A Doutrina Luterana
da Salvação
Martinho Lutero era um monge (sem vocação), católico, da Ordem de Santo Agostinho,também
conhecida com Ordem dos Agostinianos.Muito se tenta combater os ensinamentos de Lutero com base numa análise
de sua vida e temperamento. Não faremos isso neste trabalho, pois acreditamos
que os próprios ensinamentos do Pai da Reforma já dizem muito sobre si mesmos. Lutero não compreendia a Doutrina Católica acerca da salvação, a qual ensinava
que as obras na fé em Cristo colaboram com a Graça que nos salva.Transcreveremos esta
doutrina conforme consta no Catecismo Tridentino, pelo fato deste estar
mais próximo da catequese católica dos tempos de Lutero:“[...] Tudo atribuindo à Sua bondade [de Deus], agradecemos
sem cessar Áquele que nos comunicou o Seu Espírito, por cuja valia
nos encorajamos a chamar ‘Abba, Pai!’
Depois, consideraremos, seriamente, o que nos toca fazer, e o que
nos toca evitar, a fim de conseguirmos o Reino do céu. Com efeito,
Deus não nos chamou para a inércia e preguiça, porquanto chegou até
a dizer: ‘O Reino do céu cede à violência, e são os esforçados que
o arrebatam’ [Mt 11,12]. E noutra ocasião: ‘Se queres entrar para
a vida, observa os Mandamentos’ [Mt 19,17] .Por conseguinte, aos homens não lhes basta pedirem o Reino de
Deus, se de sua parte não houver zelo e diligência para o alcançar;
precisam pois, colaborar vigorosamente com a graça de Deus [1Cor 3,9],
e manter-se no caminho que conduz ao céu” (1). Lutero tinha muito
medo de não ser aceito por Deus, e não via nas obras de piedade que
praticava qualquer ajuda em vencer as próprias inclinações pecaminosas. Sabemos ainda que ele foi levado ao convento não por vocação, mas para cumprir uma promessa que havia feito. Esta situação colaborava ainda mais para agravar sua vivência na religiosidade católica.
Por isso ele achava
que as obras eram inúteis.(Com efeito, úteis são somente as obras
motivadas pela Graça mediante a fé em Cristo, conforme já vimos). Sua situação lhe desmotivava cada vez mais, causando sérias
angústias, até que um grande alento lhe veio quando leu Rm 1,17. A
expressão paulina “o justo viverá pela fé” lhe foi suficiente para
conceber LITERALMNETE, que a salvação vem somente pela fé, e não depende das obras
motivadas por ela.A partir de então
Lutero ensinava que bastava a Fé para que alguém estivesse salvo. Para ele
Deus decretava a salvação do crente mediante a sua confissão de Fé em
Jesus Cristo.Pelo fato de outros jovens estarem na mesma condição que ele, não
foram poucos os adeptos de sua doutrina.Já fora da Igreja Católica,
Lutero na sua tradução da Bíblia para o alemão, adulterou Rm 1,17
adicionando o advérbio “somente” à expressão “o justo viverá pela fé”,
ficando assim “o justo viverá “somente” pela
fé”. Estava lançada então
a base da doutrina luterana da salvação, de forte caráter forense, pois
nela Deus salva o homem por decreto e não por ação da Graça do Espírito
Santo.Daí deriva a doutrina
protestante pentecostal de que basta “aceitar” Jesus para estar (não ser) salvo. Para o protestante a Fé no Senhor não o levará à salvação, ela já
salva, isto é, o crente não será salvo, mas já está salvo por causa de sua
fé.
Lutero chegava mesmo a ensinar:
“Se és um pregador da graça, então pregue uma graça verdadeira,
e não uma falsa; se a graça existe, então deves cometer um
pecado real, não fictício. Deus não salva falsos pecadores. Seja um
pecador e peque fortemente, mas creia e se alegre em Cristo mais
fortemente ainda…Se estamos aqui (neste mundo) devemos
pecar…Pecado algum nos separará do Cordeiro, mesmo praticando fornicação
e assassinatos milhares de vezes ao dia” (2).Claro que Deus quando começa a nos salvar por ação de Sua Graça,
nos aceita do jeito que somos, com todas as nossas falhas e pecados. Pois
só se salva o que precisa de salvação, se fôssemos perfeitos não
precisaríamos de sermos recuperados por Deus. Com efeito, disse o Senhor:
"Eu não vim chamar os justos, mas os pecadores" (cf. Mt
9,13).Aqui se encontrava mais um
equívoco do ex-monge católico derivado da leitura de Rm 5,20: "Sobreveio a lei para que abundasse o pecado
[pois sem lei não há transgressão]. Mas onde abundou o pecado,
superabundou a graça". Ora, no trecho acima
S. Paulo não está ensinando que quanto à salvação Deus será indiferente
aos pecados de quem confessou Jesus como Senhor e Salvador, mas que quanto
maior for o pecado de alguém maior será a ação da Graça do Espírito Santo
nele.São Paulo está se
referindo à ação santificante da Graça de Deus.O mesmo faria um médico ao se referir à ação curativa de um
tratamento, dizendo: “onde abundou a doença, superabundou o remédio”. É o
mesmo que dizer: a eficácia de um remédio depende do grau do mal que cura.O proprio S. Paulo
refuta Lutero em Rm 6: “Que diremos pois? Permaneceremos no pecado, para que a graça abunde?De modo nenhum. Nós, que estamos mortos para o pecado, como viveremos ainda nele?Ou não sabeis que todos quantos fomos batizados em Jesus Cristo fomos batizados na sua morte?De sorte que fomos sepultados com ele pelo batismo na morte; para que, como Cristo foi ressuscitado dentre os mortos, pela glória do Pai, assim andemos nós também em novidade de vida.Porque, se fomos plantados juntamente com ele na semelhança da sua morte, também o seremos na da sua ressurreição;Sabendo isto, que o nosso homem velho foi com ele crucificado, para que o corpo do pecado seja desfeito, para que não sirvamos mais ao pecado.Porque aquele que está morto está justificado do pecado.Ora, se já morremos com Cristo, cremos que também com ele viveremos;Sabendo que, tendo sido Cristo ressuscitado dentre os mortos, já não morre; a morte não mais tem domínio sobre ele.
Pois, quanto a ter morrido, de uma vez morreu para o pecado; mas, quanto a viver, vive para Deus.Assim também vós considerai-vos como mortos para o pecado, mas vivos para Deus em Cristo Jesus nosso Senhor.Não reine, portanto, o pecado em vosso corpo mortal, para lhe obedecerdes em suas concupiscências;Nem tampouco apresenteis os vossos membros ao pecado por instrumentos de iniqüidade; mas apresentai-vos a Deus, como vivos dentre mortos, e os vossos membros a Deus, como instrumentos de justiça.Porque o pecado não terá domínio sobre vós, pois não estais debaixo da lei, mas debaixo da graça.Pois que? Pecaremos porque não estamos debaixo da lei, mas debaixo da graça? De modo nenhum.Não sabeis vós que a quem vos apresentardes por servos para lhe obedecer, sois servos daquele a quem obedeceis, ou do pecado para a morte, ou da obediência para a justiça?Mas graças a Deus que, tendo sido servos do pecado, obedecestes de coração à forma de doutrina a que fostes entregues.E, libertados do pecado, fostes feitos servos da justiça.Falo como homem, pela fraqueza da vossa carne; pois que, assim como apresentastes os vossos membros para servirem à imundícia, e à maldade para maldade, assim apresentai agora os vossos membros para servirem à justiça para santificação.
Porque, quando éreis servos do pecado, estáveis livres da justiça.E que fruto tínheis então das coisas de que agora vos envergonhais? Porque o fim delas é a morte.
Mas agora, libertados do pecado, e feitos servos de Deus, tendes o vosso fruto para santificação, e por fim a vida eterna.Porque o salário do pecado é a morte, mas o dom gratuito de Deus é a vida eterna, por Cristo Jesus nosso Senhor”.
Porém, este capitulo da carta aos Romanos Lutero preferiu ignorar, como também ignorava a Epístola de S. Tiago, chamando-a de “epístola de palha” (3), pois ela era frontalmente contra sua doutrina de justificação somente pela fé.
Na sua tradução da
Bíblia para o alemão, Lutero renegou esta carta a um apêndice, juntamente
com os deuterocanônicos (4).Mais tarde, na versão bíblica protestante KJV (King James Version)
ou Versão do Rei Tiago, edição de 1611. A adição do “somente” em Rm
1,17 foi retirada, e a Carta de S Tiago, bem como os deuterocanônicos
(5) voltaram à bíblia protestante.Mesmo assim a
“hermenêutica” luterana do “somente pela fé” ainda é a tradição na qual o
protestantismo se fundamenta na sua elaboração da doutrina da salvação. Em resumo: Os três Solas de Lutero são inconsistentes e não resistem ao embasamento
das escrituras sem que se apele a uma
forçosa e malabarística deturpação eixegética da mesma.Alguns “não Católicos” ensinam que a única coisa que se deve fazer para se salvar é aceitar a Jesus Cristo seu Senhor e Salvador e assim está garantida sua salvação na vida.Segundo estes,fazendo-se este compromisso uma vez somente em sua vida, o que fizer no restante da mesma, não importa. Já esta salvo!Pode ter a certeza de que irá ao céu quando morrer. Para eles uma vez que se aceite Jesus é impossível que se perca a salvação. Na realidade, isto é um pecado de presunção. Jesus não morreu para que ficássemos a pecar, mas para nos salvar e libertar do pecado.
REFERÊNCIAS:
(1) Catecismo Romano.
Edições Serviço de Animação Eucarística Mariana. Tradução de Frei Leopoldo
Pires Martins, O. F. M. Pg 526-527.
(2) Carta a
Melanchthon, 1 de agosto de 1521 (American Edition, Luther’s Works, vol.
48, pp. 281-82, editado por H. Lehmann, Fortress, 1963).
(3) 'Preface to
the New Testament,' ed. Dillenberger, p. 19.
(4) Sete livros
do AT rejeitados por Lutero. São eles Tobias, Judite, 1 e 2 Macabeus,
Baruc, Sabedoria e Eclesiástico. Além dos acréscimos gregos de Daniel e
Estér.
(5) Porém, no
início do século XVIII os deuterocanônicos foram finalmente retirados
das edições protestantes da Bíblia Sagrada.
Fragmento do ebook "A Graça, a Fé, as Obras e a Salvação" de
autoria de Alessandro Lima*, Cap 3, pgs 25-27. O autor é arquiteto de software, professor, escritor, articulista e
fundador do Apostolado Veritatis Splendor.
Fonte:http://www.veritatis.com.br/apologetica/120-protestantismo/1301-a-doutrina-luterana-da-salvacao
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