Resolvi fazer esta postagem por testemunhar pessoalmente a partilha/desabafo, de certa forma negativa, de uma criança que fez recentemente a primeira comunhão (Abril/2023) e sente-se constrangida em ir a missa "porque não gosta do sabor da Hóstia". Essa postagem não visa fechar o assunto, mas despertar soluções e adaptações de linguagem para melhor entendimento, entre os Coordenadores e catequistas de crianças. O Sacramento da Eucaristia é o sinal da unidade, o banquete pascal onde Jesus se faz presente de TRÊS FORMAS: pela assembleia reunida em seu nome (cf. Mateus 18,20), na proclamação e escuta da palavra(cf 1 João 3,24; Luc 10,16) e está presente, por excelência, nas espécies consagradas (cf. Mc 14,22;1 Cor.11,27-29), onde nossa alma comunga e se enche do próprio autor da graça (Jesus), nos dando o penhor da vida eterna. O ritual da missa é memorial ordenado por Jesus (cf. Lucas 22,19) o qual atualiza o sacrifício que Jesus ofereceu ao Pai na cruz, em favor DE TODOS OS PECADORES (e não apenas por uma classe social), mas, a presença na espécie consagrada é REAL (cf. Mc 14,22; 1 Cor.11,27-29;João 6,50-66) porém, é insensível a natureza e sentidos humanos, pois é um "mistério sobrenatural".
Claro que "ninguém explica plenamente", mas apenas parcialmente, um mistério, pois se explicasse plenamente já não seria mais mistério! Mas ficam aqui as perguntas: será que nossas crianças tem esse mínimo entendimento? Será que nossos catequistas tem esse mínimo entendimento de tão grande mistério para poder adaptar na linguagem das crianças? Será que nossos catequistas conseguem explicar que a presença eucarística não é por TRANSFORMAÇÃO DA MATÉRIA, (como nas bodas de Caná da Galileia) mas a mudança atua na substância, os acidentes permanecem, por isso TRANSUBSTANCIAÇÃO por Conversão, ou ANTONOMÁSIA (ocupação), como diz o nosso catecismo no Nº 1373-1377.1413 ? Será que entendem que o mistério da Transubstanciação e presença real de Jesus na eucaristia, está em plena conexão com o mistério da ENCARNAÇÃO? Pois como explicar e entender "um Deus que não pode habitar ou limitar-se a espaços e templos" (cf. Jeremias 29, 14), vir habitar e limitar-se a um corpo? O corpo de Cristo? Como entender que Jesus ao encarnar-se não abandonou a Trindade, pois Ele mesmo revelou em João 14,19-20:
"Dentro de pouco tempo o mundo não me verá mais; entretanto, vós me vereis. Porque Eu vivo, e vós da mesma forma vivereis. E naquele dia, entendereis que Eu estou no meu Pai, e vós, em mim, e Eu, em vós"
Como entender esse grandioso "mistério da presença?" Como entender e explicar que quando Jesus morreu, ressuscitou e elevou-se ao Céu, "sua presença continua entre nós", conforme Ele mesmo revelou em Mateus 28,20:
"...e eis que Eu estou convosco todos os dias, até a consumação dos séculos"
Diante de tão grande mistério, só podemos nos render e aceitar pela fé que nos assegura: " para Deus nada é impossível (cf. Luc 1,37)" e o justo vive pela fé (cf. Hebreus 10,38).
Por que a "matéria da Hóstia Eucarística (pão)" é sem gosto e sem fermento?
Na Bíblia, o fermento é apresentado como um símbolo da propagação do pecado. Como o fermento que permeia todo o amontoado de massa, o pecado se espalha em uma pessoa, igreja, comunidade, ou uma nação, por isso o alerta das sagradas escrituras:
-Mateus 16,5-12: "Indo os discípulos para o outro lado do mar, esqueceram-se de levar pão. Disse-lhes Jesus: Estejam atentos e tenham cuidado com o fermento dos fariseus e dos saduceus. E eles discutiam entre si, dizendo: É porque não trouxemos pão. Percebendo a discussão, Jesus lhes perguntou: Homens de pequena fé, por que vocês estão discutindo entre si sobre não terem pão? Ainda não compreendem? Não se lembram dos cinco pães para os cinco mil e de quantos cestos vocês recolheram? Nem dos sete pães para os quatro mil e de quantos cestos recolheram? Como é que vocês não entendem que não era de pão que eu estava lhes falando? Tomem cuidado com o fermento dos fariseus e dos saduceus. Então entenderam que Jesus não estava lhes dizendo que tomassem cuidado com o fermento de pão, mas com o ensino dos fariseus e dos saduceus".
-Gálatas 5, 8-9: "Quem vos convenceu a agir assim, não procede daquele que vos chama. Por acaso não sabeis que apenas um pouco de fermento leveda toda a massa?"
PARA
ILUSTRAR E NOS AJUDAR, um fato baseado numa história real
Estava eu no carro conversando com minha afilhada a caminho do colégio, quando ela me perguntou "Tio, por que sempre que passamos em frente a uma igreja o Sr faz o sinal da cruz?" - Expliquei que faço aquele gesto, acima de qualquer outra crença, em sinal de respeito por saber que Jesus se encontra lá dentro no Sacrário da Igreja. Bom...Começaram a vir as perguntas... Resumo dessa história: fui obrigado a parar o carro e tentar explicar pra ela o que era “aquele pãozinho redondo (hóstia) que o padre dá para pessoas no meio da Missa" - nas palavras dela. No meu limitado conhecimento, tentei explicar que “Aquele pãozinho” era Jesus Cristo. Conversei, expliquei, demonstrei, nos mínimos detalhes tudo isso, pra ela não pensar que estaria “mastigando Jesus” somente por mastigar como se fosse apenas um simples biscoito.
Daí
surgiu mais uma pergunta: "Tio, e por que não é doce ou salgado? mas tão ruim e sem gosto?..."
A princípio, respondi o que muitas vezes eu já ouvira: "Não é para ter gosto algum! Não é para ter gosto de nada!” - Porém, parei uns segundos e voltei atrás...
Falei com ela que a hóstia tinha o gosto que cada pessoa gostaria de sentir quando está na intimidade com Deus. Falei que cada pessoa sente um gosto diferente dependendo de quanto acredita que aquilo “É” o próprio Papai do Céu ali escondido. Algumas pessoas simplesmente acham que é um pão e mais nada, por isso não sentem nada além do gosto de farinha. Outras, acreditam tanto que é Jesus, que dizem ter o gosto mais gostoso que já provaram! Pois tem o gosto de Deus, e é o pão dos anjos!
Foi ai que minha sobrinha, como toda criança em sua "escandalosa sinceridade" me disse a queima roupa:
"Tio,
a minha catequista também dizia que a hóstia tem o gosto de Deus, mas, nossa
tio! Se Deus tem esse gosto, então o gosto de Deus é muito ruim..."
Tentei mostrar pra ela que independente do que você sinta a primeiro momento, acreditando ou não, um dia, aquele pequeno pedaço de pão, terá o verdadeiro sabor e significados em nossas vidas! Todos irão buscá-lo e quando não o tiverem fará muita falta, por enquanto basta tomarmos desse pão pela fé, mesmo sem entender direito, pois o "justo vive pela fé" (cf. Hebreus 10,38). Quando cheguei em casa me perguntei:
-Será que estamos colocando toda responsabilidade sobre os ombros dos nossos catequistas? Até que ponto toda comunidade é responsável por essa catequese? Todos: pais, padrinhos, catequistas, lideranças, e os padres da Comunidade?...
-Como ajudar, e auxiliar nossos catequistas a dar uma melhor explicação sobre o "mistério Central da nossa fé Católica?"
*Sugestão: Os catequistas, e os próprios pais junto ao pessoal da liturgia, já próximo a celebração da primeira eucaristia, fazer não apenas uma vez, mas no mínimo TRÊS VEZES (pois sempre tem os que faltam, como essa criança, que só provou o sabor do pão eucarístico no dia da primeira eucaristia, e nada falaram pra ela que não tinha gosto algum, e que o essencial não é o gosto, mas a PRESENÇA) as crianças já experimentarem o gosto (sabor) da "espécie pão" (ainda não consagrado, explicando que o paladar será o mesmo, tanto para as espécies consagradas, ou não) fazendo isso nos últimos encontros da catequese infantil, esclarecendo o porque das espécies eucarísticas não terem gosto (doce ou salgado), e serem sem fermento (analogia a pascoa dos judeus, comida às pressas durante a libertação do Egito).Os momentos que precedem a primeira eucaristia, podem também, serem utilizados em orientar como se receber devidamente, com todo respeito e dignidade a sagrada eucaristia na fila da comunhão:
-Evitar conversas e cumprimentos na ida ou na volta da fila da Comunhão.
-Na fila da comunhão (na ida), ir repetindo mentalmente: "Sr Jesus que essa Eucaristia não se torne para mim causa de juízo e condenação, mas cura, libertação e salvação de minha alma, pois comungo não porque mereça, pois não sou dígno(a), mas porque necessito".
-Antes de receber a comunhão, fazer a devida reverência com a Vênia (encurvando ligeiramente para frente o tronco) diante do ministro. Lembrando que, "quem decide a forma de receber a eucaristia, se na boca, nas mãos, de pé ou joelhos é o comungante, e não o ministro". Se for receber na boca, colocar as mãos para trás, ou manter os dedos cruzados e fechados sobre a barriga, ou umbigo, para que o ministro entenda que você deseja receber diretamente na boca. Abrir a boca, inclinar-se um pouco para frente com a língua ligeiramente para fora para que o ministro ponha sobre ela. Quando o ministro disser: Corpo de Cristo! Diga Amém, e receba a comunhão.
-Na volta, após comungar, repita mentalmente: "Obrigado meu amado e bom Sr Jesus por me teres permitido comungar de teu corpo e sangue, mesmo indignamente! Sr Jesus eu creio, vos amo, vos adoro, e vos espero, e peço-vos perdão por aqueles que não creem, não vos amam, não vos adoram e nem vos esperam. Quero partilhar Sr da graça e dos frutos dessa santa comunhão com aqueles que me pediram orações, pela salvação minha e de minha família, e pela almas mais necessitadas do purgatório". Fique em silencio e deixe Deus falar ao seu coração.
O que podemos tirar como lição desse episódio? O que podemos aprender, corrigir, e melhorar na nossa catequese com as crianças?
A eucaristia Cristã, nos remete a páscoa Judaica. A Páscoa é uma festa
religiosa celebrada todos os anos entre judeus e cristãos do mundo inteiro. É a
festa da vida nova! A palavra páscoa vem do hebraico pêssah e significa pular,
passar, passagem. Sua origem é muito antiga, ao longo da história foi
ressignificada de acordo com a experiência de fé do povo do Antigo e do Novo
Testamento. As primeiras notícias que temos sobre a Páscoa vêm da tradição dos
pastores que faziam um ritual para pedir proteção divina ao seu rebanho de
ovelhas. Os hebreus celebravam a festa da Páscoa comendo o cordeiro pascal, os
pães ázimos, as ervas amargas e bebendo quatro copos de vinho. O cordeiro
lembrava que Deus poupou a casa dos hebreus, que estava marcada com o sangue, e
passou adiante, quando feriu os primogênitos dos egípcios e livrou os filhos de
Israel. Os pães ázimos (sem fermento e sem gosto), lembravam a pressa da saída do Egito. Na noite da
libertação, eles não tiveram nem tempo de deixar levedar o pão. As ervas
amargas lembravam como os egípcios haviam tornado amarga a vida dos hebreus,
com os duros trabalhos (Ex 1,14). Para os judeus, a Páscoa é memória; é
passagem da escravidão para a liberdade; passagem do Egito para a Terra
Prometida. Os cristãos deram à Páscoa judaica um novo sentido. Cristo é o
Cordeiro de Deus imolado na cruz e o pão e o vinho se transformam REALMENTE em seu Corpo
e Sangue. Por seu sacrifício, Cristo é o verdadeiro cordeiro pascal (Jo 19,36).
Ele destruiu o antigo fermento do pecado e tornou possível uma nova vida –
santa e pura – simbolizada na Eucaristia, pão sem fermento, SEM MISTURAS. Com a sua
ressurreição, a Páscoa se torna a passagem para a vida nova. Para os cristãos,
a Páscoa é passagem da cruz para a ressurreição; passagem da morte para a vida;
passagem da escravidão para a liberdade dos filhos de Deus. Cristo é a Páscoa
definitiva que nos convida à nova vida (cf. 1Cor 5,9-10).
Bento XVI explica a Eucaristia às crianças
“A minha
catequista, ao preparar-me para o dia da minha primeira Comunhão, disse-me que
Jesus está presente na Eucaristia. Mas, como? Eu não O vejo...”
Encontro do Papa Bento XVI com mais de cem mil crianças da
primeira Comunhão, 15-10-2005 - algumas das perguntas das crianças e
as respostas do Papa:
1)-André: Querido Papa, que recordação tens do dia da tua Primeira
Comunhão?
-Recordo-me bem do dia da minha Primeira
Comunhão. Era um lindo domingo de Março de 1936, portanto, há 69 anos. Era um
dia de sol, a igreja muito bonita, a música, eram muitas coisas bonitas das
quais me lembro. Éramos cerca de trinta crianças, meninos e meninas, da nossa
pequena cidade com não mais de 500 habitantes. Mas, no centro das minhas
recordações alegres e bonitas está o pensamento o mesmo já foi dito pelo vosso
porta-voz que compreendi que Jesus tinha entrado no meu coração, tinha feito
visita justamente a mim. E com Jesus, Deus mesmo está comigo. Isto é um dom de
amor que realmente vale mais do que tudo que pode ser dado pela vida; e assim
estava realmente cheio de uma grande alegria porque Jesus tinha vindo até mim.
E entendi que então começava uma nova etapa da minha vida, tinha 9 anos, e que
então era importante permanecer fiel a este encontro, a esta Comunhão. Prometi
ao Senhor, por quanto podia: "Gostaria de estar sempre contigo" e
pedi-lhe: "Mas, sobretudo permanece comigo". E assim fui em frente na
minha vida. Graças a Deus, o Senhor tomou-me sempre pela mão, guiou-me também
nas situações difíceis. E dessa forma, a alegria da Primeira Comunhão foi o
início de um caminho realizado juntos. Espero que, também para todos vós, a
Primeira Comunhão que recebestes neste Ano da Eucaristia seja o início de uma
amizade com Jesus para toda a vida. Início de um caminho juntos, porque
caminhando com Jesus vamos bem e a vida se torna boa.
2)-André: A minha catequista, ao preparar-me para o dia da minha
Primeira Comunhão, disse-me que Jesus está presente na Eucaristia. Mas como? Eu
não O vejo!
-Sim, não o vemos, mas existem tantas coisas
que não vemos e que existem e são essenciais. Por exemplo, não vemos a nossa
razão, contudo temos a razão. Não vemos a nossa inteligência e temo-la. Não
vemos, numa palavra, a nossa alma e todavia ela existe e vemos os seus efeitos,
pois podemos falar, pensar, decidir, etc... Assim também não vemos, por
exemplo, a corrente eléctrica, mas sabemos que existe, vemos este microfone
como funciona; vemos as luzes. Numa palavra, precisamente, as coisas mais
profundas, que sustentam realmente a vida e o mundo, não as vemos, mas podemos
ver, sentir os efeitos. A electricidade, a corrente não as vemos, mas a luz
sim. E assim por diante. Desse modo, também o Senhor ressuscitado não o vemos
com os nossos olhos, mas vemos que onde está Jesus, os homens mudam, tornam-se
melhores. Cria-se uma maior capacidade de paz, de reconciliação, etc...
Portanto, não vemos o próprio Senhor, mas vemos os efeitos: assim podemos
entender que Jesus está presente. Como disse, precisamente as coisas invisíveis
são as mais profundas e importantes. Vamos, então, ao encontro deste Senhor
invisível, mas forte, que nos ajuda a viver bem.
3)-Júlia:
Santidade, dizem-nos que é importante ir à Missa aos domingos. Nós iríamos com
gosto mas, frequentemente, os nossos pais não nos acompanham porque aos
domingos dormem, o pai e a mãe de um amigo meu trabalham numa loja e nós,
geralmente, vamos fora da cidade visitar os avós. Podes dizer-lhes uma palavra
para que entendam que é importante ir à Missa juntos, todos os domingos?
-Claro que sim, naturalmente, com grande
amor, com grande respeito pelos pais que, certamente, têm muitas coisas a
fazer. Contudo, com o respeito e o amor de uma filha, pode-se dizer: querida
mãe, querido pai, seria tão importante para todos nós, também para ti,
encontrarmo-nos com Jesus. Isto enriquece-nos, traz um elemento importante para
a nossa vida. Juntos encontramos um pouco de tempo, podemos encontrar uma
possibilidade. Talvez até onde mora a avó há uma possibilidade. Numa palavra
diria, com grande amor e respeito pelos pais, diria-lhes: "Entendei que
isto não é importante só para mim, não o dizem somente os catequistas, é
importante para todos nós; e será uma luz do domingo para toda a nossa
família".
4)-Alexandre: Para que serve ir à Santa Missa e receber a Comunhão...?
-Serve para encontrar o centro da vida! Nós
vivemos entre tantas coisas. E as pessoas que não vão à igreja não sabem que
lhes falta precisamente Jesus. Sentem, contudo, que falta algo na sua vida. Se
Deus permanece ausente na minha vida, se Jesus não faz parte da minha vida,
falta-me um guia, falta-me uma amizade essencial, falta-me também uma alegria
que é importante para a vida. A força também de crescer como homem, de superar os
meus vícios e de amadurecer humanamente. Portanto, não vemos imediatamente o
efeito de estar com Jesus quando vamos à Comunhão; vê-se com o tempo. Assim
como, no decorrer das semanas, dos anos, se sente cada vez mais a ausência de
Deus, a ausência de Jesus. É uma lacuna fundamental e destrutiva. Poderia falar
agora facilmente dos países onde o ateísmo governou por anos; como as almas
foram destruídas, e também a terra; e assim podemos ver que é importante,
aliás, diria, fundamental, nutrir-se de Jesus na comunhão. É Ele que nos dá a
luz, nos oferece a guia para a nossa vida, uma guia da qual temos necessidade.
5)-Ana:
Caro Papa, poderias explicar-nos o que Jesus queria dizer quando disse ao povo
que o seguia: "Eu sou o pão da vida"?
-Então deveríamos talvez, antes de tudo,
esclarecer o que é o pão. Hoje nós temos uma cozinha requintada e rica de
diversíssimos pratos, mas nas situações mais simples o pão é o fundamento da
nutrição e se Jesus se chama o pão da vida, o pão é, digamos, a sigla, uma
abreviação para todo o nutrimento. E como temos necessidade de nos nutrir
corporalmente para viver, assim como o espírito, a alma em nós, a vontade, tem
necessidade de se nutrir. Nós, como pessoas humanas, não temos somente um
corpo, mas também uma alma; somos seres pensantes com uma vontade, uma
inteligência, e devemos nutrir também o espírito, a alma, para que possa
amadurecer, para que possa alcançar realmente a sua plenitude. E, por
conseguinte, se Jesus diz eu sou o pão da vida, quer dizer que Jesus próprio é
este nutrimento da nossa alma, do homem interior do qual temos necessidade,
porque também a alma deve nutrir-se. E não bastam as coisas técnicas, embora
sejam muito importantes. Temos necessidade precisamente desta amizade de Deus,
que nos ajuda a tomar decisões justas. Temos necessidade de amadurecer
humanamente. Por outras palavras, Jesus nutre-nos a fim de que nos tornemos
realmente pessoas maduras e a nossa vida se torne boa.
6)-Adriano:
Santo Padre, disseram-nos que hoje faremos a Adoração Eucarística. O que é?
Como se faz? Poderias explicar-nos isto? Obrigado.
Então, o que é a adoração, como se faz,
veremos imediatamente, porque tudo está bem preparado: faremos algumas orações,
cânticos, a genuflexão e estamos assim diante de Jesus. Mas, naturalmente, a
tua pergunta exige uma resposta mais profunda: não só como fazer, mas o que é a
adoração. Eu diria: adoração é reconhecer que Jesus é meu Senhor, que Jesus me
mostra o caminho a tomar, me faz entender que vivo bem somente se conheço a
estrada indicada por Ele, somente se sigo a via que Ele me mostra. Portanto,
adorar é dizer: "Jesus, eu sou teu e sigo-te na minha vida, nunca gostaria
de perder esta amizade, esta comunhão contigo". Poderia também dizer que a
adoração na sua essência é um abraço com Jesus, no qual eu digo: "Eu sou
teu e peço-te que estejas também tu sempre comigo".
Lívia: Santo Padre, antes do dia da minha Primeira Comunhão
confessei-me. Depois, confessei-me outras vezes. Mas, gostaria de te perguntar:
devo confessar-me cada vez que recebo a Comunhão? Mesmo quando cometo os mesmos
pecados? Porque eu sei que são sempre os mesmos.
-Diria duas coisas: a primeira,
naturalmente, é que não te deves confessar sempre antes da Comunhão, se não
cometeste pecados graves que necessitam ser confessados. Portanto, não é
preciso confessar-te antes de cada Comunhão eucarística. Este é o primeiro
ponto. É necessário somente no caso em que cometes um pecado realmente grave,
que ofendes profundamente Jesus, de forma que a amizade é destruída e deves
começar novamente. Apenas neste caso, quando se está em pecado
"mortal", isto é, grave, é necessário confessar-se antes da Comunhão.
Este é o primeiro ponto. O segundo: embora, como disse, não é necessário
confessar-se antes de cada Comunhão, é muito útil confessar-se com uma certa
regularidade. É verdade, geralmente, os nossos pecados são sempre os mesmos,
mas fazemos limpeza das nossas habitações, dos nossos quartos, pelo menos uma
vez por semana, embora a sujidade é sempre a mesma. Para viver na limpeza, para
recomeçar; se não, talvez a sujeira não possa ser vista, mas se acumula. O
mesmo vale para a alma, por mim mesmo, se não me confesso a alma permanece
descuidada e, no fim, fico satisfeito comigo mesmo e não compreendo que me devo
esforçar para ser melhor, que devo ir em frente. E esta limpeza da alma, que
Jesus nos dá no Sacramento da Confissão, ajuda-nos a ter uma consciência mais
ágil, mais aberta e também de amadurecer espiritualmente e como pessoa humana.
Portanto, duas coisas: confessar é necessário somente em caso de pecado grave,
mas é muito útil confessar regularmente para cultivar a pureza, a beleza da
alma e ir aos poucos amadurecendo na vida.
No fim do Encontro o Santo Padre dirigiu
estas palavras:
Queridos meninos e meninas, irmãos e irmãs, no fim deste belo encontro, só mais uma palavra: obrigado! Obrigado por esta festa de fé. Obrigado por este encontro entre nós e com Jesus. E obrigado, é claro, a quantos fizeram com que esta festa fosse possível: os catequistas, os sacerdotes, as religiosas, a todos vós. Repito no final, as palavras do início de todas as liturgias e digo-vos: "A paz esteja convosco", isto é, o Senhor esteja convosco e, assim, a vida seja boa. Bom domingo, boa noite e até à próxima com o Senhor. Muito obrigado!
Roma, 15 de Outubro de 2005
Fonte:
https://opusdei.org/pt-br/article/bento-xvi-explica-a-eucaristia-as-criancas/
PONTIFICIUM OPUS A SANCTA INFANTIA - A EUCARISTIA E AS CRIANÇAS
De Sua Eminência o Senhor CARDEAL DARÍO
CASTRILLÓN HOYOS, Prefeito da Congregação para o Clero, publicamos a seguir
alguns parágrafos da sua videoconferência proferida no dia 8 de janeiro de
2005, na esperança que sejam úteis sobretudo para os sacerdotes comprometidos
no serviço pastoral em prol das crianças:
«O tempo
de Natal foi um período dedicado especialmente às crianças. Com efeito, o Deus
encarnado, o Emanuel, manifesta-se-nos com o um rosto de Criança; e Jesus,
quando se torna adulto, nos diz que o caminho para entrar no Reino dos Céus
passa pelo coração de uma criança: “Se... não vos tornardes como crianças,
nunca entrareis no Reino dos Céus” (Mat 18, 3).
Precisamente no “Angelus” do passado dia 6 de janeiro, solenidade da Epifania do Senhor, uma vez mais o Santo Padre confirmou a importância dos mais pequeninos na vida da Igreja, dizendo que «as crianças constituem o presente e o futuro da Igreja. Elas têm um papel ativo a desempenhar na evangelização do mundo e, mediante as suas orações, contribuem para salvá-lo e para melhorá-lo”. Como deixar de pensar, de modo especial neste Ano da Eucaristia, nas crianças: elas que frequentam as nossas paróquias e que são os primeiros destinatários da catequese. Recebemos as crianças, em primeiro lugar, na Pia batismal, quando são acompanhadas pela sua própria família; depois, encontramo-nos com elas frequentemente na paróquia, aonde vêm para participar nos cursos de catecismo, em preparação para a Primeira Comunhão!
Um grande
Papa canonizado pela Igreja, São Pio X, dedicou precisamente às crianças não
pouca atenção e esforço pastoral. No dia 8 de agosto de 1910 emanava-se o
Decreto “Quam singulari”, através do qual o Santo Padre Pio X estabelecia que
se podia admitir as crianças à Primeira Comunhão já a partir da idade de sete
anos.
Tratou-se de um acontecimento muito
importante para a pastoral das crianças, pois sem a necessidade de esperar mais
tempo, elas podiam assim aproximar-se da Comunhão Eucarística, depois de terem
recebido nas respectivas paróquias a devida preparação que lhes permitia
aprender os primeiros elementos fundamentais da fé cristã. Com efeito, já
naquela época a idade da discrição tinha sido estabelecida por volta dos sete
anos, quando a criança já consegue distinguir o pão comum do Pão eucarístico,
verdadeiro Corpo de Cristo.
Juntamente
com São Pio X, muitos de nós estão convencidos de que esta prática de permitir
que as crianças recebam a Primeira Comunhão já a partir dos sete anos de idae
confere à Igreja copiosas graças do Céu. Além disso, não se pode esquecer que
na Igreja primitiva o sacramento da Eucaristia se administrava até aos
recém-nascidos, imediatamente depois do Batismo, sob as espécies de umas poucas
gotas de vinho.
Permitir que as crianças possam receber
Jesus Eucarístico quanto antes possível representou, durante muitos séculos, um
dos alicerces mais firmes da pastoral destinada aos mais pequeninos no seio da
Igreja; este hábito foi restabelecido por São Pio X na sua época, tendo por
isso sido elogiado pelos seus Sucessores e, ainda mais vezes, pelo nosso Santo
Padre João Paulo II.
O cânone 914 do Código de Direito Canônico acolheu plenamente o
pensamento do Sumo Pontífice: “Os pais, em primeiro lugar, e aqueles que fazem
as suas vezes, assim como o pároco, têm a obrigação de procurar fazer com que
as crianças que já alcançaram o uso da razão se preparem convenientemente e se
nutram quanto antes, depois da Confissão sacramental, com este alimento
divino”.
Recentemente, o Santo Padre João Paulo II
voltou a refletir sobre aquela decisão de São Pio X, com palavras de admiração;
e fê-lo no seu livro intitulado: “Levantai-vos, vamos!”: “Um testemunho
comovedor de amor pastoral pelas crianças foi dado pelo meu predecessor São Pio
X, com a sua decisão acerca da Primeira Comunhão. Ele não somente reduziu a
idade necessária para aproximar-se da Mesa do Senhor, fruto este de que eu
mesmo gozei em maio de 1929, mas ofereceu também a possibilidade de receber a
Comunhão até mesmo antes de ter completado sete anos de idade, caso a criança
em questão demonstre um discernimento que se possa considerar suficiente. A
Sagrada Comunhão antecipada foi uma decisão pastoral que merece ser recordada e
elogiada. Ela produziu muitos frutos de santidade e de apostolado entre as
crianças, favorecendo o surgimento de mais vocações sacerdotais” (João Paulo II,
“¡Levantaos! ¡Vamos!”, Plaza Janés, Barcelona 2004, pág. 97).
Nós sacerdotes, chamados por Deus a conservar o Santo Sacramento
do altar em união com os nossos Bispos, podemos e devemos cuidar que sobretudo
as crianças sejam os primeiros destinatários deste imenso dom: a Eucaristia,
que Deus depositou nas nossas frágeis mãos de argila, nas nossas mãos
consagradas.
Acredito que é uma das maiores alegrias para o pároco, ouvir a Primeira Confissão das crianças e, em seguida, levá-las a receber a Primeira Comunhão; e vem espontaneamente ao nosso pensamento a certeza de que quanto menores elas são, tanto mais digno será o acolhimento de Cristo sacramentado no seu coração. Com efeito, quando a mente da criança alcança a idade em que começa a raciocinar – e hoje em dia esta idade chega depressa – está aberta e disponível à recepção da luz divina, que as leva a penetrar até à medida do possível no mistério do amor de Deus pelo homem. Assim, a fé impõe-se sobre a razão e esta mesma fé – que muitas vezes pudemos experimentar precisamente no âmbito das nossas paróquias – é tão viva nas crianças que elas são capazes, às vezes mais do que nós próprios, de expressar com a oração imediata a sua proximidade ao Senhor. Portanto, formulamos votos a fim de que este santo hábito, recordado por todos os últimos Pontífices, de levar as crianças a aproximarem-se da Sagrada Eucaristia depois de terem feito a Primeira Confissão, seja cada vez mais apreciado, e na medida do possível seguido, particularmente ao longo deste Ano da Eucaristia. Oremos a fim para que a caridade pastoral constitua a força de todo o pároco ávido de animar a pastoral paroquial, em união com o seu Bispo, em sintonia e em colaboração com as famílias e os educadores das crianças; para que o amor pela Santíssima Eucaristia seja transmitido desde a mais tenra idade e o desejo de receber o Corpo de Cristo se transforme no caminho mais seguro para garantir um futuro de paz e de santidade, não apenas aos fiéis, mas também à comunidade cristã no seu conjunto».
Fonte:https://www.vatican.va/roman_curia/congregations/cevang/p_missionary_works/infantia/documents/rc_ic_infantia_doc_20090324_boletin13p7_po.html
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