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O período interbíblico e o suposto "silencio de Deus" entre o antigo e novo testamento

Written By Beraká - o blog da família on terça-feira, 20 de setembro de 2022 | 16:06

 




Por *Francisco José Barros Araújo




O silêncio é interrompido com essas palavras do profeta por excelência:

 

 

“Terra de Zebulom e terra de Naftali, caminho do mar, além do Jordão, Galiléia dos gentios! O povo que vivia nas trevas viu uma grande luz; sobre os que viviam na terra da sombra da morte raiou uma luz!” (Mat 4,15-16)

 

 

 

 

 

Ao lermos o último de livro do Antigo Testamento (profeta Malaquias - da mesma forma com que é difícil saber em detalhes quem foi o profeta Malaquias, também é bem difícil datar com exatidão o período de seu ministério profético. O que se sabe é que o profeta Malaquias viveu no tempo de Esdras e Neemias, e seu ministério ocorreu em algum momento entre 458 e 433 a.C. Alguns detalhes no livro que traz seu nome, nos ajudam a entender o período em que o profeta Malaquias viveu. Em sua profecia ele enfatiza a Lei em Mal 4,4 - o que naturalmente nos faz lembrar-se do empenho de Esdras na restauração da autoridade da Lei conforme: Esd 7,14-25,26 e Nee 8,18) e iniciarmos a leitura do primeiro livro do Novo Testamento (Mateus), muitas vezes não atentamos que entre esses dois livros há um período muito importante a ser estudado, porém pouco conhecido e pouco falado na teologia. É um período de aproximadamente 400 anos marcado pelo silêncio da era profética e por essa razão nomeado de “Silêncio de Deus”. Esse período merece muita atenção, pois se quisermos compreender melhor o Novo Testamento e as mudanças que ocorreram no mundo entre os anos antes da encarnação de Cristo, teremos que nos voltar a ele e observar os fatos e acontecimentos ali presentes, além de suas contribuições para o desenvolvimento do cristianismo na plenitude dos tempos! Chamamos esse período de Período Interbíblico ou Intertestamentário (a palavra intertestamentário significa entre testamentos, o antigo e o novo).  O Período Intertestamentário ou Interbíblico, para uma melhor compreensão, trata-se do período que se estendeu por 400 anos entre o livro de Malaquias e o evangelho de Mateus. Durante esse período a promessa do Messias já havia sido profetizada, porém não concretizada. Agora todos experimentam o silêncio de Deus, não há ninguém inspirado pelo Senhor que fala em seu nome. Ao observarmos o mundo nesse período, podemos notar transformações significativas quanto as civilizações que se levantavam para exercer seu domínio, sem falar ainda na vida do povo de Deus (os judeus), que aguardavam a era messiânica com o propósito de restaurar o reinado político Israel, que viveram sob o domínio da Pérsia, Grécia e Roma. A impressão que temos, quanto ao povo escolhido por Deus, é que depois de Malaquias nenhuma obra literária fora produzida até a época dos apóstolos. Essa impressão é equivocada. Foi no decorrer do Período Interbíblico que a literatura deuteronômica surgiu. Esses livros foram incluídos no cânon da Septuaginta dos Judeus da diáspora que já não falavam o hebraico, mas o grego, e mantidos na Vulgata de São Jerônimo da Igreja Católica. Temos ainda, em paralelo aos deuterocanônico, os escritos judaicos extrabíblicos, escritos sob um suposto nome e conhecidos como Apócrifos. Eram obras escritas com os nomes de líderes do passado (Adão e Eva, Enoque, Elias, etc).

 

 



A Lista dos apócrifos do Antigo Testamento podem ser divididas em três grupos:

 



I-Históricos

 

 

- Livro dos jubileus,

 

-Vida de Adão e Eva,

 

-Ascensão de Isaías,

 

-3º livro de Esdras,

 

3º livro dos Macabeus,

 

-O testamento de Moisés, Eldade e Medade,

 

-História de João Hircano.

 



 

II - Didáticos

 

 

 

-Testamento dos doze patriarcas,

 

-Salmos de Salomão,

 

-Ode de Salomão,

 

-Oração de Manassés

 

-4º livro de Macabeus.

 

 

III - Apocalípticos

 

 

 

-Livro de Enoque,

 

-Ascensão de Moisés,

 

-4º livro de Esdras,

 

-Apocalipse de Baruque,

 

-Apocalipse de Elias,

 

-Apocalipse de Ezequiel

 

-Oráculos Sibilinos.

 




 

OS GRANDE PERÍODOS BÍBLICOS





O período Persa ( a.c)

 






 

A ascensão do Império Persa se deu nas mãos do guerreiro, conquistador e libertador Ciro, O Grande rei da Pérsia de 559 a 530 a.c. Ciro conquistou a Lídia, a Síria, a Babilônia e outras nações que fizeram parte de seu império além de ter conseguido incorporar a Média. Ciro na Bíblia é conhecido como aquele que libertou os judeus cativos após ter invadido a Babilônia. (2 Cron ; Esd.1,1-4). Esse ato ocorreu em conformidade com aquilo que o profeta Isaias havia profetizado (Isa 45,1). Além de Ciro, podemos destacar, também, seus sucessores: Assuero (Xerxes) (a.c), protagonista de uma das mais belas histórias do Antigo Testamento, juntamente com Ester. Essa união favoreceu a nação judaica, onde através de um decreto, se defenderam das perseguições de seus inimigos; Artaxerxes (a.c), permitiu que os judeus voltassem para sua nação após o decreto de Ciro, embora muitos resolveram ficar na Babilônia e outros foram para o Egito. Durante o tempo em que os judeus permaneceram na Babilônia, alguns se destacaram e exerceram sua influência no governo, como é o caso de Daniel, Neemias e Ester. A volta à Jerusalém ocorrera em etapas:

 

 

-Sendo a primeira com a Zorobabel e Josué. Essa primeira comitiva deveria começar a reconstruir o Templo do Senhor que fora destruído pelos caldeus, porém oposições se levantaram e novamente o Senhor interviu na história com seus profetas Ageu e Zacarias profetizando a favor da nação judaica.

 

 

 

-Em 516 a.c, o Templo do Senhor fora reconstruído. Logo em seguida, em 458, milhares de judeus retornaram a sua terra com o escriba Esdras, esse por sua vez, foi responsável em restaurar o culto ao Senhor e reensinar a Lei a nação.

 

 

 

-Por fim, em 445, Neemias conduz a terceira comitiva judia rumo a Terra Santa, onde ali se tornou construtor e governador. Vale ressaltar que após o final do cativeiro, os judeus deixaram de lado a idolatria, principal motivo que moveu o coração Deus a exercer sua justiça sobre os judeus. Além desse ponto, puderam se auto avaliar quanto a Lei do Senhor e perceber que estavam distantes já antes do cativeiro. O mesmo cativeiro serviu, também, para um despertar quanto à promessa do Messias e construção das sinagogas, local onde se ensinava a Lei e a adoração era prestada a Deus.

 

 

 

O período Grego ( a.c)

 

 

 

Robert H. Gundry, afirma em seu livro Panorama do Novo Testamento, que a história do Antigo Testamento se encerrou com o cativeiro que a Assíria impôs ao reino do norte, Israel, e com o subseqüente cativeiro babilônico do reino do sul, Judá, e com o regresso, à Palestina, de parte dos exilados, quando da hegemonia persa, nos séculos VI e V a.c. Os quatro séculos entre o final da história do Antigo Testamento e os primórdios da historio do Novo Testamento compreendem o período intertestamentário. (ocasionalmente chamados os quatrocentos anos de silêncio, devido ao hiato, nos registros bíblicos, e ao silenciamento de profetas neste período (indo até precursor João Batista, o últimos dos profetas do Antigo Testamento). Durante esse hiato é que Alexandre o Grande se tornou senhor do antigo Oriente Médio, ao infligir sucessivas derrotas aos persas, quando das batalhas de Granico. Após a conquista dos medos-persas, a cultura grega (helenismo) se expandiu pelo mundo, ocorreu avanço da ciência e a língua grega tornou-se a língua mais usada e falada nas ruas, graças a Alexandre o Grande. Aos vinte anos de idade Alexandre Magno assumiu o governo. Educado por Aristóteles, se tornou talentoso e preparado para conquistar o mundo através da cultura grega. Com a morte de Alexandre Magno, seu império fora dividido em quatro partes. Duas dessas partes são de nosso interesse, a dos Ptolomeus e a dos Selêucidas. O império Ptolomeus centralizava-se no Egito, tendo por capital Alexandria; já o império dos Selêucidas centralizava-se na Síria, com capital em Antioquia. Reprimida entre o Egito e a Síria, a Palestina tornou-se vítima das rivalidades entre os Ptolomeus e os Selêucidas.

 

 


Alexandre, o Grande

 



 


 



Em seguida à derrota dos exércitos persas na Ásia Menor (333 A.C.), Alexandre marchou para a Síria e Palestina. Depois de ferrenha resistência, Tiro foi conquistada e Alexandre deslocou-se pra o sul, em direção ao Egito. Diz a lenda que quando Alexandre se aproximava de Jerusalém o sumo sacerdote Jadua foi ao seu encontro e lhe mostrou as profecias de Daniel, segundo as quais o exército grego seria vitorioso (Dn 8). Essa narrativa não é levada a sério pelos historiadores, mas é fato que Alexandre tratou singularmente bem aos judeus. Ele lhes permitiu observarem suas leis, isentou-os de impostos durante os anos sabáticos e, quando construiu Alexandria no Egito (331 A.C.), estimulou os judeus a se estabelecerem ali e deu-lhes privilégios comparáveis aos seus súditos gregos.

 

 

 

Roma antes de cristo

 

 

 

Marco Antônio apoiou a causa de Hircano. Depois do assassinato de Júlio Cesar e da morte de Antípater (pai de Herodes), que por vinte anos fora o verdadeiro governante da Judeia, Antígono, o segundo filho de Aristóbulo, tentou apossar-se do trono. Por algum tempo chegou a reinar em Jerusalém, mas Herodes, filho de Antípater, regressou de Roma e tornou-se rei dos judeus com apoio de Roma. Seu casamento com Mariane, neta de Hircano, ofereceu um elo com os governantes Macabeus. Herodes foi um dos mais cruéis governantes de todos os tempos. Assassinou o venerável Hircano (31 A.C.) e mandou matar sua própria esposa Mariane e seus dois filhos. No seu leito de morte, ordenou a execução de Antípater, seu filho com outra esposa. Nas Escrituras, Herodes é conhecido como o rei que ordenou a morte dos meninos em Belém por temer o Rival que nascera para ser Rei dos Judeus.

 


 

 

 

A Judéia dos Ptolomeus /alexandria ( a.c)

 

 






 




Depois da morte de Alexandre (323 a.c.), a Judéia, ficou sujeita, por algum tempo a Antígono, um dos generais de Alexandre que controlava parte da Ásia Menor. Logo a seguir, caiu sob o controle de outro general, Ptolomeu I (que havia então dominado o Egito), apelidado Soter, o Libertador, o qual capturou Jerusalém. Ptolomeu foi bondoso para com os judeus. Muitos deles se radicaram em Alexandria, que continuou a ser um importante centro da cultura e pensamento judaicos por vários séculos. No governo de Ptolomeu II (Filadelfo) os judeus de Alexandria começaram a traduzir a sua Lei, o Pentateuco, para o grego. Esta tradução seria conhecida como a Septuaginta, a partir da lenda de que seus setenta (mais exatamente 72 - seis de cada tribo) tradutores foram sobrenaturalmente inspirados para produzir uma tradução infalível.

 

 

 

A Judéia dos Selêucidas/antioquia ( a.c)

 

 



 


 


Após 120 anos sob o domínio dos Ptolomeus, Antíoco III (o Grande) da Síria conquistou a Síria e a Palestina (198 a.c.). Os governantes sírios eram chamados selêucidas porque seu reino, construído sobre os escombros do império de Alexandre, fora fundado por Seleuco I (Nicator). Nos primeiros anos de domínio sírio, os selêucidas permitiram que o sumo sacerdote continuasse a governar os judeus de acordo com as suas leis, todavia, surgiram conflitos entre o partido helenista e os judeus ortodoxos. Antíoco IV (Epifânio) aliou-se ao partido helenista e indicou para o sacerdócio um homem que mudara seu nome de Josué para Jasom, esse por sua vez estimulava o culto a Hércules de Tiro. Jasom, todavia, foi substituído depois de dois anos por um rebelde chamado Menaém (cujo nome grego era Menelau). Quando os partidários de Jasom entraram em luta com os de Menelau, Antíoco IV marchou contra Jerusalém (170 a.c). Novamente os judeus são perseguidos, esses tiveram sua cidade queimada; suas casas saqueadas; seu templo profanado (uma porca foi oferecida sobre ao altar do holocausto para ofender ainda mais a consciência religiosa dos judeus); sua religião perseguida e muitos foram mortos ao fio da espada. Enéas Tognini, afirma em seu livro O Período Interbíblico, quanto ao governo de Epífanio: O seu atroz governo gera a revolta dos Macabeus.

 

 

 

Os Macabeus e o início do império romano (a.c)

 

 



 


 

Não demorou muito para que os judeus oprimidos encontrassem um líder para sua causa. Quando os emissários de Antíoco chegaram à vila de Modina, cerca de 24 quilômetros a oeste de Jerusalém, esperavam que o velho sacerdote, Matatias, desse bom exemplo perante o seu povo, oferecendo um sacrifício pagão. Ele, porém, além de recusar-se a fazê-lo, matou um judeu apóstata junto ao altar e um oficial sírio que presidia a cerimônia. Matatias fugiu para a região montanhosa da Judéia e, com a ajuda de seus filhos, empreendeu uma luta de guerrilhas contra os sírios. Embora o velho sacerdote não tenha vivido para ver seu povo liberto das mãos da síria, deixou a seus filhos o término da tarefa. Judas, apelidado o Macabeu, assumiu a liderança depois da morte de seu pai (Matatias). Por volta de 164 a.c. Judas havia reconquistado Jerusalém, purificado o templo e reinstituído os sacrifícios diários. Após a morte de Antíoco na Pérsia. as lutas contra os reis selêucidas continuaram por quase vinte anos. Aristóbulo I foi o primeiro dos governantes Macabeus a assumir o título de Rei dos Judeus. Depois de um breve reinado, foi substituído pelo tirânico Alexandre Janeu, que, por sua vez, deixou o reino para sua mãe, Alexandra. O reinado de Alexandra foi relativamente pacífico. Com a sua morte, um filho mais novo, Aristóbulo II, desapossou seu irmão mais velho. A essa altura, Antípater, o idumeu (que por vinte anos governou Judéia) assumiu o partido de Hircano (etnarca da Judéia), através de um golpe político. Conseqüentemente, Roma entrou em cena e Pompeu marchou sobre a Judéia com as suas legiões, buscando um acerto entre as partes e o melhor interesse de Roma. Aristóbulo II tentou defender Jerusalém do ataque de Pompeu, mas os romanos tomaram a cidade e penetraram até o Santo dos Santos. Pompeu, todavia, não tocou nos tesouros do templo. O império Romano já vinha em ascensão por algum tempo. Eles dominaram o Egito, Síria e todo oriente, logo após a Grécia ter sido subjugada. Cada país tinha seu representante de Roma (governador, procônsul ou juiz) e publicanos, que arrecadavam impostos. Herodes, filho de Antipater, fora nomeado ainda adolescente governador da Galiléia. Seu governo é marcado por crueldade, desrespeito a Lei judaica, matança de judeus e idolatria. Nas Escrituras, Herodes é conhecido como o rei que ordenou a morte dos meninos em Belém por temer o Rival que nascera para ser Rei dos Judeus. Já às vésperas de Herodes morrer, a Judéia é visitada por três personagens vindos do Oriente para adorar um menino que havia nascido rei dos judeus.





 



 

 

 

Principais grupos Religiosos dos Judeus já estabelecidos a.C.

 

 

 

Quando, seguindo-se à conquista de Alexandre, o helenismo mudou a mentalidade do Oriente Médio, alguns judeus se apegaram ainda mais tenazmente do que antes à fé de seus pais, ao passo que outros se dispuseram a adaptar seu pensamento às novas ideias que emanavam da Grécia. Por fim, o choque entre o helenismo e o judaísmo deu origem a diversas seitas judaicas:

 

 

 

1)-Os Fariseus









Os fariseus eram os descendentes espirituais dos judeus piedosos que haviam lutado contra os helenistas no tempo dos Macabeus. O nome fariseu, “separatista”, foi provavelmente dado a eles por seus inimigos, para indicar que eram não conformistas. Pode, todavia, ter sido usado com escárnio porque sua severidade os separava de seus compatriotas judeus, tanto quanto de seus vizinhos pagãos. A lealdade à verdade às vezes produz orgulho e ate mesmo hipocrisia, e foram essas perversões do antigo ideal farisaico que Jesus denunciou. Paulo se considerava um membro deste grupo ortodoxo do judaísmo de sua época. (Flp 3,5).O nome é dado a um grupo de judeus devotos à Torá, surgidos no século II A.C.. Opositores dos saduceus criam uma Lei Oral, em conjunto com a Lei escrita, e foram os criadores da instituição da sinagoga. Com a destruição de Jerusalém em 70 D.C. e a queda do poder dos saduceus, cresceu sua influência dentro da comunidade judaica e se tornaram os precursores do judaísmo rabínico.Sua oposição ferrenha ao Cristianismo rendeu-lhes através dos tempos uma figura de fanáticos e hipócritas que apenas manipulam as leis para seu interesse. Esse comportamento deu origem à ofensa “fariseu”, comumente dado às pessoas dentro e fora do Cristianismo, que são julgados como religiosos aparentes.

 

 

 

2)-Os Saduceus

 

 




 

O partido dos saduceus, provavelmente denominado assim por causa de Sadoc, o sumo sacerdote escolhido por Salomão (1ªRs 2:35), negava autoridade à tradição e olhava com suspeita para qualquer revelação posterior à Lei de Moisés. Eles negavam a doutrina da ressurreição, e não criam na existência de anjos ou espíritos (At 23:3). Eram, em sua maioria, gente de posses e posição, e cooperavam de bom grado com os helenistas da época. Ao tempo do N.T. controlavam o sacerdócio e o ritual do templo. A sinagoga, por outro lado, era a cidadela dos fariseus. Os Saduceus compreendem a designação da segunda escola filosófica dos judeus, ao lado dos fariseus.Também para esta seita ou partido é difícil determinar a origem. Sabemos que existiram nos últimos dois séculos do Segundo Templo, em completa discórdia com os fariseus. Como citamos, o nome parece proceder de Sadoc, hierarca da família sacerdotal dos filhos de Sadoc, que segundo o programa ideal da constituição de Ezequiel devia ser a única família a exercer o sacerdócio na nova Judeia. De modo que, dizer saduceus era como dizer “pertencentes ao partido da estirpe sacerdotal dominante”. 







Diferiam dos fariseus por não aceitarem a tradição oral. Na realidade, parece que a controvérsia entre eles foi uma continuação dessa hostilidade que havia começado no templo dos macabeus, entre os helenizantes e os ortodoxos. Com efeito, os saduceus, pertencendo à classe dominadora, tendo a miúdo contato com ambientes helenizados, estavam inclinados a algumas modificações ou helenizações. O conflito entre estes dois partidos foi o desastre dos últimos anos da Jerusalém judia.Suas doutrinas são quase desconhecidas, não havendo ficado nada de seus escritos. A Bíblia afirma que eles não criam na ressurreição, tendo até tentado enlaçar Jesus com uma pergunta ardilosa sobre esse conceito. Com muita probabilidade, ainda que rechaçando a tradição farisaica, possuíram uma doutrina relativa à interpretação e à aplicação da lei bíblica. O único que nos oferece alguns dados sobre suas doutrinas é Flávio Josefo que, por ser fariseu e por haver escrito para o público greco-romano, não é digno de muita confiança.Parece provável que as divergências entre saduceus e fariseus foram mais que dogmáticas, foram jurídicas e rituais. Com a queda de Jerusalém, a seita dos saduceus extinguiu-se. Ficaram, porém suas marcas em todas as tendências anti-rabínicas dos primeiros séculos (D.C.) e da época medieval.

 

 

 

3)-Os Essênios

 

 



 




O essenismo foi uma reação ascética ao externalismo dos fariseus e ao mundanismo dos saduceus. Os essênios se retiravam da sociedade e viviam em ascetismo e celibato. Davam atenção à leitura e estudo das Escrituras, à oração e às lavagens cerimoniais. Suas posses eram comuns e eram conhecidos por sua laboriosidade e piedade. Tanto a guerra quanto a escravidão era contrárias a seus princípios.O mosteiro em Qumran, próximo às cavernas em que os Manuscrito do Mar Morto foram encontrados, é considerado por muitos estudiosos como um centro essênio de estudo no deserto da Judeia. Os rolos indicam que os membros da comunidade haviam abandonado as influências corruptas das cidades judaicas para prepararem, no deserto, “o caminho do Senhor”. Tinham fé no Messias que viria e consideravam-se o verdadeiro Israel para quem Ele viria.Os Essênios constituíam um grupo ou seita judaica ascética que teve sua existência por volta de 150 A.C. até 70 D.C. Estavam relacionados com outros grupos político-religiosos, como os saduceus. O nome essênio provém do termo sírio “Asaya”, e do aramaico Essaya, todos com o significado de médico.Durante o domínio da Dinastia Hasmonéa, os essênios foram perseguidos. Retiraram-se por isso para o deserto, vivendo em comunidade e em estrito cumprimento da lei mosaica, bem como da dos Profetas. Na Bíblia não há menção sobre eles. Sabemos a seu respeito por Flávio Josefo (historiador oficial judeu) e por Fílon de Alexandria (filósofo judeu). Flávio Josefo relata a divisão dos judeus do Segundo Templo em três grupos principais: Saduceus, Fariseus e Essênios. Os Essênios eram um grupo de separatistas, a partir do qual alguns membros formaram uma comunidade monástica ascética que se isolou no deserto. Acredita-se que a crise que desencadeou esse isolamento do judaísmo ocorreu quando os príncipes Macabeus no poder, Jonathan e Simão, usurparam o ofício do Sumo Sacerdote, consternando os judeus conservadores. Alguns não podiam tolerar a situação e denunciaram os novos governantes. Josefo refere, na ocasião, a existência de cerca de 4.000 membros do grupo, espalhados por aldeias e povoações rurais.

 

 

 

OS ESSÊNIOS Adotaram uma série de condutas morais que os diferenciavam dos demais judeus:

 

 



 




-A comida era sujeita a rígidas regras de purificação;

 

 

-Aboliam a propriedade privada;

 

 

-Contrários ao casamento;

 

 

-Eram vegetarianos;

 

 

-Tomavam banho antes das refeições;

 

 

-Vestiam-se sempre de branco.

 

 

 

Não tinham amos nem escravos. A hierarquia estabelecia-se de acordo com graus de pureza espiritual dos irmãos, os sacerdotes que ocupassem o topo da ordem.Dentre as comunidades, tornou-se conhecida a de Qumran, pelos manuscritos em pergaminhos que levam seu nome, também chamados Pergaminhos do Mar Morto ou Manuscritos do Mar Morto. Segundo Christian Ginsburg (historiador orientalista), os essênios foram os precursores do Cristianismo, pois a maior parte dos ensinamentos de Jesus, o idealismo ético, a pureza espiritual, remetem ao ideal essênio de vida espiritual. A prática de banhar-se com frequência, segundo alguns historiadores, estaria na origem do ritual cristão do Batismo, que era ministrado por São João Batista, às margens do Rio Jordão, próximo a Qumram.

 

 

 

4)-Os Escribas

 



 

 


 


Os escribas não eram, estritamente falando, uma seita, mas sim, membros de uma profissão. Era, em primeiro lugar, copista da Lei. Vieram a serem consideradas autoridades quanto às Escrituras, e por isso exerciam uma função de ensino. Sua linha de pensamento era semelhante à dos fariseus, com os quais aparecem frequentemente associados no N.T.O escriba ou escrivão era a pessoa na Antiguidade que dominava a escrita e a usava para, a mando do regente, redigir as normas do povo daquela região ou de uma determinada religião.Nos livros sagrados para os cristãos e judeus, o termo escriba refere-se aos chamados doutores e mestres (Mt 22:35 e Lc 5:17), ou seja, homens especializados no estudo e na explicação da lei ou Torá. Embora o termo apareça pela primeira vez no livro de Esdras, sabe-se que tinham grande influência e eram muito considerados pelo povo, tendo existido escribas partidários de diferentes correntes, tais como os fariseus (a maioria), saduceus e essênios.A classe começa a atuar ainda nos tempos do Antigo testamento, em que a figura do profeta perde o seu valor. Já no Novo testamento, é possível verificar que a maioria dos escribas se opõe aos ensinamentos de Jesus (Mc 14,1 e Lc 22,1), que os critica duramente por causa do seu proceder legalista e hipócrita (Mt 23,1-36; Lc 11,45-52; 10,46-47), comparando-o ao dos fariseus, a corrente de escribas que representava a maioria.Após o desaparecimento do templo de Jerusalém no ano 70, seguido do desaparecimento da figura do sacerdócio judaico, sua influência passaria a ser ainda maior.Alguns escribas ficariam famosos, tais como Hillel e Sammai (pouco antes de Jesus Cristo), tendo sido ambos líderes de tendências opostas na interpretação da lei, liberal o primeiro e rigoroso o segundo.Gamaliel, discípulo de Hillel, foi mestre de Paulo (At 22,3), tendo existido também outros escribas simpatizantes com os cristãos (At 5,34).

 

 

 

5)-Os Herodianos

 

 

 




 

Os herodianos criam que os melhores interesses do judaísmo estavam na cooperação com os romanos. Seu nome foi tirado de Herodes, o Grande, que procurou romanizar a Palestina em sua época. Os herodianos eram mais um partido político que uma seita religiosa.A opressão política romana, simbolizada por Herodes, e as reações religiosas expressas nas reações sectárias dentro do judaísmo pré-cristão forneceram o referencial histórico no qual Jesus veio ao mundo. Frustrações e conflitos prepararam Israel para o advento do Messias de Deus, que veio na “plenitude do tempo” (Gl 4,4).





6)-OS ZELOTES











Os Zelotes eram uma seita judaica radical do tempo de Jesus. Os zelotes acreditavam na luta armada contra os romanos e esperavam um Messias guerreiro. Simão, um dos 12 apóstolos, era conhecido como “o zelote”. O nome “zelote” vem de “zelo”, que significa devoção fervorosa. Os zelotes levaram sua devoção à Palavra de Deus ao extremo, acreditando que deviam fazer tudo para a defender, até matar pessoas em nome da causa. Para os zelotes, a dominação romana era uma afronta que não podia ser tolerada. Israel era a nação escolhida de Deus mas os romanos não criam em Deus nem O honravam. Os judeus não se deviam associar a gentios. Por isso, os romanos precisavam ser expulsos da Terra Santa, usando força. Os zelotes causaram várias rebeliões violentas contra o império romano, ao longo de cerca de 100 anos. Todas as rebeliões falharam. Uma das maiores rebeliões incitadas pelos zelotes culminou na destruição do templo de Jerusalém, em 70 d.C., como Jesus tinha predito (Marcos 13,1-2). A Bíblia não fala diretamente sobre os zelotes mas o pensamento revolucionário estava bem presente entre os discípulos de Jesus. Eles esperavam que Jesus iria expulsar os romanos e restabelecer o reino de Israel mas Jesus lhes explicou que seu Reino não era deste mundo (João 18,36). Alguns discípulos também estavam prontos para lutar por Jesus mas ele recusou a violência (Mateus 26,51-52). Depois da ressurreição de Jesus, quando os judeus estavam debatendo o que fazer com seus discípulos, Gamaliel falou sobre outras revoltas que tinham acontecido. O caso de Judas, o galileu, pode ser uma referência a uma das revoltas iniciais dos zelotes (Atos dos Apóstolos 5,37). Mas os discípulos de Jesus não tinham o mesmo propósito que os zelotes. Eles pregavam um reino espiritual eterno que era para todo o mundo, não só os judeus. Simão, o zelote, era um dos 12 apóstolos. Seu apelido “zelote” o distinguia de Simão Pedro, outro apóstolo (Lucas 6,13-15). A Bíblia não diz porque ele era conhecido como zelote. Ele pode ter sido membro dos zelotes antes de ser discípulo de Jesus ou ele pode ter ficado com esse apelido porque era muito fervoroso pela mensagem de Jesus. Cada cristão deve ter zelo pelo evangelho mas sem cair no erro dos zelotes. Eles estavam tão preocupados com questões políticas que não entenderam a verdadeira mensagem das Escrituras. Sua visão distorcida os impediu de reconhecer o verdadeiro Messias: Jesus.

 

 




*Francisco José Barros Araújo – Bacharel em Teologia pela Faculdade Católica do RN, conforme diploma Nº 31.636 do Processo Nº  003/17



BIBLIOGRAFIA RECOMENDADA

 




-Rolland, B. -  "A Palestina no tempo de Jesus". São Paulo: Paulinas, 1983. (Cadernos Bíblicos). 



-S chubert, Kurt - "Os partidos religiosos hebraicos da época neotestamentária". São Paulo: Paulinas, 1985.

 

 

-Tognini, Enéas: "O período interbíblico: 400 anos de silêncio profético" - São Paulo, SP: Hagnos 2009.

 

 

-Robert H. Gundry: “Panorama do Novo Testamento”.



 -Christiane Saulnier:  “A Revolta dos Macabeus”  


 





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João Lucas
16 de dezembro de 2023 às 20:56

Oi, ave cheia de graça santíssima Maria, estou à pesquisa livros antigos da históricas ao relaciona a Sagrada escritura, Flávio josefo(história dos hebreus) ou Erasmus(história do cristianismo), qual deles se relacionam como Macabeus até que de Jerusalém? Ps. Possuo a Septuagint lexham, é bastante linda como apóstolos e próprio Jesus Cristo usaram essas estruturas, pax domini

Anônimo
17 de dezembro de 2023 às 09:00

Recomendo a obra da historiadora Católica Christiane Saulnier (1942 - 1993): “A Revolta dos Macabeus” - Christiane Saulnier é uma historiadora francesa, especialista em Judaísmo, Práticas helenísticas, e romanas, bem como militares da Itália pré-romana. Ela é formada em teologia, mestre em teologia, história-geografia e doutora em letras.Tem pós-graduação em Hebraico Bíblico. Lecionou história no Instituto Católico de Paris, onde chefiou o departamento de história-geografia da Faculdade de Letras até 1988, quando se tornou professora de história antiga na Universidade de Paris: Panthéon-Sorbonne.


Marcos Túlio – Colaborador do Apostolado Berakash

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CIDADÃO DO MUNDO, NORDESTINO COM ORGULHO, Brazil
Neste Apostolado APOLOGÉTICO (de defesa da fé, conforme 1 Ped.3,15) promovemos a “EVANGELIZAÇÃO ANÔNIMA", pois neste serviço somos apenas o Jumentinho que leva Jesus e sua verdade aos Povos. Portanto toda honra e Glória é para Ele.Cristo disse-nos:Eu sou o caminho, a verdade e a vida e “ NINGUEM” vem ao Pai senão por mim" (João14, 6).Defendemos as verdade da fé contra os erros que, de fato, são sempre contra Deus.Cristo não tinha opiniões, tinha a verdade, a qual confiou a sua Igreja, ( Coluna e sustentáculo da verdade – Conf. I Tim 3,15) que deve zelar por ela até que Ele volte(1Tim 6,14).Deus é amor, e quem ama corrige, e a verdade é um exercício da caridade. Este Deus adocicado, meloso, ingênuo, e sentimentalóide, é invenção dos homens tementes da verdade, não é o Deus revelado por seu filho: Jesus Cristo.Por fim: “Não se opor ao erro é aprová-lo, não defender a verdade é nega-la” - ( Sto. Tomás de Aquino).Este apostolado tem interesse especial em Teologia, Política e Economia. A Economia e a Política são filhas da Filosofia que por sua vez é filha da Teologia que é a mãe de todas as ciências. “Não a nós, Senhor, não a nós, mas ao vosso nome dai glória...” (Salmo 115,1)

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