Como bem observa
Percival, chegamos a um ponto curioso — e perigoso — da vida pública
brasileira: "desconfiar virou crime moral"
Questionar sistemas, instituições ou personagens poderosos passou a ser tratado como sinônimo de “ameaça à democracia”, enquanto a confiança cega é vendida como virtude cívica. Essa inversão não é ingênua; ela é funcional.
Sociedades só são facilmente controladas quando desaprendem a desconfiar. A lista que segue nasce exatamente desse incômodo: da experiência concreta de ver o Estado falhar, a imprensa manipular, ideologias se disfarçarem de virtude e a lei ser aplicada conforme o freguês. Não se trata de paranoia nem de teorias conspiratórias, mas de uma leitura realista do poder — aquele que mente, promete, concentra forças e depois cobra obediência irrestrita. Como diria Percival, "a desconfiança não é um defeito do cidadão; é um mecanismo de autodefesa de quem ainda pensa por conta própria".
Pessoas e coisas em que "não confio"
Por *Percival Puggina
Depois que me disseram ser errado
manifestar desconfiança em relação ao nosso sistema de votação e apuração,
resolvi fazer uma lista das minhas "principais desconfianças". Aí vão elas:
-Não confio no Estado!
-Não confio em bandidos!
-Não confio em mentirosos da suposta boa causa!
-Não confio em Lula!
-Não confio em quem confia em
Lula. E assim sucessivamente!
-Não confio em partidos de
esquerda!
-Não confio em quem abusa do próprio poder!
-Não confio em quem "vê a vida de cima do
muro"!
-Não confio em ministros do STF indicados
por FHC, Lula, Dilma, e Temer!
-Não confio em militantes de causas
identitárias!
-Não confio em quem usa pronomes de gênero
neutro!
-Não confio em professores militantes
políticos!
-Não confio nos grandes grupos de
comunicação!
-Não confio na segurança de "sistemas de
computação"!
-Não confio na segurança de telefones
celulares!
-Não confio na política de cookies!
-Não confio na formação moral de nenhum
algoritmo!
-Não confio no Foro de São Paulo para coisa
alguma!
-Não confio em quem me manda ler, assistir ou ouvir algo do tipo: URGENTE! "Leia antes que tirem do ar", ou que TODO MUNDO AO MEU REDOR ESTÁ COMENTANDO ISSO...
-Não confio em quem diz defender a
democracia e o estado de direito cerceando a liberdade e atropelando a lei.
-Não acredito em vítimas da sociedade!
-Não acredito em cotas RACIAIS (por cor e raça)!Mas apoio as "COTAS SOCIAIS" (por nível de pobreza, independente da raça e da cor).
*Nota: este é um breve resumo; a lista,
muito maior, cotidianamente se acresce de novos itens.
*Percival Puggina - Membro da Academia Sul Rio-Grandense de Letras, é arquiteto, empresário, escritor e titular do site
Liberais e Conservadores (www.puggina.org), colunista de dezenas de jornais e
sites no país. Autor de Crônicas contra o totalitarismo: Cuba, a tragédia da
utopia; Pombas e Gaviões e A Tomada do Brasil. É integrante do grupo "Pensar+"

CONCLUSÃO
No fundo, essa lista não é movida por rancor, mas por memória — memória institucional, memória política e memória moral. Ela nasce da análise crítica do histórico do poder no Brasil e no mundo, onde o Estado, quando não é permanentemente vigiado, tende a extrapolar limites, ampliar controles e restringir liberdades individuais em nome de supostos bens maiores.
Como Percival costuma lembrar, regimes autoritários não se instalam anunciando ditaduras ou censura explícita; eles chegam embalados em discursos de defesa da democracia, promessas de estabilidade institucional, narrativas humanitárias e soluções “técnicas” vendidas como indiscutíveis por especialistas, tribunais superiores e grandes veículos de comunicação. Desconfiar, portanto, não é atacar a democracia nem promover o caos institucional — é justamente impedir que a democracia vire um slogan vazio, usado para silenciar o pensamento crítico, censurar opositores e normalizar abusos de poder.
A verdadeira irresponsabilidade cívica não está em questionar o sistema eleitoral, os ministros do STF, a atuação de algoritmos, a influência de partidos políticos, ou o papel da mídia corporativa, mas em aceitar que qualquer estrutura de poder mereça confiança absoluta. A história política prova o contrário: nenhum Estado é neutro, nenhuma autoridade pública é infalível e nenhum sistema tecnológico é moralmente isento. Manter uma postura crítica diante do poder é, hoje, um verdadeiro ativo democrático. É um exercício de cidadania consciente, de defesa das garantias constitucionais, da liberdade de expressão, do pluralismo político e do Estado de Direito real — não o retórico.

Em tempos de militância cega e de seguimento automático de manadas ideológicas, Percival surge como uma verdadeira lufada de luz, racionalidade e coerência no debate público. Sua postura não se ancora em paixões partidárias nem em slogans prontos, mas na defesa firme do pensamento crítico, da responsabilidade cívica e da vigilância permanente sobre o poder.
Em um cenário dominado por ruído, cancelamento e adesões acríticas, essa atitude se torna cada vez mais rara — e, justamente por isso, ainda mais necessária. Em tempos de censura velada, judicialização da política, ativismo institucional e manipulação informacional, questionar virou sinônimo de lucidez. Recusar a fé obrigatória em narrativas oficiais é preservar a autonomia intelectual e resistir ao conformismo ideológico travestido de virtude cívica.
No limite, a desconfiança consciente não é uma ameaça à ordem democrática, mas o seu último freio de segurança. Quando perguntar passa a ser proibido e duvidar vira crime moral, o problema não está no cidadão crítico, mas no poder que exige obediência sem prestação de contas. Em cenários assim, pensar com independência deixa de ser opção e passa a ser dever.
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Eu também não confio em Lula, mas vamos respeitar a eleição democrática , qualquer coisa a gente tira ele de lá de forma legal ou seja, pelo impeachment.
Democrática amigo(a)? Enquanto não for mostrado o CÓDIGO FONTE pós eleição 2022 irá pairar a suspeição de fraude nesse processo. As forças armada que foram convidadas precisam encerrar esse processo com a fiscalização final do código fonte após o pleito, coisa que o TSE até agora não fez e não apresenta uma justificativa plausível. E não adianta vir dizer que muitos parlamentares de direita foram eleitos, pois isso pode simplesmente querer passar uma falsa noção de normalidade.
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