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A superioridade do regime Republicano sobre a Monarquia e o Caminho Histórico da Democracia Brasileira

Written By Beraká - o blog da família on sábado, 15 de novembro de 2025 | 17:56





A crítica comum: "a República brasileira não nasceu de ideais elevados, nem de vontade popular. Nasceu de um golpe militar, articulado por oficiais insatisfeitos, elites econômicas magoadas e grupos positivistas que sonhavam com uma “ditadura modernizante”, isso mesmo, uma ditadura conduzida por uma elite supostamente superior, inspirada por Auguste Comte.  A monarquia não caiu por pressão do povo, mas por vaidade, ressentimento e disputas internas. O povo não foi consultado, não participou e sequer compreendeu o que estava acontecendo.  A verdade é simples e dura: o Brasil trocou um regime estável por uma república improvisada, construída sem plano, sem legitimidade popular e sem responsabilidade histórica.  E pagamos o preço dessa escolha até hoje."


 

 




República: O Caminho Histórico da Democracia Brasileira


Por que, apesar de suas imperfeições, a República é superior ao regime monárquico — e essencial para a liberdade, a cidadania e a soberania do povo brasileiro.

 

É verdade que a Proclamação da República, em 1889, não foi um movimento popular grandioso, tampouco inaugurou um regime perfeito. Mas reduzir a República brasileira a um “golpe improvisado” e, simultaneamente, idealizar a monarquia como a expressão máxima da ordem e da estabilidade é um anacronismo histórico que ignora os avanços civilizatórios possibilitados pela democracia republicana.



Podemos — e devemos — ter gratidão por personagens do Império, como D. Pedro II, José Bonifácio ou a Princesa Isabel, reconhecendo seus méritos e relevância. Ainda assim, isso não nos obriga a romantizar uma estrutura política hereditária, restritiva e excludente, que jamais poderia ter conduzido o Brasil à plena cidadania.



A República não nasceu perfeita, mas nasceu aberta a corrigir-se! E é essa abertura que transformou o país em uma nação de cidadãos, e não de súditos.



A Monarquia Brasileira: Estabilidade com Exclusão



Embora frequentemente lembrada como um período de aparente estabilidade, a monarquia brasileira era, na prática, um regime essencialmente oligárquico:


-Poder concentrado em uma única família, sem alternância real.

-Voto censitário, restrito aos mais ricos e instruídos.

-Ausência de participação popular: pobres, mulheres, analfabetos e recém-libertos não tinham qualquer voz política.


Falar de “legitimidade popular” da monarquia é, portanto, historicamente incorreto: o povo não governava.




A Herança Escravocrata: A Monarquia e a Exclusão Estrutural



A monarquia brasileira foi o regime que sustentou a escravidão até seu último momento:


-A abolição aconteceu tardiamente, em 1888 por pressão internacional e não por iniciativa da Monarquia.


-Foi realizada sem políticas de integração social. Deixou milhões de libertos à própria sorte, gerando desigualdades duradouras que perduram até hoje.


Ignorar esse fato para exaltar a suposta “estabilidade imperial” é ignorar a base social que sustentou tal estabilidade.






A República: Abertura Política e Caminho para a Democracia



Mesmo com limitações em sua origem, a República trouxe conquistas impossíveis no Império:



-Alternância de poder.

-Caminho para o voto universal.

-Liberdade de imprensa.

-Instituições independentes.

-Participação política crescente da sociedade civil.

-Possibilidade real de qualquer brasileiro ascender ao poder, sem depender de linhagem.



A República instituiu o princípio democrático fundamental:



"Ninguém governa por direito hereditário, mas por legitimidade popular."



A República como Processo, Não como Evento



O 15 de Novembro não foi o fim, mas o início de um processo:



-Houve crises, rupturas e períodos autoritários.

-Houve reconstruções democráticas e avanços constantes.

-A sociedade civil assumiu papel decisivo na defesa das liberdades.



A República é, por natureza, um projeto em permanente aperfeiçoamento.




Conclusão 



Valorizar a República não significa apagar ou desmerecer o legado de grandes personagens do Império, muitos dos quais contribuíram para a formação do Estado brasileiro. Mas reconhecer esses méritos não implica romantizar um regime que concentrava poder em uma dinastia, restringia a participação política e sustentou a escravidão até seu último dia.



A República não nasceu perfeita; nasceu possível.E é justamente nessa possibilidade — de transformação, de inclusão, de revisão e de reinvenção — que reside sua superioridade.



Enquanto a monarquia se apoiava na continuidade hereditária, a República se fundamenta na legitimidade popular, na alternância de lideranças, na abertura ao debate e na ideia de que o destino político de um país não deve ser determinado pelo berço, mas pela vontade do povo.



É na República que o Brasil encontrou:



-Espaço participativo para ampliar direitos civis e políticos;

-Condições para expandir a educação e a cidadania;

-Instrumentos para responsabilizar governantes e corrigir rumos;

-A compreensão de que o país pertence a todos, não a uma família de perfeitos e iluminados.



Defender a República é defender a liberdade, a igualdade de oportunidades e a dignidade humana. É assumir que aprendemos com a história e que queremos construir um futuro em que o poder não deriva de sobrenome, mas de legitimidade democrática.



A República é o regime que permite autocrítica, evolução, renovação e reconstrução.E sempre que o país se desviou desse caminho, foi a própria lógica republicana — apoiada pela sociedade civil — que restaurou a democracia.



Por isso, afirmar a superioridade da República não é negar o passado: é escolher o futuro.É reafirmar que o Brasil pertence ao povo soberano.E que somente a República — com todos os seus desafios — pode garantir que cada brasileiro seja verdadeiramente parte do destino da nação.



Bibliografia 



-CARVALHO, José Murilo de. A construção da ordem: a elite política imperial. Rio de Janeiro: Civilização Brasileira, 2019.

-CARVALHO, José Murilo de. Cidadania no Brasil: o longo caminho. Rio de Janeiro: Civilização Brasileira, 2001.

-SCHWARCZ, Lilia Moritz. As barbas do imperador: D. Pedro II, um monarca nos trópicos. São Paulo: Companhia das Letras, 1998.

-SCHWARCZ, Lilia Moritz; STARLING, Heloisa M. Brasil: uma biografia. São Paulo: Companhia das Letras, 2015.

-MELLO, Evaldo Cabral de. A outra independência: O federalismo pernambucano de 1817 a 1824. Rio de Janeiro: Topbooks, 2004.

-FAUSTO, Boris. História do Brasil. São Paulo: Edusp, 2015.

-COSTA, Emília Viotti da. Da senzala à colônia. São Paulo: Unesp, 2010.

-GOMES, Laurentino. 1889: como um imperador cansado, um marechal vaidoso e um professor injustiçado contribuíram para o fim da monarquia e a proclamação da república no Brasil. São Paulo: Globo Livros, 2013.

-GOMES, Laurentino. 1808. São Paulo: Globo Livros, 2007.

-GOMES, Laurentino. 1822. São Paulo: Globo Livros, 2010.

-LESSA, Renato. A invenção republicana: Campos Sales, as bases e a decadência da Primeira República Brasileira. São Paulo: Companhia das Letras, 2019.

-DEL PRIORE, Mary (Org.). História das mulheres no Brasil. São Paulo: Contexto, 2017.

-VILLA, Marco Antônio. A Proclamação da República. São Paulo: Leya, 2014.

-SODRÉ, Nelson Werneck. História da República. Rio de Janeiro: Civilização Brasileira, 1967.

-CALDEIRA, Jorge. História da riqueza no Brasil. São Paulo: Estação Brasil, 2017.

-COSTA E SILVA, Alberto da. A enxada e a lança: a África antes dos portugueses. Rio de Janeiro: Nova Fronteira, 2011.

-ALENCASTRO, Luiz Felipe de. O trato dos viventes: formação do Brasil no Atlântico Sul. São Paulo: Companhia das Letras, 2000.

-SÁ, Pedro Diniz Fonseca de. A política imperial: ideias, instituições e práticas. Rio de Janeiro: FGV, 2014.





 

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