Por: *William
Lane Craig:
“Confio na justiça de Deus. Não acho que poderia existir alguém que
fosse mais reto ou justo que Deus! Tenho a plena certeza em sua decisão”.
Agora isto é
verdadeiro. Deus é reto. Totalmente justo. Ele não tem contas a acertar. Não
está aí para pegar você. Ele é o mais competente, inteligente, imparcial e mais
justo juiz que você terá. Ninguém terá uma decisão bombástica numa
cadeira durante o julgamento de Deus. Todos os humanos podem ficar garantidos
de uma justiça absoluta. Mas isto é precisamente o problema! Porque a
justiça de Deus expõe a inadequação humana.A Bíblia diz que todas as pessoas
falharam em viver a lei moral divina e então se encontram culpados perante
Deus.A palavra bíblica para esta falha moral é pecado. A Bíblia diz que :
“Todos estão debaixo do poder do pecado. Não há um justo; não, um justo
sequer; todos se extraviaram, e juntamente se fizeram inúteis. Todos pecaram e
destituídos estão da glória de Deus” (Romanos 3,10.12 e 23).
Então percebemos que
estamos debaixo da lei da justiça divina. Você colhe o que planta!
A Bíblia diz, “Não se enganem; Deus não se deixa escarnecer. Aquilo que
o homem plantar, isso também colherá. O que planta na sua carne, da carne
colherá a corrupção; mas o que semeia no Espírito, do Espírito colherá a vida
eterna”, (Gal. 6,7-8).
O profeta Ezequiel
declarou, “a alma que pecar essa morrerá” (Ez. 18,4), e o apóstolo Paulo ecoa,
“O salário do pecado é a morte” (Rom. 6:23). Você colhe o que planta. Você
colhe o que planta. Está é a justiça em sua forma mais pura.
O único problema é que ninguém é perfeito! Então, se confiamos somente
na justiça de Deus, nos afundaremos! Não há ninguém que mereça ir ao céu.
Ninguém é bom o bastante! Portanto, devemos colocarmo-nos na misericórdia de
Deus. Mesmo quando somos culpados e merecemos morrer, Deus ainda nos ama.
Algumas vezes as pessoas tem a idéia de que Deus é um tipo de tirano cósmico lá
em cima, querendo pegar-nos. Mas esta não é a compreensão cristã de Deus.
Veja o que a Bíblia
diz:
Dize-lhes: Vivo eu, diz o Senhor DEUS, que não tenho prazer na morte do
ímpio, mas em que o ímpio se converta do seu caminho, e viva. Convertei-vos,
convertei-vos dos vossos maus caminhos; pois, por que razão morrereis, ó casa
de Israel? (Ezequiel 33,11)
Aqui Deus invoca
literalmente as pessoas para retornarem de seus caminhos destrutivos e serem
salvos. E no Novo Testamento diz, “o Senhor não está querendo que alguns se
percam, senão que todos venham a arrepender-se” (2 Pedro 3,9).
“Quer que todos os homens se salvem, e venham ao conhecimento da
verdade” (1 Tim. 2,4).
Agora, o oponente da
doutrina do inferno deve admitir que dada a liberdade humana, Deus não pode garantir
que todos serão salvos!
Algumas pessoas podem
condenar livremente a si mesmas ao rejeitar a oferta de salvação de Cristo. Mas,
ele pode argumentar, seria injusto que Deus condenasse as pessoas para sempre. Pois
até mesmo pecados graves como aqueles dos torturadores nazistas nos campos de
concentração ainda merecem somente uma punição finita. Portanto, no máximo, o inferno
poderia ser um tipo de purgatório, durando um período de tempo apropriado para
cada pessoas antes que esta pessoa esteja liberada e seja levada ao céu.
Finalmente, o inferno poderia estar vazio e o céu, cheio.Agora,
trata-se de uma objeção interessante, porque defende que o inferno é incompatível,
não com o amor de Deus, mas com Sua justiça. A objeção é dizer que Deus é
injusto porque a punição não se adequou ao crime.Trata-se também de uma objeção
persuasiva, que poderia ser evitada por adotar a doutrina do aniquilacionismo.
Alguns teólogos
cristãos crêem que o inferno não é a separação eterna de Deus, mas sim a
aniquilação do condenado. O inimigo condenado simplesmente deixa de existir,
enquanto aos salvos é dada a vida eterna. Agora, enquanto não sou desta opinião
particularmente, representa uma forma na qual você poderia ir contra o vigor
desta objeção.
Mas a objeção é
persuasiva por si mesma? Acredito que não – Por que ?
A objeção equivoca-se
entre todo pecado o qual cometemos e todos os pecados que cometemos. Podemos
concordar que todo pecado individual que uma pessoa comete merece comente uma
punição finita. Mas não segue disto que todos os pecados de uma pessoa juntos
como um todo merece somente uma punição finita. Se uma pessoa comete um número
infinito de pecados, então a soma total de tais pecados merece uma punição
infinita. Agora, claro, ninguém comete um número infinito de pecados na
vida terrena.
Mas que tal na vida após a morte? Na medida em que os habitantes do
inferno continuam a odiar a Deus e rejeitá-Lo, continuam a pecar e por isso
acumular a eles mesmos mais culpa e mais punições!
Em um sentido real,
então, o inferno é perpétuo por si mesmo. Neste caso, cada pecado tem um
castigo finito, mas porque o pecado se prolonga, assim o faz a punição.
Por que pensar que
todo pecado tem somente uma punição finita?
Podemos concordar que pecados como roubo, mentira, adultério, e assim
por diante, são somente consequências do finito e então, somente merecem uma
punição finita. Mas, em outro sentido, esses pecados
não são o que serve para separar alguém de Deus. Porque Cristo morreu por
aqueles pecados. A penalidade por aqueles pecados foi paga Tem-se que
aceitar a Cristo como Salvador para ser completamente livre e limpo daqueles
pecados.
Mas a recusa ao
aceitar a Cristo e Seu sacrifício parece ser um pecado de uma ordem
completamente diferente!
Pois este pecado decididamente separa alguém de Deus e de Sua Salvação.
Rejeitar a Cristo é rejeitar ao próprio Deus. E este é um pecado de gravidade e
proporção infinitas e, portanto, merece uma punição infinita.
Devemos, então, não
pensar no inferno primeiramente como punição pela matriz dos pecados de
consequências finitas os quais cometemos, mas sim, como o que é justo e devido a um
pecado de consequência infinita, a saber, a rejeição do próprio Deus.
Por fim, é possível
que Deus permitisse que os condenados deixasses o inferno e fosse ao céu, mas eles
livremente recusam-se a isso!
É possível que pessoas no inferno cresçam somente mais implacavelmente
em sua ira por Deus assim que o tempo passa. Em vez de
se arrependerem e de pedirem a Deus por perdão, eles continuam a amaldiçoá-Lo e
rejeitá-Lo. Assim, Deus não tem escolha senão deixá-los onde estão.
Neste caso, a porta
do inferno está trancada, como John Paul Sartre disse, de dentro. O condenado
assim escolhe a separação eterna de Deus. Então, novamente, assim como nenhum
desses cenários é possível, invalida a objeção que a justiça perfeita de Deus é
incompatível com a separação eterna de Deus. Mas talvez a este ponto,
o oponente a doutrina do inferno poderia tentar uma última objeção.
Considerando que não é nem falta de amor nem de justiça de Deus para criar um
mundo no qual algumas pessoas rejeitam a Ele de livre vontade, sempre.
E como fica o destino
daqueles que nunca ouviram sobre Cristo?
Como Deus pode
condenar as pessoas que, não por causa delas, nunca tiveram a oportunidade de
receber Cristo como seu Salvador? A salvação ou a condenação de um
pessoa assim, parece ser o resultado de um
acidente histórico e geográfico, o qual é incompatível com um
Deus amoroso.
A objeção é, no entanto, falaciosa, porque afirma que aqueles que nunca
ouviram sobre Cristo são julgados na mesma base daquele que ouviram. Mas a Bíblia diz que o não-alcançado será julgado em uma base
bem diferente da base daqueles que ouviram o evangelho. Deus julgará o
não-alcançado na base da resposta deles a auto-revelação na natureza e na
consciência. A Bíblia diz que a partir do fim, Deus nos criou sozinho,
todas as pessoas podem saber que um Deus Criador existe e que Deus implantou sua lei moral nos corações das pessoas, para
que eles ficassem inescusáveis a Deus. (Rom. 1,20; 2,14-15). A Bíblia
promete salvação para todo aquele que responder afirmativamente à sua
auto-revelação de Deus (Rom. 2,7).
Agora, isto não
significa que eles podem ser salvos sem a graça do sacrifício universal de
Cristo. Em vez disso, significa que os benefícios do sacrifício de Cristo pode
ser aplicado a eles sem seu conhecimento consciente de Cristo.
Eles seriam como o povo no Antigo Testamento, antes de Jesus vir, que não tinha
o conhecimento consciente de Cristo, mas que estava salvo na base de seu
sacrifício através de suas respostas à informação que Deus tinha revelado a
eles. E assim, a salvação está verdadeiramente disponível a todas as
pessoas em todos os tempos. Tudo depende de nossa escolha livre.
Nenhum cristão
aprecia a doutrina do inferno, porém a aceita como revelação da Justiça de
Deus!
Fingir que as pessoas não são pecadoras e não têm necessidade de
salvação seria cruel e enganoso como fingir que todo mundo fosse saudável mesmo
quando soubessem que têm uma doença fatal da qual soubessem a cura.
CONCLUSÃO
A questão perante nós
hoje não
é, portanto se gostamos da doutrina do inferno; a questão é se a doutrina é
possivelmente verdadeira. Argumentei que nenhuma inconsistência existe
entre os conceitos cristãos de Deus e a existência do inferno.
*William Lane Craig: (Peoria, 23 de Agosto
de 1949) é um filósofo e teólogo cristão, estadunidense. Como filósofo, Craig se
especializou em filosofia da religião, metafísica, e filosofia do tempo. Como
teólogo, suas especialidades são estudos sobre o Jesus histórico e teologia
filosófica. Craig fez contribuições importantes para discussões sobre o
argumento cosmológico em favor da existência de Deus, a onisciência divina,
teorias do tempo e eternidade e para a historicidade da ressurreição de Jesus.
Sua pesquisa atual está relacionada com a autoexistência de Deus (asseidade
divina) e o desafio que concepções platônicas sobre objetos abstratos
apresentam para esta doutrina. Craig é autor de diversos livros, o mais
conhecido deles sendo Reasonable Faith. Ele disse que Alvin Plantinga é o seu filosófo
de maior inspiração.
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