Muitas vezes somos
tachados de racionalistas demais, ou sentimentalistas ao extremo, agindo por impulsos, instintos e intuições. Santo Anselmo
dizia que a verdade está no meio. Coloco aqui um exemplo inicial para esta
reflexão: Estavam em uma capela dois frades rezando em seu turno, de repente
faltou energia, então um dos frades disse: “Deus está suscitando em meu coração para
intensificarmos nossas orações para que a energia volte”, o outro porém disse: “Bom,
enquanto você reza de forma mais intensa eu vou ver o disjuntor, pode ter
desligado por alguma sobrecarga e vou religar...” Este exemplo mostra
como é preciso equilíbrio em nossas ações, não negando uma coisa lícita em detrimento de outra também, licita, colocando dicotomia onde deveria existir colaboração.
Blaise Pascal sem querer desmerecer o conjunto da obra, levou toda uma geração a basear suas decisões pelo coração (emoções). Ele dizia:
"A
razão age com lentidão e com tantas vistas e sobre tantos princípios, os quais
é preciso que sejam sempre presentes, que a toda hora adormece e se afasta por
não ter todos esses princípios presentes. O sentimento não age assim: age num
instante e está sempre pronto a agir. É preciso, pois, pôr nossa fé nos
sentimentos do coração; de outro modo, ela será sempre vacilante".
Ora, todos sabemos que Pascal
era um membro da seita jansenista. O Jansenismo desprezava a razão e colocava o
coração acima dela. Dai Pascal ter escrito:
"O
coração tem razões que a própria razão desconhece"
Isso é completamente falso. Deus nos fez seres inteligentes. Em nossa alma, possuímos três faculdades ou potências:
1)-A inteligência.
2)-A vontade.
3)-A sensibilidade.
A inteligência e a
vontade são a imagem de Deus em nós, porque Deus tem Inteligência e Vontade Infinitas.
A
inteligência é o maior dom natural de Deus para nós. Deus nos revelou verdades
sobre Ele mesmo, e essas verdades são dirigidas a nossa inteligência, e
captadas por ela. Por isso, Jesus mandou a seus Apóstolos, dizendo: "Ide e
ensinai a todos". Portanto, ordenou que os Apóstolos ensinassem verdades a
nossas inteligências.
Pascal nega o que
Cristo afirmou. Portanto, Pascal mentiu. Também São Paulo nos diz; "A Fé
vem pelo ouvido" (Rom 10, 17). Portanto, aprendemos a verdade que nos é
ensinada pelo ouvido, e nunca pelo sentimento. Também São Pio X, na
encíclica Pascendi, condenou a tese modernista de que a Fé é um sentimento. (Recomendamos
a leitura desta encíclica que pode ser encontrada no site Vatican.va)
Por
fim, é preciso fazer saber que os hereges, quando falam do "coração"
não se referem propriamente ao órgão do corpo humano que tem esse nome, nem se
referem propriamente aos sentimentos em sentido comum. Coração, para eles,
seria uma partícula divina que existiria homem, e em todas as coisas. Essa
partícula divina era o que os gnósticos chamavam de pneuma, éon, chamazinha,
centelha divina, centrum, etc. Era essa partícula-centro divino do homem, que
seria preciso sentir, ter um contato experimental com ela.
O CATECISMO DA IGREJA CATÓLICA AFIRMA MAGISTERIALMENTE
SOBRE A RAZÃO:
CIC §35: As faculdades do
homem o tomam capaz de conhecer a existência de um Deus pessoal. Mas, para que
o homem possa entrar em sua intimidade, Deus quis revelar-se ao homem e dar-lhe
a graça de poder acolher esta revelação na fé. Contudo, as provas da
existência de Deus podem dispor à fé e ajudar a ver que a fé não se opõe à
razão humana.
CIC §36: "A santa Igreja,
nossa mãe, sustenta e ensina que Deus, princípio e fim de todas as coisas,
pode ser conhecido com certeza pela luz natural da razão humana a partir das
coisas criadas". Sem
esta capacidade, o homem não poderia acolher a revelação de Deus. O homem tem esta
capacidade por ser criado "à imagem de Deus".
CIC §37: Todavia, nas
condições históricas em que se encontra, o homem enfrenta muitas dificuldades
para conhecer a Deus apenas com a luz de sua razão: "Pois, embora a razão
humana, absolutamente falando, possa chegar com suas forças e lume naturais ao
conhecimento verdadeiro e certo de um Deus pessoal, que governa e protege o
mundo com sua Providência, bem como chegar ao conhecimento da lei natural
impressa pelo Criador em nossas almas, de fato, muitos são os obstáculos que
impedem a mesma razão de usar eficazmente e com resultado desta sua capacidade
natural. As verdades que se referem a Deus e às relações entre os homens e
Deus são verdades que transcendem completamente a ordem das coisas sensíveis e
quando estas verdades atingem a vida prática e a regem, requerem sacrifício e
abnegação. A inteligência humana, na aquisição destas verdades, encontra
dificuldades tanto por parte dos sentidos e da imaginação como por parte das
más inclinações, provenientes do pecado original. Donde vemos que os homens em
tais questões, facilmente procuram persuadir-se de que seja falso ou ao menos
duvidoso aquilo que não desejam que seja verdadeiro"
CIC §38: Por isso, O homem tem
necessidade de ser iluminado pela revelação de Deus, não somente sobre o que
ultrapassa seu entendimento, mas também sobre "as verdades religiosas e
morais que, de per si, não são inacessíveis à razão, a fim de que estas no
estado atual do gênero humano possam ser conhecidas por todos sem dificuldade,
com uma certeza firme e sem mistura de erro".
CIC §39: Ao defender a
capacidade da razão humana de conhecer a Deus, a Igreja exprime sua
confiança na possibilidade de falar de Deus a todos os homens e com todos os
homens. Esta convicção esta na base de seu diálogo com as outras religiões, com
a filosofia e com as ciências, como também com os não-crentes e os ateus.
A razão nos foi dada por Deus Nosso Senhor para pesquisar e
conhecer as verdades naturais
A Ciência procura
conhecer as leis que Deus colocou na natureza. Sendo Deus o autor dessas leis,
e sendo Deus o revelador das verdades da Fé - não sendo possível haver
contradição em Deus - jamais as verdades da Fé estarão em
contradição com as verdades científicas ou racionais. Se houver algum
choque, só pode ser por erro da ciência dos homens, nunca, jamais da parte de
Deus ou da Igreja, que são infalíveis. E é o que a História tem demonstrado.
Sempre que a Ciência tentou negar a Fé ficou provado que ela errara. Veja, por
exemplo, a questão da geração espontânea. Veja as falsificações dos fósseis
para provar a origem simiesca do homem. Veja a confusão atual da doutrina
evolucionista, que se meteu, e está hoje entalada, num pantanal de
contradições.
Há dois erros opostos quanto ao valor da razão:
1)-Racionalismo: O racionalismo
pretende que a razão humana é capaz de tudo compreender. Ora, isso é um
absurdo.Cada homem compreende que a sua inteligência é limitada. Se todo homen tem inteligência limitada, é impossível
que a humanidade tenha razão ilimitada.Mesmo um autor insuspeito como Karl
Popper confessou que: "O racionalismo é uma fé irracional na razão". Essa
"Fé" irracional na razão se manifesta no marxismo, no positivismo, no
cartesianismo, e na Teologia da Libertação.
2)-Irracionalismo: O irracionalismo nasce
dos fracassos do racionalismo e do cientificismo. Exagerando na direção oposta,
o irracionalismo nega qualquer valor à razão. Nos tempos modernos,
Lutero chamou a razão de "a meretriz louca". Esse negação da luz da
razão, que Deus colocou em todo homem que vem ao mundo, conduz a movimentos e
filosofias anti-racionais. Exemplo típico do irracionalismo moderno foi o
nazismo. Outros exemplos de irracionalismo podem ser encontrados nas seitas
supostamente místicas e pentecostais, que colocam a emoção, o sentimento acima
da razão. Hoje, temos exemplo claro desse irracionalismo, no movimento
pentecostal que não aceita argumentos racionais, mas apenas sentimentos. Acima
da Fé, da verdade e da razão os pentecostais, mesmo católicos, por falta do
conhecimento pleno das verdades da fé, muitas vezes colocam a "experiência"
pessoal e individual, acima da razão. Daí o irracionalismo de muitas
manifestações e orientações equivocadas neste movimento, levando muitos ao
fanatismo religioso que é diferente de radicalismo (com raiz).
Enfim, a razão tem valor
sim, mas ela deve estar sempre subordinada à fé. A Fé é uma luz superior à da
razão. Ela permite "ver" o que a razão não alcança, mas, por
vezes, em certos problemas pode entrever. Quanto ao fato de que "como
humanos somos dotados de instintos", pelo fato de sermos, por natureza,
animais racionais, não há dúvida. Mas a propagação da espécie não é
classificada como um instinto puramente biológico, pois, por bom senso, não é
necessária à vida. A propagação da espécie, coloca Atkinson (Atkinson,
Introdução à Psicologia, Artmed, Porto Alegre, 1995, p. 317), "não envolve
um déficit interno que precisa ser regulado e sanado (como a fome ou a sede),
para que o organismo sobreviva". Logo, ele não é necessário, muitos
podem escolher abster-se dele, como fazem os religiosos e padres. Porém, numa
tentação, por exemplo, há áreas no cérebro
que são ativadas sem nosso consentimento
que controlam, prazer, emoção e desejo. Ora, já dizia S.
Agostinho, um grande "psicólogo" (Leia "As confissões") que
uma coisa é sentir, outra é consentir. Ele diz que há três fases na tentação:
1ª)-A sugestão.
2ª)-O deleite.
3ª)-E por fim o consentimento
(cf.
pe. Correia "A vida espiritual", A cultural, Lisboa, 1946).
A sugestão é a
apresentação do objeto apetecível, digamos, um belo bolo de chocolate. O
deleite é o que me agrada nele e o que isso suscita em mim, por exemplo, a
salivação. A salivação é o exemplo de comportamento que não podemos controlar
racionalmente, como você colocou. Ele acontece frente a determinado estímulo.Agora,
vamos supor que há arsênico neste bolo e que eu sei disso. Minha inteligência
me diz para eu não comer, apesar do desejo, das emoções, etc. Então minha
vontade toma uma resolução: não vou comer o bolo. Ela recusou o seu
consentimento e consequentemente, o ato, evitando minha morte.
"Quanto ao deleite que pode
seguir à tentação, é muito de notar que o homem tem em si como que duas partes,
uma inferior e outra superior, e que a inferior nem sempre se conforma à
superior. Disto decorre que a parte
inferior se deleita numa tentação sem o consentimento da parte superior ou mesmo
mau grado seu. Este é justamente o combate que S. Paulo descreve dizendo
que " a carne deseja contra o espírito, etc." (S. Francisco de Sales diz na Filotéia - p. 371)
O que não quer dizer
que não tenhamos controle racional dos nossos atos ou mesmo controle de alguns
tipos de deleitações e da intensidade delas. A parte superior (a vontade)
sempre dá a última palavra: sim ou não.
"o mancebo citado por S.
Jerônimo (...) estava preso por cordões e foi tentado por uma mulher (...)
quanto deve ter sofrido seus sentidos e sua imaginação! Entretanto no meio das
tentações, ele testemunhava que seu coração não estava vencido e sua vontade
não consentia de modo algum; pois sua alma, vendo tudo revoltado contra ela e
até de seu corpo não tendo nenhuma parte à sua disposição exceto a língua, ele
a cortou com os dentes e a lançou no rosto da mulher"(S. Francisco de Sales, op. cit., p. 373).
Nós podemos sim,
enquanto humanos, sempre dominar pela razão os nossos atos, mesmo
que não possamos impedir uma certa deleitação. Mas, diante de qualquer
tentação, sempre existe a possibilidade de se fechar os olhos, tapar os
ouvidos, virar as costas e ir embora, ou mesmo distrair-se, pensar em outra
coisa. Portanto não só não é erro que nós podemos controlar-nos pela razão,
como é isso que permite que sejamos responsáveis por nossos atos e não um
joguete de emoções. Senão não passaríamos de macacos! É porque a vontade toma
as decisões que dizemos que os homem têm vícios ou virtudes. Logo, está errado
ao se colocar que “consiste em erro epistemológico dizer que racionalmente
poderíamos controlar áreas específicas e inespecíficas com a razão e a
consciência”. Nós controlamos a nós mesmos, nós é que deixamos os olhos
abertos, os ouvidos destapados de modo que os estímulos do meio estimulem ou
não as áreas do cérebro!
Conselhos errados que as pessoas dão: “Siga o seu coração”
(Por Ana Paula
Severiano)
É o clássico
conselho-clichê: diante de um impasse grande, abandone a lista de prós e contras, feche
os olhos e ouça o seu feeling. O fato é que não cabe a você optar por
emoção ou razão. Seu cérebro se encarrega de misturar as coisas. Escrever com
caneta preta ou azul? Ir de calça ou bermuda? Casar com
a namorada de anos ou largar tudo para procurar a verdadeira paixão? Você provavelmente já reparou que passamos boa parte
da vida tomando decisões, das mais banais às mais complexas. O que nos
diferencia dos outros mamíferos é nosso cérebro com um córtex frontal altamente
desenvolvido, área responsável por inteligência, moral e capacidade de analisar
e comparar fatos antes de uma decisão.
Nosso
poder de racionalizar e usar a lógica para fazer boas escolhas é motivo de
exaltação e estudo há séculos – dos filósofos gregos aos neurocientistas,
passando pela inteligência artificial, que tenta reproduzir essa capacidade
racional em máquinas. Por que diabos, então, basta você se ver diante de um
dilema mais profundo para alguém vir recomendar que você siga o seu coração?
Se quiser responder com
propriedade, você pode explicar que a ciência já comprovou que a tomada de
decisão não é uma dicotomia e que não dá para optar entre usar apenas a razão
ou seguir seu coração. Diversas pesquisas
já mostraram que cada decisão depende de um bem-bolado entre a experiência
pessoal, o instinto e a razão – em combinações e intensidades desencadeadas por
uma série de fatores. Ou seja,
mesmo na cabeça da mais passional das pessoas ou do mais cartesiano dos
sujeitos, o processo de decisão não ocorre de forma isolada.
O que acabou com a
antiga divisão radical entre razão e emoção foi uma parte do cérebro descoberta
na década de 1980 pelo neurocientista António Damásio, autor do livro O Erro de
Descartes: o córtex orbito-frontal. Localizado atrás dos olhos, ele faz a
comunicação entre o cérebro primitivo (inconsciente) e o córtex pré-frontal
(consciente). Ou seja, mesmo que você se considere tão objetivo quanto um personagem
da série The Big Bang Theory, seus sentimentos sempre entram em campo para dar
uma força. Sem esse equilíbrio, você passaria a tarde no restaurante
por quilo sem saber se deveria colocar no prato arroz integral ou branco,
frango ou carne. Pior: sem essa conexão com o lado sentimental, você nem
sofreria com o impasse.
“A
expansão do córtex frontal durante a evolução humana não nos tornou criaturas
puramente racionais. Uma parte significativa dessa área do cérebro está
envolvida com a emoção”, diz o jornalista especialista no tema, Jonah Lehrer,
que escreveu O Momento Decisivo.
Hoje se sabe que, quando temos que tomar uma decisão
pá-pum, o que mais pesa é a experiência
Tudo o que vivemos fica
registrado e catalogado em uma área do cérebro chamada centro de recompensas:
se no passado você tomou uma decisão acertada, quando estiver diante de uma
situação semelhante, seu cérebro vai conspirar para que você escolha o caminho
de repetir o sucesso. Isso aconteceria graças à liberação de
dopamina, neurotransmissor associado ao bem-estar, que avisa às demais partes
do cérebro como agir. É graças a ela que um jogador sabe, sem fazer
conta, qual é o melhor jeito de chutar no gol – claro que existem outras
variáveis em jogo, mas o seu inconsciente terá feito a parte dele para
influenciar o placar.
Quando a decisão tem a
ver com a sobrevivência da espécie, quem manda mais é o instinto. Leia-se:
impulsos enviados pela amídala e pela ínsula anterior (relacionada à repulsa e
à raiva) e processados pelo córtex pré-frontal.Eles fazem você agir para salvar
alguém de um atropelamento ou levantar a mão quando encosta numa chapa quente. Já a razão seria protagonista quando se avaliam dilemas com
visão de longo prazo, do tipo casar ou comprar uma bicicleta: aí tendemos a desligar o piloto automático e
caprichar na comparação de prós e contras.
É claro que nosso cérebro nos prega peças!
No seu mais novo livro,
Thinking, Fast and Slow, o psicólogo ganhador do Prêmio Nobel de
Ciências Econômicas de 2002, Daniel Kahneman, mostra como vários
equívocos acontecem ao nos deixarmos levar pela confiança e pelos preconceitos
– ou seja,
quando damos crédito demais ao tal feeling a ponto de ignorar a lógica. Em um de seus estudos mais famosos, Kahneman
apresentava aos voluntários uma personagem fictícia, a estudante Linda:
solteira, franca, brilhante, preocupada com justiça social e discriminação. Ao
ouvir a descrição, os participantes tinham que dizer se ela era “caixa de
banco” ou “caixa de banco e ativa no movimento feminista”. Ele realizou
esse estudo por décadas, com diferentes grupos, e constatou que a maioria
escolhia a segunda alternativa, sem perceber que a primeira já seria uma
resposta correta – e mais segura. Até mesmo alunos da Escola de Negócios de
Stanford, com formação em probabilidade, ignoraram seus conhecimentos de que
adicionar um detalhe só diminuiria a chance de acerto nesse caso: 85% apostaram
no engajamento de Linda.
Pense duas vezes antes de escolher
Embora a tendência seja
tomar decisões fáceis por impulso, estudiosos como Lehrer defendem que há
escolhas cotidianas que podem se beneficiar de uma deliberação mais consciente.
Em uma experiência, cientistas da Universidade de Amsterdã mostraram a pessoas
que queriam comprar carros avaliações de 4 veículos, cada uma com 16
informações organizadas em 4 categorias (parte mecânica, estado de conservação
etc.). Um dos carros tinha mais características positivas e, por isso, era a
melhor opção de compra. Parte dos potenciais compradores teve um tempo para se
dedicar a pensar sobre sua escolha depois de ler as descrições. No outro grupo,
foram estimulados a se divertir com jogos de palavras cruzadas depois de ler as
avaliações – até que os pesquisadores interromperam a brincadeira e os fizeram
escolher o carro na lata. Triunfou a razão: perto de 60% dos
participantes do primeiro grupo escolheram o melhor carro. No grupo da
decisão-relâmpago, 40%. Já quando uma questão tem muitas variáveis complexas,
pouco sistematizadas, viu-se que não adiantava quebrar a cabeça. Quando
os carros foram avaliados em 20 categorias com 48 informações diferentes sobre
cada um, a coisa mudou de figura: menos de 25% dos participantes que agiram
conscientemente fizeram a escolha certa. O grupo que decidiu na lata
obteve 60% de sucesso. Para os pesquisadores do time Ap Dijksterhuis, a lição
para situações complexas assim é:
“Use
a mente consciente para obter toda a informação que precisa para decidir. Mas não tente analisar essa informação com a mente
consciente”. Em miúdos: depois de fazer a apuração cuidadosa de dados, vá se
distrair e deixe seu inconsciente trabalhar.
O estudo holandês foi
bastante questionado, mas outro experimento de 2011 divulgado na Emotion,
publicação da Associação Americana de Psicologia, aponta para a mesma direção.
Pesquisadores da Universidade de Cornell, no Reino Unido, refizeram o teste dos
carros, mas dividindo os voluntários em dois grupos – um do sentimento e outro
do detalhe. O primeiro pensava em como as características dos carros mexiam com
seus sentimentos (bancos de couro fazem você se achar mais poderoso?) e o
segundo tinha que se lembrar das características objetivas de cada veículo. O resultado
dos holandeses se repetiu: quando a decisão era simples (16 informações
diferentes sobre cada carro), as pessoas focadas nos detalhes se saíram 20%
melhor do que as focadas nos sentimentos. Já quando foram postas em
jogo as descrições com mais informação, 70% dos focados no sentimento
escolheram o melhor carro. Estratégias afetivas parecem, sim, ajudar nas
decisões complexas. Mas isso não significa que você não precisa raciocinar
junto, ou que conseguirá evitar a lógica.
O instinto é necessário
quando estamos em uma situação de emergência e precisamos garantir a
integridade do nosso corpo. Porém, esses atalhos cerebrais que nos fazem agir
por impulso são passíveis de equívocos e não servem para decisões de longo
prazo. Uma experiência feita na Escola de Administração e Economia da
Universidade de Maastricht mostrou que, quando o assunto é dinheiro, é melhor
pensar um pouquinho mais. No teste, dois voluntários eram chamados de jogador A
e jogador B. O jogador A recebia US$ 10 e podia oferecer uma parcela dessa
grana ao jogador B – 1, US$ 2, 5, por exemplo. As regras estavam claras para
ambos: se o jogador B aceitasse, os jogadores A e B levariam a grana que
estivesse na mão de um ou outro; se rejeitasse, os dois ficariam com zero. Das
168 pessoas envolvidas no experimento, quase todas que decidiram sem tempo para
pensar rejeitaram a oferta quando ela era de apenas US$ 1 – mesmo que, veja
bem, ganhar US$ 1 seja melhor que nada. Quando tinham que responder a
um questionário qualquer antes de dar a resposta sobre a oferta do jogador A,
mais de 75% dos participantes aceitaram o mesmo US$ 1. Analisando conclusões de
outros estudos de imagens do fluxo sanguíneo no cérebro quando recebemos uma
proposta que não parece vantajosa, os pesquisadores associaram os resultados da
pesquisa a uma ativação imediata da ínsula anterior. Dar um tempo antes de responder
faz com que outras partes do cérebro entrem em ação e a lógica dê o recado:
antes um pássaro na mão do que dois voando.
Um experimento de
pesquisadores da Universidade da Flórida e da Universidade da Pensilvânia
tentou entender por que perdemos tanto tempo, por exemplo, decidindo entre a
marca A e a marca B de pasta de dente no supermercado – especialmente quando as
gôndolas não estão lá muito organizadas. Eles dividiram voluntários em dois
grupos: o primeiro recebeu uma lista com opções de voo escritas em um papel com
letras miúdas, e o segundo, as mesmas opções em letras grandes e bastante
visíveis. Não havia vantagem considerável entre os voos.
Os do primeiro grupo, claro, levaram mais tempo para indicar que voo
escolheriam, mas não só porque sua lista era mais difícil de ler.
Aparentemente, esse esforço extra fez o cérebro cometer um equívoco e entender
que essa era uma decisão do tipo importante. Por isso, a turma das letras
miúdas deliberou por um tempo maior e de forma mais complexa sobre o assunto do
que o grupo que recebeu o papel mais legível.
Para saber mais: “O
Momento Decisivo, de Jonah Lehrer”
CONCLUSÃO
Não tem como evitar o conflito
entre o que você quer e o que você deveria fazer. Devemos sim evitar os extremos,
afinal se formos somente emoção iremos nos decepcionar muito, nos envolvendo em
situações difíceis. Já o excesso de racionalismo pode nos privar de viver boas
experiências e de aprender com os erros. É importante o equilíbrio
entre ambos. Está claro que sua a maioria das decisões se refere ao afetivo, então,
utilize seu lado racional para avaliar os riscos, as vantagens, se é uma
relação que vale a pena viver, porque seu lado emocional deve querer viver a
situação, mas tem medo de se machucar, de não ser correspondido, de dar tudo errado,
mas mesmo assim, valer a pena. O trabalho do analista ou aconselhador, consiste
em despertar aquilo que já existe dentro da pessoa. É a arte de
despertar o sujeito para seu potencial criativo genuíno. A finalidade não é curar, e sim favorecer o crescimento interior por meio
das dificuldades pessoais. No decorrer do trabalho analítico há a
proposição de que pelo falar, pelo escutar e pelo fazer criativo nos
confrontamos com nós próprios. Pôr-se em processo analítico é possibilitar o
existir permeável a outros saberes. É despertar para o próprio caminho de vida
como processo natural com sentido, finalidade e objetivo; é a experiência
interior. A experiência interior se
torna experiência de vida quando vivida com todas as suas implicações. O
acompanhamento tem como objetivo auxiliar pessoas que sofrem ou estão com
dificuldades na vida e não conseguem resolver algo sozinhas. Na
terapia o analisando é convidado a, num espaço seguro e sigiloso, explorar seus
afetos, pensamentos e fantasias que compõem o cenário de seu sofrimento. Este
processo possibilita que o analisando se familiarize com os sintomas que produz
tanto a nível INTELECTUAL como EMOCIONAL, você precisa integrar esses dois
elementos, pois um diz respeito a sua capacidade intelectual e o outro a sua
competência Emocional, ou seja, usando adequadamente o seu QI e seu QE, o discernimento
para decidir acontecerá com mais sabedoria e eficácia.
Encerramos com esta exortação de Nosso Senhor Jesus Cristo, que apesar de em várias ocasiões nos motivar a sermos pessoas de fé, nos orienta a decidir e agir de forma prudentes e racional:
"Qual de vocês, se quiser construir uma torre, primeiro não se assenta e calcula o preço,
para ver se tem dinheiro suficiente para completá-la? Pois, se lançar o
alicerce e não for capaz de terminá-la, todos os que a virem rirão dele, dizendo:
‘Este homem começou a construir e não foi capaz de terminar’. "Ou, qual é
o rei que, pretendendo sair à guerra contra outro rei, primeiro não se assenta e pensa se com dez mil homens é capaz de
enfrentar aquele que vem contra ele com vinte mil? (Lucas 14,28-31)
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Apostolado Berakash
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