva à força teria acontecido de madrugada, em uma estrada sinuosa no Alto da Boa Vista. Numa atitude incomum, os militares divulgaram um comunicado sobre o incidente e chamaram a imprensa para fotografar o carro e dar visibilidade a um episódio que, do ponto de vista das Forças Armadas, poderia ser interpretado como uma humilhação. Segundo a versão apresentada, um dos tiros disparado pelos terroristas atingiu o tanque de gasolina e incendiou a viatura.

 



O informe original, assinado pelo militar Raymundo Ronaldo Campos, dizia: "Na pista de descida ao Alto da Boa Vista, lado da Usina, o Volks da equipe do DOI foi interceptado por dois Volks, um branco e outro verde ou azul-claro, que violentamente contornaram a frente do carro do DOI disparando armas de fogo."

 

O relato também trazia detalhes da suposta fuga do ex-deputado. “O Sr Rubem (sic) saiu pela porta esquerda, atravessou a rua refugiando-se atrás de um poste enquanto elementos desconhecidos, provavelmente terroristas, pelo tipo de ação desencadeada, disparavam de atrás dos carros sobre o nosso carro, ele corria para dentro de um dos carros os quais logo partiam em alta velocidade”.

 


De forma geral, a imprensa reproduziu a versão oficial sem colocá-la em xeque!

 

 


No Jornal do Brasil, a chamada era “Terroristas metralham automóvel da polícia e resgatam subversivo!Terror resgatou preso em operação-comando”, anunciava a capa da Tribuna da Imprensa.


 

A capa de O Globo trazia uma foto do Fusca incinerado e a manchete "Terror liberta subversivo de um carro dos federais"


 

A história também foi repetida na tribuna da Câmara dos Deputados pelo deputado Nina Ribeiro, da Arena - “A versão que se tem, veraz, do acontecido, foi a de uma colisão com o automóvel em que se encontrava Rubens Paiva. Por que houve o ataque a essa viatura? Por que desapareceu ele? É algo que V.Exa. não pode exigir do governo, no momento. O governo não é um ser ciclópico, onímodo, onipresente, capaz de mergulhar até nos desvãos, nos porões sombrios da subversão", ele disse. Ribeiro se dirigia ao colega Marcos Freire, do MDB, que mencionara a prisão de Paiva.

 

 


A versão da fuga, sustentada pelo Exército no julgamento do habeas corpus no Superior Tribunal Militar, foi usada para que o pedido fosse negado. Se Rubens Paiva fugira, não havia preso a libertar. 

 


Para Bolsonaro, Paiva foi morto por militantes de esquerda!



A versão de que Rubens Paiva fugira (ou fora levado à força) por guerrilheiros permaneceu popular em certos grupos pró-regime militar. Em 2012, o então deputado Jair Bolsonaro afirmou, em um discurso na Câmara, que Paiva havia sido morto pelo grupo de Carlos Lamarca. Mas, na interpretação de Bolsonaro, Paiva na verdade havia sido libertado pelos militares — e não retirado da viatura pelos terroristas.

 



“O grupo do Lamarca suspeitou que Rubens Paiva o havia denunciado. E esperaram o momento certo. Quando o Rubens Paiva foi detido pelo Exército, posto em liberdade, com toda a certeza, foi capturado e justiçado pelo bando do Lamarca e pelo bando da Esquerda, da VPR. E aí a culpa recai sobre as Forças Armadas, discursou o futuro presidente da República.De acordo com Bolsonaro, Lamarca tinha o apoio logístico do ex-deputado: “O Lamarca usava aquela região, indicada por Rubens Paiva, e bancado, financeiramente, por Rubens Paiva.”

 



Dois anos depois, Bolsonaro insistiu na tese e apresentou uma explicação mais detalhada: 




Ele afirmou que, "Paiva havia cedido uma propriedade rural para Lamarca e seus comparsas se instalarem, e que foi morto para não contar o que sabia aos militares.Do topo da cidade de Eldorado Paulista, cidade bastante pequena, via-se a chácara de Rubens Paiva, a montante do Rio Ribeira de Iguape, Fazenda Palmital, área de guerrilha, área onde Lamarca mobilizou. E fornecida por quem? Está na cara: Rubens Paiva deu a área de guerrilha para Lamarca", afirmou Bolsonaro.

 


O deputado, então no PP, prosseguiu: 



“Interessava ao Grupo VPR, de Dilma Rousseff, executar Rubens Paiva. Ele, que seria o delator, deveria ser justiçado.”

 



De fato, o pai de Rubens Paiva tinha 5 mil alqueires de terra em Eldorado Paulista ainda em 1941. Mas o uso da área para atividade de guerrilha não aparece nos relatórios das Forças Armadas sobre a prisão do ex-deputado. A versão apresentada por Bolsonaro, que foi criado em Eldorado Paulista e morava na cidade quando o grupo de Lamarca passou por lá, não parece ser referendada pelos militares que investigaram Rubens Paiva. O informe do SNI, datado de 25 de janeiro, registra a prisão de Rubens Paiva e fala das cartas vindas do Chile, mas não menciona a suposta fuga.  A reviravolta definitiva na versão oficial aconteceu apenas em novembro de 2013. Em depoimento à Comissão da Verdade do Estado do Rio de Janeiro, o coronel reformado Raymundo Ronaldo Campos admitiu que a cena foi montada de forma intencional, depois da morte de Rubens Paiva. Ele contou que ele e outros dois militares foram de viatura até o Alto da Boa Vista. Então, eles dispararam contra o carro e atearam fogo no veículo. A ordem para a encenação teria partido do major Francisco Demiurgo Santos Cardoso com o objetivo acobertar a morte de Rubens Paiva.




Destino do corpo continua desconhecido



Ao longo dos anos, surgiram diferentes versões sobre o destino do corpo de Rubens Paiva: 



-Lançado ao mar 


-Jogado em um rio (qual?).


-Sepultado como indigente no Cemitério do Caju (fácil de confirmar por DNA).


-Enterrado em uma área de mata no Alto da Boa Vista (possível de rastrear).

 


A ausência de um cadáver atrasou a emissão do atestado de óbito, que só foi emitido em 1996. Posteriormente, o documento foi alterado para incluir a informação de que ele foi morto violentamente pelo Estado brasileiro. Em 2014, o Ministério Público Federal ofereceu denúncia contra cinco militares acusados de envolvimento no assassinato do ex-deputado: José Antônio Nogueira Belham, Rubens Paim Sampaio, Raymundo Ronaldo Campos, Jurandyr Ochsendorf e Souza e Jacy Ochsendorf e Souza. Outros quatro militares que já haviam morrido à época da denúncia também são citados como responsáveis pela morte: Antonio Fernando Hughes de Carvalho (que teria sido o principal torturador de Rubens Paiva), Freddie Perdigão Pereira, Ney Fernandes Antunes e João Paulo Burnier. Depois de idas e vindas, o processo tramita atualmente no STF (Supremo Tribunal Federal). A versão anterior desta reportagem afirmava que o pai de Rubens Paiva, Jaime, foi membro do PSB. Na verdade o pai era membro da Arena. Cid Franco, professor de português e figura influente na vida de Rubens Paiva, é quem pertencia ao PSB.

 


 

"Rubens Paiva, um falso mártir" (mitos e fatos do texto anônimo que circula nas redes sociais):




 


*(Autoria desconhecida - o que está destacado em vermelho, carece de confirmação)

 

 

Pouca coisa pode ser mais hedionda do que a Tortura. A tortura é a máxima expressão da Patifaria, da Vilânia, da Covardia. Costumo dizer que o torturador não tem alma. É um ser que perde sua centelha divina.

 


O caso Rubens Paiva voltou a mídia através do laureado filme "Ainda estou aqui".  Mas quem era esse personagem, cujo o filme retrata um mártir, um Tiradentes moderno que morreu pela nossa Liberdade. Nada mais falso! O deputado Rubens Paiva, eleito pelo PTB, na verdade era um militante do PCB (Partido Comunista Brasileiro), Paiva além de político, era engenheiro de formação, e por ter uma empresa, que possuía fluxo de caixa rotativo, foi designado como "lavador de dinheiro" do Partido Comunista (carece de confirmação).

 


Para quem não sabe, o PCB era na verdade um partido subsidiado, ou seja uma filial, do Partido Comunista da União Socialista Soviética (P.C.U.S.S.). Essa agremiação recebia dinheiro de Moscou, via Montevideu, na época o Uruguai era um dos poucos paraísos fiscais por onde entrava dinheiro clandestino na América do Sul (carece de confirmação). A bem da verdade, a URSS nunca financiou diretamente a luta armada no continente. No final dos anos 1950, Nikita Kruschev, líder soviético e o presidente americano Eisenhower haviam feito um acordo em que a União Soviética não promoveria ações clandestinas, leia-se guerrilhas e rebeliões  no Ocidente, em contrapartida os Estados Unidos fariam o mesmo nas áreas de influência dos soviéticos. Por esse motivo, o PCB fora proibido por Moscou a participar, promover, ou financiar a Luta Armada no Brasil.

 



Mas, entre 1965 e 1973, existiram no nosso país trinta e três (33) grupos guerrilheiros que foram à luta para combater o Regime Militar (carece de confirmação). Eles promoveram uma série de ataques a instalações militares, atentados terroristas, explosões em aeroportos, sequestro de diplomatas, sequestro de aviões, que foram desviados para Cuba. Eles mataram diversos trabalhadores em filas de banco, entre outras ações de guerrilha urbana. Formaram grupos de guerrilha rural, no Araguaia (FOGUERA) do PCdoB (Partido Comunista do Brasil, uma dissidência do PCB financiado pela China) e no Vale do Ribeira,  a VPR (Vanguarda Popular Revolucionária) de Carlos Lamarca. E foi justamente com a VPR, que Rubens Paiva se envolveu. Como lavador de dinheiro do Partido Comunista Brasileiro, Paiva passou "a financiar" as ações da VPR (carece de confirmação), uma das mais ousadas e terríveis organizações de esquerda.


A Vanguarda Popular Revolucionária foi responsável por atentados, explosão no consulado americano em São Paulo, assassinatos, ataques a sedes da PMSP, assaltos com morte a bancos entre outros atos. A VPR tinha como base, um sítio de Paiva na região de Juquitiba, uma área de floresta fechada, no sul do Estado de São Paulo. Juquitiba é um lugar isolado. Um resto de Mata Atlântica que ainda existe no Brasil. Região de lagoas, de pequenas propriedades, onde a vida selvagem coabita. Nessas matas é possível encontrar sucuris, cervos e onças. Um paraíso ecológico muito perto da BR-116, um local perfeito para se montar um grupo guerrilheiro.

 


As ações violentas e ousadas de Lamarca chamaram a atenção das autoridades, e logo o Exército e a Polícia Militar começaram a fazer buscas na região. Apavorado com a chegada dos militares, Rubens Paiva pediu que Lamarca deixasse o sítio, o que enfureceu o guerrilheiro. Na discussão o terrorista ameaçou Rubens Paiva de morte. O que Paiva argumentou; "... se Moscou descobrir que eu desvio dinheiro, para financiar tuas ações, nós dois seremos homens mortos, se não pelas autoridades brasileiras, pela justiça soviética."Indignado Lamarca deixou o refúgio, se embretou na selva, deu combate à tropa da Polícia Militar, justiçou (matou) o tenente PM  Alberto MENDES Junior. O Diógenes do Jogo do Bicho (militante petista) também, participou do crime (carece de confirmação).

 


Mas, além da luta no campo, outro braço da VPR sequestrava aviões, eles desviavam aeronaves que faziam voos de longa distância, geralmente do nordeste para São Paulo. Logo depois de decolar, os terroristas anunciavam o sequestro e desviavam o voo para Cuba, a fim de exigir do governo a troca dos passageiros por prisioneiros políticos. Dezenas de aviões foram alvos da VPR. E foi por esse motivo que o CISA (Centro de Inteligência e Segurança da Aeronáutica) prendeu Rubens Paiva (carece de confirmação).

 


Sim, ele (Paiva),  foi detido em casa (supostamente e coincidentemente, por militares que se identificaram apenas verbalmente, como membros da Aeronáutica). Sim, ele foi preso e torturado. Provavelmente morreu na prisão. Seu corpo jamais foi encontrado. Uma vilania, um sofrimento sem fim para a família. Mas, longe do mártir que o filme tenta criar! Rubens Paiva foi um agente comunista que financiou o terror (carece de confirmação). O pior do Comunismo não é o Estado Totalitário, o cerceamento de direitos, o fim das individualidades, o controle estatal do modo de vida. O pior do Comunismo é ser um Regime Antropófago que para se manter precisa "matar, matar, matar e matar" por diversas gerações até que ele se sobreponha aos direitos individuais, se transformando no espírito coletivo. Era o que teria acontecido ao Brasil, se a turma do Rubens Paiva tivesse vencido a guerra. Tão hedionda quanto a Tortura é a Mentira Coletiva que tenta mudar a História construindo falsos heróis. Criando mártires para promover uma narrativa falsa e perigosa.



 




*O suposto autor Bráulio Flores desmentiu a autoria do texto numa publicação em sua conta oficial do Twitter, ele declarou: “Eu NUNCA escrevi um texto sobre o Deputado Rubens Paiva. Portanto, o texto que circula em grupos de WhatsApp não é de minha autoria.” (https://www.boatos.org/politica/braulio-flores-escreveu-um-texto-dizendo-que-rubens-paiva-e-um-falso-martir.html)



 

 

História: Quais foram os grupos guerrilheiros que atuaram durante a ditadura militar?


Por Gazeta do Povo

 

 

 

(Cartaz com dissidentes políticos, 1976 - Foto: Arquivo Público do Estado de São Paulo)

 

 

Dois anos após o começo do regime militar no Brasil, grupos armados de esquerda começaram uma articulação que colocou o país em um estado de guerra civil não-declarada. Entre 1966 e 1974, a esquerda armada roubou 3,8 milhões de dólares — valor que fez da guerrilha brasileira a mais rica do mundo na época. No auge das ações, entre 1968 e 1971, os militantes assaltaram 154 bancos e carros-fortes.

 


A atuação também envolvia atentados (terroristas):




Os grupos realizaram cerca de 40 atentados a bomba, sequestraram oito aviões comerciais e quatro diplomatas (único momento da história em que houve sequestro de embaixadores no Brasil).



 






Abaixo, os principais grupos da esquerda armada brasileira e suas ações durante o regime militar.

 



1)-Aliança Libertadora Nacional (ALN)



Umas das principais organizações da esquerda armada, a Aliança Libertadora Nacional (ALN) foi criada em 1968 por Carlos Marighella, Joaquim Câmara Ferreira e Virgílio Gomes da Silva, dissidentes do Partido Comunista Brasileiro (PCB). O objetivo do grupo era combater o regime militar com luta armada e instaurar um “governo popular revolucionário” no Brasil.

 




A origem do grupo está na dissidência de Marighella ao PCB. Em 1966, ele publicou um artigo defendendo a luta armada para instaurar um regime de esquerda no Brasil. A ideia era contrária aos objetivos do PCB, que defendia vias pacíficas. No ano seguinte, Marighella foi expulso do PCB e, um ano depois, criou a ANL.

 


O grupo operava como guerrilha urbana, recorrendo a assaltos a bancos para a obtenção de fundos 



A organização também foi responsável por atentados com explosões e sequestro de embaixador norte-americano, Charles Burke Elbrick, e do embaixador alemão Ehrenfried von Holleben, trocado por 44 presos políticos. A ALN aplicava táticas de guerrilha também aos membros internos: militantes considerados traidores ou dissidentes eram executados nos chamados “justiçamentos”. A ALN começou a enfraquecer após a morte de Marighella, em 1969. O processo de dissolução começou em 1971, com a prisão de Joaquim Câmara Ferreira, último líder da organização. Após o fim da ALN, uma parte dos remanescentes ingressou no PCB e outra parte entrou para a equipe da revista Debates, publicada no exterior. Esta última facção deu origem à União dos Comunistas.

 


2)-Vanguarda Popular Revolucionária (VPR)



Movimento político-militar, a Vanguarda Popular Revolucionária (VPR) era formada majoritariamente por estudantes e ex-militares dissidentes da Política Operária (Polop) e ex-integrantes do Movimento Nacionalista Revolucionário (MNR).A VPR se organizava em células de três militantes que não tinham comunicação umas com as outras. Um membro de cada célula integrava um escalão superior, também formado por três pessoas. Essa sucessão seguia até o nível mais alto da organização.


 

Assim como a maioria dos grupos de esquerda armada, a VPR praticava assaltos a bancos para financiar as atividades. O grupo teve participação no sequestro do embaixador alemão Ehrenfried von Holleben, realizado em 1970, em uma ação conjunta com a ALN.

 


A organização focava em ações militares 



Na mais famosa delas, em 1969, o capitão do Exército Carlos Lamarca passou para a clandestinidade levando 63 fuzis FAL, dez metralhadoras Ina e munição do quartel do 4º Regimento de Infantaria, em Quitaúna, São Paulo. Principal capitão da VPR, Lamarca rompeu com a organização em 1971 e passou a integrar o MR-8.

 



A VPR sofreu crises internas devido a discordâncias de atuação. O setor militar defendia a luta armada, enquanto o setor intelectual afirmava que era necessário um trabalho inicial de conscientização lenta e gradual das massas. As divergências levaram à fusão, em 1969, da VPR com o Comando de Libertação Nacional (Colina), dando origem à Vanguarda Armada Revolucionária - Palmares (VAR-Palmares).

 

O grupo encerrou as atividades após 1972, quando José Anselmo dos Santos, o cabo Anselmo, assumiu a liderança. Suspeito de ser policial infiltrado, Anselmo foi o único sobrevivente de uma ação policial que dizimou seis membros da VAR em Recife naquele mesmo ano.

 


3)-VAR-Palmares



A Vanguarda Armada Revolucionária - Palmares (VAR-Palmares) foi uma organização político-militar surgida a partir da fusão entre o Comando da Libertação Nacional (Colina), a Vanguarda Popular Revolucionária (VPR) e outros grupos revolucionários do Sul do país e da Bahia.



 

A ação mais famosa do VAR-Palmares foi o roubo ao cofre do ex-governador de São Paulo, Adhemar de Barros, que rendeu ao grupo pelo menos 2,5 milhões de dólares. O também grupo planejou o sequestro do Ministro da Fazenda, Delfim Neto, mas membros foram presos antes da ação.

 


O grupo surgiu durante o ápice do embate entre o regime militar e a esquerda armada, em 1969. Mas a organização teve vida curta: foi desmantelada pelo recém-criado órgão de inteligência do exército, Destacamento de Operações de Informação - Centro de Operações de Defesa Interna (DOI-CODI). Ao mesmo tempo, divergências quanto à estratégia militar levaram ao êxodo da maioria de seus integrantes, que retornaram à VPR. Desestruturada e impossibilitada de desenvolver ações armadas, com seus líderes presos ou mortos pela polícia, a VAR-Palmares chegou ao fim em 1971.

 



4)-MR-8



Batizado em homenagem à data da morte de Ernesto “Che” Guevara, o Movimento Revolucionário 8 de Outubro (MR-8) foi a denominação de dois movimentos de guerrilha. O primeiro era formado por dissidentes do PCB no estado do Rio de Janeiro e foi dizimado pela polícia em agosto de 1969. O segundo, também formado por dissidentes do PCB, permanece até hoje.



 

De forma similar à ALN, o MR-8 foi criado porque membros do PCB não concordavam com a abordagem pacífica do partido. A operação da organização também era similar à outra: se valiam de assaltos a bancos para obter recursos financeiros. O MR-8 participou também do sequestro do embaixador norte-americano Charles Burke Elbrick, juntamente com o ALN, em troca da libertação de prisioneiros militantes.

 


A permanência do nome MR-8, após a derrota do grupo original, foi uma tentativa de desmoralizar a polícia — objetivo central da organização. Isso se refletia em uma das ações do grupo: assaltos a quartéis. O MR-8 começou a mudar em 1971, com a morte de Carlos Lamarca, que havia tentado instaurar núcleos de guerrilha no interior da Bahia. A partir disso, o movimento passou a defender a as liberdades democráticas, bem como a formação de uma frente popular pela redemocratização do país. Uma das ações neste sentido foi a entrada no Movimento Democrático Brasileiro (MDB), após a extinção do bipartidarismo, em 1979. Agora, os dias de esquerda armada do MR-8 ficaram para trás. Com o alinhamento ao MDB, o grupo passou a adotar o pacifismo e se afastar dos ideias comunistas, o que lhe rendeu acusações de dissidentes de ter virado à direita. O objetivo passou a ser aproximar da juventude, promovendo um encontro nacional de jovens e apoiando o Rock in Rio. No campo político, a organização segue apoiando o MDB e seus candidatos. Uma parte do grupo ajudou o Partido Pátria Livre (PPL), que lançou João Goulart Filho nas eleições presidenciais de 2018, mas depois foi incorporado ao PCdoB.


 

5)-Partido Comunista Brasileiro (PCB)



Fundado em 1922, o Partido Comunista Brasileiro (PCB) tinha como objetivo promover a revolução proletária no Brasil e conquistar o poder político para instaurar o sistema socialista (ditadura do proletariado).








Considerado o partido mais antigo do Brasil, teve a maior parte da sua existência na ilegalidade.Durante os primeiros anos do regime militar, o PCB passou por uma crise interior devido à estratégia de embate aos militares. Um grupo de dissidentes, liderado por Carlos Marighella, acusava o partido e o líder Luis Carlos Prestes de não terem se preparado para dar início à luta armada. Após a polícia apreender cadernos de Prestes contendo os contatos que ele estabelecia com personalidades políticas de outros partidos, sua liderança enfraqueceu e o partido descentralizou. Em 1968, o PCB participou da articulação da Passeata dos Cem Mil, manifestação realizada no Rio de Janeiro que contou com a participação de cerca de cem mil pessoas. O objetivo era protestar contra uma ação da polícia alguns dias antes no Centro da cidade, que havia atingido estudantes e populares. A passeata foi promovida pelo movimento estudantil e reivindicava o restabelecimento das liberdades democráticas, a suspensão da censura à imprensa e a concessão de mais verbas para a educação. Defensor de vias pacíficas para a instauração do socialismo no Brasil, o PCB se posicionou contra ações da esquerda armada, como o sequestro do embaixador norte-americano, Charles Burke Elbrick, praticado pela ALN e o MR-8.

 



Após o fim do bloco soviético no contexto mundial, o PCB passou por uma reformulação ideológica e partidária. Em congresso realizado em 1992, foi abolido o modelo partidário marxista-leninista, junto com a foice e o martelo, símbolos tradicionais do comunismo, assim como o nome e a sigla do partido. De acordo com eles, o partido não estaria sendo extinto, mas se transformando, dando origem ao Partido Popular Socialista (PPS).

 



Muitos membros, entre eles Paulo Cavalcanti e Oscar Niemeyer, não aceitaram a decisão e recorreram à Justiça! 




No mesmo dia da extinção, o grupo organizou um novo congresso, decidido a manter o nome, a sigla e o mesmo símbolo do partido. Nas eleições de 1998, o PCB integrou a coligação de partidos de esquerda que apoiou a candidatura de Luís Inácio Lula da Silva (PT). Após apoiar a reeleição de Lula para a presidência, o PCB rompeu com o governo sob o argumento de que ele estaria dando continuidade à política neoliberal.

 


6)-Organização Revolucionária Marxista - Política Operária (Polop)



Formada em 1961 principalmente ex-militantes trotskistas e ex-militantes comunistas, a Organização Revolucionária Marxista - Política Operária (Polop) era constituída majoritariamente por intelectuais e estudantes de São Paulo, Minas Gerias e Rio de Janeiro. O objetivo do grupo era criar condições para o surgimento de um partido revolucionário da classe operária.



 

Sua atuação era de base intelectual, buscando promover a propaganda e a agitação das massas. Nesse sentido, a Polop destacou-se pela influência que exerceu sobre outros grupos marxistas. O grupo procurava contestar a hegemonia político-ideológica do Partido Comunista Brasileiro (PCB).

 



No pós-1964, o núcleo da Polop no Rio de Janeiro foi desarticulado após o Centro de Informações da Marinha (Cenimar) infiltrar agentes em suas reuniões. Em 1965, a Polop entrou em crise quando um grupo da Polop de Minas Gerais passou a contestar as diretrizes da organização.Em 1967, nova crise interna surgiu entre o grupo de São Paulo, que acusava a direção da Polop de inércia e de inabilidade para capitalizar a crise deflagrada no PCB com a expulsão de Carlos Marighella e outros. Esse grupo defendia a luta armada e tornou-se dissidente, posteriormente dando origem à VPR.

 



7)- Comando de Libertação Nacional (COLINA)

 



Criado em 1967, em Minas Gerais, por dissidentes mineiros da Polop, o Comando de Libertação Nacional (COLINA) era integrada majoritariamente por jovens estudantes universitários.

 



Como as demais organizações da esquerda armada, defendia a ação armada para libertar o Brasil da “opressão e ditadura” e, posteriormente, criar o partido revolucionário da classe operária. A organização defendia a atuação em duas frentes: articulação urbana a partir da classe estudantil e operária e, no campo, a partir da tática de guerrilha. O objetivo dessas articulações era formar um exército popular.



 





Em março de 1969, o COLINA realizou sua primeira ação, um atentado sindicato dos bancários, que encontrava-se sob intervenção devido a uma greve da categoria. O grupo explodiu bombas nas casas do delegado e do interventor em apoio aos grevistas. No mesmo ano, assaltou uma agência do Banco Comércio e Indústria de Minas Gerais e o Banco do Brasil, em Contagem, Minas Gerais.

 






O COLINA teve a participação de nomes de destaque, como: 



-O sociólogo mineiro Juarez Guimarães de Brito  


-A ex-presidenta Dilma Rousseff, que participou da organização sob o nome de Wanda. 



Em 1969, o grupo uniu-se à VPR com o objetivo de fortalecer a esquerda, mas a aliança acabou em discordâncias sobre a sua atuação. Divergências internas levaram à fusão com outros grupos do sul do país e da Bahia, dando origem à VAR-Palmares.

 



Fonte: Gazeta do Povo




 

 

CRONOLOGIA DAS MORTES DE LAMARCA E RUBENS PAIVA



 

(foto reprodução: Lamarca e Paiva)



-No ano de 1969, depois de uma visita a Santiago, para ajudar a exilada Helena Bocayuva Cunha, filha de seu amigo Bocayuva Cunha, e militante do MR-8 (Movimento Revolucionário 8 de Outubro), que fora implicada no sequestro do embaixador Charles Burke Elbrick, Rubens Paiva voltou para o Brasil. Algum tempo depois, pessoas que traziam uma carta de Helena Bocayuva endereçada a Rubens Paiva, foram presas pelos órgãos da repressão política.





-Os agentes suspeitaram que Rubens Paiva fosse o contato de "Adriano", codinome de Carlos Alberto Muniz, militante do Movimento Revolucionário Oito de Outubro (MR-8) e contato de Carlos Lamarca, na época o homem mais procurado do país. Na esperança de prender "Adriano" e consequentemente chegar a Lamarca, seis homens que disseram pertencer à Aeronáutica, armados com metralhadoras, invadiram a casa de Rubens Paiva no Rio de Janeiro, em 20 de janeiro de 1971, para prendê-lo, sem contudo, apresentar um mandado de prisão!

 

 

-Eunice, sua esposa, também foi detida no mesmo dia, juntamente com sua filha Eliana, a qual foi solta no dia seguinte, tendo sido deixada na Praça Saens Peña, na Tijuca.

 

 

-Em 1971, a repressão do regime militar às guerrilhas armadas e terroristas, prendeu Rubens Paiva, suspeitando de envolvimento com o guerrilheiro Carlos Lamarca (o grupo do Lamarca suspeitava que Rubens Paiva poderia denunciar algo sob tortura. Um ex-dirigente do MR-8, um dos grupos da luta armada contra o regime militar, Carlos Alberto Muniz, tinha encontros esporádicos com Rubens Paiva).



-Rubens Paiva foi morto entre os dias 20 e 22 de janeiro de 1971.



-Carlos Lamarca, um militar, desertou em 1969, tornando-se um dos comandantes mais violentos da Vanguarda Popular Revolucionária (VPR), organização de guerrilha armada da extrema-esquerda, que combatia o regime militar com armas, sequestros, roubos, e apoio a atentados terroristas. Caçado implavelmente pelas forças de Segurança Nacional por todo o país, devido sua periculosidade, ele comandou diversos assaltos a bancos, montou um foco guerrilheiro na região do Vale do Ribeira, sul do estado de São Paulo, e liderou o grupo que sequestrou o embaixador suíço Giovanni Bucher no Rio de Janeiro, em 1970, em troca da libertação de 70 presos políticos. Lamarca foi localizado e morto no interior da Bahia em 17 de setembro de 1971 (coincidentemente, no mesmo ano da morte de Rubens Paiva, após infrutíferas tentativas anteriores, e após o episódio da interceptação da carta de Helena Bocayuva endereçada a Rubens Paiva. Não estamos fazendo nenhuma afirmação, mas este caso está igual à aquele do pai que leva a filha para ser examinada pelo ginecologista, pra saber se ela ainda era virgem - Quando o pai ao final do exame perguntou: e ai doutor, ela ainda é virgem?...o médico disse: éee né...mas tem rastro de P... em tudo quanto é canto!).

 


Fonte: Wikipedia




 

Me perguntaram se assisti “Ainda Estou Aqui”


Por Adolfo Sachida




 



Minha resposta foi direta: "Sim, infelizmente, tenho assistido a esse episódio há mais de um ano!"



-Eu sou a viúva de Clezão, preso injustamente e morto na Papuda. Eu ainda estou aqui!



-Eu sou Débora, cabeleireira, esposa, e mãe de dois filhos, que escreveu "Perdeu, Mané" com batom em uma estátua e fui condenada a 17 anos de prisão. Eu ainda estou aqui!



-Eu sou o vendedor de algodão doce, que estava na Esplanada dos Ministérios trabalhando no dia 8 de janeiro e fui preso por engano. Eu ainda estou aqui!



-Eu sou o morador de rua que pedia comida e também fui preso injustamente. Eu ainda estou aqui!



-Eu sou o autista que trabalha em um lixão e que, por estar presente no dia 8 de janeiro, sou obrigado a usar tornozeleira eletrônica. Eu ainda estou aqui!



-Eu sou Felipe Martins, preso injustamente por seis meses por uma viagem que nunca fiz (e que, mesmo se tivesse feito, não seria crime). Eu ainda estou aqui!



-Eu sou a mãe de seis filhos e esposa de um caminhoneiro que viajou a Brasília para entregar mercadorias. Enquanto esperava o caminhão ser carregado, meu marido foi à Esplanada e hoje está condenado a mais de 15 anos de cadeia. Eu ainda estou aqui!



-Eu sou uma menina de 3 anos. Eu sou um menino de 6. Somos crianças órfãs de pais vivos. Nossos pais nunca pegaram em armas, nunca cometeram crime algum, mas hoje estão condenados a mais de 15 anos de prisão. Nós ainda estamos aqui!



-Eu sou um brasileiro comum, que vê a classe artística e os jornalistas serem TIGRÃO com uma ditadura que acabou há 50 anos, mas TCHUTCHUCA diante dos desmandos que acontecem hoje no Brasil. Eu ainda estou aqui!



 





-Eu sou um advogado, chocado com o silêncio ensurdecedor da OAB diante de tantos absurdos jurídicos, condenações e penas desproporcionais. Eu ainda estou aqui!



-Eu sou um brasileiro comum, que hoje tem medo de escrever um texto na internet criticando uma autoridade pública, temendo ser preso por crimes que não existem...

 



Eu ainda estou aqui!

 

 

 








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Anônimo
27 de dezembro de 2024 às 04:32

Que post infeliz e insensível. Não vou nem me dar ao trabalho de ler todos esses delírios e não tem como falar com quem está disposto a não ouvir. Não desejo o que as pessoas torturadas passaram pra ninguém, nem pra quem apoia tais maldades. Mas, em perspectiva, se fosse alguém de sua família ou que você ama, talvez você não apoiasse essas coisas tão veementemente.

Anônimo
27 de dezembro de 2024 às 09:25

indiginações seletivas e "insensíveis" a parte, não vi nenhuma nota de repúdio, ou sensibilidade do(a) leitor(a) acima com relação aos presos do 8 de janeiro, incluindo uma mãe de familia com filhos menores, condenada a 17 anos de prisão por ter pintado uma estátua com baton, enquanto isso o crime organizado segue livre e solto em nosso pais...realmente, é muita insensibilidade...diria até comovente a desse leitor (a).

Anônimo
3 de março de 2025 às 08:55

Fato: No fim das contas, "a única coisa que ainda está aqui" é o viés ideológico falando mais alto do que qualquer outra coisa!

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