Por *Francisco José Barros Araújo
Os
privilégios do homem excepcional de Dostoevsky:
"É permitido a todo indivíduo que tenha consciência da
verdade regularizar sua vida como bem entender, de acordo com os novos
princípios. Neste sentido, tudo é permitido...Como Deus e a
imortalidade não existem, é permitido ao homem novo tornar-se um homem-deus,
seja ele o único no mundo a viver assim." -
(F. Dostoiévski - O diálogo com o demônio - in Irmãos Karamazov, 1879)
Não existe, e nem pode existir nenhuma contradição em Deus!
Podem existir más interpretações e contradições em
nós, ou seja, em nossa inteligência limitada. A
contradição é uma imperfeição, uma falha ou uma fraude, e portanto se
houvesse contradição em Deus ele não seria Deus. Aristóteles,
e São Tomás de Aquino demonstram que Deus é Ato puro, ou seja, contém
todas as perfeições e qualidades do “SER”. O fato de
Deus ser Onipotente, não significa que Deus possa fazer qualquer coisa ilógica.
Deus não pode fazer um absurdo, como por exemplo: um triângulo de quatro
lados, nem pode cometer um pecado, por exemplo fazer uma injustiça com um
homem, criar um outro Deus igual a Ele, e não pode deixar de existir, pois é um
ser eterno. A Onipotência de Deus significa que ele tem o poder de
fazer qualquer bem. E nisto consiste a absoluta liberdade de Deus, sempre fazer
o que é certo, sempre fazer o que é bom. Nós, por não sermos deuses, e por
causa do pecado original, temos uma falha em nossa liberdade. Nós
podemos, e muitas vezes escolhemos o errado. Deus nos dá sempre força para que
façamos o bem, mas por nossos defeitos, e nossas fraquezas, muitas vezes
preferimos fazer o errado.
Atenção! O fato de Deus pela sua Onisciência
conhecer e prever o futuro porque está fora do tempo, não nos tira a
liberdade. Assim, por exemplo:
“Se eu vejo um cego caminhando para um abismo eu sei que
ele irá cair no abismo. Se eu o aviso do
abismo, mas ele insiste em continuar no caminho eu sei que ele cairá, mas
ele não cairá por que eu sei, mas devido a sua obstinação! Assim
age Deus conosco! Ele não nos tira a
liberdade.”
Ademais, a Bíblia usa uma linguagem antropomórfica, ou seja,
algumas expressões são imagens para nos fazer compreender melhor as
atitudes de Deus, por exemplo: a expressão "a mão de Deus", ora, Deus
não tem corpo e portanto, não poderia ter mão. Na Suma
Teológica, logo depois da exposição das provas da existência de Deus, você
encontrará exatamente as qualidades próprias de Deus. E a primeira delas na Suma
é sobre a oniciência de Deus e a perdição das almas.
Deus existe na eternidade, fora do tempo! Deus é atemporal (sem
principio nem fim) e acategoremático (não
se enquadra em nenhuma categoria explicativa)!
Para Deus não há antes, agora ou depois. Ele conhece tudo no
mesmo eterno e fixo agora. Ele não sabe o que faremos, antes de que
nós façamos algo, porque para Deus tudo é agora. Deus nos
criou livres, para o bem, e para sermos eternamente felizes com Ele. Ele nos dá
toda a ajuda que necessitamos para nos salvar. Mas,
para que ser justo ao nos dar o prêmio eterno, Ele nos fez livres e
responsáveis por nossos atos.
“Seres sem liberdade não podem ser nem premiados, nem
castigados. Deus nos fez seres livres, para poder nos premiar.
Por isso, o saber de deus não condiciona a nossa liberdade! Nós
não agimos porque Deus sabe, agimos porque Deus nos fez livres, até para escolher e praticar o mal."
Um exemplo para melhor entendimento
Se estamos no alto de uma torre da qual vemos um cego caminhando
em direção a um abismo, nós gritamos avisando-o do perigo. Se ele
continua a andar na mesma direção apesar de nosso aviso, nós sabemos que ele
irá morrer. Mas ele não morre porque nós sabemos. Morre porque quis, porque
repeliu nosso aviso. Não foi o nosso saber antecipado que determinou sua ação.
Nós previmos a sua morte, mas não a causamos. Do mesmo modo, Deus sabe o
que faremos, mas não é o saber dele que determina nossa ação. Escolhemos
livremente o que queremos. Só vai para o céu
quem Deus leva IMERECIDAMENTE. Só vai para o inferno quem livremente por suas
ações deliberadas e conscientes o quer, e fez por fazer sem arrependimento, ou
desconhecimento pleno.
Com relação a existência do mal, antes de tudo, há que
distinguir mal ontológico, e mal moral. Os gnósticos se perguntavam de
onde vem o mal ?
Deus é bom e tudo o que ele fez é bom! É o que se lê no
Gênesis capítulo I, Deus dizia ser boa cada coisa que Ele criava. E,
contemplando o conjunto de sua obra, Deus disse que o todo
era "muito bom". Portanto tudo o que existe é bom. O
ser é na medida que tem qualidades em ato. Deus sendo ato
puro é bem absoluto.
MAS ATENÇÃO! "Tudo o que DEUS criou é BOM RELATIVAMENTE, pois não É ainda
O bem absoluto!"
Existe o bem e mal relativos. Toda criatura é boa, mas seu
bem é limitado, finito, relativo. Então toda criatura, não tendo o bem
absoluto, carece de algum bem, e nesse sentido restritivo, teria carência de
uma bem maior que ela.
Por outro lado, o mal não pode existir enquanto "ser" (SATANÁS FOI
CRIADO BOM E PARA O BEM)
Como explicou Santo Agostinho em seu livro Contra
Manicheos: existir é melhor do que não existir. Existir é um bem. Se o mal
absoluto existisse, ele teria o bem da existência. Então não seria mal absoluto.
O mal é uma falta de ser, uma falta do que devia existir, ou uma falta de ordem
Se me faltasse um braço, isso seria um mal. Um buraco na pista
de uma rodovia é um mal, pela falta de asfalto.Se tenho uma orelha a mais na
fronte, isso seria um mal pela falta de ordem.A treva não existe. O que existe
é a luz. A treva é uma falta de luz. O inferno
existe, ele não é bom, mas ele é um bem, pois faz justiça com aqueles
pecadores empedernidos e sem arrependimentos, que não reconhecem o mal como
mal, e que fizeram a livre opção de viver eternamente na
ausência de Deus. O inferno de certa forma, é um bem para aqueles que decidiram de forma definitiva viver a eternidade na ausência de Deus, pois viver em sua presença, seria para estes, um mal.
Por outro lado, o mal moral existe
“Roubar é um mal moral. Mas roubar não é uma coisa. É uma ação.
Não há então coisas más, mas pode haver ações más. Não há substantivos maus. Há
verbos maus. Mentir, roubar, adulterar, fraudar são verbos que indicam
ações más. Quando alguém rouba, faz uma desordem nos bens. O dinheiro que se
busca roubando é bom. É um bem. Mas a Justiça é um bem maior que o dinheiro.
Roubar é colocar o dinheiro (bem menor) acima da justiça (bem maior). Roubar
é desordenar bens. Roubar é uma ação má. Roubar é pecado por desordenar os
bens.”
A lei é a expressão/revelação imperfeita da perfeita Vontade de
Deus
A lei natural é a própria Vontade de Deus enquanto governa a
natureza. Por isso, tudo o que vai contra a natureza vai contra a Vontade de
Deus. Questionar com sinceridade de coração, como fez Maria na anunciação
é um bem, pois compreendemos para melhor crer.Deus
nos mandou que o amássemos com todo o entendimento, porque só podemos amar
aquilo que conhecemos. Ninguém pode amar "xoró no avesso", porque
"xoró" não existe. Imagine no avesso...“Portanto,
para amar a Deus devemos procurar conhecer todo o possível a respeito D’ele,
pois se ama aquilo que se conhece. Por isso o estudo é a fonte da que alimenta
o amor. Todo amor vem do conhecimento. Pergunte, estude e ame a Deus com toda a
sua inteligência e vontade." As
escrituras sagradas é sem duvida alguma a palavra de Deus, ela não é produto da
mente humana. Mais a verdade é que existem coisas que para Deus são
impossíveis, coisas que vão contra a sua essência ou natureza, isto é, tudo o
que é essencial ao seu ser como Deus. Se tornando para Deus não impossíveis
para Ele, mas não realizáveis, pois não teriam sentido, lógica e utilidade a
sua realização.
CONCLUSÃO:
Com efeito, o devedor gostaria
muito que seu credor não existisse. Evidentemente, o
pecador que não quer deixar a sua vida de pecado, passa a negar também, a
existência do inferno. Por isso, quando se dá as provas da existência do
inferno para alguém, não se deve esquecer que a maior força a vencer não é a
dos argumentos do suposto incrédulo, e sim o desejo deles de que o inferno não
exista. Não adiantará dar provas a quem não quer aceitar sua conclusão. Em todo
caso, as provas argumentativas sejam elas bíblicas, filosóficas ou racionais
sobre uma punição temporária ou definitiva pós morte, têm tal brilho e tal
força que convencem a qualquer um que tenha um mínimo de boa vontade e de
retidão intelectual. Até mesmo porque, se o inferno não existisse, tudo seria
permitido! Tanto faria você agir como Hitler ou Madre Teresa de Calcutá, pois no
fim, tudo acabaria em Pizza...
Por *Francisco José Barros
Araújo – Bacharel em Teologia pela Faculdade Católica do RN, conforme diploma
Nº 31.636 do Processo Nº 003/17
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