Um clique para se inscrever, outro para escolher em qual equipe
entrar.No terceiro, o desafio já começou, e que desafio: tornar-se papa, mesmo
que apenas no mundo virtual. O jogo se chama Vatican Wars.Está online há alguns
meses e já entrou na lista dos mais clicados no Facebook: gratuito, funciona
somente online, sem precisar de CD.É nas redes sociais que se pode competir com
usuários de todo o mundo: o objetivo, naturalmente, é subir ao sólio
pontifício. Mas o cibercaminho que leva a São Pedro é pavimentado com imprevistos
e obstáculos.
Os jogadores são divididos em duas equipes: Templários e Cruzados, com
base nas convicções éticas e morais e, sobretudo, no objetivo: revolucionar a
Igreja ou impor uma linha conservadora.Cada participante deve
se mover entre emboscadas sobre temas escorregadios – do aborto aos direito no
campo da bioética – e conhecer o calendário litúrgico, os santos do dia, alguma
noção de teologia. Vence quem tiver as ideias mais claras, quem tiver uma visão
e conseguir impô-la aos milhares de inscritos. "Antes de lançar
o jogo – explica Cheyenne Ehrlich, fundador da SGR, empresa que produziu o jogo
–, fizemos muitas pesquisas entre os católicos, e foi surpreendente descobrir
que 80% deles apoiaram o nosso projeto" - As reações, por enquanto,
são positivas e estão funcionando, segundo as pesquisas – informais, por assim
dizer –, para entender as posições do mundo católico, embora no Facebook também
haja quem critique a ambientação gótica: um mundo muito distante do atual, em
que o papa navega no Twitter e a missa de domingo está ao alcance do iPad.
"Será interessante verificar – continua Ehrlich – que tipo de papa as
pessoas preferem".
Certamente, não aquele representado por outro jogo que inflamou o salão da tecnologia de Colônia, Shadows on Vatican. Desenvolvido pelo Art Studio Torre del Greco, será lançado apenas em setembro, mas a pré-estreia já levantou muita poeira.O protagonista é James Murphy, um missionário norte-americano encarregado de investigar uma série de eventos que abalam a “pax vaticana”, à sombra de um pontífice quase invisível.Mais inspirado pelos romances de Dan Brown do que pelos livros de história, os criadores de Shadows on Vatican misturam Logia P2, o assassinato de Calvi, a crise do IOR e a quadrilha de Magliana."Queríamos colocar debaixo da os mecanismos discutíveis de todo o sistema de poder", diz Giandomenico Maglione, administrador da empresa que trabalhou no projeto, bem consciente de que, apesar a ambientação cinzenta das aventuras do detetive Murphy, "a Igreja não parou na Idade Média". É complicada a relação entre o Vaticano e os videogames. Bento XVI foi o primeiro, no Dia Mundial das Comunicações Sociais de 2007, a apontar o dedo contra os programas que, "em nome do divertimento, exaltam a violência, refletem comportamentos antissociais ou vulgarizam a sexualidade humana" e os produtores que, para perseguir uma "competitividade comercial", se reduzem a "rebaixar os padrões". Porém, do aplicativo para a Jornada Mundial da Juventude às páginas sociais do Vaticano, foi justamente de Ratzinger que chegou a reviravolta hi-tech. "Bento XVI – diz, orgulhoso, o Pe. Diego Goso, um dos primeiros sacerdotes italianos a desembarcar no mundo online há 10 anos – inverteu uma tendência: antes, a interatividade era considerada uma perda de tempo. Graças a ele, tudo mudou". Os videogames também entraram no seminário, e Priestville, com 30 mil membros, é o primeiro da lista: os jogadores devem criar uma comunidade, gerenciá-la da melhor forma possível, envolver os fiéis. Uma prévia – sentados na frente do computador – da vida que está por vir.
Fonte: Vatican
Insider, 07-08-2011. A tradução é de Moisés Sbardelotto.
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