O oposto de “conservador” em termos sociais
ou de costumes não é liberal, mas sim “progressista”. A questão a ser
aprofundada aqui não é se devem ou não, respeitar costumes e tradições, ou se
cada pessoa deve ter a liberdade, independente do modelo de família, nível de
educação, ramo de trabalho, religião, posição social, etc; de escolher quais
costumes e tradições prefere manter e quais costumes e tradições prefere
ignorar.
Este
contraditório pacto liberal-conservador deu-se em razão de que ambos os grupos
tinham, inobstante suas enormes diferenças, muitos objetivos em comum. Seu
principal ponto de discórdia se dava nos temas morais e religiosos, pois
enquanto uns queriam o estabelecimento de uma ordem favorável ao império da
moral religiosa predominante, outros defendiam, por diversas razões, muitas
delas de ordem econômica, havendo até aqueles que professavam o ateísmo, uma
ordem constitucional mais aberta. Liberais e conservadores apresentavam
diferenças, também, em relação ao nível de concentração da autoridade nacional
e política. Para além destas discrepâncias, houve um enorme campo de
convergência: tanto liberais como conservadores tinham interesse na defesa da
propriedade, ameaçada pelas demandas crescentes de grupos politicamente cada
vez mais exigentes. Neste sentido, ambas as colorações políticas se mostravam
temerosas das consequências do acesso ativo das massas ao sistema de tomada de
decisões.
Enquanto o ideário conservador exalta uma
sadia e comprovada tradição de sucesso, fruto de tentativas de erros e acertos
ao longo da história. O conservador acredita na natureza humana, em princípios
morais sólidos, fundamentados na tradição prevalente e evolutiva de nossa
civilização, uma ordem moral e social herdada e testada na história de nossos
antepassados e sobre a qual construímos o nosso presente, tendo em vista o
futuro. O conservador acredita no valor desta sã tradição e dos bons costumes
herdados que sustentaram a humanidade evitando a “barbárie anarquista”, e sobre
este alicerce firme assentam sua opinião política, desejosa sempre da ordem
social e do bem comum. O liberalismo faz a defesa do equilíbrio, da
conciliação, da ordem sem conflito, da isenção de novos valores, e da exaltação
individualidade contrapondo-se ao coletivo estatal.
Na verdade
a expressão “liberal-conservador” é um oximoro, uma contradição em termos.Em
seu famoso manifesto “Por que não sou conservador”, Hayek imaginou um triângulo
eqüilátero no qual, sobre cada um dos vértices, situavam-se liberais,
conservadores e socialistas. O triângulo de Hayek visava contrapor a ideia de
que os liberais se encontram no meio de uma linha em que os extremos são
ocupados, à direita, por conservadores e, à esquerda, por socialistas. Malgrado
existam liberais, conservadores e socialistas de diversos matizes, distribuídos
ao longo de cada um dos lados do triângulo, a verdade é que podem ser traçadas
fronteiras bem nítidas entre essas três correntes.
Assim
como os ditos socialistas podem ser mais ou menos radicais (comunistas ou
social-democratas), o mesmo ocorre com os conservadores e com os próprios
liberais. Entretanto, nenhuma dessas correntes ou ideologias se funde com a
outra. Assim como não existe “social-liberalismo”, também não acho adequado
falar de “liberal-conservadorismo” ou “social-conservadorismo”. Embora
certos nichos neoconservadores mais radicais ainda prezem o nacionalismo e, por
conseguinte, apoiem medidas protecionistas (tanto em relação ao comércio quanto
à imigração), além do aumento da tributação para financiar o fortalecimento das
forças armadas, de forma geral a doutrina conservadora observa o liberalismo
econômico como um valor, ainda que lhe atribuam um peso bem menor que os
próprios liberais. Portanto, se você é liberal apenas em economia, mas
conservador no resto, você não é “liberal-conservador”, mas apenas conservador.
Da mesma forma, a defesa da liberação das drogas, da prostituição, da
eutanásia, etc. não o torna um “social-liberal”, mas, pura e simplesmente,
liberal. Por outro lado, muitos liberais autênticos se consideram conservadores
pelo simples fato de defenderem valores morais rígidos. Gente que é avessa ao
consumo de drogas, à prostituição, à eutanásia, ao aborto, à pornografia, bem
como professa valores religiosos e familiares rigorosos, por exemplo, não raro
se considera conservadora. Na verdade, você pode ser tudo isso e, ainda assim,
ser um liberal radical, bastando apenas que você não defenda o uso dos poderes
de polícia do estado para impor aos demais os seus valores ou obrigá-los a
rezar pela sua cartilha.
Este que
vos escreve até aqui, apesar de defender princípios econômicos liberais, é
considerado por muitos um sujeito bastante careta e conservador. Entre outras
coisas, está casado há mais de 30 anos com a mesma mulher, defende a posse de
armas para a legítima defesa da família, mas não tem armas em casa, não consome
drogas, e não defende o liberalismo moral e sexual. Entretanto, defende o
direito dos outros de fazer tudo isso, e acha que o Estado não tem o direito de
impor seus próprios valores aos demais.Como se vê, o que determina se alguém é
liberal ou conservador não é, de maneira nenhuma, os valores morais segundo os
quais essa pessoa decidiu viver, mas a sua visão sobre os limites dos poderes
do estado. Portanto, a diferença não está propriamente nos valores, mas
precisamente nos princípios que cada um defende. Mas deixemos que o próprio
Hayek sintetize:
“Como
o socialista, o conservador preocupa-se menos com o problema de como deveriam
ser limitados os poderes do governo do que com o de quem irá exercê-los; e,
como o socialista, também se acha no direito de impor às outras pessoas os
valores nos quais acredita. Quando digo
que o conservador carece de princípios, não quero com isso afirmar que ele
careça de convicção moral. O conservador típico é, de fato, geralmente um homem
de convicções morais muito fortes. O que quero dizer é que ele não tem
princípios políticos que lhe permitam promover, junto com pessoas cujos valores
morais divergem dos seus, uma ordem política na qual todos possam seguir suas
convicções. É o reconhecimento desses princípios que possibilita a coexistência
de diferentes sistemas de valores, a qual, por sua vez, permite construir uma
sociedade pacífica, com um emprego mínimo da força. Sua aceitação significa que
podemos tolerar muitas situações com as quais não concordamos. Há muitos valores conservadores que me
atraem mais do que muitos valores socialistas, porém a importância que um
liberal atribui a objetivos específicos não lhe serve de justificativa
suficiente para obrigar outros a submeter-se a eles. Não duvido que alguns
de meus amigos conservadores ficarão chocados com as “concessões” às opiniões
modernas que eu teria feito na Parte III de meu livro. Contudo, embora possa
não gostar, tanto quanto eles, de algumas das medidas mencionadas e até votasse
contra elas, não conheço nenhum princípio geral ao qual recorrer para persuadir
os que têm opinião diferente de que tais medidas são inaceitáveis na sociedade
que eu e eles desejamos. Para conviver
com os outros é preciso muito mais do que fidelidade aos nossos objetivos
concretos. É necessário um comprometimento intelectual com um tipo de ordem em
que, até nas questões que um indivíduo considera fundamentais, os demais têm o
direito de buscar objetivos diferentes...”
Pois é...tire
agora suas conclusões...
Veja o vídeo abaixo para melhor
entendimento:
https://www.youtube.com/watch?v=NHpW2o85UvI
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