COMENTÁRIOS DO BLOG BERAKASH: Francisco recorda os missionários beatificados ontem, comenta a Cop21 e
o 50º aniversário da reconciliação entre católicos e ortodoxos.
“Como está
escrito: Amei a Jacó, e odiei a Esaú.Que diremos pois? que há injustiça da parte de Deus? De maneira nenhuma.Pois
diz a Moisés: Compadecer-me-ei de quem me compadecer, e terei misericórdia de
quem eu tiver misericórdia. Assim, pois, isto não depende do que quer, nem do
que corre, mas de Deus, que se compadece.” (Romanos 9,13-16)
Neste domingo
(06/12/2015), o Papa Francisco rezou o Angelus com os fiéis e peregrinos
reunidos na Praça São Pedro, no Vaticano.
Apresentamos as palavras pronunciadas pelo Pontífice:
Apresentamos as palavras pronunciadas pelo Pontífice:
Queridos irmãos e irmãs, bom dia!
“Neste II Domingo de Advento a
liturgia nos insere na escola de João Batista que pregava um batismo de
conversão para o perdão dos pecados (Lc 3,3). E podemos nos perguntar: Por que devemos nos converter? A conversão diz
respeito a quem era ateu e passou a crer, quem era pecador e se tornou justo,
mas nós não precisamos, pois já somos cristãos. Então, estamos bem. E isso não
é verdade. Pensando assim, não percebemos que devemos nos converter desta
presunção - de que somos cristãos, todos bons, que estamos bem – que devemos
nos converter: do pressuposto de que, no cômputo geral, está bom assim e não
precisamos de qualquer conversão. Mas devemos nos questionar: É verdade que nas
várias situações e circunstâncias da vida temos em nós os mesmos sentimentos de
Jesus? É verdade que ouvimos como Jesus se sente? Por exemplo, quando
sofremos alguma injustiça ou alguma afronta, conseguimos reagir sem
ressentimento e perdoar de coração quem nos pede desculpa? Quanto é difícil é perdoar! Quanto é difícil! "Mas você me paga!”:
esta palavra vem de dentro! Quando somos chamados a partilhar alegrias e
tristezas, sabemos sinceramente chorar com os que choram e alegrar-nos com os
que se alegra? Quando precisamos exprimir a nossa fé, sabemos fazê-lo com
coragem e simplicidade, sem nos envergonhar do evangelho? E assim, podemos
nos perguntar tantas coisas. Nós não estamos prontos, devemos nos converter
sempre, ter os sentimentos que Jesus tinha.
A voz de João Batista grita ainda
nos desertos atuais da humanidade, que são - quais são os desertos de hoje? -
As mentes fechadas e os corações endurecidos, e nos leva a nos perguntar se
efetivamente estamos percorrendo o caminho justo, vivendo uma vida segundo o
Evangelho. Hoje, como naquele tempo, ele nos adverte com as palavras do Profeta
Isaías: ‘Preparai o caminho do Senhor’ (V. 4). É um premente convite a abrir o
coração e acolher a salvação que Deus nos oferece incessantemente, quase
obstinadamente, porque quer que todos sejamos livres da escravidão do pecado. O
texto do profeta dilata aquela voz, preanunciando que "todo homem verá a
salvação de Deus" (v. 6). A salvação é oferecida a todas as pessoas, a
todos os povos, sem excluir ninguém, a cada um de nós. Nenhum de nós pode
dizer: Eu sou santo, sou perfeito, já estou salvo. Devemos sempre receber esta
oferta da salvação. É para isso o Ano da Misericórdia: para caminhar nesta
estrada da salvação, estrada que Jesus nos ensinou. Deus quer que todos os
homens sejam salvos por meio de Jesus Cristo, único mediador (cf. 1 Tim 2,
4-6).
Portanto, cada um de nós é
chamado a anunciar Jesus àqueles que ainda não o conhecem. Mas isso não é fazer
proselitismo. É abrir uma porta.
"Ai de mim se eu não anunciar o Evangelho!" (1 Cor 09,16), dizia São
Paulo. Se o Senhor Jesus mudou a nossa vida, e muda sempre que recorremos a
Ele, como não sentir a paixão de torna-lo conhecido a todos os que encontramos
no trabalho, na escola, no bairro, no hospital, nos lugares de encontro? Se olhamos ao nosso redor, vemos pessoas
que estão dispostas a começar ou a recomeçar um caminho de fé, se encontram
cristãos apaixonados por Jesus. Não devíamos e não podíamos ser nós tais
cristãos? Deixo a pergunta: "Eu realmente sou apaixonado por Jesus? Estou
convencido de que Jesus me oferece e me dá a salvação?". Se sou
apaixonado devo anunciá-lo, mas temos de ser corajosos e abater as montanhas do
orgulho e da rivalidade, preencher os sulcos cavados pela indiferença e apatia,
endireitar os caminhos da nossa preguiça e dos nossos compromissos.
Que a Virgem Maria, que é Mãe e
sabe como fazê-lo, nos ajude a quebrar as barreiras e os obstáculos que impedem
a nossa conversão, o nosso caminho rumo ao Senhor. Só Ele, somente Jesus pode
realizar todas as esperanças do ser humano!”
Depois do Angelus
Queridos irmãos e irmãs,
Eu acompanho com muita atenção os
trabalhos da Conferência sobre as Alterações Climáticas que se realiza em
Paris, e recordo uma pergunta que fiz na Encíclica ‘Laudato si’: Que tipo de mundo queremos deixar a quem vai
nos suceder, às crianças que estão crescendo? Para o bem da casa comum, de
todos nós e das gerações futuras, em Paris, todos os esforços devem ser
destinados a aliviar os impactos das mudanças climáticas e, ao mesmo tempo,
combater a pobreza e fazer florescer a dignidade humana. As duas escolhas
caminham juntas: deter as mudanças climáticas e combater a pobreza para que
floresça a dignidade humana. Rezemos para que o Espírito Santo ilumine todos os
que são chamados a tomar decisões tão importantes e que Deus lhes dê a coragem
de manter como critério de escolha o bem de toda a família humana.
Amanhã celebra-se o quinquagésimo
aniversário de um evento memorável entre católicos e ortodoxos. Em 7 de dezembro de 1965, vigília da
conclusão do Concílio Vaticano II, com a Declaração comum do Papa Paulo VI e do
Patriarca Ecumênico Atenágoras, foram apagadas da memória as sentenças de
excomunhão entre as Igrejas de Roma e Constantinopla em 1054. É realmente
providencial que aquele gesto histórico de reconciliação, que criou as
condições para um novo diálogo entre ortodoxos e católicos no amor e na
verdade, seja lembrado no início do Jubileu da Misericórdia. Não há caminho
autêntico rumo à unidade sem pedir perdão a Deus e entre nós pelo pecado da
divisão. Recordamos em nossa oração o querido Patriarca Ecumênico Bartolomeu e
os outros Chefes das Igrejas Ortodoxas, e peçamos ao Senhor para que as
relações entre católicos e ortodoxos sejam sempre inspiradas no amor fraterno.
Ontem, em Chimbote (Peru), foram
beatificados Michael Tomaszek e Zbigniew Strzalkowski, franciscanos
conventuais, e Alessandro Dordi, sacerdote fidei donum, mortos por ódio à fé em
1991. A fidelidade desses mártires em
seguir Jesus dê força a todos nós, mas sobretudo aos cristãos perseguidos em
várias partes do mundo, de testemunhar o Evangelho com coragem.
Fonte: Zenit
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