Salmo Responsorial – 62(63): “A minha alma tem sede de vós,como a terra sedenta, ó meu Deus!”
A liturgia
nos desafia a confessar que Jesus é o Cristo de Deus, fonte de amor e de vida,
aquele que sacia nossa sede! Alimentando
a fé com a Palavra e a Eucaristia, podemos derrubar as barreiras e divisões
discriminatórias e reconhecer que somos um em Jesus Cristo. Celebremos em comunhão com os migrantes, neste dia a eles dedicado.
Anúncio
do Evangelho: Lucas 9,18-24
— Glória a vós, Senhor!
Aleluia, aleluia, aleluia!
“Depois Jesus disse a todos: Se alguém me quer seguir, renuncie a si
mesmo, tome sua cruz cada dia e siga-me. Pois quem quiser salvar a sua vida vai
perdê-la; e quem perder a sua vida por
causa de mim, esse a salvará”.
Certo dia, 18Jesus estava rezando num lugar retirado, e os discípulos
estavam com ele. Então, Jesus perguntou-lhes: “Quem diz o povo que eu sou?” 19Eles
responderam: “Uns dizem que és João Batista; outros, que és Elias; mas outros
acham que és algum dos antigos profetas que ressuscitou”. 20Mas Jesus
perguntou: “E vós, quem dizeis que eu sou?” Pedro respondeu: “O
Cristo de Deus”. 21Mas Jesus proibiu-lhes
severamente que contassem isso a alguém. 22E acrescentou: “O Filho do Homem
deve sofrer muito, ser rejeitado pelos anciãos, pelos sumos sacerdotes e
doutores da Lei, deve ser morto e ressuscitar no terceiro dia”. 23Depois Jesus disse a todos: “Se alguém me quer seguir, renuncie a si
mesmo, tome sua cruz cada dia e siga-me. 24Pois quem quiser salvar a sua vida
vai perdê-la; e quem perder a sua vida por
causa de mim, esse a salvará”.
— Palavra da Salvação!
— Glória a vós, Senhor!
COMENTÁRIO DO
EVANGELHO
A liturgia
deste Domingo nos leva a atentarmos para a palavra Cristo vem do grego, é uma
tradução literal de Messias, e significa ungido. Esta resposta de Pedro tem
todo um significado, e é sobre isso que vamos refletir! Mas então as pessoas da época de Cristo não sabiam que Ele era o Ungido de
Deus? O Filho de Deus? Que não deveriam esperar que viesse outro? Pois é, não
sabiam. Somente os discípulos sabiam disso. E o mais paradoxal, eles foram
severamente proibidos de comentar isso com alguém até que Ele passasse pelo
martírio, morte e ressurreição.Ainda hoje os judeus
esperam a primeira vinda do Messias. Para eles, Jesus foi apenas mais um
profeta, que teve a sua importância, mas que não libertou o povo, como eles
esperavam. O entendimento deles não permite que vejam a autêntica,
verdadeira e integral libertação que Jesus veio trazer, ou seja, não meramente
social, mas uma libertação que vai na raíz de todos os males, incluindo o
social. A libertação que Jesus nos trouxe, é inconveniente e muito chata de se
ouvir nestes tempos do vale tudo para ser feliz, foi a libertação da escravidão
do pecado, ou seja, da falsa liberdade! Essa libertação vai muito além da
libertação que eles esperavam, que era a libertação da servidão aos romanos da
época, e depois a tantos outros povos ao longo da história. Jesus nesta perícope coloca-nos diante de uma pergunta
fundamental. Da resposta depende a nossa vida: «E vós, quem dizeis que eu sou?»
(Lc 9,20). Faz alguma diferença para nós quem Jesus é? Pedro respondeu
em nome de todos: «O Cristo de Deus». Qual é a nossa resposta? Conhecemos Jesus
suficientemente para poder responder? A oração, a leitura do Evangelho, a vida
sacramental e a Igreja são fontes inseparáveis que nos levam a conhecê-Lo e a
"vivê-Lo". Até que sejamos capazes de responder com Pedro, com todo o
coração e a mesma humildade, certamente ainda não nos deixámos transformar por
Ele. Temos de conseguir sentir como Pedro, de sentir como a Igreja para poder
responder satisfatoriamente à pergunta de Jesus!Mas o
Evangelho de hoje acaba com uma exortação a seguir o Senhor desde a humildade,
desde a negação e a cruz. Seguir Jesus deste modo só pode dar salvação,
liberdade. «O que acontece com o ouro puro, também acontece com a Igreja; ou
seja, quando passa pelo fogo, não lhe acontece nenhum mal, pelo contrário,
aumenta o seu esplendor» (Santo Ambrósio). Nem as contrariedades, nem a
perseguição por causa do Reino, nos devem asssustar, devem antes ser motivo de
esperança e até de alegria. Dar a vida por Cristo não é perdê-la, é ganhá-la
para toda a eternidade. Jesus pede que nos humilhemos totalmente por
fidelidade ao Evangelho, Ele quer que, livremente, lhe demos toda a nossa
existência.O discipulado de Cristo lá e aqui tem
seu preço, seu custo. Dar a sua vida por amor aos seus irmãos. Esta é a
mensagem para o dia de hoje. Que Ele nos capacite na negar a nós mesmos,
carregar a nossa cruz e seguí-lo aonde Ele queira nos levar! Pois, sua promessa
é: quem perder a vida por minha causa, este a salvará!Vale a pena dar a
vida pelo Reino!Seguir, imitar, viver a vida da graça, enfim, permanecer em
Deus é o objetivo da nossa vida cristã! Que Deus, com a força do seu Espirito
Santo, a isso nos ajude!
“Louvado
Seja Nosso Senhor Jesus Cristo!”
MOTIVAÇÕES PARA A
LITURGIA DIÁRIA E DOMINICAL:
A Liturgia Diária é uma ótima ocasião para que se opere a “conversão diária!” -
A leitura da Liturgia Diária forjou e moldou muitos Santos:
1)-Santo Agostinho foi um deles. “Tolle et lege” (Toma e lê) foi a frase que o conduziu a ler um trecho
do Evangelho que mudou sua vida.
2)-O grande Santo Antão, que deu origem à
vida monástica, foi tocado pela graça ao ler a parábola do moço rico no
Evangelho.
3)- São Francesco (Francisco) cujo nome é adotado depois de
uma viagem à França, onde o menino teria ficado
cativado pela vida francesa, sua música, sua poesia e seu povo, seu pai teria começado
a chamá-lo de "francesco", que significa "francês" em
italiano. Também, como Santo Antão,a passagem do jovem
rico é tão significativa que inspirou também São Francisco de Assis a elaborar
sua Regra de Vida baseada no desapego aos bens e o amor aos pobres: “Se queres
ser perfeito, vai, vende teus bens, dá-os aos pobres e terás um tesouro no céu.
Depois, vem e segue-me”. (Mt 19, 21).
4)-Também para Santo Inácio de Loyola a ocasião escolhida por Deus para sua mudança de vida foi a leitura de consagrados
livros Cristãos. Gravemente ferido na batalha de
Pamplona (20 de Maio de 1521), passou meses inválido, no castelo de seu pai. Durante o longo período de recuperação, Inácio procura ler
livros para passar o tempo, e começa a ler a "Vita Christi", de
Rodolfo da Saxônia, e a Legenda Áurea, sobre a vida dos santos, de Jacopo de
Varazze, monge cisterciense que comparava o serviço de Deus com uma ordem
cavalheiresca.A partir destas leituras, tornou-se empolgado com a ideia de uma
vida dedicada a Deus, emulando os feitos heroicos de Francisco de Assis e
outros líderes religiosos. Decidiu devotar a sua vida à conversão dos
infiéis na Terra Santa.
Os Santos recomendam
com empenho a Liturgia Diária:
1)-São Bernardo: “A leitura
espiritual nos prepara para a oração e a prática das virtudes. Leitura e Oração são as armas com as quais se vence o demônio
e se conquista o céu”.
2)-São Cipriano (bispo de Cartago -África): “Permanece na oração e na leitura: desse modo conversarás com Deus e
Deus estará contigo”.
3)-Santo Afonso de Ligório: “Quantos Santos
abandonaram o mundo e se deram a Deus por meio da leitura espiritual!”
4)-São Gregório Magno, Papa: “Eu te rogo: empenha-te em meditar cada dia as palavras do teu Criador. Assim aprenderás a conhecer o coração de Deus através
das palavras de Deus”.
A Liturgia Diária
ajuda-nos a compreender e amar a Liturgia Católica:
O Catecismo da Igreja Católica ensina que “a
liturgia é participação na oração de Cristo, dirigida ao Pai no Espírito Santo.
Nela, toda a oração cristã encontra a sua fonte e o seu termo. Pela
liturgia, o homem interior lança raízes e alicerça-se no «grande amor com que o
Pai nos amou» (Ef 2, 4).
A Liturgia Diária
prepara nossa alma para recebermos o Corpo e Sangue de Nosso Senhor Jesus
Cristo!
Na Liturgia Diária, as orações e as leituras da Palavra de Deus são
ocasião para alimentar a nossa fé. Em cada leitura Deus fala a seu povo e o
alimenta.Por esse modo a Santa Igreja prepara o coração
dos fiéis para poder receber o Corpo e Sangue de Nosso Senhor Jesus Cristo, na
Sagrada Comunhão.Na Liturgia da Palavra o fiel ouve com atenção as leituras da
Bíblia que são uma carta escrita por Deus para cada um de nós.Na
Liturgia Eucarística somos preparados para receber o Pão dos Anjos, que
transformará nossa vida, e como Elias nos dar força para continuar a caminhada
alimentados por este pão (I Reis 19,4-10).
Como viver de forma
prática a Liturgia Diária?
Este é um método de “leitura orante da Palavra
de Deus”, da Liturgia Diária, praticado e ensinado pelos Padres da Igreja desde
os seus primeiros séculos. Foi batizada com esse nome por Orígenes no Séc. III,
e generalizou-se nos séculos IV e V como maneira predominante de ler a bíblia. Esta
pode ser feita diariamente, por exemplo, meditando o Evangelho proposto pela liturgia
diária da Santa Missa.
Após suplicar a luz
do Espírito Santo, o método se desenvolve em 4 passos:
1)-Leitura: o que a Palavra diz
em si?
2)-Meditação: o que a Palavra diz
para mim; o que ela me ensina, me revela, como ela me forma, como a vejo em
minha vida?
3)-Oração: Qual minha resposta a palavra de
Deus?
4)-Contemplação: O que a
palavra de Deus fez em mim? O que devo mudar concretamente em minha vida? Que
postura devo tomar? O que me proponho a viver doravante durante a minha vida?
- O fruto dessa nova dinâmica de vida ao ritmo da Palavra é uma
transformação real e concreta que nos elevará em fé, esperança e caridade, além
disso, nos proporcionará uma vida junto de Deus mais constante e digna de Seu
amor! Por último, que possamos perseverar neste caminho. Auxiliados pela
graça de Deus já provaremos aqui nesta terra das riquezas do céu, e possamos
cantar esperançosos com São Tomás de Aquino:
“...Ó Jesus, que nesta vida pela fé eu vejo
Realiza, eu te suplico, este meu desejo:
Ver-te, enfim, face a face, meu divino amigo!
Lá no céu, eternamente, ser feliz contigo!”
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