I – A NATUREZA DIVINA DA IGREJA NAS ESCRITURAS:
A Igreja nasce da inspiração divina: A Igreja [em grego ekkaléin, daí ekklésia e daí Igreja] é a convocação eterna, universal de todos os homens. Dá-se em assembléias [Dt, 9, 10], em comunidade [koinonia]. Tem a sua origem no desígnio da Santíssima Trindade: pelo amor de Deus Pai que no tempo, a partir de Abraão [ pai de multidão de povos: Gn 17,4ss] reúne o seu povo; pela misericórdia de Deus Filho que nos redime em sua paixão e ressurreição e pela Santidade de Deus Espírito Santo, que nos elege e santifica em Pentecostes (Atos dos Apóstolos).
Segundo estes desígnios fomos escolhidos em Cristo antes da fundação do mundo [Ef 1,4], para sermos santos e irrepreensíveis diante dele no amor. A Igreja nasce da inspiração divina no coração dos homens com convocação em Cristo [Cristianismo] e com vocação católica [Catolicismo], que concretiza a promessa de salvação para todos que proclamem que Jesus Cristo é o Senhor [Fl 2, 11].
II – A NATUREZA DIVINA DA IGREJA NA PATRÍSTICA:
1)- São Clemente de Alexandria, Paedagogus, 1, 6: Assim como a vontade de Deus é um ato e se chama mundo, assim também sua intenção é a salvação dos homens e se chama Igreja .
2)- São Leão Magno, Sermones, 4,1: Todos os que renasceram em Cristo obtiveram, pelo sinal da cruz, a dignidade real e, pela unção do Espírito Santo, receberam a consagração sacerdotal. Por isso, não obstante o serviço especial do nosso ministério, todos os cristãos foram revestidos de um carisma espiritual que os torna membros desta família de reis e deste povo de sacerdotes. Não será, na verdade, função régia o fato de uma alma, submetida a Deus, governar o seu corpo? E não será função sacerdotal consagrar ao Senhor uma consciência pura e oferecer no altar do coração a hóstia imaculada de nossa piedade?
3)- Santo Agostinho, In Iohannis evangelium tractatus, 21,8: Alegremo-nos, portanto, e demos graças por nos termos tornado não somente cristãos, mas o próprio Cristo. Compreendeis, irmãos, a graça que Deus nos concedeu ao dar-nos Cristo como Cabeça? Admirai e rejubilai, nós nos tornamos Cristo. Com efeito, uma vez que Ele é a cabeça e nós somos membros, o homem inteiro é constituído por Ele e por nós. A plenitude de cristo é, portanto, a Cabeça e os membros. O que significa isto: a Cabeça e os membros? Cristo e a Igreja .
4)- Santo Agostinho, In Iohannis evangelium tractatus, 21,8: Eis o Cristo total,Cabeça e Corpo, um só formada muitos... Seja a cabeça a falar, seja os membros, é sempre Cristo quem fala. Fala desempenhando o papel da Cabeça, fala desempenhando o papel de corpo. Conforme o que está escrito: Serão dois em uma só carne. Eis um grande mistério: refiro-me a Cristo e a Igreja [Ef 5, 31-32]. E o Senhor mesmo diz no Evangelho: Já não são dois, mas uma só carne [Mt 19,6]. Como vistes, há de fato duas pessoas diferentes e, todavia, elas constituem uma só coisa no amplexo conjugal. Na qualidade de Cabeça ele se diz Esposo , na qualidade de Corpo se diz Esposa .
5)- Santa Joana D Arc, Actes du procès de condamnation: Quanto a Jesus Cristo e à Igreja, parece-me que são uma só coisa e que não se deve fazer objeções a isso .
III – A NATUREZA DIVINA DA IGREJA NO MAGISTÉRIO:
1)- Lumen Gentium, n°. 2: desde a origem do mundo a Igreja foi prefigurada. Foiadmiravelmente preparada na história do povo de Israel e na antiga aliança.Foi fundada nos últimos tempos. Foi manifestada pela efusão do Espírito Santo. E no fim dos tempos será gloriosamente consumada .
2)- Catecismo da Igreja Católica, n°. 759: O Pai eterno, por libérrimo e arcano desígnio de sua sabedoria e bondade, criou todo o universo; decidiu elevar os homens à comunhão da vida divina , à qual chama todos os homens em seu Filho...Esta família de Deus se constitui e se realiza gradualmente ao longo das etapas da história humana, segundo as disposições do Pai .
3)- Ela é mistério: ao mesmo tempo visível e invisível, material e espiritual, divina e humana e eterna e temporal. Ela está na história, mas a transcende, sendo os olhos da fé o que enxerga em sua realidade visível a sua realidade espiritual, portadora da vida divina [CIC, n°. 770-771]. É mistério da união dos homens com Deus, pois é na Igreja que Cristo realiza e revela seu próprio mistério como a meta do desígnio de Deus de uma convocação e sacramento universal da salvação [CIC, n°. 774-776]. Em Cristo tudo se recapitula [Ef 1,10]. Neste sentido, a Igreja é povo de Deus [Lumen Gentium, n°. 9], sacerdotal, profético e régio [CIC, n°. 783-786]:
4)- É corpo de Cristo [CIC, n°. 787-791], porque é comunhão com Jesus, com o qual formamos um só corpo: Permanecei em mim, como eu em vós [Jo 15, 4-5]. Quem come a minha carne e bebe o meu sangue permanece em mim e eu nele [Jo 6,56]. Unidade que não se dispersa com a diversidade [Lumen Gentium, n°. 7], porque deste corpo, Cristo é a cabeça [Cl 1, 18]:
5)- É DIVINA NA DIMENSÃO DO ATRIBUTO DIVINO DE IGREJA SANTA : [CIC, n°. 823-829], pois Cristo, Filho de Deus, que com o Pai e o Espírito Santo é proclamado o único santo , amou a Igreja como sua Esposa, por ela se entregando com o fim de santificá-la, tornando-se santificante a todos que por suas obras sejam tocados. A fonte da Igreja é o amor de Deus, por isso a caridade é a alma da santidade à qual todos são chamados: Santa Teresinha do Menino Jesus, Manuscrits, B, 3v: Compreendi que a Igreja tinha um corpo, composto de diferentes membros, não lhe faltava o membro mais nobre e mais necessário (o coração). Compreendi que a Igreja tinha um Coração, e que este Coração ardia de amor. Compreendi que só o amor fazia os membros da Igreja agirem, que, se o Amor viesse a se apagar, os Apóstolos não anunciariam mais o Evangelho, os Mártires se recusariam a derramar o seu sangue...Compreendi que o amor encerrava todas as vocações, que o amor era tudo, que ele abraçava todos os tempos e todos os lugares...em uma palavra, que ele é eterno .
6)- É DIVINAMENTE SANTA NA Solene Profissão de Fé, n°. 19: A Igreja é santa, mesmo tendo pecadores em seu seio, pois não possui outra vida senão a da graça: é vivendo de sua vida que seus membros se santificam; é subtraindo-se à vida dela que caem nos pecados e nas desordens que impedem a irradiação da santidade dela. É por isso que ela sofre e faz penitência por essas faltas, das quais tem o poder de curar seus filhos, pelo sangue de Cristo e pelo dom do Espírito Santo .
FONTE BIBLIOGRÁFICA:
AQUINATE, n°3, (2006), 373-380
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