As imagens da Igreja
A
Constituição dogmática sobre a Igreja do Concílio ecumênico Vaticano II, mais
conhecida por Lumen Gentium, apresenta a Igreja como “o novo Povo de Deus”. A imagem do Povo de Deus peregrinante se impôs a outras
imagens bíblicas, usadas pela eclesiologia e também presentes na Lumen Gentium.É
certo que a Igreja em sua realidade profunda não pode ser apreendida numa única
imagem ou definição, dado seu caráter de mistério. A
Igreja é mistério no seu peregrinar porque tem sua origem no êxodo de Deus
Trindade, que saiu de si para comunicar-se com o homem e reconciliá-lo consigo.
Ela é mistério pela contínua presença do Espírito do Ressuscitado que a
vivifica e a coloca constantemente em movimento rumo ao Reino de Deus. Por ser fruto da iniciativa divina e pela presença do
Espírito, a Igreja transcende qualquer imagem ou definição humana. Ela
aparece aos olhos dos teólogos mais como aquilo que ela não é, do que aquilo
que ela é. Nesse sentido, pode-se ver, nas múltiplas imagens, que a Sagrada
Escritura e a Tradição oferecem mútua complementaridade!
A nova consciência que a
Igreja tem de si mesma como Povo de Deus inaugurou uma nova era para a
eclesiologia!
Teve
boa aceitação, quer por teólogos católicos, quer por teólogos de outras
confissões cristãs.
A imagem bíblica do Povo de
Deus
A
imagem da Igreja como Povo de Deus se enraíza na Sagrada Escritura. No Antigo
Testamento, em virtude da eleição divina (Deut 7,6ss; Is 48,12) e da aliança
(Ex 24,1-11), Israel se compreende como Povo de Deus
(Dt 29,12; Jr 7,23), povo santo, povo consagrado a Deus (Deut 7,6; 14,2; Ex
19,6), sua propriedade (Ex 19,5), seu filho (Ex 4,22), sua esposa (Os 2,4; Jr
2,2), reino de sacerdotes (Ex 19,6), povo mediador e testemunho para os outros
povos (Is 44,8; Gn 12,3). Israel é o Povo; os outros
povos são nações estrangeiras. Na sua história, Israel vive a
expectativa de uma nova aliança (Jr 31,31; Ez 37,26) e dessa nova aliança
nascerá um novo povo (Is 2,2; Jr 4,2) e sobre este povo Deus infundirá o seu
espírito (Ez 36,27).A nova aliança, prometida e
esperada pelo povo de Israel, se realiza no sangue de Cristo (1Cor 11,25). Os
fiéis a Cristo, regenerados pela palavra de Deus viva e eterna (1Pd 1,23), não
da carne, mas da água e do Espírito (Jo 3,5-6), constituem “a raça eleita,
sacerdócio régio, nação santa, povo adquirido por Deus, para proclamar as obras
maravilhosas daquele que chamou das trevas para a sua luz maravilhosa” (1Pd
2,9). A novidade do Povo de Deus no Novo Testamento consiste na convocação do
Pai em Cristo e na efusão do Espírito Santo.
A estrutura da Lumen Gentium
É interessante ter presente a estrutura da Lumen Gentium. A própria estrutura da Constituição é reveladora de um modo de ver a Igreja teologicamente diferente, subordinando toda a estrutura eclesial à ontologia da graça. O capítulo primeiro trata da Igreja como mistério. O segundo, a alma da Lumen Gentium, apresenta a Igreja como Povo de Deus, e os demais capítulos tratam respectivamente da constituição hierárquica da Igreja, dos leigos, da vocação universal à santidade, dos religiosos, da índole escatológica da Igreja.
Finalmente, o capítulo oitavo apresenta Maria como sinal da Igreja, enquanto ela deu ao mundo, em sua carne e em sua fé, Cristo, e com ele deixou entrar toda a Trindade na história da humanidade. Maria aparece como paradigma da missão!
O capítulo II da Lumen Gentium
apresenta a Igreja como Povo de Deus.
A
intenção de Deus foi sempre reunir a humanidade num povo; com a nova aliança,
que Cristo realiza no seu sangue, nasce o novo Povo de Deus. Os batizados fazem parte desse povo e recebem a dignidade de
filhos de Deus. A meta desse povo é o Reino de Deus que deve ser construído na
comunhão, na caridade e na verdade! A marca distintiva do Povo de Deus é
a comunhão de (serviço à) vida, caridade e verdade. O Povo de Deus é enviado ao
mundo inteiro como luz das nações (LG 9).
O novo Povo de Deus é um povo
sacerdotal pela função do Espírito!
Tanto o
sacerdócio comum dos fiéis como o sacerdócio ministerial, apesar de distintos, são participação do mesmo sacerdócio de
Cristo (LG 10). O exercício do sacerdócio comum se dá pela participação
nos sacramentos e pela prática das virtudes. Pelo testemunho, os cristãos
participam do múnus profético de Cristo e, em virtude da unção do Espírito
Santo, não podem se enganar no ato de fé (consenso da fé) (LG 12). A santificação e a condução dos cristãos não se dá apenas
pelos ministérios e sacramentos, mas também pelos carismas que tornam os
cristãos aptos aos serviços e ofícios que contribuem para a renovação e
incremento da Igreja (LG 12). O Povo de Deus deve estender-se a todo o
mundo e, mantendo a sua unidade, permanece em comunhão pelo Espírito Santo.
Pertencem ou estão ordenados à unidade do Povo de Deus, mesmo que de modo
diverso, os fiéis católicos, todos os que creem em Cristo, enfim todos os homens
chamados à salvação (LG 13).Reconhece a Lumen Gentium
uma incorporação plena à Igreja, mas também que a Igreja está ligada a todos os
batizados pela união do Espírito, que age em todos os cristãos santificando-os
por seus dons e graças. Mesmo os não cristãos estão ordenados ao Povo de Deus (LG
14, 15 e 16).Todo o Povo de Deus é missionário e chamado a tornar-se
instrumento de unidade dos homens entre si e dos homens com Deus (LG 17).
A Igreja inegavelmente, é também, o Corpo de Cristo!
É
preciso entender que quando celebramos a ceia, comemos do pão e bebemos do
cálice, fazemos parte do Corpo. A Igreja não é
simplesmente o que muitas vezes é pregado, que ela é o templo ou prédio onde se
reúnem os irmãos. Não existe nada mais belo sobre a face da terra do que a
Igreja. Ela é o Corpo de Cristo, a noiva do Senhor! Nós somos a Igreja
do Senhor. Vivemos um período confuso em nosso país, porque existem muitos
desagregados, pessoas que dizem: “Eu quero Cristo,
quero Jesus, mas não quero a Igreja”. Muitas pessoas estão decepcionadas com a
Igreja. Elas falam da conversão, do batismo com o Espírito Santo, possuem dons
espirituais, mas não querem fazer parte da Igreja. E ninguém pode fazer parte
do Corpo de Cristo sem fazer parte da Igreja, porque ela é o Corpo do Senhor!
Nos últimos dias, vivemos uma avalanche de ensinos errados, que levam muitas
pessoas a afirmarem que querem Jesus, mas não querem a Igreja. Não querem
compromisso,; e a igreja exige compromisso, o Corpo de Cristo exige
compromisso. E você e eu fazemos parte desse Corpo.
Romanos
12,5 precisa fazer parte de cada um de nós: “assim também nós, conquanto
muitos, somos um só corpo em Cristo e membros uns dos outros!”.
O corpo é formado pelos membros, e estamos ligados à cabeça que é o Senhor Jesus. O Corpo de Cristo não é formado pela soma das Igrejas, mas pelos membros. A Palavra diz que o Senhor conhece os que são dele. Uma pessoa pode estar na Igreja e não fazer parte do Corpo de Cristo. Pois o que leva uma pessoa a fazer parte da Igreja é o novo nascimento, a conversão (Mateus 22,10-14). Na Igreja não somos classificados por títulos, somos todos irmãos. Na Igreja não pode existir alguém que queira Jesus, mas não a Igreja. Nunca veremos um pé ou uma perna andando sozinha na rua. Se estiver sozinha, vai apodrecer, ela precisa estar ligada ao corpo.A Igreja é a beleza do Senhor. Precisamos ser fortes, pois o inferno vai se levantar contra nós, mas a Palavra diz que ele não prevalecerá. Somos filhos de Deus, a família Dele aqui na Terra. Todas as barreiras foram derrubadas para que fôssemos a Igreja, o Corpo de Cristo. Um alto preço foi pago por nós.Por isso, ninguém deve dizer que ama a Jesus, mas não ama a igreja, “quero Jesus, mas não quero a igreja”, pois Jesus é a cabeça e nós somos o seu corpo. Em diversas passagens dos Evangelhos vemos que Jesus associando-se a seus discípulos lhes revelou o Mistério do Reino, convidou-os a participarem de suas alegrias e sofrimentos. Especialmente no Evangelho de João, Ele diz: “Permanecei em mim, como eu em vós… Eu sou a videira, e vós os ramos (Jo 15,4-5). E continua em Jo 6,56 “ quem come a minha carne e bebe o meu sangue permanece em mim e eu nele”. Pelo sacramento do Batismo e Eucaristia surge uma indissolúvel ligação entre Jesus Cristo e os cristãos. A ligação é tão forte que ela O une a nós como uma “cabeça” aos membros de um “corpo” humanoApós a Ressurreição, quando volta ao Pai, envia o Espírito Santo (Jo 20,22) que “ficará com eles até o fim dos tempos” (Cf, Mt 28,20). Assim por meio do Espírito Santo a união entre Jesus e o povo, a Igreja torna-se mais intensa, mais íntima, não somente congregada em torno dele, é unificada nele, isto é, no seu Corpo.
Um só Corpo!
Tendo
nos tornado membros do Corpo de Cristo e crendo em sua Palavra, ficamos
estreitamente unidos a Cristo. Pelo Batismo somos unidos à Sua Morte e
Ressurreição ( Cf. Rom 6,4-5; 1 Cor 12,13) e pela Eucaristia participamos
realmente do Corpo de Cristo, somos
elevados à comunhão com ele e entre nós”
( L G 7).A unidade dos corpos se realiza na diversidade
de membros e de funções, citando a L G 7 “Na edificação do corpo de Cristo, há diversidade de membros e de
funções. Um só é o Espírito que distribui dons variados para o bem da Igreja
segundo suas riquezas e as necessidades dos ministérios. É graças à unidade do
Corpo Místico que a caridade é estimulada entre seus membros. Ainda a LG
7 “ Por isso, se um membro sofre, todos os membros padecem com ele; ou, se um
membro é honrado, todos os membros se regozijam com ele”. Paulo em Gl 3,27-28
ressalta que não há diferença entre os seres humanos: “Não há judeu nem grego,
não há escravo nem livre, não há homem nem mulher, pois todos vós sois um só em
Cristo Jesus “.
A Constituição “Dogmática” Lumen
Gentium afirma que deste Corpo, Cristo é
a Cabeça!
“Cristo
é a Cabeça do Corpo que é a Igreja… Ele tem em tudo a primazia” (Cl 1,18),
principalmente sobra Igreja. Ele nos une à sua Páscoa... associamo-nos a suas
dores, padecendo com Ele, sejamos com Ele também glorificados ( Cf. L G 7).
Cristo
ordena em seu Corpo, a Igreja, os dons e serviços de tal modo que os seus
membros se ajudam mutuamente no Caminho da Salvação.Podemos afirmar que a
Igreja vive dele, nele e por ele. Ele vive com ela e nela.
Com a palavra alguns santos:
1)-Santo
Agostinho nos fala de Cristo e a Igreja, portanto do “Cristo Total”.
2)-São
Gregório Magno: “Nosso Redentor mostrou-se como uma só pessoa coma santa
Igreja, que Ele assumiu”.
3)-E
Santo Tomás de Aquino: “Cabeça e membros são como uma só pessoa mística”.
A Igreja também, é a Esposa de
Cristo!
No
Antigo Testamento vários profetas já
falavam dessa imagem de Esposo (Deus)
esposa (o povo de Israel). No Novo Testamento o
próprio Jesus se identifica como o “Noivo” (Mc 2,19) que amou a Igreja,
unindo-a a si com uma aliança eterna.
Ele a amou e entregou-se por ela. Purificando-a com seu sangue.
Fez dela a Mãe fecunda de todos os Filhos de Deus. Ela é a Esposa imaculada do
Cordeiro imaculado (Cf. Ap 22,17; Ef 1,4.5.27).
CONCLUSÃO
Quando
falamos “Corpo” se torna evidente a unidade da “cabeça” como os membros. Quando
usamos o termo “esposa” ressaltamos a distinção dos dois numa relação pessoal.
Santo Agostinho, partindo de Ef 5,31-32 “Serão dois em uma só carne. Eis um grande mistério refiro-me a Cristo e à Igreja” e Mt
19,6” Já não são dois, mas uma só carne”. Ensina que há de fato duas pessoas
diferentes, e todavia elas constituem uma só coisa no amplexo conjugal. Na
qualidade de Cabeça Ele se diz “Esposo”, na qualidade de Corpo se diz “Esposa”.
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