“Não
julgueis, para que não sejais julgados. Porque com o juízo com que julgardes
sereis julgados, e com a medida com que tiverdes medido vos hão de medir a vós.
E por que reparas tu no argueiro que
está no olho do teu irmão, e não vês a trave que está no teu olho? Ou como
dirás a teu irmão: Deixa-me tirar o argueiro do teu olho, estando uma trave no
teu? Hipócrita, tira primeiro a trave do teu olho, e então cuidarás em tirar o
argueiro do olho do teu irmão” (Mateus
7,1-5)
Nosso querido, venerável e saudoso
Padre Leo, em uma de suas últimas aparições, partilhava com seus irmãos e
membros da Comunidade Betânia, a realidade da vida comunitária, que tem suas
graças e desafios próprios. Com muita verdade e humildade, tanto padre Leo como
os membros partilhavam esta realidade, alguns chegando mesmo a dizer em lágrimas que
existia uma enorme diferença entre o padre Leo dos palcos e pregações e o padre
Leo humano, limitado e pecador do dia a dia. Padre Leo confessava
também, e de certa forma até se redimindo e se desculpando por muitas vezes ter
tornado difícil a vida comunitária. Até que a certa altura a conversa descambou
para o tema da hipocrisia. E padre Leo falou com a sabedoria do alto dizendo:
“Quem
não tem hipocrisias, não precisa mais se confessar,
pois o que se dar neste sacramento por parte do confidente, se não a confissão de
suas incoerências? E o que são nossas incoerências se não a manifestação
descarada de nossas hipocrisias? Portanto, se você se confessa regularmente, é porque você reconhece suas hipocrisias..."
Por fim, padre Leo a certa
altura da conversa faz este desabafo em forma de uma humilde confissão pública:
“Eu, este padre miserável e
pecador, mesmo que por meus atos, palavras, omissões e contra testemunhos, feri
e magoei alguém, e que por estas incoerências eu mereça o inferno, mas se os
que eu feri ganhem o Céu, morro alegre e feliz por ter a certeza de que quem
está no céu perdoa a todos que o feriram, pois no céu só entra santos provados
e purificados, e lá não há lugar para mágoas e ressentimentos...”
Ora, a hipocrisia humana não pode ser usada como
justificativa para ilicitudes e muito menos para minimizar a gravidade do
aborto provocado. Além de que, contrariando o padre Roger, Cristo
disse: "Deixai vir a mim as criancinhas, NÃO IMPEÇAIS..." e ainda: O
que fizeres a um menor destes pequeninos, é a mim que o fazeis..."O
aborto provocado é um impeditivo, portanto, usar o argumento de que Jesus
condenou a hipocrisia e não o aborto, além de colocar o aborto como algo banal
e inferior a hipocrisia, é querer justificar outras coisas as quais Jesus não
falou, ou condenou explicitamente mas que os apóstolos, os santos e a Igreja se
manifestaram, seria legitimar o abuso de mulheres e crianças, coisas que Jesus
também, não falou explicitamente. E já me antecipando em responder a aqueles que
dizem:
“Uma coisa é o que Cristo
falou, outra é o que os apóstolos e magistério da Igreja determinaram ao longo
da história da Igreja”.
Bom, quando Paulo (ainda Saulo) perseguia a Igreja, o próprio
Jesus ao qual Paulo não conhecia e não era o alvo de sua perseguição, Jesus se
identifica com esta Igreja e pessoas que Paulo perseguia dizendo:
“E Saulo, respirando ainda
ameaças e mortes contra os discípulos do Senhor, dirigiu-se ao sumo sacerdote.
E pediu-lhe cartas para Damasco, para as sinagogas, a fim de que, se
encontrasse alguns deste Caminho, quer homens quer mulheres, os conduzisse
presos a Jerusalém. E, indo no caminho, aconteceu que, chegando perto de
Damasco, subitamente o cercou um resplendor de luz do céu. E, caindo em terra,
ouviu uma voz que lhe dizia: Saulo,
Saulo, por que me persegues? E ele disse: Quem és, Senhor? E disse o
Senhor: Eu sou
Jesus, a quem tu persegues... (Atos 9,1-5)
Desde que foi promulgado, o Concílio Vaticano II tem
suscitado dois tipos de hermenêuticas:
1ª)-A de continuidade, na qual ele é lido
em consonância com os concílios que o precederam, não propondo uma
"nova" Igreja, mas reforçando o que sempre fora ensinado, trazendo
apenas uma nova roupagem de modo a atingir o homem hodierno.
2ª)-E a de ruptura, cujo nome já diz,
propõe uma Igreja "pós-conciliar", que rompe com o que sempre foi
ensinado por ela.
O Papa Bento XVI propõe a hermenêutica da continuidade, que nada mais é
do que interpretar o Concílio numa continuidade eclesial e integral, desde
Niceia até o Vaticano II para dele auferir seus verdadeiros frutos.
No ano 2011, o Papa
Bento XVI publicou a constituição apostólica Porta fidei, lançando o Ano da Fé,
na
qual relembrou a hermenêutica da continuidade, dizendo:
"Sob alguns aspectos, o meu
venerado Predecessor viu este Ano como uma «consequência e exigência
pós-conciliar», bem ciente das graves dificuldades daquele tempo sobretudo no
que se referia à profissão da verdadeira fé e da sua reta interpretação. Pareceu-me que
fazer coincidir o início do Ano da Fé com o cinquentenário da abertura do
Concílio Vaticano II poderia ser uma ocasião propícia para compreender que os
textos deixados em herança pelos Padres Conciliares, segundo as palavras do
Beato João Paulo II, «não perdem o seu valor nem a sua beleza. É
necessário fazê-los ler de forma tal que possam ser conhecidos e assimilados
como textos qualificados e normativos do Magistério, no âmbito da Tradição da
Igreja. Sinto hoje ainda mais intensamente o dever de indicar o Concílio como a
grande graça de que beneficiou a Igreja no século XX: nele se encontra uma
bússola segura para nos orientar no caminho do século que começa» Quero aqui
repetir com veemência as palavras que disse a propósito do Concílio poucos
meses depois da minha eleição para Sucessor de Pedro: «Se o lermos e recebermos guiados por uma justa hermenêutica, o
Concílio pode ser e tornar-se cada vez mais uma grande força para a renovação
sempre necessária da Igreja»"
O tal chamado
"espírito conciliar" reflete tão somente a vontade de um pequeno
número de bispos pouco católicos e revolucionários, auxiliados pela grande
mídia, os quais querem implantar uma mentalidade sectária dentro da Igreja,
rejeitando o que é anterior ao CVII. Ocorre que os documentos emanados do CVII
foram assinados pela maioria dos bispos e, portanto, lê-los de maneira
diferente da original equivale a uma traição, aliás, tais documentos
constituem uma bênção para a Igreja.
Conclusão:
Este deve ser o lema de todo
Cristão que caminha para a pátria celeste, nossa morada definitiva:
“Perdoar
quem nos feriu e levantar quem caiu”
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