“A
linguagem é uma fonte de mal-entendidos” (Pequeno Príncipe - Saint-Exupéry - Gnose ou Gnosis é
um estado mental específico que permite o contato com outros planos não
físicos, como o plano etérico, o plano astral e o plano espiritual. Este estado
pode ser alcançado por métodos de transe, assim como meditação ou privação de
sentidos, além de métodos de hiper-excitação. O estado de Gnose pode ser utilizado para realizar reflexões
filosóficas, ou rituais mágicos e religiosos. Segundo o Gnosticismo de origem cristão, a
Gnose tem um sentido mais epistemológico, e este sistema a evoca como o
conhecimento verdadeiro e primordial, o mais profundo dos conhecimentos
humanos.Gnose, ou Gnosis, é o substantivo do verbo gignósko, que
significa conhecer. Gnose é conhecimento superior, interno, espiritual,
iniciático. No grego clássico e
no grego popular, koiné, seu significado é semelhante ao da palavra epistéme.
Em filosofia, epistéme significa “conhecimento científico” em oposição a
“opinião”, enquanto gnôsis significa conhecimento em oposição a
“ignorância”, chamada de ágnoia. A gnose
é um conhecimento que brota do coração de forma misteriosa e intuitiva. É a
busca do conhecimento, não o conhecimento intelectual, mas aquele conhecimento
que dá sentido à vida humana, que a torna plena de significado porque permite o
encontro do homem com sua Essência Eterna e maravilhosa”.Gnose vem da
palavra grega gnosis (γνῶσις) “conhecimento” significando o conhecimento direto sobre o divino que por
si só provê a salvação (assim
conquistando o codinome de “Alta Teologia”). Para os gnósticos antigos, a
gnosis existia no âmbito da cosmologia, do mito, da antropologia e da prática
usada dentro de seus grupos. Assim, a gnose não era apenas a iluminação, mas
também viria acompanhada por uma compreensão — como
expressado nos Resumos de Teódoto de Bizâncio — sobre quem somos, o que nos tornamos, onde estamos, para onde
fomos lançados, para onde estamos indo, do que estamos nos libertando, o que é
o nascimento e o que é o renascimento.A Gnose tem vários conceitos e interpretações ao longo da
História, mas no Caoísmo tomou o sentido de um estado de consciência que gera
ligação direta entre a imensidão do inconsciente e os fios que tecem o destino
do universo. Mesmo assim, seu termo
é muito mais reconhecido como o substantivo do Gnosticismo, que é uma
interpretação cósmica do cristianismo e uma reinterpretação de seus termos em
uma visão que sincretiza tradições e transforma eventos e elementos em símbolos
de significação oculta. A gnose, portanto, se diferencia profundamente do estado
natural de pensamento. Neste estado, a mente não é influenciada pelas
preocupações ordinárias, e surgem, além de sensações indescritíveis, insights e
percepções totalmente originais e despidas da censura do senso de sobriedade. (Andrew
Phillip Smith - 2009. A Dictionary of Gnosticism)
COMECEMOS PELAS FALHAS DA ASTROLOGIA
NA FILOSOFIA DE OLAVO DE CARVALHO (as quais não o desclassificam como um dos
maiores pesadores do século):
|
(Olavo como astrólogo é um excelente filósofo) |
"Prolongando e precisando essa advertência, é preciso esclarecer que a astrologia de que se trata neste livro é aquilo que mais propriamente se denomina "astrologia espiritual", ou seja, a utilização do simbolismo astrológico como suporte para a compreensão de doutrinas tradicionais de ordem cosmológica e metafísica, e também como instrumento hermenêutico para a interpretação correta e tradicional de ritos e símbolos. Não se trata, de maneira alguma, de astrologia preditiva - científica ou não, dá na mesma, nem de astrologia psicológica no sentido tão amplamente disseminado pelos junguianos. Falo da astrologia como auxiliar da mística, e não como instrumento para a predição ou como muleta psicológica travestida de auto-conhecimento" (Olavo de Carvalho, Astros e Símbolos, p. 16).
É certo que Olavo, no texto acima citado, condena
a "astrologia preditiva", seja ela científica ou não! Entretanto, noutra passagem desse mesmo livro, ele escreveu:
"A noção de que as pessoas tenham um destino estampado nos
céus e de que o pré- conhecimento
desse destino possa ser levar a um "aperfeiçoamento"
individual não é em si mesma
totalmente falsa, mas uma ênfase excessiva neste modo de ver as
coisas misturadas a concepções fantasistas sobre o karma, das quais falarei
mais adiante, pode levar a uma extinção de toda religiosidade autêntica e ao
estabelecimento de uma nova astrolatria"(Olavo de Carvalho, Astros
e Símbolos, p. 77)
"No que diz respeito às ciências tradicionais, como a astrologia, a
geometria, a alquimia, etc., é evidente que nenhuma delas tem a menor
possibilidade de ser corretamente compreendida fora do quadro de um esoterismo
completo e vivente, ao qual só se tem acesso, precisamente, por meio do
compromisso com um exoterismo ortodoxo"(Olavo
de Carvalho, Astrologia e Religião,
p. 13).
É no mínima suspeita
a conclusão de Olavo que admite que só com um conhecimento esotérico, isto é
gnóstico, se pode ter compreensão da Astrologia e das outras ciências
"tradicionais". Ora, Olavo
proclama que tem um amplo conhecimento esotérico e portanto, gnóstico, que lhe
permite possuir a verdadeira e correta compreensão da Astrologia. Logo, ele
confessa, também desse modo, que é um gnóstico, se não de direito, mas de fato.
Por outro lado, Olavo previne que, no mundo moderno, há duas deturpações da
Astrologia tradicional, castiça:A astrologia "ocultista", e a Astrologia dita
"científica" (Cfr. Olavo de Carvalho, Astros e Símbolos, p. 19).
1)- A Astrologia
ocultista, ele a condena, porque Guénon condenou o ocultismo de Papus, com quem
brigara.
2)- A Astrologia
científica moderna, por seu materialismo, e por seu racionalismo, ele
não a aceita na medida em que a razão engana o homem, confinando-o no
mundo da manifestação.
Por se oporem ao
mundo real, compreensível pela razão, elas não aceitam a relação natural de
causa e efeito. Olavo salienta que jamais os astrólogos pretenderam aplicar à
Astrologia essa relação de causa e efeito, quanto às ações dos homens:"Por toda parte se explica a
relação entre os astros e os homens como um processo de semelhança, de
analogia, de simpatia, de correlação, de sincronismo, e nunca de causa e
efeito. E completaram [os astrólogos]:
nenhum astrólogo jamais disse que os astros causam as ações humanas, pela
simples razão de que o princípio de causa e efeito, tão importante para o
cientista materialista, é, para os astrólogos, um princípio menor e secundário.
O princípio maior é a lei da
analogia, mediante a qual o grande e o pequeno, o macrocosmo e o
microcosmo, a matéria e a consciência, têm uma estrutura e uma dinâmica
semelhante, já que são apenas faces diversas do mesmo fenômeno" (Olavo de Carvalho, Os Astrólogos Estão de Volta, in Planeta, Janeiro de 1978, no 64,p.
23).
Não seria então pela
relação de causa e efeito que os astros influenciariam as ações humanas, mas
sim pela relação da analogia esotérica.Ainda outra citação mostrando que o
significado que Olavo dá à expressão "Ciência tradicional", que ele
aplica à Astrologia e à Alquimia, é realmente ligado à noção de Gnose:"Todas as ciências
tradicionais da natureza: astrologia, alquimia, geomancia, etc. mobilizam poderosas forças psíquicas que
não podem ser governadas pela mente do indivíduo, e cujo domínio cabe somente a
Deus. Todos os tratados de alquimia (e a alquimia não é outra coisa senão
uma astrologia "operativa") insistem
claramente na necessidade absoluta da prece. E não há prece sem a filiação
regular a uma religião tradicional" (Olavo de Carvalho, Astros e Símbolos, p. 83).
E Olavo prossegue:"Mas é preciso, ademais, que
esse homem de erudição - [Homem de valor extraordinário! Especialmente por sua
humildade] - seja ainda um homem de espiritualidade, marcado pela vocação de convergência
de todos os conhecimentos na luz unificante do Intelectus primus, ou Logos,
ou Verbo Divino. Pois aqui não se trata de conhecimentos esparsos, mas de um
saber perfeitamente integrado, no eixo de uma realização espiritual pessoal..."(Olavo de Carvalho, Astros
e Símbolos, p. 21).
Como Olavo usa
expressões do código tradicionalista para exprimir que o verdadeiro astrólogo
deve ser um Gnóstico e um iniciado. Porque, "realização espiritual pessoal" significa, no jargão da
gnose tradicionalista, ter realizado a união com a Divindade por meio do
Conhecimento unificante e salvador, o qual não tem nada que ver com o
saber racional acadêmico.Por isso, também,
Olavo previne que:“Esse conhecimento integrado, por
ser integrado, não tem como ser expresso em modo extensivo. O contrário, ele
demanda a síntese, ele tende antes à intensidade intelectiva do que à
extensividade discursiva. Daí o amplo uso do simbolismo" (Olavo de Carvalho, Astros e Símbolos, p. 27).
O astrólogo "de
raça", "castiço", como Olavo pretende ser, não pode ter os
"conhecimento esparsos", próprios da formação racional universitária,
mas deve ter os conhecimentos integrados, esotericamente unificados, como exige
a gnóstica definição de Filosofia de Olavo.Olavo explica que o estudante de
astrologia espiritual precisa atingir um "estado de integração continuada,
isto é, um estado de claridade e de evidência:“(Estado de clarividência, como se diz no maçônico rito de Misraim), que
lhe permita assimilar conhecimentos extremamente complexos sem maior
dificuldade. Precisa conquistar um estado permanente de evidência
intuitiva" (Olavo de Carvalho, Astros e Símbolos, p. 27).
Daí o jargão: “Olavo
tem razão”. Não
preciso salientar que Olavo está insinuando que o principiante em
"Astrologia espiritual" deve ser iniciado, para obter o Conhecimento,
a Gnose, que lhe permita alcançar a "realização
espiritual pessoal". E ele afirmara em entrevistas que para ser
astrólogo era preciso ter "vivência da cabala ou da ioga". Olavo,
por fim, diz expressamente:"O corpo de técnicas que
concorrem para esse fim é o que se denomina esoterismo, como sinônimo de "interiorização, e que não se confunde de modo algum com o
"ocultismo", a magia, a bruxaria, os poderes psíquicos reais ou
fingidos, etc."(olavo de
Carvalho, Astros e Símbolos,
pp. 27-28).
O esoterismo, como
vimos, implica em gnose, conforme explica Antoine Faivre. Note ainda que a
distinção entre esoterismo e ocultismo é o eco do que diz Guénon, com raiva de
Papus. Portanto, Olavo ecoa a doutrina de Guénon também neste ponto.Concluindo,
diz Olavo que:“A Astrologia é via de acesso ao Ser” (Olavo de Carvalho, Astros e Símbolos, p. 28).
E Ser, para Olavo, é
a Divindade. Portanto, a "Astrologia espiritual" de Olavo é meio
para:“Através do Conhecimento, atingir
a realização espiritual pessoal, unindo-se ao Ser, à Divindade, o que
permitiria reconquistar "certas capacidades humanas originárias, como por
exemplo, um estado permanente de evidência intuitiva e, portanto, de certeza e
de paz"(Olavo de Carvalho, astros e Símbolos, p. 28). Há que se concordar com Olavo neste ponto: A "Astrologia espiritual", que ele defende, está bem longe da
vulgar e supersticiosa Astrologia dos horóscopos de jornal.
A
Astrologia de Olavo exige admitir a Gnose!
A "Astrologia
espiritual", ciência esotérica e via para a Gnose preconizada por Olavo,
está então inteiramente de acordo com a Astrologia do cabalista e gnóstico
Robert Fludd, que Olavo admitiu ser gnóstica. E é contrária ao que ensina São
Tomás de Aquino, cujo prestígio Olavo tentou puxar para a sua sardinha
astrológica.Com efeito, Olavo de Carvalho procura insinuar que não há
contradição entre o que ele diz da Astrologia e o que ensinou São Tomás sobre
esse tema. Ele começa afirmando corretamente a doutrina de São Tomás dizendo:"Segundo São Tomás, os
astros não influem em nosso entendimento, mas sim no nosso aparato corpóreo;
se, portanto, agem sobre nosso psiquismo, não é a título de causas essenciais,
mas de causas acidentais" (Olavo de
Carvalho, Astros e Símbolos,
p. 63).
"Enquanto corpos, diz S. Tomás, os planetas só atuam sobre
corpos. Isto significa que, se a atuação sobre os entes corporais como a água
ou os minerais é direta e causal, e abrange estes corpos na totalidade de seu
ser, o mesmo não se poderia dizer com relação ao ser humano, pois este possui
qualidades próprias que ultrapassam o domínio corporal e portanto não poderiam
estar à mercê da influência de quaisquer corpos, inclusive os planetas. Isto não quer dizer, porém, que os planetas não atuem sobre o
homem de maneira alguma, mas sim que eles agem apenas sobre o que neles há de
corporal, sem atingir suas faculdades superiores, como a vontade, a
razão e o entendimento" (Olavo de
Carvalho, Astros e Símbolos,
pp. 45-46).
Se não fosse a
imprecisão final entre vontade, razão e entendimento, se poderia dizer que
Olavo, desta vez, exprimiu bem o que ensina São Tomás. De fato, São Tomás ensina que os
astros não têm influência nem sobre nossa inteligência, nem sobre nossa
vontade, mas apenas sobre nossos corpos, sem afetar nosso livre arbítrio.
Portanto, para São Tomás, é falsa a astrologia, quando pretende que os astros
determinam nossas ações.Entretanto, se Olavo, nesses trechos citados, ensina o
que diz São Tomás, mais adiante ele acrescenta:"Se, enquanto corpos, os planetas só atuam
sobre corpos, podemos completar o raciocínio de
São Tomás [???] dizendo que, enquanto símbolos, ao
contrário, eles representam ou veiculam
a atuação de potências espirituais e cósmicas que ultrapassam
infinitamente os domínios do corpóreo. Neste caso, não são os planetas que agem, mas sim as potências angélicas das quais
eles são somente a cristalização simbólica
e sensível, por assim dizer." (Olavo
de Carvalho, Astros e Símbolos,
p. 47. Os negritos são meus para salientar o absurdo do que escreveu Olavo).
E pouco adiante, ele
diz que os astros são a "hierofania" dos anjos. Olavo se arroga o
direito de "completar o
raciocínio de São Tomás. Haja pretensão!!!! E completar de tal modo que
acaba por dizer o oposto do ensina o Doutor Angélico. Olavo concorda com São
Tomás que os planetas, enquanto
corpos, só podem influir sobre nossos corpos. Mas, depois, extrapola - e não
completa - o que diz São Tomás, afirmando que os planetas são "cristalizações" e veículos
de "potências
angélicas". No
fundo, ele toma a suposta influência simbólica dos astros, como se os estes tivessem
um efeito "sacramental".Tendo começado por afirmar a verdadeira
explicação de São Tomás sobre a influência dos astros apenas sobre os corpos,
passando, a seguir, a "completar" o
raciocínio de São Tomás, Olavo termina por dizer que São Tomás aceita a
influência dos astros sobre os fatos humanos como veículos de potências
angélicas:"Ao contrário do que
geralmente se pensa, a astrologia, enquanto estudo das relações entre os
movimentos planetários e eventos terrestres e humanos, nunca foi propriamente
"condenada" pela igreja, como aliás se vê pelas longas e belas
páginas que São Tomás de Aquino, na Suma contra os Gentios, dedicou à explicação das influências dos
astros como veículos das potências angélicas"(Olavo de Carvalho, Astros
e Símbolos, p. 80).
No Livro III, q. 84 e
85, a que Olavo se refere, assim como da Suma Teológica, em que São Tomás trata da influência dos astros,
condenando a tese astrológica de que os astros influem em nosso intelecto e em
nossa vontade, Olavo diz pelo menos no livro acima citado - que concorda com São Tomás,
que se os astros não influem na vontade humana, entretanto, eles influenciariam
os ciclos históricos. Num artigo na revista Planeta, ele escreveu:"A astrologia tem, sobre a
ciência histórica corrente, justamente a vantagem de permitir um estudo mais
amplo, pois o modelo dos ciclos planetários pode articular, numa moldura única
e coerente, as várias correntes de causas - econômicas, políticas, culturais,
etc. - que contribuem para a elaboração da história: onde o historiador comum
se perde ante a variedade dos fatores, o astrólogo (ou o historiador versado em
astrologia) elabora rapidamente uma síntese viva e dinâmica do conjunto." (Olavo de Carvalho, A Década de 80. Com que Direito estão
Prevendo o Fim do Mundo?artigo in Planeta,
Dezembro de 1979, no 87 p.40).
No mesmo artigo, ele
escreve pouco depois:"As grandes transições
ocorridas sob o signo de Escorpião parecem evidenciar sempre o desgosto das potências
cósmicas, que regem o destino humano, contra qualquer forma
de equilíbrio estático que ameace eternizar um determinado status... "(Olavo de Carvalho, artigo A Década de 80; Planeta, Dezembro de 1979, no 87,
p. 42).
Dessa forma, segundo
Olavo, os astros mais do que influir sobre os homens individualmente, influem
nos ciclos históricos. Assim, eles ajudariam a explicar a História. Abandonando
a "explicação" marxista da História, Olavo buscou, para substituí-la,
uma "explicação" astrológica.Até aqui concluímos,
pois, que a Astrologia espiritual, tal como a expõe Olavo de Carvalho, tanto
como a Alquimia, é uma pseudo ciência; é uma é uma "ciência"
esotérica, ligada à Gnose, pretendendo ser veículo para o "Conhecimento
salvador".Essa conclusão minha é confirmada pelo que diz um dos mestres
tradicionalistas gnósticos admirado e elogiado por Olavo: Titus Burckhardt. Esse
autor afirma em um de seus livros:"É verdade que, durante um
certo tempo, precedendo diretamente a época moderna, elementos de gnose verdadeira, que
tinham sido rejeitados do domínio da teologia, ao mesmo tempo pelo desenvolvimento exclusivamente sentimental do
misticismo cristão tardio e pela tendência apologética inerente à Reforma,
acharam um refúgio na alquimia especulativa. Isto explica sem dúvida
fenômenos tais como os ecos de Hermetismo que se podem distinguir na obra de um
Shakespeare, de um Jacob Boehme ou de um Johann Georg Gichtel". (T.
Burckhardt, op., cit. pp. 19-20).Mas isto é dito da
Alquimia e não da Astrologia, objetaria alguém. A resposta nos é dada pelo
próprio Burckhardt, como veremos logo em seguida:
Alquimia
e Gnose
"A astrologia e a alquimia que, na sua forma ocidental, derivam ambas da tradição hermética, tem
entre elas a mesma relação que o Céu e a Terra. Uma interpreta a significação
do zodíaco e dos planetas, a outra, a dos elementos e dos metais." (Titus Burckhardt, Alchimie, ed. Thot, impresso na
Itália, texto francês, Milano,1974, p. 73).
Burckhardt afirma
então que Astrologia e Alquimia são ciências esotéricas, herméticas, portanto,
gnósticas. E também Olavo havia relacionado todas as ciências esotéricas,
especialmente a Alquimia e a Astrologia, com o esoterismo, isto é, com a Gnose.
Pontifica Burckhardt:"Pela maneira
"impessoal" pela qual ela considera o mundo, a alquimia se acha em relação mais direto com a "via do conhecimento" (a gnose) do que com a "via do
amor" (T. Burckhardt, Alchimie, pp. 27-28. O negrito é
nosso).
Burckhardt é explícito: a Alquimia é ligada à Gnose. E a palavra Gnose é do próprio texto de
Burckhardt.
O que Olavo mais ou menos camufla, Burckhardt proclama. A Alquimia é ligada à
Gnose:"Por sua integração à fé
cristã a alquimia se achava espiritualmente fecundada enquanto que ela trazia à
Cristandade uma via conduzindo à "gnose" através da contemplação da
natureza" (T. Burckhardt, op. cit., p. 18)
Mais ainda. Como se
não bastasse a relação da Alquimia com a Gnose, Burckhardt mostra que ela era
cabalística. (E a Cabala é a Gnose judaica, conforme Scholem):"Não se sabe, escreve Artéphius, célebre alquimista medieval,
"que nossa arte é uma arte cabalística?" (T. Burckhardt, op. cit. p. 28).
Burckhardt diz ainda:"A Alquimia, apoiando-se
sobre uma perspectiva puramente cosmológica, não pode ser transposta senão
indiretamente ao domínio meta - cósmico ou divino. Mas, como ela pode representar uma etapa no encaminhamento em direção
ao objetivo supremo, ela foi entretanto incorporada na gnose cristã e islâmica.
A transmutação alquímica conduz o elemento central da consciência humana ao
contato direto deste raio divino que atrai irresistivelmente a alma e direção
ao alto e a faz entrever o Reino dos Céus" (T. Burckhardt, op cit., pp.
70-71).
Portanto, mais do que
transmutar chumbo em ouro, a Alquimia visa colocar em contato a partícula
divina oculta no homem com a própria Divindade, a fim de realizar a Identidade
Suprema, isto é, transmutar o alquimista em Deus."Ora, a Grande Obra não
limita sua ambição à pesquisa interessada de técnicas para a produção do metal
precioso. O alquimista trabalha para a
sua própria transmutação; sua tarefa externa é o símbolo de uma caça do ser, de
uma ascese que lhe dará o domínio do absoluto. O enobrecimento dos elementos
naturais é a figura alegórica da promoção espiritual do homem, o mais precioso
de todos os elementos, assim como o manifestou o Fausto romântico de
Goethe"(G. Gusdorf, Le Romantisme,
Vol. I, p. 846).
Olavo deixara
entrever que a Astrologia espiritual exige uma iniciação. Burckhardt vai dizer
expressamente isso da Alquimia:"Como toda arte sagrada no
verdadeiro sentido da palavra (isto é, como todo "método podendo conduzir à
realização de estados de consciência supra individuais) a alquimia depende de uma iniciação" (T. Burckhardt, op. cit.
p. 32).
Olavo admite que a
Alquimia não é uma ciência racional. Isso se depreende do que ele diz, por
exemplo, num artigo intitulado "Medicamento
Alquímico", publicado na revista Alquimia Digital(http//:alquimia.vila.bol.com.br/medicamento/index.html.) Nesse artigo delirante, Olavo explica como
se pode obter o ouro potável, captando a "energia vital que move o
universo e os seres vivos", energia que ele chama ainda de
"energia cósmica":"Sendo a forma mais
universal de energia, a energia cósmica
não se deixa, evidentemente isolar em laboratório. Por isso não se poderia
"provar" cientificamente a existência da energia vital ou cósmica,
pelo menos com os recursos habituais da ciência atual" (Olavo de Carvalho,
art cit., p. 1).
E ele previne que os
procedimentos alquímicos:"São quase o inverso simétrico do procedimento científico atual."
(Olavo de Carvalho, art. cit.p.2).
Há, pois, que
acreditar nesta tal "energia cósmica". A alquimia exige um ato de fé. E,
descrevendo a experiência alquímica, Olavo conta que ela consta de várias
etapas:"Escolha do local e dos
momentos para a colheita da matéria prima; alimentação da matéria prima com
orvalho e flores; destilação, corrupção e incineração; obtenção final do
"levedo" que, ao contato com o ouro, "abre" a estrutura
energética íntima do metal, captando suas propriedades medicinais; testes
clínicos e de laboratório". (Olavo
de Carvalho, art. cit. p. 2).
Ele informa ainda que
há que fazer "milhares de cálculos astrológicos" no decorrer da
operação, além de analisar a "configuração astral pessoal do alquimista, que
é uma espécie de catalisador". Pior ainda. A colheita da matéria
prima e a escolha do local onde encontrá-la exigem uma operação
"espírita":"A escolha do local é
determinada quase exclusivamente por clarividência. A mulher do alquimista, em
estado de transe mediúnico, o conduz até determinado sítio, onde vê figuras
que ele vai interpretando como indicações sobre o modo de colher a matéria
prima" (Olavo de Carvalho, art. cit., p. 3. O negrito é meu).
Olavo diz ainda que :“O ouro e outros elementos são "apenas a sede material e aparente,
disfarce e embalagem de forças invisíveis de natureza imaterial, puramente
"espirituais", ou, digamos assim, energéticas" (Olavo de
Carvalho, art. cit., p.3)
Incrível, não? Pois
há mais:"É também o mundo das forças
obscuras do céu e da terra, que se juntam num inquietante trabalho de parto,
ora aliadas, ora inimigas, e das quais o homem parece esperar algum sacramento secreto"(Olavo de Carvalho, art. cit., p.5. O
negrito é meu).
É evidente que não é
possível discutir seriamente este assunto com alguém que escreve tais coisas. Tal
discussão eqüivaleria a debater com "Madame Pavlovna" que lê o futuro
na bola de cristal, ou com a "cigana Manolita", que prometia
desvendar o futuro lendo as cartas, "pois as cartas não mentem
jamais", como garantia uma cançãozinha popular, em 1940. É
evidente que a "barafunda" de conceitos religiosos que Olavo ligou à
Alquimia demonstra que ela exige uma atitude religiosa e mágica, simetricamente
oposta à ciência racional, isto é, uma atitude gnóstica.Releia agora o que
Olavo escreveu em seu ameaçador AVISO 2:"Uma mente afeita às
técnicas da investigação erudita, mas pobre de discernimento filosófico, está
sujeita a perder de vista a forma abrangente e a se confundir de tal modo na
barafunda dos elementos de procedência gnósticos que, onde quer que os encontre
isoladamente, acabe acreditando estar na presença de uma heresia justamente por
incapacidade de atinar com a estrutura geral que lhes dá um sentido completamente
diverso." (Olavo De Carvalho, AVISO 2).
É querer enganar-se a
si mesmo não admitir que Burckhardt disse a verdade: a Alquimia é ligada à
Gnose.Ora,
são os próprios mestres que Olavo admira - e um tanto veladamente, até ele
mesmo - que reconhecem que as ciências esotéricas são de cunho gnóstico.
Não é então essa concepção o resultado de um espírito uspianamente míope. É a
própria visão iluminada dos mestres esotéricos de Olavo que vê Gnose nas
ciências "simbólicas" citadas por ele.Todas estas citações, tornam
clarissimamente comprovado que tanto a Astrologia espiritual, quanto a
Alquimia, são "ciências" esotéricas essencialmente ligadas à Gnose. E quem
as pratica, realmente, ou as defende doutrinariamente, deve ser, e é, gnóstico.
Olavo foi astrólogo, crê e defende a "Astrologia espiritual".Em sua obra “Astros e
Símbolos”, Olavo não descarta por completo as previsões astrológicas. No
máximo, condena apenas uma ênfase excessiva, que culminaria no estabelecimento
de uma nova astrologia:"A noção de que as pessoas
tenham um destino estampado nos céus e
de que o pré- conhecimento desse destino possa ser levar a um ‘aperfeiçoamento’
individual não é em si mesma
totalmente falsa, mas uma ênfase excessiva neste modo de ver as
coisas misturadas a concepções fantasistas sobre o karma, das quais falarei
mais adiante - pode levar a uma extinção de toda religiosidade autêntica e ao
estabelecimento de uma nova astrolatria" (Olavo de Carvalho. Astros e Símbolos. Editora: Nova
Stella, 1985, p. 77).
Noutro trecho, Olavo relaciona astrologia com teologia,
além de rechaçar o conhecimento acadêmico:"Essas observações
preliminares fornecem ao leitor, desde já, um critério seguro para saber se
está falando com um conhecedor do assunto ou com um charlatão, ignorante e
falsário (envernizado ou não das tinturas acadêmicas): o astrólogo de raça há
de saber, por um lado, enunciar os princípios metafísicos, cosmológicos e
teológicos em que se fundam as regras astrológicas que aplica, e, por outro,
converter essas regras nos seus eqüivalentes gramaticais, lógicos, estéticos,
etc. "Para ocultar o germe esotérico de sua astrologia espiritualista e
anti-científica, Olavo apresenta o ensino de Santo Tomás sobre a questão, pretendendo
identificar a teologia católica com a magia astrológica: "Segundo
São Tomás, os astros não influem em nosso entendimento, mas sim no nosso
aparato corpóreo; se, portanto, agem sobre nosso psiquismo, não é a título
de causas essenciais, mas de causas acidentais" (Olavo de Carvalho, Astros e Símbolos, p. 63).
Realmente, neste
ponto a doutrina exposta por Olavo concorda com o pensamento de Santo Tomás. Porém,
é oportuno frisar que, embora os astros possam influir em nosso aparato
corpóreo, Santo Tomás nega que eles possam exercem influência sobre as
potências intelectiva e volitiva da alma, determinando nossas escolhas ou ações
na história. Antes de expor os trechos
em que Olavo afirma sua crença esotérica, faremos a explicitação da “doutrina
angélica” quanto à influência dos astros nas decisões humanas.Na Suma
Teológica, Santo Tomás é contundente:“O supor, pois, que os corpos
celestes são causa dos atos humanos, é algo próprio dos que dizem que o entendimento não se distingue dos
sentidos.Mas, como é
absolutamente certo que o entendimento e a vontade não são faculdades
dependentes dos órgãos corpóreos, não é possível que os corpos celestes sejam causas dos atos humanos”
(Parte I, Q. 115, art. 4).
Pela inquestionável
autoridade do Santo Doutor, não citaremos todo o conteúdo de sua brilhante
refutação filosófica. Ademais, a precisão terminológica e a lógica tomista
dispensam um tratado sobre o assunto. Escrevendo contra os Gentios, Santo Tomás
demonstra as conseqüências aberrantes e heréticas da astrologia:“Seria, ademais, inútil o
estabelecimento das leis e dos preceitos do viver se o homem não fosse senhor
das suas eleições. Também inúteis seriam
as penalidades aos maus e os prêmios aos bons, se não estivesse em nosso poder
escolher isto ou aquilo. Faltando, no entanto, tais coisas, desapareceria a
vida social, imediatamente. Logo,
segundo a ordem da providência divina o homem não foi de tal modo constituído
que as suas eleições sejam provenientes dos corpos celestes” (Livro III, Capítulo LXXXV).
No livro “Comentário
aos Mandamentos”, o Aquinate conclui afirmando ser pecado o preceito dos
astrólogos:“Contra este precepto pecan los astrólogos, que dicen que los astros
gobiernan a las almas; siendo que, al contrario, fueron hechos para el hombre, cuyo único
soberano es Dios” (Santo Tomás de Aquino. Comentario a los
Mandamentos). Eis o pensamento
puríssimo de Santo Tomás.
OLAVO
QUER COMPLETAR OU DETURPAR A DOUTRINA DO AQUINATE ?
"Se, enquanto corpos, os
planetas só atuam sobre corpos, podemos completar o raciocínio de São Tomás dizendo que,
enquanto símbolos, ao contrário, eles
representam ou veiculam a atuação de potências espirituais e cósmicas que
ultrapassam infinitamente os domínios do corpóreo. Neste
caso, não são os planetas que agem, mas
sim as potências angélicas das quais eles são somente a cristalização
simbólica e sensível, por assim dizer"
(Olavo de Carvalho, Astros e Símbolos, p. 47).
Além da absurda
pretensão de completar o pensamento de São Tomás, Olavo de Carvalho afirma que
os corpos planetários são cristalizações e veículos de potências angélicas que
ultrapassam o domínio corpóreo. E Olavo não apenas ousa “complementar” a
“Doutrina Angélica”, como também a distorce vergonhosamente, pretendendo
incluir Santo Tomás na lista dos astrólogos “olavianos”:"Ao contrário do que
geralmente se pensa, a astrologia, enquanto estudo das relações entre os
movimentos planetários e eventos terrestres e humanos, nunca foi
propriamente ‘condenada’ pela igreja, como aliás se
vê pelas longas e belas páginas que São Tomás de Aquino, na Suma contra os
Gentios, dedicou à explicação das influências dos astros como veículos das potências angélicas..." (Olavo
de Carvalho, Astros e Símbolos, p. 80).
Como já demonstrado, a
Teologia Católica considera pecaminosa a crença que supõe uma conexão de causa
e efeito entre os movimentos planetários e os eventos humanos. Para
certificar-se, basta reler os textos de Santo Tomás.
A Igreja sempre condenou a
astrologia. É o que provaremos a seguir:
1)- Logo de início podemos citar a Didaqué ou Catecismo
dos Apóstolos:“Também não pratique
encantamentos, astrologia ou
purificações, nem queira ver ou ouvir sobre essas coisas, pois de todas essas coisas provém à idolatria” (Didaqué, ed. Paulus, 1989, p. 12-13)
2)- Os Padres da Igreja também foram unânimes na
condenação da astrologia:
a)- Hipólito: “Quão impotente é o sistema
[astrológico] para comparar as formas de disposições dos homens com os nomes
das estrelas!” (Refutação de Todas
Heresias 4:37).
b)- Santo Atanásio: “Donde ser verdade que os
autores de tais livros [os astrólogos] acarretaram a si próprios uma dupla
reprovação, pois aprofundaram-se em uma
desprezível e mentirosa ciência” (Carta de Páscoa 39:1).
c)- São Basílio Magno: “Aqueles que ultrapassam os limites, fazendo das palavras da
Escritura sua apologética para a arte de calcular temas de genitura
[horóscopos], pretendem que nossa vida dependa da moção dos corpos celestes, e
assim os Caldeus lêem nos planetas o que nos ocorrerá”. (Os 6 dias da Criação 6:5)
d)- São João Crisóstomo: “... E de fato uma treva
profunda oprime o mundo. É ela que devemos fazer dissipar e dissolver. E tal
treva não se encontra somente entre os heréticos e os gregos, mas também na
multidão do nosso lado, no que diz respeito às doutrinas da vida. Pois muitos [os Católicos]
descrêem inteiramente na ressurreição; muitas fortificam-se com o horóscopo; muitos aderem a
práticas supersticiosas, augúrios e presságios”. (Homilias sobre Coríntios I, 4:11)”.
e)- Santo Agostinho: “O bom
cristão deve precaver-se
de astrólogos ou de qualquer um daqueles que praticam
impiamente a adivinhação” (apud Sto.
Tomás, II-II, Q. 95, art. 5).
A
condenação prosseguiu ininterruptamente, até culminar no infalível anátema:
1)- “Se alguém pensa que se deve crer na astrologia, seja anátema” (DENZINGER, nº
35).
2)- “Se alguém crê que as almas humanas estão ligadas a um signo fatal
(v. 1.: que as almas e corpos humanos estão ligados a estrelas fatais), como
disseram os pagãos e Prisciliano, seja anátema” (DENZINGER, nº 239).
A Igreja, portanto, excomunga os adeptos da astrologia! No caso de Olavo, não
seremos nós a decretar sua excomunhão. Queremos apenas provar que ele defende
uma doutrina infalivelmente anatematizada pela Igreja Católica. Para tanto,
reproduziremos dois trechos suficientes para ressaltar sua “fé” em uma doutrina
herética. Em um artigo, Olavo afirmou que os ciclos históricos são
influenciados pelos astros:"A astrologia tem, sobre a
ciência histórica corrente, justamente a vantagem de permitir um estudo mais amplo, pois o modelo dos
ciclos planetários pode articular, numa moldura única e coerente, as várias correntes de causas -
econômicas, políticas, culturais, etc. - que contribuem para a elaboração da
história: onde o historiador comum se perde ante a variedade dos
fatores, o astrólogo (ou o historiador versado em astrologia) elabora
rapidamente uma síntese viva e dinâmica do conjunto" (Olavo de Carvalho. A Década de 80.
Com que Direito estão Prevendo o Fim do Mundo? in Planeta, Dezembro de 1979, no 87
p.40).
Nota-se que ele
atribui uma vantagem da astrologia em relação à ciência histórica. Para Olavo,
a astrologia proporciona ao historiador um estudo mais amplo acerca das causas
econômicas, políticas e culturais. Sendo assim, todo historiador deveria ser,
acima de tudo, um bom astrólogo para conhecer as verdadeiras causas que
determinam os fatos históricos. Logo, segundo esta concepção absurda, existiria
uma ligação direta e determinante entre os astros e os acontecimentos humanos. Abandonando
a "explicação" marxista da História, Olavo adotou uma
"explicação" astrológica-gnóstica. No mesmo artigo, ele também
escreveu:"As grandes transições ocorridas sob o signo de Escorpião parecem
evidenciar sempre o desgosto das potências cósmicas, que regem o destino humano,
contra qualquer forma de equilíbrio estático que ameace eternizar um
determinado status..."(Olavo
de Carvalho, artigo A Década de 80..., Planeta, Dezembro de 1979, no 87,
p. 42. O destaque é meu).
Novamente Olavo
afirma que o destino humano é regido pelos astros. Ora, o que é isso se não a
mais pura astrologia gnóstica? E não venham seus pupilos alegarem uma
suposta mudança de pensamento nos escritos desse astrólogo de internet. Seus artigos mais recentes provam que sua “fé” astral permanece
inalterada. Citaremos, pois,
fragmentos de um artigo publicado em 04 de maio de 2012, no qual
afirma: “Reproduzo em apêndice dois escritos meus já antigos, mas bem divulgados
na época, nos quais resumo minhas
opiniões, até hoje inalteradas em essência, sobre a questão astrológica”.
Não convencido pela
Teologia de Santo Tomás e tampouco pelo anátema infalível da Igreja, Olavo insiste na possibilidade de haver uma
relação entre o movimento dos astros e o desenrolar da vida humana:“No entanto, os debates, na sua
quase totalidade, têm se limitado aos aspectos mais vistosos e periféricos da
questão astrológica, sem fazerem avançar
um passo sequer o esforço para responder às perguntas que constituem, ou
deveriam constituir, o miolo do problema: existe,
objetivamente, uma relação entre os movimentos dos astros no céu e o desenrolar
da vida humana na Terra? Se existe, qual a sua natureza e o seu
alcance? Quais as causas que a determinam? Quais as possibilidade e os meios de
conhecê-la cientificamente?”
Responder a essas
questões é, para Olavo, de máxima importância para a nossa civilização:“No entanto, a questão das influências astrais, em si, e
independentemente da polêmica, é da máxima importância para a nossa civilização
em seu estágio presente”.
Além de persistir
apaixonadamente numa questão já resolvida pela Igreja, Olavo de
Carvalho também hostiliza aqueles que, confiando na doutrina católica, rechaçam
de imediato a astrologia como inexistente, falsa e herética:“A astrologia é um amálgama
enorme e confuso de códigos simbólicos, mitos e preceitos empíricos,
procedentes de épocas e civilizações diversas, numa variedade que se rebela
contra toda tentativa de reduzi-la a um corpo unitário de doutrina. Como pronuciar-nos,
de um só golpe, sobre a veracidade ou falsidade de uma massa tão heteróclita? Só a
ignorância fanática ou o desejo de aparecer explicam que alguém se disponha a tomar
partido num debate que se coloque nesse termos”
E diz mais:“Se a astrologia tal como se praticou e se
prática hoje é falsa, o que temos de fazer é uma verdadeira, ao invés de proclamar, com uma
autoconfiança de avestruz, a inexistência do fenômeno astral sob a alegação de
falsidade do que dele se diz”.
Considerando que a
Igreja Católica anatematizou com um só golpe toda e qualquer crença ou prática
astrológica, Olavo, consciente ou não, acusa a Igreja de ignorante e fanática, motivada
por uma autoconfiança de avestruz. E nem adianta dizer que a astrologia
formalmente condenada difere da astrologia olaviana. A Igreja, sempre que
condena um erro, não deixa outra possibilidade senão a renúncia total a esse
erro. Assim, quando a Igreja condenou o socialismo,
ela não possibilitou um socialismo cristão. Do mesmo modo que não poderá jamais
existir um socialismo cristão, também não poderá existir nunca uma astrologia
católica.E como prova de que Olavo não se arrepende de suas
práticas astrológicas, transcrevo sua própria confissão:“Como prova de que sou um
“astrólogo embusteiro”, o sr. Rodrigo Constantino reproduz no seu blog uma
reportagem da Veja, datada de 9 de abril de 1980, na qual, desafiado pelo
repórter Luiz Henrique Fruet, analiso o mapa astrológico de uma pessoa
desconhecida e, em resultado, forneço um perfil integralmente correto do
indivíduo, sem um erro ou imprecisão sequer, e com detalhes que nenhuma especulação
divinatória poderia jamais alcançar. A Veja deu o braço a
torcer”.
Diante de tal
declaração, não resta dúvidas de que Olavo não reproduz e até se opõe, ao que ensina a
doutrina católica neste tema. Esta doutrina de Olavo portanto, é
herética!E como ordena São Paulo:“Foge do Herege” (Tito 3, 10-11).
Pelo ao menos neste
ponto, sua doutrina não é católica, e portanto, não merece credibilidade,
porém, não vamos jogar fora toda sua produção intelectual, pois correríamos o
risco de jogar fora o bebê com água suja.
DO EXOTERISMO E MARXISMO PARA A IGREJA CATÓLICA - (TESTEMUNHO DA EX-EsOTÉRICA MARXISTA MIRIAM MACEDO)
“Marx me explicava tudo: as
razões da opressão e o caminho para a libertação. E lá ia eu, vigiada pelos
"ômi", assistir às palestras de Dom Pedro Casaldáliga e Dom Tomás
Balduíno. A religião era o ópio do povo, mas aqueles eram padres dos bons. Não porque eram padres, mas porque eram
comunistas.Mas nem só de pão vive o homem. Eu queria também
Paz e Amor. Amor livre, claro. Para
libertar nossos corpos e nossas mentes a fórmula era conhecida: sexo, droga e
rock in roll, aceitando-se outros ritmos musicais alternados ou
simultâneos.Tínhamos quase tudo: o som, o fuzil e a maconha. Mas faltava o
"algo mais", a espiritualidade. E, assim, num fiat lux cósmico, o
raio da Nova Era iluminou a nossa existência. E foi um sem-fim de yin, yang, ioga, prana,
sutra, maia e karma.O cardápio podia variar, mas era
sempre uma combinação de certos ingredientes: um prato de arroz integral com
gergelim, um baseado, sair para dançar, ir para cama com mais de um, ou
qualquer um, e cumprir o dever revolucionário de derrubar o governo. Quando me senti no
fundo do poço e tudo ia mal - trabalho, convivência com a família, saúde etc -
eu disse basta, vou mudar". Mudei. Parei de beber, de fazer sexo, me
recolhi. Mas no lugar de voltar para Deus, fui para o analista. Da
parte espiritual cuidava a macrobiótica, a que me submeti rigorosamente por
sete anos. Ela era suficiente para me dar o Discernimento Superior e me
harmonizar com a Ordem da Natureza. E a
"macrô" ainda trazia a vantagem de reforçar a análise dialética e
materialista da realidade: afinal yin-yang podia ser traduzido como
capital-trabalho ou burguesia-proletariado. Perfeito!Quanto ao Papa Woytila, eu
valorizava a sua ação política a favor dos pobres, mas achava-o retrógrado e
cheio de moralismos antigos principalmente nas questões sexuais. Já que era
assim, eu preferia continuar sem transcendências, mas pelo menos com um pouco
de elegância e sofisticação intelectuais. E logo descobri o que havia de mais
avançado no pensamento de esquerda no mundo:O grupo marxista alemão Krisis
liderado pelo ensaísta Robert Kurz. Este
grupo, ao fazer a crítica radical do sistema mundial produtor de mercadorias, conseguiu realizar um verdadeiro milagre: provar que Marx
estava errado e certo ao mesmo tempo! Segundo Krisis, já não era a
luta de classes que movia a História, como pregava o Marx jovem, mas as
relações fetichistas, como concluia o Marx velho. Isto é que era revolução. Viva Marx morto – vivo !!!Os novos críticos apontavam em
Marx o defeito iluminista de crer que a Razão faria surgir o Homem Novo: em vez
disso, o homem se tornara, isso sim, cada vez mais alienado, egoísta e violento
- mesmo quando melhoravam as condições materiais objetivas de sua existência.
Estão aí os Estados Unidos que não nos deixa mentir. Logo, concluíram os
marxistas anti-marxistas: a solução dos problemas da humanidade terá de passar
pela superação do próprio Iluminismo; de fato, o capitalismo é a mais exemplar
expressão da racionalidade, pois do que mais se fala no capitalismo é de
racionalização (visando sempre maximizar os lucros). A saída: mudar a Razão Pura em Razão Sensível,
seja lá o que isto for. Como fazer a
mudança o grupo Krisis até hoje não descobriu. Ou seja: ninguém sabe.O desencanto com o marxismo foi
acontecendo naturalmente. Um dia, lendo um texto de Eric Voegelin, me convenci
de que o marxismo carecia completamente de fundamentação filosófica que o
sustentasse. Depois, era só ver em que tinha dado o tal do "mundo
comunista". Sempre me martelava na cabeça a observação de que a Revolução Russa
não podia mesmo ter dado certo. Afinal, tinha começado matando crianças, os
filhos do Czar Nicolai... para que isto meu Deus?...Engraçado é que nada me fazia imaginar que eu já estava trilhando o
caminho de volta a Deus. Certo dia, me caiu nas mãos um livro de um
"erudito" judeu, chamado Zecharia Sitchin, que se apresentava como
expert em arqueologia, História e línguas antigas (hebraico, sumério, acádio
etc). Ele afirmava que as tábuas de argila encontradas na Mesopotâmia há 6 mil
anos não eram mitos, mas relatos factuais da vinda de extraterrestres de um
planeta de nome Nibiru. Estes ETs, chamados de anunakis pelos sumérios, eram os
Nefilim da Bíblia. A tradução de "caídos" era errônea: Nefilim queria
dizer "os que desceram do Céu para a Terra" ou, mais precisamente,
"os homens dos foguetes ou das naves espaciais". Eles teriam
colonizado a Terra há 500 mil anos, criado o Homem por manipulação genética. A
palavra Elohim, escrita no plural no Gênesis, provava que Deus eram
"deuses. Estes, depois de criarem o homem pela fecundação de um óvulo de
mulher-macaco e o sêmem de um "deus" anunaki, deram a civilização à
raça humana. Voltariam nos próximos anos, completando mais uma órbita de 3600
anos em volta do Sol.A teoria era
absolutamente ousada e desconcertante. Sitchin sugeria que uma Onipotência
Universal poderia até existir, mas os que vieram à Terra foram chamados Deus e
Anjos equivocadamente. Quem falou a Abraão e a Moisés foram estes viajantes de
naves espaciais vindos de Nibiru. Eu pensava comigo:
então, eu posso estar certa e a religião errada; o que nós chamamos de Deus
pode ser apenas um extraterrestre. Resumindo: não havia nem metafísica
nem transcendência.Não que histórias de ETs me
arrebatassem, mas caramba, eu também tinha lido o livro "Eram os Deuses
Astronautas" na adolescência! As evidências intrigantes, as
"qualificações" do autor - que incluíam até a de consultor da Nasa -
e as numerosas citações de fontes acadêmicas reconhecidas (Samuel Noah Kramer,
para citar só um) acabaram me levando a ler todos os livros de Sitchin, além de
muitos outros sobre pré-história, Mesopotâmia, sumérios, babilônios, assírios,
caldeus, egípcios, mitologia grega e hindu, religiões antigas etc, etc. Aproveitei
esta história de ET e anunaki para ler ainda, sem qualquer critério, tudo o que
encontrei na Internet sobre ufologia, esoterismo, Fraternidade Branca,
espiritismo, religiões orientais, calendário maia, teosofia e um sem fim de
assuntos místicos.Não foi difícil,
com o volume de informação que reuni, refutar completamente a teoria maluca dos
anunakis. Não tinha sido, afinal,
perda de tempo, pois aprendi muito. E mais: trechos do Antigo Testamento,
citados por Sitchin, começaram a me fazer pensar. Eu jamais tinha lido a Bíblia
e passei a me interessar e ler sobre assunto.Foi, então, que um amigo me
emprestou um livro de Rudolf Steiner, de quem eu sabia apenas que era o criador
das escolas Waldorf e da Antroposofia. Lembro-me que, à época, o Papa João
Paulo II já estava muito doente e se falava abertamente que ele não duraria
muito. Eu, de minha parte, mantinha o espírito crítico de velha marxista e
teimava em ver a Igreja e o Papa sob o ângulo político, apontando o interesse
da instituição em tirar proveito daquele martírio, transformando-o num
espetáculo midiático. Como eu nunca tinha lido qualquer livro de Antroposofia,
estranhei a observação deste amigo de que, para Steiner, o caminho era o
Cristo. Era
verdade, o autor mostrava Jesus Cristo como a maior dimensão de amor que se
podia imaginar. Steiner considerava o Cristo como alguém absolutamente
fundamental para a evolução espiritual do homem, o próprio Deus encarnado. Espantava-me
a minha igorância sobre este Ser tão inigualável e me perguntava como é que eu
nada sabia sobre Ele. E fui devorando os livros de Steiner.Para explicar a encarnação de
Cristo, Steiner monta uma sofisticadíssima teoria que remonta à Atlântida,
passa por Zaratustra, junta com Hermes no Egito, engloba Moisés, Abrãao,
essênios, budismo, Krishna , dois Jesus, duas Marias, dois Josés até chegar ao
Mistério do Gólgota. De quebra, faz uma leitura dos Evangelhos como o mais puro e
pedagógico manual de iniciação. Ou seja: a Palavra de Deus não é mais que
sabedoria oculta. Miraculosamente, cada palavra dos Evangelhos corresponde a um
símbolo com significado na escrita esotérica e na sabedoria dos mistérios.
Para entender Steiner, comprei a Bíblia de Jerusalém e, pela primeira vez, li
os quatro Evangelhos e o Apocalipse.Mesmo sendo muito fabuloso e surpreendente, Steiner parecia consistente,
lógico, sofisticado e verdadeiro. Cheguei até a pensar - na minha ignorância e
que Deus me perdoe - que a Igreja Católica sabia de tudo, mas não o podia
revelar, pois ainda não tinha chegado a hora, o homem ainda precisaria evoluir
mais para compreender esta nova revelação.Mas, de repente, me deu um estalo
e eu pensei: "cè qualcosa que non va". É que, para Steiner, Cristo é
Deus mas também é uma entidade, um guia da evolução do homem; e Sua passagem
pela Terra O teria ajudado a evoluir. Aí, eu achei demais:"Evolução, cara-pálida? Mas Ele é Deus! E Deus evolui?”É claro que não foi só a minha
exuberante e prodigiosa capacidade intelectual que me fez compreender quem era
verdadeiramente Jesus Cristo. Foi o coração que compreendeu, foi o Espírito
Santo que agiu. Santo Agostinho escreveu " Com certeza, louvarão o Senhor
os que o buscam, porque os que o buscam o encontram".Quando ficou claro para mim que
Steiner era uma grande bazófia, lembrei-me
do Pequeno Príncipe, de Saint-Exupéry, que dizia ser a linguagem uma fonte de
mal-entendidos. E é verdade. Muito do que nos confunde nestes livros esotéricos
são as expressões "mundos espirituais", "esferas
superiores", "dimensões supra-sensíveis". Porque automaticamente
nós relacionamos estes termos às coisas de Deus e dos anjos. Mas, na
verdade, este é apenas o outro lado do mundo físico, sensorial e neste outro
mundo vivem os espíritos que "non provengono da Dio, nonostante venga
utilizzato quasi sempre un linguaggio damore e di luce", nas palavras de
um texto do Vaticano.E foi assim que, através de uma
heresia gnóstica como a Antroposofia, eu acabei sendo levada a redescobrir
Deus.Completamente apaixonada por Jesus Cristo, eu quis conhecê-lo. Precisava
compreender para crer e crer para compreender. Para isto, fui atrás Dele no
lugar certo: a Igreja Católica. Escrevi, brincando, num e-mail para meus
irmãos:"Não adianta: quem entende de Deus e Jesus Cristo é a Igreja
Católica. É perda de tempo ficar lendo steiners,
blavatskis ou dalai-lamas. O negócio é bater na porta da firma que tem o
direito de texto e imagem e é proprietária da logomarca dos dois. Afinal
de contas, a empresa existe há dois mil anos, sem fechar as portas um dia
sequer!"A primeira providência foi ler
inteiro o documento Dominus Iesus. Lá estava a confirmação da fé. Pode parecer, contando assim, que acreditar
em Deus para mim é mero exercício intelectual. Mas o coração sabe que não é.
Mesmo quando ainda não tinha voltado a crer, eu gostava sempre de repetir uma
frase que ouvi de Leonel Brizola, quando lhe perguntaram, certa vez, se
acreditava em Deus. Ele respondeu que era arrogância
não acreditar em Deus. Hoje penso
que, se não temos a pureza de coração para simplesmente crer, a razão acabará
por nos levar inexoravelmente à Verdade.Como me parece hoje absurdo não crer! Para mim, é impossível alguém conhecer a Verdade e não se
deixar comover pelo amor de Deus por sua criatura nem se maravilhar com a
perfeição e sabedoria do plano divino! Como pude viver tanto tempo
sem a amizade de Deus! Acho que o
momento definitivo da minha volta para Deus foi aquele em que ouvi pela
televisão o anúncio da morte do Papa Woytila; profundamente comovida e
chorando, disse para o meu marido: "Este homem está há 25 anos tomando
conta de nós". Falo sempre que a minha conversão foi o último milagre de
João Paulo II.Ainda durante o conclave, comecei
a conhecer o pensamento e a atuação do cardeal Ratzinger, e torci para que ele
fosse o novo Papa. Nunca vou esquecer as suas primeiras palavras já escolhido
para ser o sucessor de Pedro: "sono
un umile lavoratore della vigna del Signore". (‘sou um
humilde trabalhador da vinha do Senhor’).São Bento será, com certeza, o meu santo protetor, pois, além de ser o nome do novo papa, a minha
primeira confissão e comunhão, depois de quase 40 anos de escuridão, eu fiz na
Paróquia São Bento do Morumbi, onde moro. Que Deus ajude o Papa Bento XVI a
recuperar a Igreja eterna que tantas deformações tem sofrido nos últimos anos.
Que minha família O (re)encontre e que Ele nos abençoe a todos!
*Este texto integral foi publicado, pela primeira vez, no site católico
Associação Cultural Montfort, em outubro de 2005. Mais tarde, eu o reescrevi
recompondo a verdade.
LEI
KARMA NO BUDISMO E ESPIRITISMO X A GRAÇA DE DEUS
Um Católico e verdadeiro Cristão esclarecido
da doutrina Cristã, sabe que é simplesmente impossível conciliar a doutrina da Graça
revelada por Cristo na escrituras, com a doutrina oriental e budista do karma,
até mesmo porque, não se consegue a não ser com muito malabarismo achológico,
encontrar uma passagem sequer que a sustente. A lei
do karma na doutrina budista parece ter
vida própria, como se Deus fosse um mero expectador, vendo esta
lei agir independente de sua soberania e liberdade divina. Na realidade o que
encontramos nas escrituras é a sua completa negação na passagem do cego de
nascença em João 9,1-7:“E, passando Jesus, viu um homem cego de
nascença. E os seus discípulos lhe perguntaram, dizendo: Rabi, quem pecou, este ou seus pais, para que
nascesse cego? Jesus respondeu: Nem ele pecou nem seus pais; mas foi assim para
que se manifestem nele as obras de Deus. Convém que eu faça as obras
daquele que me enviou, enquanto é dia; a noite vem, quando ninguém pode
trabalhar. Enquanto estou no mundo, sou a luz do mundo. Tendo dito isto, cuspiu
na terra, e com a saliva fez lodo, e untou com o lodo os olhos do cego. E
disse-lhe: Vai, lava-te no tanque de Siloé (que significa o Enviado). Foi,
pois, e lavou-se, e voltou vendo.”
Bem como,
na passagem do ladrão arrependido que foi crucificado junto com Cristo, onde
lemos em Lucas 23,32-33.39-43:“E também conduziram outros dois, que eram malfeitores, para com Ele serem mortos. E, quando chegaram ao
lugar chamado a Caveira, ali o crucificaram, e aos malfeitores, um à direita e outro à esquerda.... E um dos malfeitores que estavam
pendurados blasfemava dele, dizendo: Se tu és o Cristo, salva-te a ti mesmo, e
a nós. Respondendo, porém, o outro, repreendia-o, dizendo: Tu nem ainda temes a
Deus, estando na mesma condenação? E nós, na verdade, com justiça, porque recebemos o que os
nossos feitos mereciam; mas este nenhum mal fez. E disse a Jesus: Senhor, lembra-te de mim, quando
entrares no teu reino. E disse-lhe Jesus: Em verdade te digo que hoje estarás comigo
no Paraíso.”Ora,
desta passagem depreende-se e coloca-se por terra também, a doutrina da lei
do karma para pagar erros cometidos na vida presente ou passada, vemos
ai que para Deus conceder a sua graça, basta o arrependimento, e já lhe
antecipa o paraíso (nirvana) ao ladrão arrependido, sem precisar passar por
várias reencarnação para adquirir direito, pois somos salvos pela graça e misericórdia
de Deus (conf. Efe 2,8-10).
Ora, na
perícope acima, Jesus ao declarar cabalmente:
“...Jesus respondeu: Nem ele pecou nem seus pais; mas foi assim para que se
manifestem nele as obras de Deus....” Coloca definitivamente por terra
toda doutrina da causa e efeito, conhecida na teologia como teologia da
retribuição.E para
finalizar, na parábola de Jesus sobre o “Rico e o Lázaro”: após a morte, o rico egoísta vai
direto para os tormentos do inferno, enquanto o bom Lázaro é acolhido
imediatamente por Abraão, em um bom lugar (Lucas 16,19-31). Em nenhum momento
Jesus diz que o rico reencarnaria para ter uma nova chance, ou até mesmo avisar
seus familiares, pois não acreditariam e eles tem as escrituras proféticas para
os orientar.O
Budismo é um Sistema ético, religioso e filosófico fundado pelo príncipe hindu
Sidarta Gautama (563 a.C. -?483 a.C.), o Buda, por volta do século VI a.C.
Ensina como superar o sofrimento e atingir o nirvana (estado total de paz e
plenitude) por meio de disciplina mental e de uma forma correta de vida.A doutrina é baseada nas quatro verdades: As três primeiras são relacionadas entre si: a
existência implica dor, a origem da dor é o desejo e o fim da dor só é possível
com o fim do desejo. A quarta verdade prega que a superação da dor só pode ser
alcançada por oito caminhos: compreensão, pensamento, palavra, ação, modo de
vida, esforço, atenção e meditação corretos. Os budistas acreditam na lei do carma, segundo
a qual as ações de uma pessoa determinam suas condições em vidas futuras.Por
volta do século II desenvolve-se uma nova forma de budismo denominada Mahayana
(em sânscrito, Grande Veículo), em contraposição à forma mais antiga, o
Hinayana (Pequeno Veículo).O Mahayana considera que, embora
a aspiração final seja o nirvana, ele deve ser adiado para que o sábio, por
compaixão, possa dedicar-se a ensinar os outros o caminho da salvação.Buda
– O príncipe Sidarta nasce em um clã de nobres do Nepal. Aos 29 anos, chocado
com a doença, a velhice e a morte, sai em busca de uma resposta para o
sofrimento humano. Junta-se a um grupo de ascetas e passa seis anos jejuando e
meditando. Após esse período, sem encontrar as respostas que procura, se separa
do grupo. Um dia, sentado debaixo de uma figueira, tem a revelação das quatro
verdadesÉ
denominado Buda (Iluminado, em sânscrito) pelos seguidores e passa pregar sua
doutrina pela Índia.O budismo está praticamente extinto na Índia desde a
invasão muçulmana no século XIII. Hoje tem cerca de 338 milhões de adeptos em
todo o mundo (6% da população mundial), sendo que mais de 90% vivem na Ásia,
principalmente no Sri Lanka, em Mianmar, no Laos, na Tailândia, no Camboja, no
Tibet, no Nepal, no Japão e na China. Ramifica-se em várias escolas,
sendo o budismo tibetano e o zen-budismo as mais antigas.
1)- Budismo tibetano: Surge no fim do
século VIII, da fusão das tradições budista e hinduísta com o xamanismo. Seu
chefe espiritual, o dalai-lama, é considerado um bodhisattva (em sânscrito, o
ser destinado à iluminação).
2)- Zen-budismo: Desenvolve-se a
partir da forma Mahayana, na China, no século VI, e difunde-se sobretudo no
Japão a partir do século XIII. Baseia-se na prática da meditação e nos
exercícios de postura e respiração. Acredita que o corpo é dotado de uma
sabedoria própria que deve nortear a vida cotidiana.
São compatíveis o carma e a fé católica?
Este Bispo oferece uma clara explicação!
|
(Dom Robert Barron) |
ACI (15/09/2017) - Segundo
o Bispo Auxiliar da Arquidiocese de Los Angeles, nos Estados Unidos, Dom
Robert Barron, explicou os motivos pelos quais o “carma” não é compatível com a
fé católica, pois nega algumas verdades essenciais da fé cristã. Em seu blog,
Word on Fire, Dom Robert Barron explicou que:“O carma é um elemento das
religiões orientais, como o hinduísmo e o budismo, que considera que, “por uma
lei espiritual cósmica, somos castigados ou recompensados, de acordo com as
nossas atividades morais. Se fizermos coisas ruins, sofreremos, nesta vida ou
na que virá. E se fizermos coisas boas, seremos recompensados aqui ou mais
adiante. O carma não é necessariamente
imediato, ao contrário da lei da gravidade”, mas “a longo do tempo as pessoas
são recompensadas ou castigadas de acordo com os seus méritos. E isso satisfaz
o nosso senso de equidade e justiça”, indicou. Em vez disso, continuou o
Prelado, a Igreja Católica ensina que “todas as pessoas são pecadoras e,
portanto, merecem o castigo, mas Deus, em sinal de generosidade, lhes dá o que
não merecem”.Para
explicar o que é esta “graça” dada por Deus, o Prelado citou como exemplo a
parábola do Filho Pródigo, que conta a história de um filho que desperdiçou a
sua herança em uma vida libertina e quando regressou arrependido à casa do seu
pai, ele o perdoou, recebeu-o com alegria e fez uma festa em sua homenagem com
o melhor bezerro. Dom Robert Barron afirmou que:“Deus concede a sua graça como
“um presente”, mas, quando a pessoa a guarda de maneira egoísta, esse dom “se
converte em cinzas”. Em vez disso, “quando entrega essa graça, ela se renova em
você. Se a graça surpreendente salvou um miserável como eu, tenho que ser um
canal de graça para cada alma perdida que me rodeia”, destacou o Prelado.O
Bispo Auxiliar de Los Angeles indicou que na Bíblia há duas passagens que
demonstram como Deus concede a oportunidade de redenção a todos os pecadores sem
excluir ninguém, ao contrário do carma. O Prelado assinalou que, apesar
de a Bíblia assinalar que Israel é “o povo escolhido”, em Isaías 56,6-7 lê-se
que:“Os filhos dos estrangeiros, que
se unirem ao Senhor, para o servirem, e para amarem o nome do Senhor, e para
serem seus servos, todos os que guardarem o sábado, não o profanando, e os que
abraçarem a minha aliança, os levarei ao meu santo monte, e os alegrarei na
minha casa de oração”.Indicou
que em Mateus 15,21-28, uma mulher cananeia procura Jesus para pedir que
liberte a sua filha de um demônio, mas ele se recusa dizendo que só veio para
apascentar as ovelhas da casa de Israel. Inclusive diz:“Não convém jogar aos
cachorrinhos o pão dos filhos. E ela disse: Certamente, Senhor, mas os
cachorrinhos ao menos comem as migalhas que caem da mesa dos seus donos”.Jesus
se surpreende com a sua fé e lhe dá o que ela pediu. Assim, o Prelado explicou
que:“a mesa da graça foi colocada
para os filhos de Israel, mas a comida desta mesa não estava destinada somente
aos israelitas, mas para todos os que viessem. Israel foi escolhido, sim, mas
pelo bem do mundo”.Nesse
sentido, Dom Barron manifestou que:“É uma graça de Deus que não
estejamos vivendo sob a dispensação do carma. Quem entre nós seria capaz de
resistir aos fortes ventos da justiça pura? Os devotos de uma religião de
graça devemos saber que o dom não é somente para nós, mas a generosidade de
Deus é destinada a despertar em nós uma generosidade como esta”, expressou.
O que a Bíblia diz sobre o
carma?
Resposta: O
carma é um conceito teológico encontrado no Budismo e Hinduísmo. É a
ideia de que como alguém vive sua vida vai determinar a
qualidade de vida dessa pessoa quando reencarnar. Em outras palavras, se
alguém deixar de ser egoísta e é gentil e santo durante sua vida, essa pessoa
vai ser recompensada ao reencarnar (renascer em um novo corpo terreno) com uma
vida agradável. No entanto, se alguém viver uma vida de egoísmo e perversidade,
essa pessoa vai reencarnar em uma vida muito menos agradável. Em outras
palavras, semearemos na outra vida o que plantarmos nesta. Carma é baseado na
crença religiosa de reencarnação. A Bíblia não concorda com a ideia de
reencarnação, portanto, não sustenta a ideia de carma.Hebreus 9,27 diz:“E, como aos
homens está ordenado morrerem uma vez, vindo depois disso o juízo...” Este
versículo bíblico deixa bem claro dois pontos importantes que, para os
Cristãos, negam a possibilidade de reencarnação e carma.Primeiro, o versículo afirma que aos homens “está ordenado
morrerem uma vez”, quer dizer, os humanos nascem e morrem apenas uma vez. Não
há um ciclo infinito de vida e morte e renascimento , como sugere a teoria da
reencarnação. Segundo, essa passagem afirma que depois da morte teremos que
enfrentar o julgamento, quer dizer, não há uma segunda chance de viver uma vida
melhor, como afirma a teoria de reencarnação e carma. Você tem apenas uma vida
e uma chance de vivê-la de acordo com o plano de Deus e ponto final. A Bíblia
fala sim sobre o semear e colher.
-Jó 4, 8 diz:
“Segundo eu tenho visto, os que lavram iniqüidade, e semeiam mal, colhem o
mesmo.”
-Salmo 126,5 diz:
“Os que semeiam em lágrimas colherão com alegria.”
-Lucas 12,24 diz:
“Considerai os corvos, que nem semeiam, nem colhem, nem têm despensa nem celeiro,
e Deus os alimenta; quanto mais valeis vós do que as aves?”
Em cada um desses exemplos, assim como todas as
outras referências sobre semear e colher, o processo de
receber a recompensa pelas suas ações acontece durante esta vida, não em uma
vida futura. É uma atividade do presente e essas passagens deixam
bem claro que o fruto que alguém colhe vai ser proporcional às ações que essa
pessoa executou. Além disso, as ações que alguém executa nessa vida vai
afetar sua recompensa ou punição depois da morte, porém de forma definitiva no
Céu, ou inferno.Essa vida depois da morte não é um renascimento
ou reencarnação em um outro corpo aqui na terra. Ou é sofrimento eterno no inferno
(Mateus 25,46), ou vida eterna no Céu com Jesus, o qual morreu para que
pudéssemos viver eternamente com Ele. Esse deve ser o foco da nossa
vida aqui na terra. O Apóstolo Paulo escreveu em Gálatas 6,8-9:“Porque o que
semeia na sua carne, da carne ceifará a corrupção; mas o que semeia no
Espírito, do Espírito ceifará a vida eterna. E não nos cansemos de fazer bem,
porque a seu tempo ceifaremos, se não houvermos desfalecido.”Finalmente, precisamos sempre lembrar que a foi
a morte de Jesus na cruz que resultou na colheita de vida eterna para nós, e
que é fé em Jesus que vai nos dar acesso a essa vida eterna.Efésios 2,8-9
nos diz: “Porque pela graça sois salvos, por meio da fé; e isto não vem de vós,
é dom de Deus. Não vem das obras, para que ninguém se glorie”. Ao estudarmos a Bíblia, podemos concluir que o conceito de
reencarnação e carma é incompatível com o que as Escrituras ensinam sobre a
vida, morte, e o plantar e colher da vida eterna. Essas pessoas colocam a lei e a graça no
ringue de luta e, antes de soar o gongo, dão à graça vitória por nocaute. O texto chave para
esse estudo é Efésios 2,8-10: “Porque pela graça sois salvos mediante a fé e isto não vem de vós,
é dom de Deus; não de obras, para que ninguém se glorie. Pois somos feituras
dEle, criados em Cristo Jesus, para boas obras, as quais Deus de antemão
preparou para que andássemos nelas”.
Algumas
coisas precisam ficar muito claras em nossa mente:
1º) A lei por
si só não nos salva. A graça sim. Simples não? A salvação é obtida
única e exclusivamente pela graça de Jesus que é oferecida a nós. O texto
diz: “Pela graça sois salvos, mediante a fé, e isso não vem de vós, é
um dom de Deus.” A
graça é um dom de Deus. Um dom é um presente que você recebe, sem
merecer, e não precisa pagar por ele. Como disse Strong: “A graça é favor imerecido
concedido aos pecadores.” (A. H. Strong, Systematic Theology,
p. 779). O sacrifício substitutivo de Jesus na cruz do Calvário e a aceitação
deste dom em minha vida é o que me comunicam a vida eterna.Durante uma
conferência britânica a respeito de religiões comparadas, técnicos de todo o
mundo debatiam qual a crença única da fé cristã, se é que existia essa crença. Eles
começaram eliminando as possibilidades. Encarnação? Ressurreição? O debate
prosseguiu durante algum tempo até que C. S. Lewis entrou no recinto e
perguntou:“A respeito do que é a
confusão?”, ele perguntou, e ouviu a
resposta dos seus colegas. Lewis
respondeu: “Oh, isso é fácil. É a graça”. Depois
de alguma discussão, os conferencistas tiveram de concordar. A noção do amor de
Deus vindo a nós livre de retribuição, sem cordas amarradas, parece ir contra
cada instinto da humanidade. O caminho de oito passos do budismo, a doutrina
hindu do karma, a aliança judaica e o código da lei muçulmana, cada um deles
oferece um caminho para alcançar a aprovação. Apenas o cristianismo se atreve a
dizer que o amor de Deus é incondicional. O
autor Cristão Phillip Yancey, em sua obra: Maravilhosa Graça, p. 18, escreveu:
“Se a nossa maior necessidade fosse a justiça, Deus nos teria
enviado um legislador.
“Se a nossa maior necessidade fosse informação, Deus nos teria
enviado um jornalista.
Se a nossa maior necessidade fosse tecnologia, Deus nos teria
enviado um cientista.
Se a nossa maior necessidade fosse dinheiro, Deus nos teria
enviado um economista.
Mas a nossa maior necessidade é
o perdão, então, Deus nos enviou um Salvador!”
Apenas
Cristo pode nos salvar. Seu sacrifício foi todo suficiente para pagar a nossa
dívida de pecado (Romanos 6,23). Mas e a lei? Se não serve para salvar, qual é
o objetivo dela? Aceitar a graça de Cristo já não me garante a salvação? O teólogo alemão
Dietrich Bonhoeffer popularizou nos meios teológicos a expressão
“graça barata” por meio de seu livro Discipulado, escrito em 1937. Logo nas
primeiras páginas, ele faz um alerta contra a graça barata dizendo:“A graça barata é inimiga mortal de nossa Igreja. Graça barata
significa justificação do pecado, e não do pecador. A graça barata é a graça que nós dispensamos a
nós próprios. A graça barata é a pregação do perdão sem arrependimento, é o
batismo sem a disciplina de uma congregação, é a Ceia do Senhor sem confissão
dos pecados, é a absolvição sem confissão pessoal. A graça barata é a graça sem
discipulado, a graça sem cruz, a graça sem Jesus Cristo vivo,
encarnado, morto e ressuscitado.” Percebeu que texto
esclarecedor? A graça de Cristo não nos faz imunes a vida de pecado que
tínhamos antes, mas promove uma mudança de pensamentos e atitudes, e isso deve
ocorrer em nós de dentro para fora. Paulo escreveu: “Se alguém está em Cristo, é
nova criatura; as coisas antigas já passaram; eis que se fizeram novas”
(2 Coríntios 5,17).A Graça de Cristo agindo em nós ainda nesta vida
carnal, não é uma vacina que nos deixa completamente imunes aos pecados, mas
remédio a ser usado sempre que precisarmos.O texto de Efésios 2,8-10
diz claramente que fomos criados em Jesus “para as boas obras”, ou seja, a
partir do momento em que eu recebo a graça salvadora de Jesus, eu desenvolvo livremente
em gratidão através das boas obras não para adquirir salvação, mas porque já
fui salvo por Jesus. Elas são, portanto, um resultado e termômetros da salvação
sendo operada em nós, que ocorreu e está ocorrendo em minha vida.Lembra-se do texto
sobre a Videira Verdadeira? Jesus disse: “Eu sou a videira, vós, os
ramos. Quem permanece em mim, e eu nele, esse dá muito fruto, porque sem mim
nada podeis fazer” (João 15,5).Produzir fruto na
vida cristã é resultado da permanência em Cristo, a Videira Verdadeira. A
partir disso, receberemos vida da seiva e produziremos naturalmente os frutos
que Cristo deseja. A lei de Deus atua nesse processo como um espelho, mostrando
a sujeira do pecado em minha vida e não apenas isso: mostra o caminho que devo
seguir, apontando a necessidade de um Salvador.
2º)
Harmonizando lei e graça – Já ouviu aquela ideia de que a lei
vigorou apenas no Antigo Testamento e a graça no Novo Testamento? Essa ideia é
equivocada. Ambas sempre andaram de mãos dadas, cada uma cumprindo a
sua função. A Bíblia diz que:“O Cordeiro foi morto desde a fundação do mundo” (Apocalipse 13:8), e
que “A Graça nos foi dada em Cristo Jesus antes dos tempos dos séculos”
(2 Timóteo 1,9). Portanto, os
pecadores do Antigo Testamento também se salvaram pela graça. Eles deveriam
manter a fé no Cordeiro de Deus que viria.Como afirmar e comprovar nas escrituras que a graça veio
do sacrifício redentor, livre e por amor da cruz, atingindo a todos antes,
durante e depois de Cristo, incluindo até aqueles que ainda nem nasceram?
a)- Noé e seus
contemporâneos acharam graça diante de Deus por meio de Cristo que desceu a
mansão dos mortos para oferecer a salvação gratuita a estes espíritos em
prisão.(conf. Gênesis 6,8; 1 Pedro 3,18-22).
b)- Abraão foi salvo
pela graça, (Gálatas 3,8; Romanos 4,3)
c)- Davi não se
salvou pelos próprios méritos, mas pela fé em Cristo (Romanos 4,6).
Então, a graça é o
meio universal e eterno de Deus salvar os pecadores. E a lei, não foi cravada
na cruz? Não estamos agora, “debaixo da graça”? Romanos 3,31 diz: “Anulamos, pois, a lei pela fé?
Não, de maneira nenhuma! Antes, confirmamos a lei.” Jesus veio nos
libertar da condenação que a lei nos impunha.Isso significa que não estamos
mais “debaixo dos trocentos preceitos lei”. Porém, se a lei tivesse sido
abolida, não haveria transgressão (1 João 3,4) e, necessariamente, não haveria nem
pecado e condenação. E não havendo condenação, não há necessidade
de graça. Sem lei não há graça. Uma pressupõe a outra. A graça, além de
nos salvar da condenação da lei, habilita-nos a viver em harmonia com os
preceitos celestiais, com o padrão divino. Não há contradição, mas uma
interdependência entre lei e graça. Elas se harmonizam e completam-se em suas
funções. A graça não importa em liberdade para pecar, mas numa mudança de
senhores, e numa nova obediência e serviço. A graça não anula a santa Lei de
Deus, mas unicamente a falsa relação do homem para com ela.
3º) A essência da graça – Pergunte às pessoas o
que elas devem fazer para ir para o céu e a maioria vai responder: “Ser bom”. As
histórias de Jesus contradizem essa resposta. Tudo que devemos fazer é clamar:
“Socorro!” Deus está esperando de braços abertos para receber Seus filhos.
Lembra-se da história do filho pródigo? O pai aguardava ansiosamente a
volta do filho arrependido. Essa é a manifestação da graça de Deus em nossa
vida. Jesus desceu a essa Terra e personificou a graça de Deus. Ele viveu de
acordo com as exigências da lei e tomou sobre si a punição do pecado. “O castigo que nos traz a paz
estava sobre Ele” (Isaías 53,4). Na cruz, a justiça e a paz se
beijaram (Salmos 85,10). Ali foi demonstrado não apenas a justiça de Deus, mas
que Deus é justo. Existe amor maior do que este?Imagine a seguinte situação: “Num belo dia, você toma o seu
filho e vai para um horto florestal. Ali, passa lindos momentos com aquele
menino que você ama imensamente. De repente, em meio ao passeio, você olha para
trás e não enxerga mais o garoto. Começa a chamar pelo nome, mas nenhuma
resposta aparece. Desesperado, começa a perguntar para outras pessoas, chama os
bombeiros, a polícia, mas novamente sem nenhum resultado. O desespero é total.
Os dias se passam e nada do menino aparecer. Até que num dia fatídico, o
policial o chama para ir à delegacia e diz:
O seu menino foi encontrado morto, com sinais de abuso e violência. Nós já
achamos o sujeito que fez essa barbaridade. Ele está preso e se encontra aqui
nesse prédio. Eu quero dar a liberdade para você como Pai, ir bem ali, atrás
daquela porta, pegue esta arma, você pode ir lá agora e fazer o que quiser com
ele. Fique tranquilo, ninguém ficará sabendo...” E aí,
o que você faria se estivesse numa situação dessas? Você teria, pelo menos,
três opções:
1ª)- Você poderia entrar por aquela porta e, por causa da dor que sente em seu
coração, tirar a vida daquele homem. Ele matou seu filho indefeso e de forma
covarde, é justo que a vida dele seja tirada. “Olho por olho, dente por dente”,
diz um dos mais antigos códigos de conduta da Humanidade. Isso se chamaria
justiça, mesmo feita com as próprias mãos.
2ª)- A segunda opção seria você entrar naquela sala, olhar nos olhos daquele
homem, e dizer: “Eu não sei porque você fez isso, você me causou muita dor, mas
eu não tenho raiva de você. Mesmo sofrendo, eu perdoo seu crime, mas você
precisa cumprir a sua pena, refletir, arrepender-se, e pagar por este terrível
e covarde crime, e depois eu desejo que você saia daqui e que recomece uma nova
vida. Aproveite essa oportunidade que eu e a justiça estamos lhe dando, e tome
decisões diferentes para sua vida”. Isso seria perdão.
3ª)- Finalmente, você teria uma última opção, não obrigatória, mas a mais
difícil: Você caminha em direção a porta, abre-a com todo o cuidado e enxerga o
sujeito amarrado e cabisbaixo atrás da mesa, completamente indefeso e
amordaçado para não gritar e alguém ouvir o barulhos dos gritos. A cena é
aterradora, muitos sentimentos se misturam nesta hora em seu interior. Você se
senta, coloca a arma sobre a mesa, percebe o olhar de pavor dele, e diz: “Eu
não sei quem você é. Muito menos onde mora. Apenas sei que você fez algo
terrível com o meu filho. Mas eu quero perdoar você. Vou retirar a queixa-crime
e pedir sua liberdade. Quero que você saia dessa prisão e venha morar em minha
casa. Quero que você durma no quarto do meu filho e coma junto à minha mesa.
Quero chamá-lo de filho e quero que você me chame de pai...” E aí, o que você acha dessa terceira opção? Loucura? Insanidade? Bem, esse
absurdo chama-se graça. Um favor imerecido. Uma dívida impagável perdoada. Deus
é capaz de perdoar um assassino e colocar em sua cabeça uma coroa. Ele perdoa
uma mulher flagrada em adultério e lhe diz:“Vai e não peques mais”.Ele chama a ladrões
como Mateus e Judas e amigos e irmãos, promete o paraíso a um malfeitor pregado
com Ele no calvário, diz a um corrupto chamado de Zaqueu que a hoje a Salvação
entrou nesta casa, e na cruz pede a ao Pai que não leve em conta o pecado de
seus algozes porque eles não sabem o que fazem. Nós com nossos pecados,
crucificamos e causamos dor todos os dias ao Filho de Deus, e, mesmo assim, Ele
nos aceita, perdoa e convida para morar com Ele nos Céus. A Bíblia nos diz em
João 1,11-12:“Que Jesus veio para o que era seu, e os seus não o receberam. Mas, a
todos quantos O receberam, deu-lhes o poder de serem feitos filhos de Deus”.Esse é o absurdo do
amor de Deus, ciência que estudaremos por toda eternidade, e que anula toda e
qualquer teoria achológica de Karma e reencarnação. Aceitar a graça de Deus em
nossa vida é a maior honra que podemos ter. Essa honra será completa se
vivermos de acordo com a graça que recebemos gratuitamente de Deus. Para isso,
Deus nos deixou os dez mandamentos, expressão da vontade de Deus para nós. Pela influência que tive no contato com o espiritismo
Kardecista, e acreditei em Karma. Eu achava que teria que pagar por todos meus
erros, nas vidas futuras. Isso era perturbador para mim, pois quanto mais eu
tentava acertar, mas eu fazia coisas erradas e me sentia mais culpado e sem
jeito. Até que um dia no ano de 1996, fiz uma experiência com a Graça e
Misericórdia de Deus através de um SVES (Seminário de Vida no Espírito Santo),
e a partir dali, se iniciou me processo de conversão que continua até hoje,
pois como já disse acima: a Graça não é vacina que nos torna imunes ao pecado,
mas remédio. Através da oração Pessoal, Estudos bíblicos, da Sagrada Tradição e
Magistério da Igreja, entendi que a vida é uma só, e que o pecado realmente me
condenava ao inferno. Mas Deus me amou tanto, ao ponto de enviar o Seu Filho
para morrer por meus pecados. Ele sofreu o castigo que eu merecia, Ele morreu
em meu lugar, tudo para que eu pudesse me reconciliar com Ele, comigo mesmo,
com a Igreja e com os outros aos quais ofendi e fui ofendido. Que maravilha e loucura
de amor! A verdade me libertou! Hoje sei que sou salvo todos os dias pela graça
de Jesus, e a morte e o pecado já tem mais a última palavra, e que nada me
separará do amor de Cristo (conf. Romanos 8,35-39).
DIVERGÊNCIAS INTERNAS
DO ESPIRITISMO MODERNO
Entendo que, como toda ciência, o Espiritismo
reclama estudo constante. E a mais grave armadilha na qual corremos o risco de
cair é achar que “já sabemos bastante”. Lembra–nos Emmanuel em Coletâneas da
Alma (Espíritos Diversos): “Os espiritistas sinceros devem saber que a ciência
e a filosofia do Planeta são um conjunto de verdades provisórias.” Nossos
conhecimentos se atualizam dia após dia, e desperdiçar oportunidades de
aprendizagem é renunciar ao verdadeiro conhecimento para lentamente afundar na
defasagem dos desatualizados. Percebi isso quando, fazendo pesquisa na
Internet, me deparei, em portais de pesquisas, com termos como Divinismo,
Conscienciologia, Renovação Cristã, ante os quais fiquei como que diante de um
enigma. Que doutrinas eram estas? Onde, como e por que apareceram? O que
ensinam? E, sobretudo, no que se diferenciam do Espiritismo? A maior ou menor
semelhança entre o Espiritismo e as doutrinas aqui estudadas presta-se também a
equívocos, são frequentemente confundidas com ele, e o próprio termo
Espiritismo está sujeito a mais de uma interpretação. O termo não existia antes
de 1857. Foi um neologismo criado por Allan Kardec, entendendo que: “Para se
designarem coisas novas são precisos termos novos”. (KARDEC, 2004, p. 15) Tendo
em vista que é o codificador, mas não o autor do sistema, optou por um termo
que atribui a autoria a seus verdadeiros donos: os Espíritos Superiores, como
explicou na obra O QUE É O ESPIRITISMO: Nisso vos contesto, caro senhor;
dais-me subida honra atribuindo-me esse sistema quando ele não me pertence. Ele
foi totalmente deduzido do ensino dos Espíritos. Eu vi, observei, coordenei e
procuro fazer compreender aos outros aquilo que compreendo; esta é a parte que
me cabe. (KARDEC, 2006, 133)
O surgimento das dissidências espíritas aumentou
ainda mais a generalização equivocada do termo, de tal forma que hoje há duas
interpretações para ele:
1)- Para os espíritas,
Espiritismo refere-se apenas à doutrina codificada por Allan Kardec. Qualquer
outra, por mais que se assemelhe, não faz jus ao nome, tendo em vista que
semelhança não é igualdade. Por consequência, qualquer adjetivo que se lhe
acrescente (Espiritismo kardecista, Espiritismo cristão, etc.) é inútil e
equivocado. Para fins deste trabalho, é o ponto de vista que adotamos.
2)- Para os demais, Espiritismo, tal como aconteceu com o Cristianismo, tornou-se
um termo amplo e genérico, abrangendo todas as doutrinas que tenham em comum a
maior parte dos princípios básicos emblemáticos daquele, como a crença na
reencarnação e a prática mediúnica. Daí falarem em Espiritismo de Umbanda,
Espiritismo Ramatisiano, etc. Reforçam este ponto de vista aqueles espíritas
que, pelo comodismo de evitar explicações, intitulam-se “kardecistas”,
atribuindo a Allan Kardec um papel que pertence aos Espíritos Superiores.
PRINCÍPIOS
BÁSICOS DA DOUTRINA ESPÍRITA
"É através da lei
do retorno, que nos tornamos responsáveis pelo que fizermos a nós...” (Como nos diz Allan Kardec em A Gênese, Capítulo III). - Estes tópicos serão tratados de forma
sucinta, porque já são suficientemente analisados nas obras básicas da doutrina
espírita, que podem ser encontradas na net, e que todo leigo, ou estudante do
espiritismo deve ter este conhecimento básico, considerados por alguns como os
dogmas do espiritismo, os quais são resumidos em 5 princípios:
1. Existência de Deus, assim definido: “Inteligência
suprema do universo, causa primária de todas as coisas” (KARDEC, 2004, p. 73).
O princípio oposto é o ateísmo, segundo o qual não existe nenhum Princípio
Criador; em consequência, o universo e tudo quanto existe é produto do acaso.
2. Imortalidade da alma: O ser humano
apresenta duas partes distintas: o corpo físico, mortal; e a alma ou espírito,
que sobrevive à crise da morte preservando sua individualidade e a consciência
de si mesmo. Opõem-se a este princípio o materialismo, segundo o qual a alma
não existe, ou, se existe, é atributo do corpo e desaparece com a morte deste
(Epicuro2 ); e o panteísmo, que considera a alma como emanação de um Grande
Todo universal, para o qual ela retorna após a morte, assim deixando de existir
enquanto individualidade.
3. Pluralidade dos mundos habitados: A Terra não é único
mundo dotado de vida. Em princípio, todos os mundos o são, os que não têm vida
material possuem vida espiritual.
4. Pluralidade das existências, palingenesia
ou reencarnação:
o espírito tem por finalidade evoluir até a perfeição. Para tanto, renascerá
tantas vezes quantas necessárias até se depurar e atingir toda a perfeição
possível.
Cada encarnação pode ter três finalidades:
a)- Expiação: quando a alma
culpada voluntariamente aceita situações de grandes sofrimentos a fim de
reparar suas faltas.
b)- Provação: quando o espírito desejoso de progredir enfrenta
sérias dificuldades com o fito de galgar ascensão espiritual.
c)- E missão: em que
espíritos mais evoluídos encarnam a fim de auxiliar o progresso de coletividades
menos adiantadas. Um princípio semelhante (e por isso frequentemente confundido
com ela) é a metempsicose, de que difere por julgar possível ao ser humano
reencarnar em corpos animais como castigo. Faz parte do Hinduísmo, mas não é
aceito pelo Espiritismo.
5. Comunicabilidade dos espíritos: os mundos espiritual
e material não são compartimentos estanques: se interpenetram e interagem um
com o outro. Os espíritos podem se comunicar com os encarnados e o fazem
frequentemente, as mais das vezes pelo pensamento, ou de forma ostensiva por
meio de pessoas dotadas da capacidade de percebê-los, os médiuns. Este
princípio e o precedente são os mais conhecidos e emblemáticos do Espiritismo,
embora não exclusivos dele.
Qual a
posição da Doutrina Espírita em relação às Sagradas Escrituras?
Comumente, as igrejas cristãs atacam o
Espiritismo acusando-o de nelas não crer, e muitos espíritas se apressam em
defendê-lo, como se fosse o caso. Para aquelas, a Bíblia é a Palavra de Deus,
pois:“Toda a Escritura é
inspirada por Deus” (2 Tm 3,16).Por isso não é passível de erros, uma vez
que:“A tua
palavra é a verdade”. (João 17,17). Portanto, tem que ser aceita como verdade
indiscutível, sem ressalvas nem questionamentos. Outra é a postura do
Espiritismo. Como está claro na Introdução de O EVANGELHO SEGUNDO O ESPIRITISMO
(KARDEC, 1996, p. 26), seu interesse limita-se aos Evangelhos, e tão-somente no
que se refere ao ensino moral: “Seu verdadeiro
caráter é, pois, o de uma ciência e não de uma religião... Ele repousa, por
conseguinte, em princípios independentes das questões dogmáticas” (KARDEC,
2006, p. 145).
O
espírita Carlos Imbassahy, em “A margem do Espiritismo”, declara:
“Nem a Bíblia prova coisa nenhuma, nem temos a Bíblia como probante. O espiritismo não é um ramo do cristianismo
como as demais seitas cristãs. Não aceita os seus princípios na Escrituras.
Não rodopia junto à Bíblia. A discussão, no terreno em que se acha, seria ótima
com católicos, visto como católicos e protestantes baseiam seus ensinamentos
nas escrituras.” (Carlos Imbassahy, 1883
- Niterói, 1969; advogado, jornalista,
parapsicólogo e escritor, autor de Espiritismo à luz dos fatos, À margem do
Espiritismo, A mediunidade e lei, O que é a morte, e outros. 7 nossa base é o
ensino dos espíritos, daí o nome espiritismo - Imbassahy, p. 133)
Outro
espírita Herculano Pires completa:
“O Espiritismo respeita as
escrituras, e nelas se apoia, para confirmar a sua própria legitimidade, mas a
elas não se escraviza. Pelo contrário, o Espiritismo recebe as escrituras como
um acervo cultural, do qual retira as energias criadoras, as forças vitais
condensadas em suas formas, para reelaborá-las em novas expressões de espiritualidade.
É assim que o Cristianismo se liberta e se renova, na expansão de suas mais
profundas e poderosas energias, para libertar e renovar o mundo.” (PIRES, 2003, p. 92.)
Em suma, à luz do Espiritismo, a escrituras
sagradas, não são nem a infalível Palavra de Deus, nem um amontoado de lendas
piedosas!
Portanto, nem crença cega nem rejeição absoluta, mas estudo, dentro
dos princípios da fé raciocinada, atento à orientação de Paulo de Tarso: a
letra mata e o espírito vivifica (II Cor. 3-6), a fim de garimpar no cascalho
dos dogmas teológicos, das ideias de época, dos preconceitos de povos e
crenças, o ouro puro dos ensinamentos renovadores trazido pela Espiritualidade
Superior.
O
Espiritismo pode ser considerado uma doutrina cristã?
A resposta não pode ser dada por um simples
sim ou não, sem antes ficar claro o que se define por Cristianismo. Se se
entendê-lo como a crença nos ensinamentos de Jesus Cristo segundo a narrativa
dos Evangelhos, sem necessária vinculação aos dogmas teológicos das igrejas,
respondemos que sim; no entanto, conforme
os espíritas, desde o IV século esta posição filosófica foi relegada a segundo
plano, preterido pelo dogmatismo em grande parte baseado nas ideias de Santo
Agostinho, tornado ortodoxia pelo Credo de Niceia e imposto como lei pelo Édito de Tessalônica.
Desde então, as Igrejas históricas definem Cristianismo em termos de
conceituação dogmática, ou seja: à luz das igrejas históricas, só é cristão
quem aceita a divindade do Cristo segundo o dogma da Santíssima Trindade; a
Bíblia como a Palavra de Deus; a doutrina da graça; a doutrina do pecado
original; a unicidade da existência; o juízo final; a eternidade das penas
infernais; etc. (como podemos ver em RICARDO 2012).
O
Espiritismo pode ser considerado uma religião?
Embora não adote nenhum símbolo oficial,
equivalente à cruz cristã ou à meia lua islâmica, frequentemente é
representado em seu aspecto tríplice por um triângulo equilátero cuja base
representa o lado científico e os superiores o religioso e o filosófico.
Uma vez que os fatos trazidos pela ciência espírita implicam no entendimento da
vida além-túmulo, a compreensão destes fatos leva forçosamente a conclusões de
natureza religiosa:“É uma ciência de
observação que, repito, tem consequências morais, que são a confirmação e a
prova dos grandes princípios da religião” (KARDEC, 2006, p. 149).
AS DUAS
PRINCIPAIS QUESTÕES DIVERGENTES DENTRO DO ESPIRITISMO:
1)- Reencarnação:Por incrível que pareça, pode-se considerar
que a principal divergência diz respeito a ela. Enquanto no Espiritismo
é uma lei universal, grande parte dos espiritualistas anglo-saxônicos, ou
não a admite, ou a vê como uma forma de evoluir, e a menos recomendável;
conquanto admita o progresso contínuo do espírito, crê que tal se dê em planos
espirituais. Conan Doyle (1960) assim trata o assunto:“Os espiritualistas
ingleses não chegaram a uma conclusão no que se refere à reencarnação. Alguns a
aceitam, outros não. A atitude geral é que, como a
doutrina não pode ser provada, o melhor seria exclui-la da política
ativa do Espiritualismo.”Entre os nomes de peso que a aceitam, podemos
citar o próprio Conan Doyle e Edgar Cayce. Entre os opositores, Alexander
Aksakof, o autor do valioso Animismo e Espiritismo, assim opina a respeito:“De início a reencarnação não foi
apresentada como objeto de estudo, mas como um dogma. Para o sustentar, [Allan
Kardec] recorreu com frequência a escritos de médiuns,
que, como bem sabemos, facilmente se submetem á influência de ideias
preconcebidas. E o Espiritismo as reproduziu
em profusão. Enquanto que através de médiuns de efeitos físicos não só as
comunicações são mais objetivas, mas sempre contrárias à doutrina da
reencarnação. Kardec seguiu o rumo de sempre desprezar esse tipo de
mediunidade, tomando como pretexto a sua inferioridade moral. Assim, o método
experimental é, de modo geral, desconhecido no Espiritismo.” (CONAN DOYLE,
1960, p. 368) - Opinião semelhante apresenta o grande médium
Daniel Dunglas Home:“Encontro muita gente que é reencarnacionista e tive o prazer de
encontrar pelo menos doze que tinham sido Maria Antonieta, seis ou sete que
tinham sido Mary, Rainha da Escócia; um bando, de Luiz e outros reis; cerca de
vinte Alexandre, o Grande. Mas ainda não
encontrei ninguém que tivesse sido um simples John Smith. E vos peço que,
se o encontrardes, guardai-o como uma Curiosidade.” (CONAN DOYLE, 1960, p. 368)
2)- Doutrina
da Queda dos Espíritos: De acordo com alguns autores espiritas, a existência física é consequência da Queda dos Espíritos rebeldes
pelo pecado, cujo castigo é a expulsão do Céu da existência espiritual; espécie
de “versão espírita” da Rebelião de Lúcifer. Assim, sua
principal e única finalidade é a expiação, conforme se lê abaixo:“Para o Espírito formado, que já tem inteligência independente,
consciência de suas faculdades, consciência e liberdade dos seus atos,
livre-arbítrio e que se encontra no estado de inocência e ignorância, a
encarnação, primeiro, em terras primitivas, depois, nos mundos inferiores e
superiores, até que haja atingido a perfeição, é uma necessidade e não um
castigo? Não; a
encarnação humana não é uma necessidade, é um castigo, já o dissemos. E o
castigo não pode preceder a culpa. O Espírito não é humanizado, também
já o explicamos, antes que a primeira falta o tenha sujeitado à encarnação
humana. Só então ele é preparado, como igualmente já o mostramos, para lhe
sofrer as consequências (ROUSTAING,
1995, vol. 1, pág. 317). Ou
ainda: “Entre os que se transviam, espíritos há que, no curso do seu
desenvolvimento e por vezes mesmo ao ensaiarem os primeiros passos, teimam em
fazer mau uso do livre arbítrio e se tornam obstinadamente orgulhosos, presunçosos, invejosos,
indóceis aos seus guias, contra os quais se revoltam. Esses Espíritos
presunçosos e revoltados, cuja queda os leva às condições mais materiais da
humanidade, são então humanizados, isto é, para serem domados e progredirem sob a opressão da carne” (ROUSTAING, 1995, vol. 1,
pág. 300). - Rechaçam a ideia de que a encarnação é uma
necessidade; que, por meio dela, pelo trabalho e pela aplicação da
inteligência, os espíritos progridem e colaboram para o progresso do mundo
material, e que a existência material só passa a ser um castigo para aqueles
que fazem mau uso de seu livre arbítrio.
O
Espiritismo é uma doutrina Cristã?
Não! não é, e finalmente um espírita autêntico proclama esta verdade em alto e bom
tom.No livro “À Margem do Espiritismo” (FEB, 3ª edição, 1981, pág. 214), do espírita
Carlos Imbassahy, lemos: “Nem a Bíblia prova coisa nenhuma, nem temos a Bíblia como probante. O espiritismo não é um ramo do
cristianismo como as demais seitas cristãs. Não aceita os seus princípios na
Escrituras. Não rodopia junto à Bíblia. A discussão, no terreno em que se
acha, seria ótima com católicos, visto como católicos e protestantes baseiam
seus ensinamentos nas escrituras. Mas a nossa base é o ensino dos espíritos,
daí o nome espiritismo." - O
espiritismo nega dezenas de verdades cristãs proclamas ao longo dos séculos,
entre elas a doutrina sobre o Perdão divino.Dentro desta ótica, não há espaço
no Espiritismo para o perdão. Pasmem:“O perdão seria uma injustiça,
pois quebraria a frieza do “olho por olho, dente por dente” que é a Lei do
Karma. A lei do Karma é fatal: é ela quem “explica” as injustiças e
desigualdades deste mundo. Se bem que ela é também quem ajuda a mantê-la. A Índia, o país
reencarcionista, com seus mais de 700 milhões de habitantes, bem demonstra tal fatalidade,
com uma sociedade dividida em castas. Não é a toa que a mensagem cristã das
Irmãs da Caridade e dos Jesuítas causou tanto impacto em um ambiente deste, de
povo conformado com a lei do karma, de se expiar para a vida posterior” - O
Deus no Espiritismo é um fiscal, observando a “dívida contraída que deverá ser
paga”. Ora, tudo recebemos de graça de Deus. Não temos como restitui-lo
totalmente. É por isto que ele abre espaço para o perdão, pois quer “que todos se
salvem”.
Reencarnação?
Almas são recicláveis?
Lembra
que aquela sua tia esotérica garantiu que você tinha sido um poderoso rei em
uma outra encarnação? Pois é. Não fique triste, mas era caô.
Reencarnação não existe e a doutrina da Igreja sempre deixou isso bem
claro. Obviamente, alguns defensores da reciclagem de almas tentam dizer
o contrário, retorcendo os ensinamentos da Igreja. E vamos agora colocar
os pingos nos "i"s. Alguns irmãos espíritas buscam legitimar a
doutrina da reencarnação dizendo que esta um dia já foi defendida pela Igreja
Católica, em seus primórdios. Amigos, por favor, não apelem! Um mínimo de
conhecimento teológico e histórico faz essa historinha cair por terra.
Abaixo,
confira um dos textos divulgados por espíritas no Facebook - CAÔ
ESPÍRITA na web escreve:
"Você sabia? A
Reencarnação era aceita pela Igreja Católica até o ano de 553? Mas essa
tese foi recusada no segundo Concílio de Constantinopla, não pela Igreja ou
pelo Papa, mas pelo Imperador Justiniano por influência de sua esposa,
ex-prostituta, que não achava conveniente a lei do carma."
A assombração que escreveu isso viajou no
ectoplasma ?
Como
muitos sabem, a doutrina da Igreja se baseia na Tradição dos Apóstolos e na
Bíblia. A Tradição que herdamos dos Apóstolos está registrada, em parte, nos
escritos dos padres dos primeiros séculos. Então, vejam a seguir o que dizem a
Bíblia (escrita bem antes de Niceia e demais concílios),. Bem como o testemunho
dos primeiros padres. Na Carta aos Hebreus (9,27), está dito:“E como é fato que os homens devem morrer uma
só vez, depois do que vem um julgamento…"Tal
ensinamento é confirmado na parábola de Jesus sobre o “Rico e o Lázaro”: após a
morte, o rico egoísta vai direto para os tormentos do inferno, enquanto o bom
Lázaro é acolhido imediatamente por Abraão, em um bom lugar (Lucas 16,19-31).
Em nenhum momento Jesus diz que o rico reencarnaria pra ter uma nova chance.
Lembremo-nos também, do que já foi dito acima, sobre os que Jesus prometeu a
Dimas, o bom ladrão, que naquele mesmo dia ele estaria no Paraíso. Ou seja,
nada de reencarnar pra purgar o mal que fez.Em outra passagem, Jesus ensina que
“se alguém não nascer de novo, não poderá ver o Reino de Deus” (Jo 3,3).Nicodemos, então,
pergunta se trata-se de algo como entrar no ventre da mãe e renascer, e a isso
Jesus responde: “ninguém pode entrar no Reino de Deus se não nasce da água e do
Espírito”. Ou seja, não tinha nada
a ver com um renascimento biológico, carnal, pois “Quem nasce da carne é
carne”; mas sim de um renascimento
espiritual, marcado pelo batismo, que é feito simbolicamente com água,
mas operado pelo Espírito Santo de Deus.Reparem
que Jesus diz precisamente a Nicodemos o que é preciso para esse renascimento –
a fé: “Quem acredita n'Ele não está condenado; quem não acredita já está
condenado, porque não acreditou no Nome do Filho único de Deus”. E,
logo depois da conversa com Nicodemos, Jesus foi à Judeia para batizar as
pessoas, isto é, para fazê-las renascer pela água e pelo Espírito. Bem, já
vimos que a Bíblia não dá margem a qualquer crença na reencarnação.E quanto
aos primeiros Padres da Igreja, aqueles que foram os primeiros a receber e
guardar o ensinamento oral dos Apóstolos? Tal doutrina foi tida como herética
por Clemente de Alexandria (+215),
por Santo Irineu (+202)
e Eneias de Gaza (+518).Além
deles, podemos citar Orígenes de Alexandria (+254), que considerava a doutrina da reencarnação uma FÁBULA! “Ué?
Mas não foi justamente Orígenes o autor cristão que propôs essa doutrina como
verdadeira?”. Não, não mesmo!Orígenes,
na verdade, propôs uma tese esquisita sobre a preexistência
das almas (quem quiser saber mais, veja com Dom Estevão
Bettencourt em Pergunte e responderemos), mas que não tinha nada a ver com reencarnação. Ele jamais foi herege; era um
teólogo brilhante, e foi sempre fiel ao Magistério da Igreja. Para Bento XVI,
Orígenes foi "o autor mais fecundo dos primeiros três séculos cristãos”.
SURGIMENTO DA HERESIA ORIGENISTA, POSTERIOR A
ORÍGENES:
A tese
equivocada de Orígenes sobre a preexistência das almas, infelizmente, foi tomada como
artigo de fé por um grupo de fãs
mocorongos: os origenistas. No
século III, esses discípulos fanáticos resolveram tomar como dogma aquilo que
seu mestre propunha como mera hipótese, e ainda perverteram suas ideias,
passando a professar a crença na reencarnação. O origenismo ganhou força e se
espalhou pela Palestina. Foi então que, em 539, o Patriarca de Jerusalém mandou
um S.O.S. pro Imperador Justiniano, que então publicou um duro pronunciamento
contra os origenistas. O Papa Virgílio e os demais Patriarcas também
aprovaram e repercutiram os artigos condenatórios de Justiniano, conforme
explica D. Bettencourt:“Como
se vê, tal condenação foi promulgada por um sínodo local de Constantinopla
reunido em 543, e não pelo Concílio ecumênico de Constantinopla II, o qual só
se realizou em 553”.Como
vocês viram, a Bíblia, a patrística, os documentos papais e os demais registros
históricos comprovam que a Igreja
Católica jamais aceitou a tese da reencarnação. Essa foi abraçada nos
séculos III e IV por um grupo restrito de monges, sendo condenada e combatida
pelos bispos e Papas, em todos os tempos. Eis que paramos por aqui, mas poderíamos dar
continuidade, falando de outras incomensuráveis divergências entre o
Espiritismo e o Cristianismo:A criação da alma humana; repudio aos privilégios de Maria Santíssima;
ignorância da comunhão dos santos; não admissão do pecado original; contestação
à graça divina; reprovação à Ressurreição; e desdenha pelo juízo final. Em uma
palavra: renuncia a todo o credo cristão.
Em que consiste, pois,
seu anunciado “cristianismo espiritista”?
Tudo
é simplesmente reduzido à aceitação de alguns princípios morais do Evangelho,
tal como Allan Kardec aprendera em sua juventude, no Instituto de Pestalozzi,
em Yverdun, na Suíça. Um Instituto protestante liberal onde,
baseados na “livre interpretação da Bíblia” , cada um deduzisse o que bem
entendesse. Para quem quiser se aprofundar mais sobre o tema,
aconselhamos o livro “Espiritismo – Orientação para os
católicos”, de Frei Boaventura Kloppenburg, Edições Loyola, de onde,
por sinal, tiramos farto material para elaboração desta matéria acima.
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