Esclarecimento inicial: não quero aqui com este artigo defender a volta da Missa em Latim, de forma alguma!(nunca assisti presencialmente até o fechamento dessa matéria, a nenhuma). Sou grato e me sinto orgulhosamente, fruto do Santo Concilio Vaticano II, e só assisto a missa no Rito Romano de Paulo VI. Agora é preciso separar alhos de bugalhos! Tenho visto e ouvido padres, bispos, diáconos, lideranças cristãs, e leigos em geral, repetindo que nem "papagaio-de-pirata" (sem saber nem ao menos o que estão dizendo), que na missa em Latim, ou seja, no rito Tridentino, o padre DAVA AS COSTAS PARA O POVO! Completamente equivocada, deturpada e incompleta essa explicação, que de certa forma denigre a imagem da igreja e debocha os católicos desse período! E é justamente um santo e grande doutor da Igreja: São Francisco de Sales (Castelo de Sales, 21 de agosto de 1567 ─ Lyon, 28 de dezembro de 1622), sacerdote católico saboiano), que faz a belíssima defesa da missa Tridentina dizendo:
"Na
liturgia Eucarística (oferecida e direcionada para Deus, e não para o povo), o
sacerdote não dá de forma desrespeitosa as costas para
a assembleia, mas, ele juntamente com todos participantes da missa,
voltados para o Oriente, onde nasceu o verdadeiro Sol da Justiça (Malaquias 4,2), Nosso Senhor Jesus Cristo,
dão assim as suas faces para Deus"
E Bento XVI nos recorda que:
"A
liturgia não deve ser para os homens para que continuem no nível dos homens.
Ela deve ser para Deus elevando os homens até Deus. A maneira com a qual
o culto deve ser dado não está entre as coisas que se podem resolver por meios
políticos; a liturgia tem sua própria medida, ou seja, só pode ordenar-se
conforme a medida da revelação, de Deus mesmo" (Cardeal Ratzinger, O
espírito da liturgia, in Obras completas, vol. XI, Biblioteca de Autores
Cristianos, Madrid, 2012, p. 9).
No rito Tridentino, antes do sacerdote rezar a coleta ele beija o altar, saúda os fiéis e os convida a rezar, dizendo: "Oremus". Isto mostra, por si só, a importância da coleta na liturgia. Esta saudação tem o valor de chamar a atenção dos fiéis para algo importante que se seguirá. O sacerdote convida todos os que estão presentes para prestar atenção à oração que ele rezará em nome de todos. Ao rezá-la o sacerdote adota a posição normal do orante: de pé, com os braços abertos e olhando para o Oriente, juntamente com os fiéis, onde o sol nasce.
"A
direção comum para o oriente não era celebração 'de frente para a parede', não
significava que o sacerdote 'desse as costas ao povo', não se dava tanta
importância ao sacerdote [nota nossa: no sentido daquilo que o mesmo Cardeal
Ratzinger dissera algumas linhas antes, na mesma página: "Agora o
sacerdote - o presidente da celebração, como doravante é tratado - se converte no verdadeiro
ponto de referência do conjunto..."]. Assim como na sinagoga todos olhavam
para Jerusalém, assim aqui todos olham para o Senhor" (Cardeal
Ratzinger, O espírito da liturgia, in Obras completas, vol. XI, Biblioteca de
Autores Cristianos, Madrid, 2012, p. 46).
Também, no rito Tridentino, o sacerdote junta as
mãos quando diz, para concluir a oração, "Per Dominum nostrum Iesus
Christum...", no momento mesmo em que diz o nome de Jesus. Não sabemos o
motivo desta mudança de postura. Se os padres o fazem, como já dissemos, é
porque simplesmente recebem o que lhes foi transmitido. Porém, é possível que
este gesto de unir as duas mãos aos se falar o nome de Jesus simbolize que em
Jesus estão unidas as duas naturezas, divina e humana, na única pessoa do
Verbo. Até o século X não se dizia mais que uma coleta em Roma. Algum tempo
antes os francos começaram o costume de rezar várias. Um erudito da época,
Amalário, escreveu contra esta multiplicação de orações, dizendo que ia contra
o costume de Roma. Porém o movimento introduzido não pode ser parado. O número
de orações cresceu, mas sempre foi limitado a um número ímpar. O argumento era
que, parafraseando Virgílio (Eglog. VIII, 75), "numero Deus impari
gaudet" - Deus se alegra com o número ímpar (reporta a Trindade). Evidentemente esta afirmação
não deve ser tomada de modo primário e infantil, como se as pessoas da
Antiguidade e da Idade Média fossem superficiais. Esta afirmação de Virgílio,
graciosa no modo como é expressa, possui implícita vários princípios
filosóficos importantes cuja explicação
fugiria do propósito deste artigo, mas que se os nosso leitores acharem oportuno, podemos posteriormente tratar do mesmo.
Uma
pergunta que todo católico precisa saber responder: "Por que sempre há um
crucifixo nos altares?"
No centro da ação litúrgica da Igreja, está Cristo e seu mistério pascal! Portanto, a celebração litúrgica deve tornar evidente esta verdade teológica! E, desde quase sempre, o símbolo escolhido pela Igreja para a orientação do coração e da mente do cristão durante a missa ou a liturgia é a representação de Jesus crucificado. O crucifixo é o principal elemento sobre o altar, porque a missa é o santo sacrifício, memorial da paixão, morte e ressurreição do Senhor. Antigamente, a liturgia prescrevia o costume de que tanto o sacerdote quanto os fiéis se posicionassem na direção do crucifixo durante a missa. O crucifixo era colocado no centro do altar (que naquela época ficava ligado à parede). Isso nos dá a entender a centralidade do crucifixo na celebração do culto divino, e era muito mais destacado no passado. De fato, a presença da cruz na celebração da missa está certificada desde o século V. O crucifixo fica sobre o altar para recordar à assembleia e ao ministro celebrante que a vítima que se oferece sobre o altar é a mesma que se ofereceu na cruz. Portanto, nunca podemos perder de vista que a missa é um sacrifício – aspecto este que pode se perder quando a celebração se converte em uma festa que só leva em consideração a ressurreição do Senhor, esquecendo-se do seu sacrifício expiatório. Não podemos nos esquecer de que não há ressurreição sem cruz. O crucifixo no centro do altar nos indica que o sacerdote celebra a missa frente a Deus, e não como um protagonista diante do povo. A cruz tira o protagonismo do padre e o dá a Cristo; assim, tanto fiéis como sacerdotes vivem a missa olhando para Deus. A liturgia não é um diálogo entre sacerdote e assembleia. Sacerdote e povo não dirigem um ao outro sua oração, senão que, juntos, a dirigem ao único Senhor. Olhar para o crucifixo é uma oportunidade para caminhar com o olhar dirigido a Jesus. O crucifixo sempre deve estar sobre o altar, salvo duas exceções: quando o Santíssimo Sacramento é exposto na custódia e quando a crucificação é a imagem central da pintura ou retábulo atrás do altar. Alguns poderiam dizer que a cruz no centro do altar não deve ser permitida, pois impede a visão dos fiéis. Mas, na verdade, a cruz sobre o altar não é um obstáculo, e sim um ponto de referência comum!
*Francisco José Barros Araújo – Bacharel em Teologia pela Faculdade Católica do RN, conforme diploma Nº 31.636 do Processo Nº 003/17
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