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#Sedevacantismo: Desafios à Unidade da Igreja e o Dever de Comunhão com o Papa

Written By Beraká - o blog da família on segunda-feira, 25 de novembro de 2013 | 15:09






O que é o "SEDEVACANTISMO?" No Brasil existem padres e bispos sedevacantistas ?


O sedevacantismo constitui uma das consequências mais enigmáticas e dolorosas da profunda crise eclesiológica que se manifestou após o Concílio Ecumênico Vaticano II. Surgido no seio da própria Igreja, esse movimento expressa uma reação radical à crise de fé, à confusão doutrinária e à desorientação litúrgica que se seguiram ao pós-concílio, chegando, entretanto, a negar a legitimidade dos Papas desde São João XXIII ou São Paulo VI, conforme a vertente.  Neste estudo — que apresentarei em forma de catecismo, isto é, de perguntas e respostas, para favorecer a clareza e o aprofundamento — pretendo reunir e sistematizar as informações que fui colhendo ao longo dos anos acerca desse fenômeno complexo. O objetivo não é apenas descrever o sedevacantismo, mas discerni-lo à luz da autêntica Tradição Católica, de modo fiel aos três pilares que sustentam toda a fé: a Revelação divina contida na Sagrada Escritura e na Tradição Apostólica; o Magistério infalível da Igreja, guardado e transmitido pelos legítimos sucessores de Pedro; e o testemunho luminoso dos Santos, que são, por assim dizer, o Evangelho vivido.  Mais do que uma crítica meramente intelectual, trata-se aqui de um exame teológico e espiritual, que busca compreender como certas feridas na vida eclesial puderam dar origem a posições tão extremadas, e de que modo o católico fiel pode permanecer firmemente enraizado na Igreja, mesmo diante da confusão. Porque, como ensina o próprio Senhor, “as portas do inferno não prevalecerão” (Mt 16,18) — promessa que sustenta, consola e corrige todos os que amam a Santa Igreja, Esposa imaculada de Cristo, mesmo quando ferida pelos pecados de seus filhos.





1. O que é sedevacantismo?






O sedevacantismo é uma posição teológica marginal surgida no seio do chamado tradicionalismo católico, que sustenta que a Sé Apostólica de Roma — isto é, a Cátedra de São Pedro — encontra-se atualmente vaga (sede vacante), em virtude de supostas heresias ou desvios doutrinários cometidos pelos papas posteriores ao Concílio Vaticano II. Em outras palavras, os sedevacantistas afirmam que os pontífices recentes são impostores ou usurpadores do trono de Pedro, e que, portanto, não há verdadeiro Papa que governe e ensine legitimamente a Igreja Católica.  O termo “sedevacantismo” provém da expressão latina sede vacante, que significa literalmente “cadeira vaga” — designação usada legitimamente pela Igreja para indicar o período entre a morte ou renúncia de um Papa e a eleição de seu sucessor. No entanto, enquanto na disciplina eclesiástica essa vacância é temporária e legítima, os sedevacantistas defendem que ela se tornou permanente desde a década de 1960, em consequência de uma suposta “apostasia conciliar”.  




A maior parte dos adeptos dessa corrente identifica o último verdadeiro pontífice com Pio XII, falecido em 1958. Outros reconhecem ainda João XXIII, mas consideram que, a partir de Paulo VI, a Igreja teria sido “ocupada” por uma hierarquia modernista e apóstata. Há também variações mais recentes que aceitam o magistério até Bento XVI, mas declaram que o Papa Francisco teria perdido ipso facto sua autoridade por ter, segundo alegam, incorrido em “heresia formal”.  Tais acusações, no entanto, carecem de base doutrinária e canônica sólida, uma vez que, segundo a teologia católica tradicional, nenhum fiel tem autoridade para julgar o Papa, salvo se ele mesmo renunciar livremente ao ofício petrino, como ocorreu no caso de Bento XVI. 





A Igreja ensina, de modo claro e constante, que o Magistério autêntico — mesmo quando não infalível — exige do fiel respeito religioso da inteligência e da vontade (cf. Lumen Gentium, 25).  



É importante distinguir o sedevacantismo de outras expressões legítimas de crítica ou resistência dentro da Igreja. Muitos católicos tradicionalistas, embora preocupados com ambiguidades do pós-concílio, reconhecem plenamente a autoridade papal e permanecem em comunhão com Roma. 





Um exemplo notável é a Fraternidade Sacerdotal São Pio X (FSSPX), fundada por Dom Marcel Lefebvre, que apesar de sua situação canônica irregular em certos períodos, jamais negou a legitimidade dos papas nem a visibilidade da Igreja.  


É importante destacar e esclarecer aqui que, Fraternidade Sacerdotal São Pio X (FSSPX) reza pelo Papa atual em todas as suas Missas, inclusive nas celebrações segundo o rito romano tradicional (Missa Tridentina).  





Durante o Cânon da Missa, no momento da oração "Una cum famulo tuo Papa nostro N." (“em união com o vosso servo, o nosso Papa N.”), os sacerdotes da FSSPX mencionam nominalmente o Papa reinante — Isso é um ponto muito importante e distintivo:  Essa menção litúrgica expressa comunhão com o Papa e com a Igreja universal, e por isso a FSSPX nunca foi sedevacantista.  



Ainda que a Fraternidade critique alguns aspectos do Concílio Vaticano II e de certas reformas posteriores, nunca declarou formalmente por suas autoridades, que o Papa seria “inválido” ou “ilegítimo”!   O próprio fundador, Dom Marcel Lefebvre, afirmou várias vezes:  





“Nós reconhecemos o Papa; nós rezamos pelo Papa; mas resistimos às suas orientações que se afastam da Tradição.”  Essa posição é o que se chama de “resistência filial” — ou seja, uma obediência respeitosa, porém prudencialmente crítica diante de determinadas decisões papais ou episcopais, sem jamais romper a comunhão hierárquica.





Em síntese, o sedevacantismo é uma posição cismática, fruto de uma interpretação equivocada da crise contemporânea da Igreja, que confunde a santidade indefectível da Esposa de Cristo com a falibilidade pessoal de seus membros. Assim, ao pretender “defender a Tradição”, acaba por romper com a própria Tradição viva, que só pode subsistir em comunhão com o Papa e o colégio episcopal, sob a assistência do Espírito Santo que conduz a Igreja “a toda a verdade” (Jo 16,13).




2. Qual a origem dessa teoria?












Essa teoria foi originalmente concebida em reação ao Concílio Vaticano II, encabeçada pelo "Arcebispo formalmente excomungado" Dom Marcel François Marie Joseph Lefebvre (Tourcoing, 29 de novembro de 1905 — Martigny, 25 de março de 1991)







3. Os sedevacantistas concordam entre si "unanimemente?"







Não, muito longe disso! Há muitas posições diferentes, existem diferentes escolas e pensamentos divergentes no Sedevacantismo! 





-Alguns pensam que o Papa atual é um "antipapa". 


-Outros, que ele "é apenas parcialmente Papa", um Papa “materialiter” mas não “formaliter”.



-Alguns sedevacantistas consideram sua posição como uma “mera opinião” - embora consintam receber os sacramentos de padres não-sedevacantistas. 



-Outros, chamados “ultra”, transformam isso numa matéria de fé e recusam-se a assistir uma Missa onde o padre reza pelo Papa atual (cismáticos formais).



-O que é comum entre todos os sedevacantistas é que eles pensam e defendem que não se deve rezar pelo Papa atual em público, ou seja, nas missas! O que é muito grave!






4. O que quer dizer ser papa “materialiter”?

 




A principal dificuldade do sedevacantismo é explicar como a Igreja pode continuar a existir de uma maneira visível (já que ela recebeu de Nosso Senhor a promessa de que duraria até o fim do mundo) estando privada da sua cabeça? Os partidários da autoproclamada “Tese Cassiciacum” surgiram com uma solução muito sutil: o corrente Papa foi validamente eleito, mas não recebeu a autoridade devido a um obstáculo interior (uma suposta heresia). Assim, de acordo com essa teoria, ele é capaz de agir de algumas maneiras para o bem da Igreja, como na escolha dos cardeais (que são cardeais “materialiter”), mas não é realmente Papa.





5. Que pensar dessa solução?






Em primeiro lugar, essa solução não é baseada na Tradição, e nem no direito Canônico! (Teólogos como Caetano, São Roberto Bellarmino, João de São Tomás, etc. já examinaram a possibilidade de um papa herege, mas nenhum em Concílio tinha divisado tal "teoria"). Isso também, não resolve a principal dificuldade do sedevancatismo: saber como a Igreja continua visível se o Papa, os cardeais, os bispos, etc. são privados de sua “forma”, ou seja, com nenhuma hierarquia visível tendo sobrado? Além disso, essa teoria tem sérios defeitos filosóficos pois supõe que a cabeça pode ser cabeça apenas “materialiter”, isto é, sem autoridade.







6. Os sedevacantistas são cismáticos?






Em tese, parcialmente, pois não negam o poder de jurisdição do sucessor de Pedro, "só" dizem que X ou Y não é Papa, porém, negar e propagar publicamente ódio a um papa legitimamente eleito em conclave, conforme o CDC, é cair sim, em Cisma e excomunhão automática se mantem essa postura sem retratação pública.






7. Os sedevacantistas são hereges?






Não, pois não negam nenhuma verdade de Fé proclamada ex-cátedra.





8. Quem são realmente os sedevacantistas e qual o problema deles?






Os sedevacantistas são "católicos Cismáticos" que aderiram a um erro teológico com conseqüências graves para a unidade e autoridade hierárquica da Igreja.













9. Os "conclavistas" são sedevacantistas?






Não! Os Conclavistas não são sedevacantistas e nem são Católicos Romanos! Pois, ao elegerem um Papa (exemplo de Palmar de Troya na Espanha), se tornaram "uma seita" no sentido teológico do termo.






10. Os *feneítas são sedevacantistas?






*Adeptos das teses do Padre Leonard Feeney, S.J. - Não, na verdade os feneítas (pelo menos os que o são de maneira pura) são hereges, e portanto, não são católicos, e não são sedevacantistas puros! Na prática, esses hereges se apresentam como católicos neo-conservadores (no estilo Legionários de Cristo) ou até mesmo como sedevacantistas. Daí a confusão.






11. Os sedevacantistas têm alguma particularidade litúrgica?












Sim, de maneira geral eles usam as rubricas de São Pio X para o rito romano tradicional na celebração da Missa, dos outros sacramentos, e para o Ofício Divino.





12. Qual a origem dos principais grupos sedevacantistas?




Ela é muito variada! De maneira simplista eu poderia dizer o seguinte: 
Em Econe havia três tendências entre os seminaristas:






1) A dos que seguiam estritamente o que dizia D. Lefebvre.


2) A dos que procuravam um reconhecimento oficial para a resistência.


3) A dos que que rejeitavam tudo que tivesse relação com o que acreditavam ser modernismo.





No começo da FSSPX essas tendências conviveram sobre a mesma estrutura!




-O primeiro grupo deu origem a atual FSSPX e comunidades amigas.


-O segundo à Fraternidade de São Pedro e similares.


-O terceiro aos sedevacantistas.





Já nos anos 70 eles eram reconhecidos pela ligação com as rubricas de São Pio X, tanto para a Missa quanto para o Breviário. O atual distrito da FSSPX nos EUA, entre os anos 70 e 80, era dividido em dois. Num deles o terceiro grupo começava e teve muito sucesso em seu apostolado (o primeiro Capítulo da FSSPX deixa livre para cada distrito decidir que rubricas usar).Com o tempo, D. Lefebvre entendeu que para a resistência era bom ter uma uniformidade e foi surpreendido pela resistência dos americanos. Pesquisando sobre o assunto descobriu que a ligação com as rubricas era relacionada com um sedevacantismo velado e não com uma mera preferência. Chamou a atenção dos padres, mas eles não aceitaram as colocações do Arcebispo e foram expulsos. Logo em seguida, D. Lefebvre ordenou alguns seminaristas americanos e se surpreendeu com o fato deles, um dia depois, abandonarem a FSSPX e se juntarem ao grupo de padres expulsos. Esse grupo formou a FSSPV e se tornou famoso nos EUA pela qualidade acadêmica de suas escolas e apostolado agressivo.




Contudo, eles tinham um sério probema: "não tinham um bispo!"







No debate que se seguiu, o grupo se dividiu, e uma parte dele acabou conseguindo uma sagração pela linha do Arcebispo vietnamita Thuc. É o dos bispos Dolan e Sanborn, que reputo o grupo sedevacantista mais dinâmico do mundo. 
Ele mantém contato com outras organizações no México, Argentina, França, Bélgica, República Tcheca e Itália, e possui um dos grandes (academicamente falando, apesar do erro sedevacantista) seminários da resistência. 




Alguns "sites sedevacantistas" que merecem muita prudência consultar:














O resto do grupo continuou a se denominar FSSPV e acabou conseguindo a sucessão por meio de um bispo de Porto Rico. Até onde sei, a FSSPV sofre de um certo sectarismo sociológico.O bispo emérito de Arecibo, em Porto Rico, D. Alfred Mendez, sempre foi um crítico da situação da Igreja no pós-concílio Vaticano II. Não sei se ele era sedevacantista, mas o fato é que apoiou a FSSPV, seja financiando o famoso programa que esse grupo tinha na TV americana, seja ordenando padres e, por fim, ordenando um bispo (mas a ordenação desse bispo só foi divulgada após a morte de D. Mendez). Conheço algumas críticas as atitudes dele, mas após 12 anos de estudos da questão não as considero válidas. Recentemente a FSSPV ganhou um novo bispo. (Para saber mais:http://www.sspv-bishop.org/mendez.htm) -  O Arcebispo emérito de Hué P.M. Ngo-dinh-Thuc tem uma história mais longa e complicada. No começo dos anos 70 ele teve contato com D. Lefebvre, mas por já apresentar tendências sedevacantistas, não foi acolhido pela FSSPX. Se envolveu com as "supostas (e não confirmadas) aparições de Palmar de Tróia" na Espanha e, por causa disso, acabou sagrando inúmeros bispos entre as pessoas que divulgavam as mensagens. Vendo, depois, seu erro (os malucos de Palmar de Tróia passaram a ser uma seita, com Papa e outras coisas muito estranhas) ele se arrependeu e pediu o perdão a Paulo VI. O Papa deu seu perdão. Contudo, após isso, o clero passou a rejeitá-lo e ele viveu um período isolado (ele era irmão do antigo presidente do Vietnã do Sul e, após a guerra, na qual boa parte de seus parentes foram mortos, não podia voltar a seu país).Vendo que a crise da Igreja continuava e agora com o ecumenismo do Santo Padre São João Paulo II, o Arcebispo Thuc se declarou sedevacantista e sagrou dois bispos: o francês Guérard des Lauriers e o mexicano Moises Carmona. Deles deriva toda uma linha bem variada de bispos sedevacantistas. É interessante que o Arcebispo Thuc era uma figura muito querida por Pio XII. (Para saber mais:http://www.traditionalmass.org/articles/article.php?id=60&catna)Vale notar que alguns outros grupos sedevacantistas conseguiram a sucessão por meio de bispos vétero-católicos convertidos e de bispos que tem sua linhagem derivada dos primeiros bispos sagrados na ICAB. Em fevereiro de 2002, um bispo da Igreja Ortodoxa Ucraniana, D. Yurii Yurchyk, teria se tornado católico e sedevacantista (mas as informações são desencontradas). Na República Tcheca temos bispos sedevacantistas que (antes de o serem, é claro) foram sagrados com autorização de Roma, mas secretamente, durante o regime socialista nesse país.






13. Algum grande teólogo se tornou sedevacantistas?







Sim, o dominicano Guérard des Lauriers, que ajudou Pio XII na formulação do dogma da Assunção, era sedevacantista e foi sagrado bispo. Dele vem a "Tese Cassiciacum". O famoso exorcista e bispo sedevacantista Robert Fidelis McKenna (também dominicano) foi sagrado por Guérard. 
Questionado certa vez sobre a sagração de Guérard des Lauriers, D. Antôno Castro Mayer disse:





- Se é válido para Guérard, é válido para mim...





14. Fora do clero, há algum sedevacantista conhecido?








Sim, o ator  Mel Gibson.






15. Com as mudanças recentes em Roma algum grupo sedevancantista mudou de posição?







Sim! Todo um grupo de freiras deixou o sedevacantismo em julho de 2008. 
Conheço dois bispos (D. Terence Robert Peter Fulham, da Flórida, e D. Tom Sebastiam, de Los Angeles) que mudaram de posição (atualmente estão como a FSSPX) e, dependendo do que ocorrer, pretendem regularizar sua situação em Roma.












16. Existem sedevacantistas no Brasil?

 



Existem alguns leigos. Sempre houve um pequeno grupo, mas atualmente jovens Rad Trad estão sendo influenciados por sites e, por terem pouca experiência de vida (espiritual inclusive), um conhecimento teológico deficiente e não integral, passaram a adotar essa posição.






17. Existem padres com essa posição sedevacantista no Brasil?







Há um padre "próximo a essa posição", mas é um caso muito complicado, e o nome dele vai comigo para o túmulo!







18. Me explique por favor, como interpretar esta bula de Paulo IV, a famosa "Cum ex Apostolatus"?






"Se em qualquer tempo que seja aparecer um Bispo... ou ROMANO PONTÍFICE, que antes da sua assunção ao cargo... houvesse se desviado da Fé ou incidido em alguma heresia, a sua assunção seja NULA, INVÁLIDA e VAZIA, inclusive se foi feita com o consentimento unânime de todos os cardeais... Não seja ela tida por legitima em parte alguma. Seja julgado ter-se atribuído a tais pessoas promovidas a Bispo ou Romano Pontífice uma faculdade nula para administrar em coisas ESPIRITUAIS e TEMPORAIS. Sejam sem força, todas e cada uma das coisas por elas faladas, feitas, praticadas e administradas de qualquer modo... Atribuam a elas uma firmeza inteiramente nula. Nem outorguem direito algum a elas. Sejam as mesmas pessoas... SEM QUE DEVA SER FEITA ALGUMA DECLARAÇÃO superveniente, privadas, IPSO FACTO, de toda dignidade, posição, honra, título, autoridade, cargo e poder."





A "Cum ex Apostolatus" é um documento normativo, que "só pode ser aplicado por uma corte legal, não por você ou por mim". 
O nosso discernimento pode ser usado para a proteção pessoal, mas não para ser transformado num interdito legal contra X ou Y. Resumindo: a não ser que alguém tenha sido "declarado por uma corte legal como herege manifesto", sua subida ao trono papal é legítima! 







19. Ok, mas isso não seria cair no legalismo? Não é claro que um herege não faz parte da Igreja e, portanto, não pode ser a cabeça visível dela?













Não! Isso não é cair no legalismo, é só dar o real valor que a bula citada tem! E, de fato, um herege não faz parte da Igreja e não pode ser a cabeça dela! O problema dos sedevacantistas é não entender a complexidade do que isso significa. Veja, a bagunça começa com um falso princípio dos sedevancatístas:







-Alguém que ensina uma heresia é herege...


-Um herege não pode ser membro da Igreja!


-O Papa ensinou uma heresia, portanto, não é membro da Igreja!






Isso está errado! Quem ensina uma heresia não é necessariamente um herege (no sentido estrito do termo).Para ser herege essa pessoa: 




-Em primeiro lugar, tem de ter consciência que está falando uma heresia (portanto tem de se provar que pela sua formação ela teria a compreensão de negar uma verdade de fé); 


-Em segundo, isso teria de ser pertinaz!


-E, no caso de alguém que ocupe um posto na hierarquia, teria de ser um comportamento público (em eventos públicos). 





Aprofundando mais um pouco, podemos dizer que em diversos períodos conturbados da história da Igreja, gozou de grande atualidade a questão teológica da eventual queda de um Papa em heresia. Nesses períodos, tanto teólogos quanto moralistas e canonistas se empenhavam no aprofundamento do delicado problema, sem nunca chegarem, entretanto, a um acordo unânime e definitivo. Passados esses momentos difíceis, os debates sobre a possibilidade de um Papa herege cessavam de atrair a atenção dos estudiosos. Em geral os autores lhe dedicavam, então, apenas umas poucas linhas, como quem recordasse um problema acadêmico e curioso, que provavelmente nunca mais voltaria a gozar de atualidade. Sobretudo do século XVII para cá, são raros os teólogos que se empenharam em aprofundar o assunto. A partir do Pontificado de João XXIII, um observador atento poderia, entretanto, notar que o delicado assunto voltava aos poucos a interessar, não só nos meios especializados, mas também para os fiéis comuns. Todavia, pelo fato de tal problema ter ficado “dormente” por longo tempo, várias pessoas têm uma visão parcial dele, referindo-se a posição de algum teólogo famoso como a correta; não tendo uma visão magisterial de conjunto! Na análise das diversas sentenças dos teólogos sobre a hipótese de um Papa herege, a classificação de São Roberto Bellarmino parece ser a mais aceita.





Baseado nas considerações dele, Arnaldo Vidigal Xavier da Silveira, sistematizou a seguinte relação de sentenças:

 




O Papa não pode cair em heresia - seus defensores se subdividem em três grupos:





a) autores segundo os quais esta sentença constitui verdade de fé;



b) autores segundo os quais está sentença é de longe a mais provável;



c) autores aos quais esta sentença parece apenas mais provável que as outras.





i - Teologicamente não se pode excluir a hipótese de um Papa herege! essa hipótese Possui as duas seguintes variantes:




-Em razão de sua heresia, o Papa nunca perde o pontificado (dos 136 teólogos examinados por Arnaldo Xavier, apenas Bouix é defensor desta sentença).

 



O Papa herege perde o Pontificado: Perde assim que cai em heresia interna, isto é, antes de manifesta-la externamente (sentença que tinha como defensor o famoso teólogo Torquemada – tio do inquisidor de mesmo nome; hoje está abandonada pelos teólogos).







ii - Perde o pontificado quando sua heresia se torna manifesta - seus adeptos se subdividem em três grupos:






a) autores que entendem por “manifesta” a heresia apenas exteriorizada;




b) autores que entendem por “manifesta” a heresia que, além de exteriorizada, chegou ao conhecimento de outrem;




c) autores que entendem por “manifesta” a heresia que se tornou notória e divulgada de público. OBS: alguns autores não deixam inteiramente claro a qual desses três grupos se filiam.






iii - Perde apenas quando intervém uma declaração de sua heresia por um Concílio, pelos Cardeais, por um grupo de Bispos, etc. Possui duas vertentes:






a) Essa declaração será uma deposição propriamente dita (tal sentença é considerada herética, foi condenada pela Igreja, por aderir ao “conciliarismo”; é defendida por autores ditos progressistas nos dias atuais);





b) Essa declaração não será uma deposição propriamente dita, mas mero ato declaratório da perda do Pontificado pelo Papa.







20. E qual dessas posições você adota?







Dentre essas várias sentenças, me inclino (já que "a Igreja não se manifestou oficialmente por nenhuma delas", todas podem ser aceitas, exceto a 2 B III a) pela 2 B II c, que é defendida por numerosos teólogos de renome, como o próprio São Roberto Bellarmino, Sylvius, Pietro Ballerini, Wernz-Vidal, Cardeal Billot, etc.





Vejamos a defesa dessa posição por São Roberto Bellarmino:







"Logo, a opinião verdadeira é a quinta, de acordo com a qual o Papa herege manifesto deixa por si mesmo de ser Papa e cabeça, do mesmo modo que deixa por si mesmo de ser cristão e membro do corpo da Igreja; e por isso pode ser julgado e punido pela Igreja. Esta é a sentença de todos os antigos Padres, que ensinam que os hereges manifestos perdem imediatamente toda jurisdição, e nomeadamente de São Cipriano (lib. 4, epist. 2), o qual assim se refere a Novaciano, que foi Papa (antipapa) no cisma havido durante o Pontificado de São Cornélio: “Não poderia conservar o Episcopado, e, se foi anteriormente feito Bispo, afastou-se do corpo dos que como ele eram Bispos e da unidade da Igreja”. Segundo afirma São Cipriano nessa passagem, ainda que Novaciano houvesse sido verdadeiro e legítimo Papa, teria contudo decaído automaticamente do Pontificado caso se separasse da Igreja. Esta é a sentença de grandes doutores recentes, como João Driedo (lib. 4 de Script. Et dogmat. Eccles. cap. 2, par. 2, sent. 2), o qual ensina que só se separam da Igreja os que são expulsos, como os excomungados, e os que por si próprios dela se afastam e a ela se opõem, como os hereges e os cismáticos. E, na sua sétima afirmação, sustenta que naqueles que se afastaram da Igreja, não resta absolutamente nenhum poder espiritual sobre os que estão na Igreja. O mesmo diz Melchior Cano (lib. 4 de loc., cap. 2), ensinando que os hereges não são partes nem membros da Igreja, e que não se pode sequer conceber que alguém seja cabeça e Papa, sem ser membro e parte (cap. ult. ad argument. 12). E ensina no mesmo local, com palavras claras, que os hereges ocultos ainda são da Igreja, são partes e membros, e que portanto o Papa herege oculto ainda e Papa. Essa é também a sentença dos demais autores que citamos no livro 1 “De Eccles.” - O fundamento desta sentença é que o herege manifesto não é de modo algum membro da Igreja, isto é, nem espiritualmente nem corporalmente, o que significa que não o é nem por união interna nem por união externa. Pois mesmo os maus católicos estão unidos e são membros, espiritualmente pela fé, corporalmente pela confissão da fé e pela participação nos sacramentos visíveis; os hereges ocultos estão unidos e são membros, embora apenas por união externa; pelo contrário, os catecúmenos bons pertencem à Igreja apenas por uma união interna, não pela externa; mas os hereges manifestos não pertencem de modo nenhum, como já provamos."(São Roberto Bellarmino, “De Romano Pontífice”, lib. II, cap. 30, p. 420).



21. Quais as supostas saídas apresentadas pelos "sedevacantistas?"


 






Em geral eles apresentam três maneiras da Igreja sair da situação em que "supostamente acreditam que ela está":



1.Uma intervenção direta de Deus;


2.A renúncia pelo Papa das supostas heresias pós Vaticano II (naturalmente que está hipótese só vale para a ala que adota a  "Tese Cassiciacum" - ver questão 4);


3.Um concílio geral imperfeito (Caetano e outros ensinam que, se o Colégio dos Cardeais ficasse extinto, o direito de eleger um Papa passaria para o clero de Roma, e depois para a Igreja universal - de Comparatione 13, 742, 745).






FONTE: http://apologeticacatolicablog.blogspot.com.br/2010/04/catecismo-sobre-o-sedevacantismo.html




Conclusão: Chamado à Unidade  e  Diversidade, na Verdade e na Caridade  





Diante de tudo o que foi exposto, é preciso reconhecer que o sedevacantismo, embora nascido de um zelo pela pureza da fé e pelo amor à Tradição, termina por cair na própria armadilha que pretendia evitar: a separação da Barca de Pedro, fora da qual não há segurança nem estabilidade na fé. 





Ao negar a legitimidade do Vigário de Cristo, o sedevacantista, ainda que movido por boa intenção, rompe a comunhão visível com aquela mesma Igreja que Cristo fundou sobre a rocha de Pedro (Mt 16,18) e à qual prometeu indefectibilidade até o fim dos tempos.  



A autêntica Tradição Católica não é uma lembrança estática do passado, mas a transmissão viva do depósito da fé sob a assistência permanente do Espírito Santo. 









Assim, não há verdadeira fidelidade à Tradição sem fidelidade ao Papa legítimo e ao Magistério autêntico da Igreja. É sob essa autoridade — e não fora dela — que o católico encontra luz, ordem e segurança para discernir os erros e resistir às confusões do mundo moderno.  





Por isso, com caridade e firmeza, este texto é também um convite à reconciliação, um apelo sincero aos nossos irmãos sedevacantistas: voltem à comunhão plena com o Sucessor de Pedro e com a Igreja de sempre, guardiã da fé apostólica. Não há mérito em resistir fora da obediência; não há santidade sem comunhão; não há Tradição sem o Magistério que a interpreta e a protege.  



Que Maria Santíssima, Mater Ecclesiae, interceda por todos os que, feridos pela crise, se afastaram do seio da Igreja, para que retornem à unidade visível da fé católica. E que, unidos sob a autoridade do Papa, possamos todos proclamar com o coração indiviso: 




“Ubi Petrus, ibi Ecclesia; ubi Ecclesia, ibi Christus.” (Onde está Pedro, aí está a Igreja; e onde está a Igreja, aí está Cristo.)











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Anônimo
3 de dezembro de 2022 às 18:45

Na verdade os sedevacantistas não são hereges, são CISMÁTICOS.

Anônimo
17 de dezembro de 2022 às 19:24

Segundo o artigo: "Em tese não, pois não negam o poder de jurisdição do sucessor de Pedro, "só" dizem que X ou Y não é Papa."

Anônimo
21 de dezembro de 2022 às 21:16

Bom...em tese eles não se assumem como cismáticos, mas suas práticas comportamentais sim! São Cismáticos, pois o discurso não corresponde com sua práxis.

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