Cidade do
Vaticano, 04 set 2023 (Ecclesia) – O Papa Francisco alertou hoje para as
“ideologias”, no contexto do próximo Sínodo dos Bispos, sobre ‘sinodalidade’,
numa resposta sobre “pressões ideológicas” nessa reunião, no voo de regresso da
Mongólia, a sua 43ª viagem apostólica. No regresso da viagem apostólica à
Mongólia, afirmou que vai ser uma assembleia «abertíssima» aos jornalistas,
apontando para a comissão que «vai dar notícias todos os dias»
“No Sínodo não há lugar para ideologia, é outra dinâmica. O Sínodo é diálogo, entre os batizados, entre os membros da Igreja, sobre a vida da Igreja, sobre o diálogo com o mundo, sobre os problemas que afetam a humanidade hoje. Mas quando se pensa em seguir um caminho ideológico, o Sínodo termina. No Sínodo não há lugar para ideologia, há espaço para o diálogo, para confrontar uns aos outros, entre irmãos e irmãs, e confrontar a doutrina da Igreja”, disse o Papa, informa o portal ‘Vatican News’.
A primeira sessão da XVI Assembleia Geral
Ordinária do Sínodo dos Bispos vai decorrer de 4 a 29 de outubro de 2023;
Francisco decidiu que a mesma terá uma segunda etapa, em 2024; os trabalhos
alteram entre sessões plenárias (congregações gerais) e trabalhos em grupo
linguísticos (círculos menores), decorrendo, pela primeira vez, no Auditório
Paulo VI, do Vaticano.
O Papa, no voo de regresso a Roma da viagem apostólica à Mongólia,
sublinhou que a sinodalidade não é uma invenção sua, mas “de São Paulo VI,
quando o Concílio Vaticano II terminou, percebeu que no Ocidente a Igreja havia
perdido a dimensão sinodal”, e criou a Secretaria do Sínodo dos Bispos, que
nestes 60 anos tem promovido “a reflexão de maneira sinodal, com progressos
contínuos”.
Segundo Francisco, viver a sinodalidade “é vivê-la como um cristão”, “sem cair em ideologias”
Destacando que:
"devem preservar a atmosfera sinodal", sobre o processo da assembleia, porque não é um programa de televisão onde falam sobre tudo!É um momento religioso, é um momento de intercâmbio religioso. Pense que as introduções sinodais de três a quatro minutos cada, serão três discursos e depois três a quatro minutos de silêncio para oração. Depois, mais três, e oração. Sem esse espírito de oração não há sinodalidade, é política, é parlamentarismo. O Sínodo não é um parlamento”, acrescentou.
O Papa assinalou ainda sobre o sigilo que
existe um departamento chefiado pelo prefeito do Dicastério para a Comunicação
(Santa Sé), Paolo Ruffini, que vai fazer “os comunicados”, relatórios, “sobre o
andamento do Sínodo”, que “vai dar notícias todos os dias”, por isso, “mais
aberto” não sabe como poderá ser.
“É bom que
essa comissão seja muito respeitosa com as contribuições de cada um e tentará
não fazer mexerico; tem uma tarefa que não fácil, dizer: hoje a reflexão vai
por este lado, e transmitir o espírito eclesial, não político. Um parlamento é
diferente de um Sínodo, não se esqueçam que o protagonista do Sínodo é o
Espírito Santo”, realçou.
Sobre oposições (antecipadas) à assembleia sinodal, nomeadamente, um livro com o prólogo do cardeal Burke. Papa Francisco revelou que:
"há meses telefonou para um Carmelo não italiano e a madre superiora contou que as monjas estavam com medo do sínodo, que mudasse a doutrina...Sempre, quando na Igreja se quer romper o caminho de comunhão, aquilo que rompe é a ideologia. E acusam a Igreja disto ou daquilo, mas jamais a acusam daquilo que é verdadeiro: pecadora. Defendem uma doutrina entre aspas, que é uma doutrina como a água destilada, não tem sabor a nada e não é a verdadeira doutrina católica, que está no Credo e que muitas vezes causa escândalo; assim como escandaliza a ideia de que Deus se fez carne, de que Deus se fez Homem, de que Nossa Senhora manteve a sua virgindade. Isso escandaliza”, acrescentou o Papa, no voo de regresso da Mongólia, a sua 43ª viagem apostólica, informa o portal ‘Vatican News’.
A 43ª
viagem apostólica levou o Papa Francisco à Mongólia entre os dias 31 de agosto
e 4 de setembro.
O Papa adverte para as ideologias na Igreja
e no mundo
No diálogo com os
jornalistas no voo de regresso da Mongólia, Francisco falou do Sínodo,
explicando que “não é um programa de Tv” e não é uma assembleia parlamentar. O
Pontífice explicou o significado de suas palavras aos jovens russos, reiterando
que se tratava de um convite a não esquecer sua grande herança cultural.
-Matteo Bruni - VATICAN NEWS: Obrigado, Santidade, por esses dias
intensos de encontro com esse pequeno povo rico em cultura em uma grande terra,
como o senhor a descreveu, e também com uma comunidade cristã viva que dá
testemunho de sua fé com frescor. Os jornalistas puderam se interessar e
conhecer esse lugar e ainda têm algumas perguntas que gostariam de fazer ao
senhor.
-"Bom dia a todos e obrigado pela companhia. Obrigado pelo trabalho que vocês fizeram. Mostrando com a mídia também a cultura desse povo, a história. Muito obrigado!"
-Jargalsaikhan Dambadarjaa (The Defacto Gazete):Muito obrigado, Santidade, por ter visitado a Mongólia. Minha pergunta é: qual foi seu principal objetivo com essa visita e está satisfeito com o resultado alcançado?
-"A ideia de visitar a Mongólia me veio à mente pensando na
pequena comunidade católica. Faço essas viagens para visitar as comunidades
católicas e também para entrar em diálogo com a história e a cultura dos povos,
com aquilo que é a mística de um povo. É importante que a evangelização não
seja concebida como proselitismo. O proselitismo sempre restringe. O Papa Bento
XVI disse que a fé não cresce por proselitismo, mas por atração. O anúncio
evangélico entra em diálogo com a cultura. Há uma evangelização da cultura e
também uma inculturação do Evangelho. Porque os cristãos também expressam seus
valores cristãos com a cultura de seu próprio povo. Isso é o oposto do que
seria uma colonização religiosa. Para mim, a viagem era conhecer esse povo,
entrar em diálogo com esse povo, receber a cultura desse povo e acompanhar a
Igreja em seu caminho com muito respeito pela cultura desse povo. E estou
satisfeito com o resultado".
-Ulambadrakh Markhaakhuu (ULS Suld Tv):O conflito de civilizações de hoje só pode ser resolvido por meio do diálogo, como Vossa Santidade disse. Ulan Bator pode se oferecer como plataforma para um diálogo internacional entre a Europa e a Ásia?
-"Penso que sim. Mas vocês têm uma coisa muito interessante,
que também favorece esse diálogo, e me permito chamá-la de 'mística do terceiro
vizinho', que lhes permite seguir adiante numa política do terceiro vizinho.
Veja que Ulan Bator é a capital de um país mais distante do mar, e podemos
dizer que sua terra está entre duas grandes potências, a Rússia e a China. E é
por isso que sua mística é tentar dialogar também com seus "terceiros
vizinhos": não por desprezo por esses dois, porque vocês têm boas relações
com ambos, mas por um anseio de universalidade, para mostrar seus valores ao
mundo inteiro e também para receber dos outros os valores deles para que vocês
possam dialogar. É curioso o fato de que, na história, sair em busca de outras
terras muitas vezes foi confundido com colonialismo, ou com o entrar para
dominar, sempre. Em vez disso, vocês, com essa mística do terceiro vizinho, têm
essa filosofia de sair para buscar, a fim de dialogar. Gostei muito dessa
expressão do terceiro vizinho. É uma riqueza de vocês".
-Cristina Cabrejas (EFE):Ontem o senhor enviou uma mensagem ao povo chinês e pediu aos católicos que fossem bons cidadãos, depois que as autoridades do país não permitiram que os bispos fossem à Mongólia. Como estão as relações com a China no momento? E há alguma notícia sobre a viagem do cardeal Zuppi a Pequim e a missão na Ucrânia?
-“A missão do cardeal Zuppi é uma missão de paz que eu designei. E
ele fez um plano que previa visitar Moscou, Kiev, Estados Unidos e também
Pequim. O cardeal Zuppi é um homem de grande diálogo e visão universal, ele tem
na sua história a experiência do trabalho feito em Moçambique na busca pela paz
e por isso eu o enviei. As relações com a China são muito respeitosas, muito
respeitosas. Pessoalmente, tenho uma grande admiração pelo povo chinês, os
canais são muito abertos, para a nomeação dos bispos há uma comissão que vem
trabalhando há algum tempo com o governo chinês e com o Vaticano, e depois há
muitos, ou melhor, há alguns padres católicos ou intelectuais católicos que são
frequentemente convidados a dar cursos em universidades chinesas. Acredito que
devemos avançar no aspecto religioso para nos entendermos melhor e para que os
cidadãos chineses não pensem que a Igreja não aceita sua cultura e os seus
valores e que a Igreja dependa de uma outra potência estrangeira. A comissão
presidida pelo cardeal Parolin está fazendo isso de forma amigável: estão
fazendo um bom trabalho, e também do lado chinês, as relações estão em
andamento. Eu tenho um grande respeito pelo povo chinês.”
-Gerard O'Connell (America Magazine):Sua Santidade, as relações entre o Vietnã e a Santa Sé são muito positivas neste momento e deram um passo notável recentemente. Muitos católicos vietnamitas pedem que o senhor os visite, como fez na Mongólia. Existe a possibilidade agora de visitar o Vietnã, há um convite do governo? E que outras viagens estão planejando?
“O Vietnã
é uma das experiências de diálogo muito bonitas que a Igreja teve nos últimos
tempos. Eu diria que é como uma simpatia no diálogo. Ambos os lados tiveram a
boa vontade de se entender e de procurar caminhos para avançar, houve
problemas, mas no Vietnã acredito que, mais cedo ou mais tarde, os problemas
serão superados. Um tempo atrás, conversamos livremente com o presidente do
Vietnã. Estou muito otimista sobre as relações com o Vietnã, há anos que se faz
um bom trabalho. Lembro-me de que, há quatro anos, um grupo de parlamentares
vietnamitas veio nos visitar: tivemos um bom diálogo com eles, muito
respeitosos. Quando uma cultura se abre, existe a possibilidade de diálogo; se
houver fechamento ou suspeitas, o diálogo é muito difícil. Com o Vietnã o
diálogo é aberto, com seus prós e contras, mas é aberto e lentamente avançamos.
Houve alguns problemas, mas eles foram resolvidos. Quanto a uma viagem ao
Vietnã, se eu não for, certamente irá João XXIV. É certo que irá, porque é uma
terra que merece seguir em frente, que tem a minha simpatia. Sobre outras
viagens, tem Marselha e depois tem algum pequeno país da Europa e estamos vendo
se conseguimos fazê-la, mas, para falar a verdade, para eu fazer agora uma
viagem não é tão fácil como no início, há limitações para caminhar e isso
limita, mas vamos ver.”
-Fausto Gasparroni (ANSA):Santidade, as suas declarações suscitaram recentemente debates entre os jovens católicos russos sobre a grande Mãe Rússia, o legado de figuras como Pedro, o Grande e Catarina II. Estas são declarações que - digamos - irritaram muito os ucranianos, por exemplo, também tiveram consequências na esfera diplomática e foram vistas, de certa forma, quase como uma exaltação do imperialismo russo e uma espécie de apoio às políticas de Putin. Gostaria de lhe perguntar por que sentiu a necessidade de fazer estas declarações, se avaliou a oportunidade de fazê-las, se as repetiria; e também, para maior clareza, se pode nos dizer o que pensa sobre os imperialismos e, em particular, sobre o imperialismo russo?
"Vejamos o contexto onde aconteceu o
fato: um diálogo com os jovens russos. No final do diálogo dei-lhes uma
mensagem, uma mensagem que repito sempre: assumir a sua herança. Primeiro
ponto: cuidar de sua herança. Digo o mesmo em todos os lugares. E também com
esta visão tento estabelecer o diálogo entre avós e netos: que os netos assumam
a herança. Digo isto em todo lugar e esta foi a mensagem. Um segundo passo,
para tornar a herança explícita: mencionei, de fato, a ideia da grande Rússia,
porque a herança russa é muito boa, é muito bonita. Pensemos no campo da
literatura, no campo da música, até chegar a Dostojewskij que hoje nos fala de
um humanismo maduro; ela assumiu esse humanismo, que se desenvolveu, na arte e
na literatura. Este seria um segundo plano, de quando falei da herança, não é?
O terceiro, talvez não feliz, mas falando sobre a grande Rússia no sentido,
talvez não tanto geográfico, mas cultural, lembrei-me do que nos ensinaram na
escola: Pedro I, Catarina II. E veio esse terceiro (elemento, ndr), que talvez
não seja muito justo. Não sei. Que os historiadores nos digam! Mas, foi um
acréscimo que me veio em mente porque o tinha estudado na escola. O que eu
disse aos jovens russos é que assumam a sua herança, que cuidem de sua herança,
o que significa não comprá-la em outro lugar. Pegar a sua herança. E que herança
a grande Rússia deixou? A cultura russa é bonita e muito profunda; e não deve
ser cancelada por causa de problemas políticos. Vocês tiveram anos sombrios na
Rússia, mas o legado sempre permaneceu assim, nas mãos. Depois, você fala de
imperialismo, mas eu não pensava no imperialismo quando disse isso, falei sobre
cultura, e a transmissão da cultura nunca é imperial, nunca; é sempre diálogo,
e eu falava disso. É verdade que existem imperialismos que querem impor a sua
ideologia. Paro por aqui: quando a cultura é destilada e transformada em
ideologia, esse é o veneno. Usa-se a cultura, mas destilada em ideologia. É
preciso distinguir quando se trata da cultura de um povo e quando se trata de
ideologias que surgem de algum filósofo, algum político daquele povo. Digo isso
a todos, também à Igreja. Muitas vezes, dentro da Igreja se introduzem
ideologias que separam a Igreja da vida que vem da raiz e sobe; elas separam a
Igreja da influência do Espírito Santo. Uma ideologia é incapaz de se encarnar,
é apenas uma ideia. Mas quando a ideologia toma força e se torna política,
geralmente se torna ditadura, certo? Torna-se incapacidade de diálogo, de
progredir com as culturas. E os imperialismos fazem isso. O imperialismo
consolida-se sempre com base numa ideologia. Devemos também distinguir na
Igreja entre doutrina e ideologia: a verdadeira doutrina nunca é ideológica,
nunca; está arraigada no povo santo fiel de Deus; em vez disso, a ideologia
está desvinculada da realidade, desvinculada do povo... Não sei se respondi."
-Robert Messner (DPA): Bom dia. Uma pergunta sobre sua atualização da Laudato si'. Ela pode ser entendida como uma demonstração de solidariedade aos ativistas ambientais, como a "Última Geração", aqueles que fazem protestos inacreditáveis? Talvez haja também uma mensagem nessa atualização para os jovens ativistas que vão às ruas?
“Digo de modo geral: eu não me aproximo desses extremistas. Mas os
jovens estão preocupados. Um bom cientista italiano - tivemos uma reunião na
Academia - fez um bom discurso e terminou assim: 'Eu não gostaria que minha
neta, que nasceu ontem, vivesse em um mundo tão difícil daqui a trinta anos'.
Os jovens pensam no futuro. E, nesse sentido, gosto do fato de que eles vão à luta.
Mas quando a ideologia ou a pressão política tem algo a ver com isso, não dá
certo. Minha Exortação Apostólica será publicada no dia de São Francisco, 4 de
outubro, e é uma revisão do que aconteceu desde a COP de Paris, que talvez
tenha sido a mais frutífera até o momento. Há algumas notícias sobre algumas
COP’s e algumas coisas que ainda não foram resolvidas, e há uma urgência em
resolvê-las. Não é tão grande quanto a Laudato si', mas é levar a Laudato si'
em frente, para coisas novas, e também uma análise da situação.”
-Etienne Loraillère (KTO Tv):Vossa Santidade deseja uma Igreja sinodal, na Mongólia e no mundo. A assembleia de outubro já é fruto do trabalho do povo de Deus. Como será possível envolver os batizados de todo o mundo nessa etapa? Como será evitada a polarização ideológica? E os participantes poderão falar e compartilhar publicamente o que estão vivenciando, para que possamos caminhar com eles? Ou todo o processo será secreto?
“Você falou sobre evitar pressões
ideológicas. No Sínodo não há lugar para ideologia, é outra dinâmica. O Sínodo
é diálogo, entre os batizados, entre os membros da Igreja, sobre a vida da
Igreja, sobre o diálogo com o mundo, sobre os problemas que afetam a humanidade
hoje. Mas quando se pensa em seguir um caminho ideológico, o Sínodo termina. No
Sínodo não há lugar para ideologia, há espaço para o diálogo. Para confrontar
uns aos outros, entre irmãos e irmãs, e confrontar a doutrina da Igreja.
Seguindo em frente. Depois, quero enfatizar que a sinodalidade não é uma
invenção minha: foi de São Paulo VI. Quando o Concílio Vaticano II terminou,
ele percebeu que no Ocidente a Igreja havia perdido a dimensão sinodal; a
Igreja Oriental a tem. Por isso, ele criou a Secretaria do Sínodo dos Bispos,
que nesses sessenta anos tem levado adiante a reflexão de maneira sinodal, com
progressos contínuos, indo em frente. Quando se completou o cinquentenário
dessa decisão de São Paulo VI, assinei e publiquei um documento sobre o que é o
Sínodo, sobre o que foi feito. Que agora avançou, amadureceu mais, e é por isso
que achei muito bom ter um Sínodo sobre sinodalidade, que não é uma moda, é uma
coisa antiga, a Igreja Oriental sempre teve isso. Mas como viver a sinodalidade
e vivê-la como um cristão e, como eu disse antes, sem cair em ideologias. Sobre
o processo da assembleia: há uma coisa que devemos preservar, a atmosfera
sinodal. Este não é um programa de televisão em que falamos sobre tudo. Não. É
um momento religioso, é um momento de intercâmbio religioso. Pense que as
introduções sinodais terão falas de três a quatro minutos cada, serão três discursos
e depois três a quatro minutos de silêncio para oração. Depois, mais três
falas, e oração. Sem esse espírito de oração não há sinodalidade, é política, é
parlamentarismo. O Sínodo não é um parlamento. Sobre o sigilo: há um
departamento chefiado pelo Dr. Ruffini, que está aqui, e que fará os
comunicados à imprensa sobre o andamento do Sínodo. Em um Sínodo, é preciso
proteger a religiosidade e a liberdade das pessoas que falam. É por isso que
haverá um comitê, presidido pelo Dr. Ruffini, que fará o relatório sobre o
andamento do Sínodo.”
-Antonio Pelayo (Vida Nueva):Santo Padre, o senhor falou agora do Sínodo e todos estamos de acordo com o senhor sobre o fato de que este Sínodo suscita muita curiosidade e muito interesse. Infelizmente, suscita também muitas críticas que são feitas em ambientes católicos. Quero referir-me a um livro com o prólogo do cardeal Burke, que diz que o Sínodo é o vaso de Pandora de onde sairão todas as calamidades para a Igreja. Que pensa desta posição? Acredita que será superada pela realidade ou condicionará o Sínodo?
"Não
sei se já disse isso uma vez. Alguns meses atrás, liguei para um Carmelo. “Como
estão as monjas, madre superiora?” Era um Carmelo não italiano. E a priora me
respondeu. E no final ela me disse: “Santidade, temos medo do Sínodo”. “Mas o
que acontece? - disse eu brincando. Querem enviar uma irmã para o Sínodo?”.
“Não, temos medo que mude a doutrina”. E isto é o que ela diz: existe esta
ideia… Mas se você vai adiante na raiz dessas ideias, encontrará ideologias.
Sempre, quando na Igreja se quer romper o caminho de comunhão, aquilo que rompe
é a ideologia. E acusam a Igreja disto ou daquilo, mas jamais a acusam daquilo
que é verdadeiro: pecadora. Nunca dizem pecadora... Defendem uma doutrina entre
aspas, que é uma doutrina como a água destilada, não tem sabor de nada e não é
a verdadeira doutrina católica, que está no Credo. E que muitas vezes causa
escândalo; assim como escandaliza a ideia de que Deus se fez carne, de que Deus
se fez Homem, de que Nossa Senhora manteve a sua virgindade. Isso
escandaliza."
-Cindy Wodden (CNS): Bom dia Santidade, gostaria de acompanhar a pergunta do colega francês sobre o Sínodo e a informação. Muitos fiéis leigos dedicaram tanto tempo, oração, envolvimento no falar e na escuta. Querem saber o que se passa durante o Sínodo, a assembleia. E o senhor falou da sua experiência do Sínodo sobre os religiosos, durante a qual alguns do Sínodo disseram “não colocar isto”, “não se pode dizer isto...”. Nós, jornalistas, nem sequer temos acesso à assembleia e às sessões gerais, como podemos ter a certeza de que o que nos é dado como “mingau” é verdade? Não há chance de ser um pouco mais aberto com os jornalistas?
"Mas
abertíssimo, cara, é abertíssimo! Tem uma comissão presidida pelo Ruffini que
vai dar notícias todos os dias, mas mais aberto não sei, mais aberto não sei...
e é bom que essa comissão seja muito respeitosa com as contribuições de cada um
e tentará não fazer mexerico, mas dizer coisas precisamente sobre o andamento
sinodal que são construtivas para a Igreja. Se alguém quiser que as notícias
sejam: ‘este se desentendeu com aquele outro por isso ou por aquilo’, isso é
fofoca política. A comissão tem uma tarefa não fácil, de dizer: hoje a reflexão
vai por este lado, vai assim, e transmitir o espírito eclesial, não político.
Um parlamento é diferente de um Sínodo. Não se esqueçam que o protagonista do
Sínodo é o Espírito Santo. E como transmitir isso? Para isso é necessário
transmitir o andamento eclesial."
-Vincenzo Romeo (RAI TG 2): Bom dia Santidade. O senhor é o Papa das periferias e as periferias, especialmente na Itália, estão sofrendo muito. Tivemos episódios muito preocupantes de violência, de degradação... por exemplo, perto de Nápoles, um pároco, padre Patriciello, até mesmo convidou-o para ir depois para Palermo... O que pode ser feito? O senhor costumava visitar villas miserias em Buenos Aires, então tem experiência nisso. Também a nossa primeira-ministra visitou uma destas periferias, se discute muito a este respeito. O que pode ser feito, o que podem fazer tanto a Igreja como as instituições do Estado para superar esta degradação e garantir que as periferias sejam verdadeiramente parte de um país?
"Com
isso você fala das periferias como favelas: é preciso ir em frente, ir lá e
trabalhar ali, como se fazia em Buenos Aires com os sacerdotes que trabalhavam
nesses locais: uma equipe de sacerdotes com um bispo auxiliar à frente e se
trabalha lá. Devemos estar abertos a isto, os governos devem estar abertos,
todos os governos do mundo, mas há periferias que são trágicas. Volto para uma
periferia escandalosa que se procura encobrir: a dos Rohingya. Os Rohingya
sofrem, não são cristãos, são muçulmanos, mas sofrem porque foram convertidos
em periferia, foram expulsos. Devemos ver os diferentes tipos de periferias e
também aprender que a periferia é onde a realidade humana é mais evidente e
menos sofisticada – (existem também, ndr) momentos ruins que não quero
idealizar -, mas se percebe melhor. Certa vez, um filósofo disse algo que
realmente me impressionou: 'A realidade é melhor compreendida a partir das
periferias', lá se entende bem a realidade. Devemos dialogar com as periferias
e os governos devem fazer a verdadeira justiça social, a verdadeira justiça
social, ir dialogar com as diversas periferias sociais e também com as
periferias ideológicas, porque muitas vezes é alguma periferia ideológica
refinada que provoca as periferias sociais. O mundo das periferias não é fácil.
Obrigado."
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BIBLIOGRAFIA:
-https://agencia.ecclesia.pt/portal/vaticano-no-sinodo-nao-ha-lugar-para-ideologia-e-outra-dinamica-papa-francisco/
-https://www.vaticannews.va/pt/papa/news/2023-09/papa-francisco-coletiva-imprensa-viagem-mongolia.html
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APOSTOLADO BERAKASH - A serviço da Verdade: Este blog não segue o padrão comum, tem opinião própria, não querendo ser o dono da verdade, mas, mostrando outras perspectivas racionais para ver assuntos que interessam a todos. Trata basicamente de pessoas com opiniões e ideias inteligentes, para pessoas inteligentes. Ocupa-se de ideias aplicadas à política, a religião, economia, a filosofia, educação, e a ética. Ele constitui uma tentativa de manter um pensamento crítico e independente sobre literatura, questões culturais, e em geral, focando numa discussão bem fundamentada sobre temas os mais relevantes em destaques no Brasil e no mundo. A mera veiculação, ou reprodução de matérias e entrevistas deste blog não significa, necessariamente, adesão às ideias neles contidas. Tal material deve ser considerado à luz do objetivo informativo deste blog, não sendo a simples indicação, ou reprodução a garantia da ortodoxia de seus conteúdos. As notícias publicadas nesta página são repostadas a partir de fontes diferentes, e transcritas tal qual apresentadas em sua origem. Este blog não se responsabiliza e nem compactua com opiniões ou erros publicados nos textos originais. Caso você encontre alguma inconsistência nas notícias, por favor, entre em contato diretamente com as fontes originais para as devidas correções, ou faça suas observações (com fontes) nos comentários abaixo para o devido esclarecimento aos internautas. Os comentários devem ser respeitosos e relacionados estritamente ao assunto do post. Toda polêmica desnecessária será prontamente banida. Todos os comentários são de inteira responsabilidade de seus autores e não representam, de maneira alguma, a posição do blog. Não serão aprovados os comentários escritos integralmente em letras maiúsculas, ou CAIXA ALTA. A edição deste blog se reserva o direito de excluir qualquer artigo ou comentário que julgar oportuno, sem demais explicações. Todo material produzido por este blog é de livre difusão, contanto que se remeta nossa fonte.Não somos bancados por nenhum tipo de recurso ou patrocinadores internos, ou externo ao Brasil. Este blog é independente e representamos uma alternativa concreta de comunicação. Se você gosta de nossas publicações, junte-se a nós com sua propaganda para que possamos crescer e fazer a comunicação dos fatos, doa a quem doer. Entre em contato conosco pelo nosso e-mail abaixo, caso queira colaborar de alguma forma:
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Boa Noite. Acompanho o blog de vocês há algum tempo e li alguns artigos em que o debate é sobre Deus. Gostaria de saber se vocês têm algum blog que discute a possibilidade de provar a existência de Deus dentro do contexto da ciência. Por exemplo, se existem evidências ou se vocês podem fornecer informações para debater esse tópico com ateus, não com o objetivo de convencê-los, mas de apresentar argumentos que não dependam da Bíblia. Se vocês tiverem algum artigo a respeito, poderiam me enviar o link? Caso não tenham, seria muito incômodo pedir que considerassem criar um blog sobre o assunto? Agradeço antecipadamente.
Shalom!!
Prezado(a) leitor (a),
A paz de Cristo e o amor de Maria a mãe do meu Sr!
Nos temos sim, nesse nosso apostolado, um link que trata ESPECIFICAMENTE do ateísmo, com matérias muito boas e que lhe darão um bom conhecimento do tema e uma boa bagagem argumentativa. Segue o link (copie e cole):
https://berakash.blogspot.com/search/label/Ate%C3%ADsmo
Shalom !
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