Salmo Responsorial – 112 (113): “Louvai o Senhor, que eleva os pobres!”
Com espírito de oração e
de ação de graças, celebremos esta liturgia. Ela nos
convida a ser criativos e honestos na administração dos bens que Deus nos
confia. A Eucaristia nos anime a seguir Jesus, livres da ganância e das
práticas ilícitas, e nos torne mais dispostos a partilhar nossos recursos,
pondo-os a serviço da justiça e da fraternidade.
Anúncio do
Evangelho: Lucas
16,1-13
— Glória a vós, Senhor!
Aleluia, aleluia, aleluia!
Naquele tempo, 1Jesus dizia aos discípulos:
“Um homem rico tinha um administrador que foi acusado
de esbanjar os seus bens. 2Ele o chamou e lhe disse: ‘Que é isso que
ouço a teu respeito? Presta contas da tua administração, pois já não podes mais
administrar meus bens’. 3O administrador então começou a refletir: ‘O senhor
vai me tirar a administração. Que vou fazer? Para cavar, não tenho forças; de
mendigar, tenho vergonha. 4Ah! Já sei o que fazer, para que alguém me receba em
sua casa quando eu for afastado da administração’. 5Então ele chamou cada um
dos que estavam devendo ao seu patrão. E perguntou ao primeiro: ‘Quanto deves
ao meu patrão?’ 6Ele respondeu: ‘Cem barris de óleo!’ O administrador disse:
‘Pega a tua conta, senta-te depressa e escreve cinquenta!’ 7Depois ele
perguntou a outro: ‘E tu, quanto deves?’ Ele respondeu: ‘Cem medidas de trigo’.
O administrador disse: ‘Pega tua conta e escreve oitenta’. 8E o senhor elogiou o administrador desonesto, porque ele agiu
com esperteza. Com efeito, os filhos deste mundo são mais espertos em seus
negócios do que os filhos da luz. 9E eu vos digo, usai o dinheiro injusto para
fazer amigos, pois, quando acabar, eles vos receberão nas moradas eternas. 10Quem
é fiel nas pequenas coisas também é fiel nas grandes, e quem é injusto nas
pequenas também é injusto nas grandes. 11Por isso, se vós não sois fiéis no uso
do dinheiro injusto, quem vos confiará o verdadeiro bem? 12E se não sois fiéis
no que é dos outros, quem vos dará aquilo que é vosso? 13Ninguém
pode servir a dois senhores, porque ou odiará um e amará o outro, ou se apegará
a um e desprezará o outro. Vós não podeis servir a Deus e ao dinheiro”.
— Palavra da Salvação!
— Glória a vós, Senhor!
COMENTÁRIO DO EVANGELHO
O Evangelho deste Domingo é deveras paradoxal e desconcertante! Nos
apresenta a figura do administrador infiel: um homem que se aproveitava do
ofício para roubar a seu patrão. Era um simples administrador e, atuava como
Senhor. Antes de tudo, é conveniente lembrar o seguinte: Os bens materiais são realidades boas, porque saíram das mãos
de Deus. Portanto, os devemos amar.Mas não os podemos “adorar” como se
fossem Deus e a finalidade de nossa existência; devemos estar desprendidos
deles. As riquezas são para servir a Deus e a nossos irmãos os homens; não
devem servir para destronar a Deus do nosso coração e das nossas obras: «Não
podeis servir a Deus e ao Dinheiro» (Lc 16,13).Somos apenas administradores;
portanto, não somente devemos conservar, mas também fazê-los produzir ao
máximo, dentro de nossas possibilidades. A parábola dos talentos o ensina
claramente (cf. Mt 25,14-30). E se já tenho suficientes recursos para cobrir
meus gastos? Se sim, devemos nos esforçar por multiplicá-los e poder dar mais
(paróquia, dioceses, e as obras sociais). Lembre as palavras de São Ambrósio: «Não é uma parte de teus bens o que tu dás ao pobre; o que
lhe das já lhe pertence. Porque o que foi dado para o uso de todos, tu te
apropria. A terra foi dada para todo mundo, e não somente para os ricos». O
desenrolar da perícope é desconcertante: «O senhor elogiou o administrador
desonesto, porque agiu com esperteza» (não com sabedoria, que é diferente da
esperteza, como já falei em reflexões anteriores). Será que Jesus aprova ou
estimula a corrupção? É necessário recordar a natureza totalmente especial do
ensinamento nas parábolas. A parábola não deve ser trasladada em bloco e com
todos seus detalhes ao plano do ensinamento moral, mas só naquele aspecto que o
narrador quer valorizar. E está claro qual é a idéia
que Jesus quis incutir com esta parábola.O senhor elogia o administrador por
sua sagacidade, não por outra coisa. Não se afirma que aquele patrão volta
atrás em sua decisão de despedir este homem. E mais ainda, visto seu rigor
inicial e a prontidão com a qual descobriu a nova artimanha do administrador,
podemos imaginar facilmente a continuação, não relatada, da história. Após ter elogiado o administrador por sua astúcia, o senhor
deve ter-lhe ordenado que devolvesse imediatamente o fruto de suas transações
desonestas, ou pagá-las com a prisão se não pudesse saldar a dívida. Isso, ou
seja, a astúcia, é também o que Jesus elogia, fora das parábolas.
Acrescenta, de fato, quase como comentário às palavras desse senhor: «Os filhos
deste mundo são mais espertos em seus negócios que os filhos da luz». Você é um egoísta que só pensa em acumular bens
materiais para si, como o administrador do Evangelho, mentindo, roubando,
praticando a avareza e a dureza de coração, que lhe impedem comover-se ante as
necessidades dos outros? Não pensa freqüentemente nas palavras de São Paulo: «Que cada um dê conforme tiver decidido em seu coração, sem
pesar nem constrangimento, pois “Deus ama quem dá com alegria» (2Cor
9,7) Seja generoso!
“Louvado Seja Nosso Senhor Jesus Cristo!”
MOTIVAÇÕES PARA A
LITURGIA DIÁRIA E DOMINICAL:
A Liturgia Diária é uma ótima ocasião para que se opere a “conversão diária!” -
A leitura da Liturgia Diária forjou e moldou muitos Santos:
1)-Santo Agostinho foi
um deles. “Tolle et lege” (Toma e lê) foi a frase que o conduziu a ler um trecho
do Evangelho que mudou sua vida.
2)-O grande Santo Antão, que deu origem à vida
monástica, foi tocado pela graça ao ler a parábola do moço rico no Evangelho.
3)- São Francesco
(Francisco) cujo nome é adotado depois de uma viagem à França, onde o menino teria ficado
cativado pela vida francesa, sua música, sua poesia e seu povo, seu pai teria
começado a chamá-lo de "francesco", que significa "francês"
em italiano. Também, como Santo Antão,a passagem do
jovem rico é tão significativa que inspirou também São Francisco de Assis a
elaborar sua Regra de Vida baseada no desapego aos bens e o amor aos pobres:
“Se queres ser perfeito, vai, vende teus bens, dá-os aos pobres e terás um
tesouro no céu. Depois, vem e segue-me”. (Mt 19, 21).
4)-Também para Santo
Inácio de Loyola a ocasião escolhida por Deus para sua mudança de vida foi a leitura de
consagrados livros Cristãos. Gravemente ferido na batalha de
Pamplona (20 de Maio de 1521), passou meses inválido, no castelo de seu pai. Durante o longo período de recuperação, Inácio procura ler
livros para passar o tempo, e começa a ler a "Vita Christi", de
Rodolfo da Saxônia, e a Legenda Áurea, sobre a vida dos santos, de Jacopo de
Varazze, monge cisterciense que comparava o serviço de Deus com uma ordem
cavalheiresca.A partir destas leituras, tornou-se empolgado com a ideia de uma
vida dedicada a Deus, emulando os feitos heroicos de Francisco de Assis e
outros líderes religiosos. Decidiu devotar a sua vida à conversão dos
infiéis na Terra Santa.
Os Santos recomendam com
empenho a Liturgia Diária:
1)-São Bernardo: “A leitura espiritual nos
prepara para a oração e a prática das virtudes. Leitura
e Oração são as armas com as quais se vence o demônio e se conquista o
céu”.
2)-São Cipriano (bispo
de Cartago -África): “Permanece na oração e na leitura: desse modo conversarás com Deus e
Deus estará contigo”.
3)-Santo Afonso de
Ligório: “Quantos Santos abandonaram o mundo e se deram a Deus por meio da
leitura espiritual!”
4)-São Gregório Magno,
Papa: “Eu te rogo:
empenha-te em meditar cada dia as palavras do teu Criador. Assim aprenderás a conhecer o coração de Deus através
das palavras de Deus”.
A Liturgia Diária
ajuda-nos a compreender e amar a Liturgia Católica:
O Catecismo da Igreja Católica
ensina que “a liturgia é participação na oração de
Cristo, dirigida ao Pai no Espírito Santo. Nela, toda a oração cristã
encontra a sua fonte e o seu termo. Pela liturgia, o homem interior lança
raízes e alicerça-se no «grande amor com que o Pai nos amou» (Ef 2, 4).
A Liturgia Diária prepara
nossa alma para recebermos o Corpo e Sangue de Nosso Senhor Jesus Cristo!
Na Liturgia Diária, as orações e
as leituras da Palavra de Deus são ocasião para alimentar a nossa fé. Em cada
leitura Deus fala a seu povo e o alimenta.Por esse modo
a Santa Igreja prepara o coração dos fiéis para poder receber o Corpo e Sangue
de Nosso Senhor Jesus Cristo, na Sagrada Comunhão.Na Liturgia da Palavra o fiel
ouve com atenção as leituras da Bíblia que são uma carta escrita por Deus para
cada um de nós.Na Liturgia Eucarística somos preparados para receber o
Pão dos Anjos, que transformará nossa vida, e como Elias nos dar força para
continuar a caminhada alimentados por este pão (I Reis 19,4-10).
Como viver de forma
prática a Liturgia Diária?
Este é um método de “leitura orante da Palavra de Deus”, da Liturgia Diária,
praticado e ensinado pelos Padres da Igreja desde os seus primeiros séculos.
Foi batizada com esse nome por Orígenes no Séc. III, e generalizou-se nos
séculos IV e V como maneira predominante de ler a bíblia. Esta pode ser
feita diariamente, por exemplo, meditando o Evangelho proposto pela liturgia
diária da Santa Missa.
Após suplicar a luz do
Espírito Santo, o método se desenvolve em 4 passos:
1)-Leitura: o que a Palavra diz em si?
2)-Meditação: o que a Palavra diz para mim; o
que ela me ensina, me revela, como ela me forma, como a vejo em minha vida?
3)-Oração: Qual minha resposta a palavra de
Deus?
4)-Contemplação: O que a
palavra de Deus fez em mim? O que devo mudar concretamente em minha vida? Que
postura devo tomar? O que me proponho a viver doravante durante a minha vida?
- O fruto dessa nova dinâmica de vida ao
ritmo da Palavra é uma transformação real e concreta que nos elevará em fé,
esperança e caridade, além disso, nos proporcionará uma vida junto de Deus mais
constante e digna de Seu amor! Por
último, que possamos perseverar neste caminho. Auxiliados pela graça de Deus já
provaremos aqui nesta terra das riquezas do céu, e possamos cantar esperançosos
com São Tomás de Aquino:
“...Ó Jesus, que nesta vida pela
fé eu vejo
Realiza, eu te suplico, este meu
desejo:
Ver-te, enfim, face a
face, meu divino amigo!
Lá no céu, eternamente, ser feliz
contigo!”
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