Deus, por sua infinita bondade e justiça, enviou seu Filho unigênito à cruz a fim de suportar a penalidade total do pecado e poder perdoar livremente e com justiça perfeita todos quantos comparecerem diante dEle. Como isso acontece na vida de uma pessoa? Pensar a respeito da aplicação da obra de Cristo a nós leva a considerar aquilo que se chama na tradição Cristã primitiva de "ordo salutis" (ordem da salvação).
Qual a ordem (lógica e cronológica) na qual experimentamos o processo de
passar de um estado pecaminoso para o da plena salvação?
A Bíblia não oferece uma ordem OBRIGATORIAMENTE específica,
embora se ache algo embrionariamente em:
Efésios 1,11-14: “Nele, digo, em quem também fomos feitos herança, havendo sido
predestinados, conforme o propósito daquele que faz todas as coisas, segundo o
conselho da sua vontade. Com o fim de sermos para louvor da sua glória, nós os que primeiro esperamos em Cristo; Em
quem também vós estais, depois que ouvistes a palavra da verdade, o evangelho
da vossa salvação; e, tendo Nele também crido, fostes
selados com o Espírito Santo da promessa; O qual é o penhor da nossa
herança, para redenção da possessão adquirida, para louvor da sua glória”.
E em Romanos 8.28-30: “E sabemos que todas as coisas contribuem juntamente para o bem daqueles
que amam a Deus, daqueles que são chamados segundo o seu propósito. Porque os
que dantes conheceu também os predestinou para serem conformes à imagem de seu
Filho, a fim de que ele seja o primogênito entre muitos irmãos. E aos que
predestinou a estes também chamou; e aos que chamou a estes também justificou;
e aos que justificou a estes também glorificou”.
Paulo na passagem acima, escrevendo aos Romanos, lista a presciência, a predestinação, o chamamento, a justificação e a glorificação, sendo cada conceito edificado na idéia anterior. A Igreja Católica em seu magistério apostólico milenar e tradicional, direciona essa ordem aos sacramentos, isto é, divididindo-os em TRÊS grupos: Os de iniciação, estados de vida e Viático, totalizando em 7 sacramentos. Foi a partir de S. Agostinho (ou seja, somente no séc. IV da nossa era) que “sacramento” começou a designar, de forma mais restrita, certos sinais sagrados, e não qualquer ação divina. O problema é que ainda na época de Agostinho não havia, por falta de um termo técnico, o costume de distinguir sinais como o Batismo, a Crisma, a Ordem etc. (sacramentos propriamente ditos, deixados por Jesus Cristo) de outros sinais como, por exemplo, a água benta, o sal exorcizado, a bênção de uma igreja etc. (que hoje são chamados de sacramentais, instituídos pela Igreja). Por isso, não é correto dizer que na Idade Média a Igreja “restringiu” o número de sacramentos, mas que ela começou a distinguir, com um termo técnico apropriado, aqueles sinais que já eram reconhecidos como de instituição divina, chamados a partir de então de sacramentos por antonomásia, daqueles outros que eram de instituição meramente eclesiástica, “batizados” assim como sacramentais. Uma vez na posse de uma expressão adequada, e para esclarecer a doutrina católica e condenar alguns erros contrários, o Magistério da Igreja declarou infalivelmente, como objeto de fé divina e católica, que os sacramentos em sentido próprio (ou seja, aqueles sinais sensíveis, instituídos por Nosso Senhor Jesus Cristo, para significar e produzir em nossas almas a graça santificante) são sete e apenas sete, e que, por serem eles de origem divina, a Igreja não tem autoridade alguma para alterá-los substancialmente ou lhes modificar o número. Assim definiu solenemente o Concílio de Trento, confirmando com palavras claras aquilo em que todos os fiéis já criam desde o início e que as venerandas tradições das igrejas tanto do Oriente como do Ocidente confirmavam desde tempos imemoriais.
i - SACRAMENTOS DE INICIAÇÃO:
1)-Batismo (Adultos e Crianças, precedido de Catecumenato
para adultos: Pais e padrinhos).
2)-Confissão
3)-Eucaristia
4)-Crisma, ou Confirmação.
ii - SACRAMENTOS DE ESTADOS DE VIDA:
5)-Ordem
6)-Matrimônio
iii - SACRAMENTO VIÁTICO (de cura):
7)-Unção dos Enfermos
Entre os protestantes, a diferença está primariamente entre a abordagem
reformada, ou seja, ficam dependentes da "doutrina da
depravação". Subentenderia esta uma incapacidade total, onde a pessoa
necessita da obra regeneradora do Espírito Santo para tornar-se capaz de se
arrepender e crer.
Neste caso, a ordem seria:
-Eleição
-Predestinação
-Presciência
-Chamamento
-Regeneração
-Arrependimento
-Fé
-Justificação
-Adoção
-Santificação
-Glorificação.
Ou subentende que,
por continuarmos a levar em nós a imagem de Deus, mesmo no estado caído, temos
a capacidade de corresponder com arrependimento e fé quando Deus nos atrai a
si. Neste caso, a ordem seria:
-Presciência,
-Eleição,
-Predestinação,
-Chamamento,
-Arrependimento,
-Fé,
-Regeneração e os demais.
A diferença
encontra-se na ordem dos três primeiros, que se referem à atividade de Deus na
eternidade, e no posicionamento da regeneração nessa ordem. A segunda das duas
ordens é o ponto de vista adotado nesta matéria.
1)-A Eleição - a Bíblia revela primeiramente uma escolha feita por Deus: a eleição divina gratuita e imerecida!
O Antigo Testamento diz que Deus escolheu Abraão (Nee 9,7), o povo de Israel (Dt 7,6; 14,2; At 13,17), Davi (1Rs 11,34), Jerusalém (2Rs 23,27) e o Servo (Is 42,1; 43.10).No Novo Testamento, a escolha divina inclui anjos (1Tm 5.21), Cristo (Mt 12.18; 1Pe 2.4,6), um remanescente de Israel (Rm 11.5) e os crentes, isto é, os eleitos, quer individual (Rm 16.13; 2Jo 1.1,13) ou coletivamente (Rm 8.33; 1Pe 2.9). Sempre a iniciativa é de Deus. Ele não escolheu Israel pela grandeza da nação (Dt 7.7).Jesus diz aos seus discípulos:"Não me escolhestes vós a mim, mas eu vos escolhi a vós" (Jo 15,16). Precisamos notar as ênfases de Paulo. Uma delas é que ser filho de Deus depende da livre e soberana expressão de sua misericórdia, e não de algo que sejamos ou façamos. Paulo enfatiza a misericórdia divina que inclui os gentios juntamente com os judeus (Rm 9.24-26; 10.12). Paulo afirma: "Deus, pois, compadece-se de quem quer e endurece a quem quer" (9.18). Além disso, Paulo declara que a razão por que "Deus encerrou a todos debaixo da desobediência" é "para com todos usar de misericórdia" (11.32). Qualquer estudo sobre a eleição deve sempre começar por Jesus. E toda conclusão que não fizer referência ao coração e aos ensinos do Salvador, seja tida forçosamente por suspeita. Sua natureza reflete o Deus que elege, e em Jesus não achamos nenhum particularismo. NEle, achamos o amor. Por isso, é relevante que em quatro ocasiões Paulo vincule o amor à eleição ou à predestinação: "Sabendo, amados irmãos, que a vossa eleição [gr. eklektoi] de Deus, santos e amados...". (Cl 3.12) - nesse contexto, amados por Deus. "Como também nos elegeu [gr. exelaxato] nele antes da fundação do mundo... e nos predestinou para filhos de adoção por Jesus Cristo, para si mesmo, segundo o beneplácito [gr. eudokia] de sua vontade" (Ef 1.4,5). Em Jesus vemos também a presciência. Ele sabia que morreria numa cruz (Jo 12.32) e conhecia alguns pormenores de sua morte (Mc 10.33,34). Sabia que Judas o trairia (Jo 13.18-27) e que Pedro o negaria (Mc 14.19-31). Mas certamente não devemos atribuir causalidade à sua presciência. Depois de curado o coxo, Pedro declarou que os judeus em Jerusalém haviam agido na ignorância ao crucificar Jesus, mas que também a morte de Cristo cumprira o que Deus falara através dos profetas (At 3.17,18). Deus não os levou a crucificar Jesus, a culpa ainda era deles (At 4.27,28). Portanto, quando a Bíblia liga nossa eleição à presciência (1Pe 1.2) não devemos ver nisso a causalidade. Deus não precisa predestinar para saber de antemão. A declaração, em Romanos 8.29, de que os que Deus "dantes conheceu, também os predestinou" não apóia semelhante idéia. Não poderíamos considerar a presciência e a predestinação como dois lados de uma mesma moeda? Quando Deus nos chama para si, visando a salvação, é sempre uma chamada da graça, independente de qualquer distinção que façamos entre a graça "preveniente" e a graça "eficaz". Poderemos resistir a essa chamada graciosa? Algumas correntes protestantes ensinam que não, afirmando que a operação de Deus sempre alcança os seus propósitos. Sua graça é eficaz. Assim como Deus chamou irresistivelmente a criação à existência, também Ele chama irresistivelmente as pessoas à redenção. Se aceitarmos a ordo salutis, proposta pelos calvinistas, na qual a regeneração segue o chamamento mas antecede o arrependimento e a fé, certamente a graça é irresistível. A pessoa já nasceu de novo. A idéia de resistir, em semelhante caso, já não faz sentido.
Poder-se-ia afirmar, então, que a expressão "graça
irresistível" é tecnicamente imprópria?
Parece ser um oxímoro, como "bondade cruel", porque a própria natureza da graça subentende que um dom gratuito é oferecido, e tal presente pode ser aceito ou rejeitado. Sua soberania não será ameaçada ou diminuída se recusarmos o dom gratuito. Este fato é evidente no Antigo Testamento. O Senhor diz: "Estendi as mãos todo o dia a um povo rebelde" (Is 65.2). E: "chamei, e não respondestes; falei, e não ouvistes" (Is 65.12). Santo Estêvão fustiga os seus ouvintes: "Homens de dura cerviz e incircuncisos de coração e ouvido, vós sempre resistis ao Espírito Santo; assim, vós sois como vossos pais" (At 7.51). Parece claro que Estêvão tinha em vista a resistência à obra do Espírito Santo, que queria levá-los a Deus. O fato de alguns deles (inclusive Saulo de Tarso) terem crido posteriormente não serve como evidência em favor da doutrina da graça irresistível. Além disso, necessário é dizer que, fosse impossível resistir à graça de Deus, os incrédulos pereceriam, não por não quererem corresponder, mas por não poderem. A graça de Deus não seria eficaz para eles. Neste caso, Deus pareceria mais um soberano caprichoso que brinca com os seus súditos que um Deus de amor e graça. Sua promessa: "todo aquele que quer" seria uma brincadeira de inigualável crueldade, pois Ele é quem estaria brincando. Mas o Deus e Pai de nosso Senhor Jesus Cristo não brinca conosco. Quando os braços de nosso Senhor Jesus Cristo se estenderam na cruz, Ele abrangeu a todos, pois Deus ama o mundo. Deus é amor, e a própria natureza do amor subentende que ele pode ser resistido ou rejeitado. Pela sua própria natureza, o amor é vulnerável. Não lhe diminuímos a magnífica grandeza ou a soberania se cremos possível recusar seu amor e graça, que buscam atrair todas as pessoas a si mesmos. A situação é a inversa. Deus, cujo amor anseia que todos cheguem a Ele mas não os obriga irresistivelmente a vir e cujo coração fica magoado com a recusa, forçosamente é de uma grandeza que ultrapassa a nossa imaginação. Há somente uma resposta apropriada a tamanho amor: arrepender-nos e crer. Claro está que não podemos produzir tais ações sem a capacitação divina. Por outro lado, não são produzidas em nós sem o nosso consentimento.Evitemos as expressões extremadas do sinergismo (a "operação em conjunto") e do monergismo (a "operação isolada"). O monergismo tem suas raízes em parte na doutrina de Santo Agostinho, e afirma que a pessoa, para ser salva, não é capaz de fazer absolutamente nada para levar a efeito a sua salvação. A conversão é uma obra que somente Deus leva a efeito. Se o pecador optar por arrepender-se e crer, Deus é o único agente ativo. Se o pecador optar por não se arrepender ou não crer, a culpa é inteiramente deste.Formas extremadas de sinergismo remontam a Pelágio, que negava a depravação essencial da humanidade. Somos depravados; no entanto, nem mesmo os mais depravados entre nós perderam totalmente a imagem de Deus. O sinergista evangélico afirma que somente Deus salva, mas acredita que as exortações universais ao arrependimento e à fé fazem sentido apenas se pudermos, na realidade, aceitar ou rejeitar a salvação. A salvação provém inteiramente da graça de Deus, mas declarar este fato não exige que diminuamos a nossa responsabilidade quando confrontados pelo Evangelho.
2)-O
ARREPENDIMENTO E A FÉ
O arrependimento e a fé são os dois elementos essenciais da conversão. Envolvem uma "virada contra" (o arrependimento) e uma "virada para" (a fé).As palavras primárias, no Antigo Testamento, para expressar a idéia de arrependimento são shuv ("virar para trás", "voltar") e nicham ("arrepender-se", "consolar"). Shuv ocorre mais de cem vezes no sentido teológico, seja quando ao desviar-se de Deus (1Sm 15.11; Jr 3.19), seja no sentido de voltar para Deus (Jr 3.7; Os 6.1). A pessoa também pode desviar-se do bem (Ez 18.24,26) ou desviar-se do mal (Is 59.20; Ez 3.19), isto é, arrepender-se. O verbo nicham tem um aspecto emocional que não fica evidente em shuv; mas ambas as palavras transmitem a idéia do arrrependimento. O Novo Testamento emprega epistrephõ no sentido de "voltar-se" para Deus (At 15.19; 2Co 3.16) e metanoesõ/metanoia para a idéia de "arrependimento" (At 2.38; 17.30; 20.21; Rm 2.4). Utiliza-se de metanoeõ para expressar o significado de shuv, que indica uma ênfase à mente e à vontade. Mas também é certo que metanoia, no Novo Testamento, é mais que uma mudança intelectual. Ressalta o fato de uma reviravolta da pessoa inteira, que passa a operar uma mudança fundamental de atitudes básicas.Embora o arrependimento por si só não possa nos salvar, é impossível ler o Novo Testamento sem tomar consciência da ênfase deste sobre aquele. Deus "anuncia agora a todos os homens, em todo lugar, que se arrependam" (At 17.30). A mensagem inicial de João Batista (Mt 3.2), de Jesus (Mt 4.17) e dos apóstolos (At 2.38) era "Arrependei-vos!" Todos devem arrepender-se, porque todos pecaram e destituídos estão da glória de Deus (Rm 3.23).Embora o arrependimento envolva as emoções e o intelecto, é a vontade que está mais profundamente envolvida. Quanto a isso, basta citarmos como exemplos os dois Herodes. O Evangelho de Marcos apresenta o enigma de Herodes Antipas, um déspora imoral que encarcerou João Batista por ter este denunciado o casamento com a esposa do seu irmão Filipe, mas ao mesmo tempo "Herodes temia a João, sabendo que era varão justo e santo" (Mc 6.20). Segundo parece, Herodes acreditava em algum tipo de ressurreição (6.16). Portanto, possuía algum entendimento teológico. Dificilmente poderíamos imaginar que João Batista não lhe tenha proporcionado uma oportunidade de se arrepender.Paulo confrontou Herodes Agripa II com a própria crença do rei nas declarações proféticas a respeito do Messias, mas o rei não quis ser persuadido a tornar-se cristão (At 26.28). Não quis arrepender-se, embora não negasse a veracidade do que Paulo lhe dizia a respeito de Cristo. Todos nós precisamos dizer, assim como o filho pródigo: "Levantar-me-ei, e irei ter com meu pai" (Lc 15.18). A conversão subentende "voltar-se contra" o pecado, mas igualmente "voltar-se para" Deus. Embora não devamos sugerir uma dicotomia absoluta entre as duas nações (pois só quem confia em Deus dá o passo do arrependimento), não está fora de propósito uma distinção. Quando cremos em Deus e confiamos totalmente nEle, voltamo-nos para Ele.No Novo Testamento, o verbo pisteuõ ("creio, confio") e o substantivo pistis ("fé") ocorrem cerca de 480 vezes. Poucas vezes o substantivo reflete a idéia da fidelidade como no Antigo Testamento (por exemplo, Mt 23.23; Rm 3.3; Gl 5.22; Tt 2.10; Ap 13.10). Pelo contrário, normalmente funciona como um termo técnico, usado quase exclusivamente para se referir à confiança ilimitada (com obediência e total dependência) em Deus (Rm 4.24), em Cristo (At 16.31), no Evangelho (Mc 1.15) ou no nome de Cristo (Jo 1.12). Tudo isso deixa claro que, na Bíblia, a fé não é "um salto no escuro". Somos salvos pela graça mediante a fé (Ef 2.8). Crer no Filho de Deus leva à vida eterna (Jo 3.16). Sem fé, não poderemos agradar a Deus (Hb 11.6). A fé, portanto, é a atitude da nossa dependência confiante e obediente em Deus e na sua fidelidade. Essa fé caracteriza todo filho de Deus fiel. É o nosso sangue espiritual (Gl 2.20). Pode-se argumentar que a fé salvífica é um dom de Deus, até mesmo dizer que a presença de anseios religiosos, inclusive entre os pagãos, nada tem a ver com a presença ou exercício da fé. A maioria dos evangélicos, no entanto, afirma que semelhantes anseios, universalmente presentes, constituem-se evidências favoráveis à existência de um Deus, a quem se dirigem. Seriam tais anseios inválidos em si mesmos, à parte da atividade divina direta?Não podemos, obviamente, exercer a fé salvífica à parte da capacitação divina. Mas ensina a Bíblia que, quando cremos, estamos simplesmente devolvendo o dom de Deus? Seria necessário, para protegermos o ensino bíblico da salvação pela graça mediante a fé somente, insistir que a fé não é realmente nossa, mas de Deus? "A verdadeira fé salvífica é a que tem seu centro no coração e está arraigada na vida regenerada". Poderíamos olhar para aqueles versículos de modo diferente? "A fé... é a resposta do homem. É Deus quem possibilita a fé, mas a fé (o ato de crer) não é de Deus, mas do homem". A fé não é obra, mas sim a mão estendida que se abre para aceitar a dádiva divina da salvação.
3)-A
REGENERAÇÃO:
Quando correspondemos ao chamado divino e ao convite do Espírito e da Palavra, Deus realiza atos soberanos que nos introduzem na família do seu Reino: regenera os que estão mortos nos seus delitos e pecados; justifica os que estão condenados diante de um Deus santo; e adota os filhos do inimigo. Embora estes ocorram simultaneamente naquele que crê, é possível examiná-los separadamente.A regeneração é a ação decisiva e instantânea do Espírito Santo, mediante a qual Ele cria de novo a natureza interior. O substantivo grego (palingenesia) traduzido por "regeneração" aparece apenas duas vezes no Novo Testamento. Mateus 19.28 emprega-o com referência aos tempos do fim.Somente em Tito 3.5 se refere à renovação espiritual do indivíduo.Embora o Antigo Testamento tenha em vista a nação de Israel, a Bíblia emprega várias figuras de linguagem para descrever o que acontece:O Senhor "tirará da sua carne o coração de pedra e lhes dará um coração de carne" (Ez 11.19).Deus diz: "Espalharei água pura sobre vós, e ficareis purificados... E vos darei um coração novo e porei dentro de vós um espírito novo... E porei dentro de vós o meu espírito e farei que andeis nos meus estatutos" (Ez 36.25-27).
Deus colocará a sua lei "no seu interior e a escreverá no seu
coração" (Jr 31.33).
Ele "circuncidará o teu coração... para amares ao Senhor" (Dt
30.6).
O Novo Testamento apresenta a figura do ser criado de novo (2Co 5.17) e
a da renovação (Tt 3.5), porém a mais comum é de "nascer" (gr.
gennaõ, "gerar" ou "dar à luz").
Jesus disse: "Na verdade, na verdade te digo que aquele que não
nascer de novo não pode ver o Reino de Deus" (João 3,3).
Pedro declara que Deus, em sua grande misericórdia, "nos gerou de novo para uma viva esperança" (1Pe 1,3).É uma obra que somente Deus realiza. Nascer de novo diz respeito a uma transformação radical. Mas ainda se faz mister um processo de amadurecimento. A regeneração é o início do nosso crescimento no conhecimento de Deus, na nossa experiência de Cristo e do Espírito e no nosso caráter moral.
4)-A Justificação
Assim como a regeneração leva a efeito uma mudança em nossa natureza, a justificação modifica a nossa situação diante de Deus. O termo "justificação" refere-se ao ato mediante o qual, com base na obra infinitamente justa e satisfatória de Cristo na cruz, Deus declara os pecadores condenados livres de toda a culpa do pecado e de suas conseqüências eternas, declarando-os plenamente justos aos seus olhos. O Deus que detesta "o que justifica o ímpio" (Pv 17.15) mantém sua própria justiça ao justificá-lo, porque Cristo já pagou a penalidade integral do pecado (Rm 3.21-26). Constamos, portanto, diante de Deus como plenamente absolvidos.Por estarmos nEle (Ef 1.4,7,11), Jesus Cristo tornou-se a nossa justiça (1Co 1.30). Deus credita ou contabiliza (gr. logizomai) sua justiça em nosso favor. Ela é imputada a nós.Em Romanos 4, Paulo cita dois exemplos do Antigo Testamento como argumento em favor da justiça imputada: A respeito de Abraão, diz que "creu ele no Senhor, e foi-lhe imputado [heb. chashav] isto por justiça" (Gn 15.6). Isto ocorreu antes de Abraão ter obedecido a Deus no tocante à circuncisão, sinal da aliança. De modo talvez ainda mais dramático, Paulo cita Salmos 32.2, no qual Davi pronuncia uma bênção sobre "o homem a quem o Senhor não imputa maldade" (Rm 4.8; ver também 2Co 5.19). Já é glorioso receber em nossa conta corrente a retidão de uma pessoa perfeita, independente de qualquer bem que porventura façamos. Mas é ainda mais glorioso não sermos considerados culpados de nossos pecados e más ações. Deus, ao nos justificar, tem graciosamente feito as duas coisas - e de modo lícito, pois o sacrifício de Cristo pagou o preço.
Como ocorre a
justificação, em relação ao crente? A Bíblia deixa duas coisas bem claras:
1)-Em primeiro lugar,
não é por causa de nenhuma boa obra de nossa parte. Quem imagina estar
mais justificado depois de servir ao Senhor durante cinco ou 55 anos ou pensa
que boas obras obtêm mérito diante de Deus, deixou de compreender o ensino
bíblico dos trabalhadores da última hora (Mateus 20,1-16).
2)-Em segundo lugar,
no próprio âmago do Evangelho encontra-se a verdade de que a justificação tem
sua origem na livre graça de Deus (Rm 3,24) e sua provisão no sangue que Cristo
derramou na cruz (Rm 5.19), e nós a recebemos mediante a fé (Ef 2.8).
É comum, quando ocorre a idéia da justificação no Novo Testamento, a fé (ou o crer) achar-se ligada a ela (cf. At 13.39; Rm 3.26,28,30; 4.3,5; 5.1; Gl 2.16; 3.8). A fé nunca é o fundamento da justificação. O Novo Testamento jamais afirma que a justificação é dia pistin ("em troca da fé"), mas sempre dia pisteos, ("mediante a fé"). A Bíblia não considera meritória a fé, mas simplesmente como a mão vazia estendida para aceitar o dom gratuito de Deus. A fé tem sido sempre o meio de se receber a justificação, mesmo no caso dos santos do Antigo Testamento (cf. Gl 3.6-9). Tendo sido justificados pela graça, mediante a fé, experimentamos grandes benefícios de agora em diante. "Temos paz com Deus" (Rm 5.1) e estamos preservados "da ira de Deus" (Rm 5.9). Temos a certeza da glorificação final (Rm 8.30) e a libertação presente e futura da condenação (Rm 8.33,34; ver também 8.1). A justificação nos torna "herdeiros, segundo a esperança da vida eterna" (Tt 3.7).
5)-A Adoção
Deus, no entanto, vai além de nos colocar em situação correta diante dEle. Conduz-no também a um novo relacionamento, pois nos adota em sua família. A "adoção", um termo jurídico, é o ato da graça soberana mediante o qual Deus concede todos os direitos, privilégios e obrigações da afiliação àqueles que aceitam Jesus Cristo.Embora o termo não apareça no Antigo Testamento, a idéia se acha ali (Pv 17.2). A palavra grega huiothesia, "adoção", aparece cinco vezes no Novo Testamento, somente nos escritos de Paulo e sempre no sentido religioso. Ressalve-se que, ao sermos feitos filhos de Deus, não nos tornamos divinos, mas herdeiros. A divindade pertence ao único Deus verdadeiro.A doutrina da adoção, no Novo Testamento, leva-nos, desde a eternidade passada e através do presente, até a eternidade futura (se for apropriada semelhante expressão). Diz também, a respeito de nossa experiência presente: "Porque não recebestes o espírito de escravidão, para, outra vez, estardes em temor, mas recebestes o espírito de adoção de filhos [huiothesia], pelo qual clamamos [em nosso próprio idioma]: Aba [aramaico: Pai], Pai [gr. ho patêr]" (Rm 8.15). Somos plenamente filhos, embora ainda não sejamos totalmente maduros.A adoção é uma realidade presente, mas será plenamente realizada na ressurreição dentre os mortos. Deus nos concede privilégios de família mediante a obra salvífica do seu Filho incomparável, daquEle que não se envergonha de nos chamar irmãos (Hb 2.11).
6)-A Perseverança
Se a doutrina da eleição provoca a ira dos incrédulos, entre os crentes a doutrina da perseverança surte o mesmo efeito. As caricaturas que os proponentes das várias opiniões pintam dos conceitos de seus oponentes usualmente não têm base na realidade.Alguns da persuasão wesleyana-arminiana insistem acreditarem os calvinistas que, uma vez salvos, podem cometer os pecados que quiserem, tantas vezes quantas quiserem, e ainda continuarem salvos como se acreditassem que a obra santificadora do Espírito e da Palavra não os afeta. Por outro lado, calvinistas insistem que os wesleyanos-arminianos acreditam que qualquer pecado cometido compromete a salvação, de modo que "caem dentro e fora" da salvação cada vez que pecam como se acreditassem que o amor, paciência e graça de Deus são tão frágeis que rompem à mínima pressão. Qualquer pessoa bíblica e teologicamente alerta reconhecerá a mentira em cada uma dessas caricaturas. A presença de extremos tem levado a generalizações lastimáveis.
Naturalmente, é
impossível aceitar como igualmente verdadeiras as posições calvinista e
wesleyana, mas a Católica sim!
Ou a Bíblia oferece à pessoa verdadeiramente salva a garantia de que, por mais longe que se afaste da prática do cristianismo bíblico, não se apartará definitivamente da fé, ou essa garantia não existe. Ambas as posições não podem ser verdadeiras. Mas é possível buscar uma orientação bíblica mais equilibrada. Biblicamente, perseverança não significa que todo aquele que professar a fé em Cristo e se tornar parte de uma comunidade de crentes tem a segurança eterna. Em 1 João 2.18,19, lemos que o surto de "anticristos" demonstra que "é já a última hora. Saíram de nós, mas não eram de nós; porque, se fossem de nós, ficariam conosco; mas isto é para que se manifestasse que não são todos de nós". Este é um dos textos prediletos dos calvinistas, para apoiar o argumento de que os que "saem" da fé a ponto de se perderem eram apenas crentes nominais. Alguns argumentam que Simão, o mago (At 8.9-24), é um exemplo de semelhante pessoa. Os não-calvinistas não prestam nenhum serviço à sua posição teológica quando procuram diminuir o impacto dessas declarações.Nem todas as pessoas em nossas igrejas e nem todos os que oferecem evidências exteriores de fé são crentes de verdade. Jesus disse a alguns que reivindicavam possuir poderes espirituais extraordinários (e Ele não negava o fato) nunca os haver conhecido (Mt 7.21-23). Declarações desse tipo não visam aterrorizar o coração do crente genuíno e sincero, mas advertir aqueles que dependem de realizações exteriores para ter a certeza da salvação. De acordo com as Escrituras, a perseverança refere-se à operação contínua do Espírito Santo, mediante a qual a obra que Deus começou em nosso coração será levada a bom termo (Fp 1.6). Parece que ninguém, seja qual for a sua orientação teológica, é capaz de levantar objeções a semelhante declaração. E gostaríamos que o assunto pudesse ser deixado como está. Porém, tendo em vista a necessidade da exegese bíblica com integridade, tal desejo revela-se impossível.
O que diz a Bíblia,
especificamente, a esse respeito?
Há relevante apoio, no Novo Testamento, à posição Católica. Jesus não perderá nada de tudo quanto Deus lhe deu (Jo 6.38-40). As ovelhas jamais perecerão (10.27-30). Deus sempre atende as orações de Jesus (11.42), e Ele orou ao Pai que guardasse e protegesse os seus seguidores (17.11). Somos conservados por Cristo (1 Jo 5.18). O Espírito Santo em nós é o selo e a garantia da nossa redenção futura (2 Co 1.22; 5.5; Ef 1.14). Deus guardará o que confiarmos a Ele (2 Tm 1.12). Ele é poderoso para salvar em todo o tempo aqueles que nEle crêem (Hb 7.24,25). O seu poder nos guarda (1 Pe 1.5). Deus em nós é maior do que qualquer coisa fora de nós (1 Jo 4.4). Que garantias grandiosas! Nenhum crente pode (nem deve) viver sem elas. E, se fosse apenas isto que o Novo Testamento tivesse a dizer, a posição do calvinismo estaria segura e inabalável. Muitos protestantes aceitam sem hesitação a relevância e garantias dos textos supra. Não é possível apenas a apostasia formal, mas também a real (Hb 6.4-6; 10.26-31). A palavra grega apostasia ("apostasia", "rebelião") provém de aphistêmi ("partir", "ir embora") e transmite o conceito de modificar a posição em que a pessoa está de pé. Algumas correntes protestantes dizem que Jesus em Jo 10.28, está nos dizendo o que vai acontecer: as suas ovelhas não perecerão. Então, deduzem que a Bíblia está a nos dizer que poderíamos apostatar, porém, mediante a graça de Cristo para nos conservar, isso não nos acontecerá(posição muito próxima a de Santa Teresinha do menino Jesus em sua obra “a pequena via”).Prosseguindo nesse raciocínio, citemos a advertência de Jesus:
"O amor de muitos se esfriará. Mas aquele que perseverar até ao fim
será salvo" (Mt 24,12-13).
Ele diz também, que olhar para trás nos torna indignos do Reino (Lc 9.62) e adverte: "Lembrai-vos da mulher de Ló" (Lc 17.32).Jesus diz ainda que, se a pessoa não permanecer nEle, será cortada (jo 15.6; cf. Rm 11.17-21; 1Co 9.27).Paulo diz que podemos ser alienados de Cristo e cair da graça (Gl 5.4); que alguns naufragaram na fé (1Tm 4.1); que alguns abandonarão (gr. aphistêmi) a fé (1Tm 4.1); e que "se o negarmos, também Ele nos negará" (2Tm 2.12). Pedro menciona aqueles que "depois de terem escapado das corrupções do mundo, pelo conhecimento do Senhor e Salvador Jesus Cristo, foram outra vez envolvidos nelas e vencidos, tornou-se-lhes o último estado pior do que o primeiro. Porque melhor lhes fora não conhecerem o caminho da justiça do que, conhecendo-o, desviaram-se do santo mandamento que lhes fora dado. Deste modo, sobreveio-lhes o que por um verdadeiro provérbio se diz: O cão voltou ao seu próprio vômito; a porca lavada, ao espojadouro de lama" (2Pe 2.20-22).João diz que a vida eterna não é possessão do crente, independente de ele ter a Cristo (I Jo 5.11,12). O Pai "deu também ao Filho ter a vida em si mesmo" no mesmo sentido em que o Pai tem vida por seu próprio direito e natureza (Jo 5.26). A nós não foi concedido este direito. A vida eterna é a vida de Cristo em nós, e nós a possuímos somente à medida que estamos "em Cristo". Alguns protestantes dizem que essas advertências são essencialmente hipotéticas para os crentes verdadeiros, e empregam várias ilustrações. Uma refere-se a pais que temem que seus filhos saiam correndo para a rua e sejam atropelados por um automóvel. Eles têm duas opções:
a)-Construir um muro alto que impossibilite a saída de dentro do quintal
(mas isto restringiria a liberdade da criança).
b)-Ou podem advertir a criança contra o perigo de sair correndo para a
rua (neste caso, a criança poderia fazer isso, mas não o fará).
Outra ilustração proposta: Vamos imaginar que estamos dirigindo nosso
carro pela estrada, à noite. Em diferentes trechos, passamos por sinais de
advertência, tipo Cuidado: "Curva perigosa a
frente", "Ponte frágil", "Riscos de Deslizamento!",
"Estrada estreita e sinuosa!", "Obras na estrada!". E
nenhum desses perigos acabou de fato acontecendo. Iremos pensar que foi
uma brincadeira de mau gosto, ou algum louco colocou aqueles sinais. De que
maneira seriam consideradas advertências, se não correspondessem à realidade?
O SACRAMENTO DO BATISMO NO MAGISTÉRIO CATÓLICO
Batismo sacramento da fé
§ 1236 O anúncio da
Palavra de Deus ilumina com a verdade revelada os candidatos e a assembléia, e suscita a resposta da fé, inseparável do
Batismo. Com efeito, o Batismo é de maneira especial "o sacramento
da fé", uma vez que é a entrada sacramental na vida de fé.
§ 1253 O batismo é o
sacramento da fé. Mas a fé tem necessidade da comunidade dos crentes. Cada um
dos fiéis só pode crer dentro da fé da Igreja. A fé que se
requer para o Batismo não é uma fé perfeita e madura, mas um começo, que deve
desenvolver-se. Ao catecúmeno ou a seu padrinho é feita a pergunta:
"Que pedis à Igreja de Deus?". E ele responde: "A fé!".
Caminhos para
receber a justificação
§1446 O SACRAMENTO DO PERDÃO Cristo instituiu o
sacramento da Penitência para todos os membros pecadores de sua Igreja, antes de tudo para aqueles que, depois do
Batismo, cometeram pecado grave e com isso perderam a graça batismal e feriram
a comunhão eclesial. E a eles que o sacramento da Penitência oferece
uma nova possibilidade de converter-se e de recobrar a graça da justificação.
Os Padres da Igreja apresentam este sacramento como "a segunda tábua (de
salvação) depois do naufrágio que é a perda da graça.
§1996 A graça Nossa justificação vem da graça de Deus. A graça é favor, o
socorro gratuito que Deus nos dá para responder a seu convite: tomar-nos filhos
de Deus, filhos adotivos participantes da natureza divina, da Vida
Eterna.
§2001 A preparação do homem para acolher a graça é já uma obra da graça. Esta
é necessária para suscitar e manter nossa colaboração na justificação pela fé e
na santificação pela caridade. Deus acaba em nós aquilo que Ele mesmo
começou,
"pois começa, com sua intervenção, fazendo com que nós queiramos e acaba
cooperando com as moções de nossa vontade já convertida": Sem dúvida,
operamos também nós, mas o fazemos cooperando com Deus, que opera
predispondo-nos com a sua misericórdia. E o faz para nos curar,
e nos acompanhará para que, quando já curados, sejamos vivificados;
predispõe-nos para que sejamos chamados e acompanha-nos para que sejamos
glorificados; predispõe-nos para que vivamos segundo a piedade e segue-nos para
que, com Ele, vivamos para todo o sempre, pois sem Ele nada podemos fazer.
A Conversão precede
a justificação
§1989 A primeira obra da graça do Espírito
Santo é a conversão que opera a justificação segundo o anúncio de Jesus no
princípio do Evangelho: "Arrependei-vos (convertei-vos), porque está próximo o
Reino dos Céus" (Mt 4,17). Sob
a moção da graça, o homem se volta para Deus e se aparta do pecado, acolhendo,
assim, o perdão e a justiça do alto. "A
justificação comporta a remissão dos pecados, a santificação e a renovação do
homem interior."
Definição e
significação da justificação
§1987 GRAÇA E
JUSTIFICAÇÃO A justificação A graça do Espírito Santo tem o poder de nos
justificar, isto é, purificar-nos de nossos pecados e comunicar-nos "a
justiça de Deus pela fé em Jesus Cristo" e pelo batismo. Mas,
se morremos com Cristo, temos fé de que também viveremos com Ele, sabendo que
Cristo, uma vez ressuscitado dentre os mortos, já não morre, a morte não tem
mais domínio sobre Ele. Porque, morrendo, Ele morreu para o pecado uma vez por
todas; vivendo, Ele vive para Deus. Assim
também vós considerai-vos mortos para o pecado e vivos para Deus em Cristo
Jesus (Rm 6,8-11).
§1991 A justificação é, ao mesmo tempo, o acolhimento da justiça de Deus
pela fé em Jesus Cristo. A justiça designa aqui a retidão do amor divino.
Com a justificação, a fé, a esperança e a caridade se derramam em nossos
corações e
é-nos concedida a obediência à vontade divina.
§1992 A justificação nos foi merecida pela paixão de Cristo, que se ofereceu
na cruz como hóstia viva, santa e agradável a Deus, e cujo sangue se tornou
instrumento de propiciação pelos pecados de toda a humanidade. A justificação é
concedida pelo Batismo, sacramento da fé. Toma-nos conformes à justiça de Deus,
que nos faz interiormente justos pelo poder de sua misericórdia. Tem como alvo
a glória de Deus e de Cristo, e o dom da vida eterna:
Agora, porém, independentemente da lei, se
manifestou a justiça de Deus, testemunhada pela lei e pelos profetas, justiça
de Deus que opera pela fé em Jesus Cristo, em favor de todos os que crêem
pois não há diferença, sendo que todos pecaram e todos estão privados da glória
de Deus e são justificados gratuitamente, por sua graça, em virtude da redenção
realizada em Cristo Jesus. Deus o expôs como instrumento de propiciação,
por seu próprio sangue, mediante a fé. Ele queria assim manifestar sua justiça,
pelo fato de ter deixado sem punição os pecados de outrora, no tempo da
paciência de Deus; ele queria manifestar sua justiça no tempo presente, para mostrar-se justo e para justificar aquele que tem fé em
Jesus (Rm 3,21-26).
Efeitos da
justificação
§1266 A Santíssima Trindade dá ao batizado a graça santificante, a graça da
justificação, a qual:
* torna-o capaz de
crer em Deus, de esperar nele e de amá-lo por meio das virtudes teologais;
* concede-lhe o poder
de viver e agir sob a moção do Espírito Santo por seus dons;
* permite-lhe crescer
no bem pelas virtudes morais.
Assim, todo o organismo da vida sobrenatural do
cristão tem sua raiz no santo Batismo.
§1990 A justificação aparta o homem do pecado, que contradiz o amor de Deus, e
lhe purifica o coração. A justificação ocorre graças à iniciativa da misericórdia de
Deus, que oferece o perdão. A
justificação reconcilia o homem com Deus; liberta-o da servidão do pecado e o
cura.
Justificação obra
mais excelente do amor de Deus
§1994 A justificação é a obra mais excelente do amor de Deus, manifestado em
Cristo Jesus e concedido pelo Espírito Santo. Sto. Agostinho pensa que "a
justificação do ímpio é uma obra maior que a criação dos céus e da terra",
pois "os céus e a terra passarão, ao passo que a salvação e a justificação
dos eleitos permanecerão para sempre". Pensa até que a justificação dos
pecadores é uma obra maior que a criação dos anjos na justiça, pelo fato de
testemunhar uma misericórdia maior.
Perdão e justiça que
vêm do alto - aspectos da justificação
§2018 A justificação, como a conversão, apresenta duas faces. Sob a moção da graça, o homem se volta para
Deus e se afasta do pecado, acolhendo, assim, o perdão e a justiça que
vêm do alto.
Razão de justificar
os homens
§402 CONSEQÜÊNCIAS DO PECADO DE ADÃO PARA A HUMANIDADE Todos os homens estão
implicados no pecado de Adão. São Paulo
o afirma: "Pela desobediência de um só homem, todos se tornaram
pecadores" (Rm 5,19). "Como por meio de um só homem o pecado entrou
no mundo e, pelo pecado, a morte, assim a morte passou para todos os homens,
porque todos pecaram..." (Rm 5,12). A universalidade do pecado e
da morte o Apóstolo opõe a universalidade da salvação em Cristo: "Assim como da falta de um só resultou
a condenação de todos os homens, do mesmo modo, da obra de justiça de um só (a
de Cristo), resultou para todos os homens justificação que traz a vida"
(Rm 5,18).
§617 "Sua sanctissima passione in ligno crucis nobis iustificationem
meruit - Por
sua santíssima Paixão no madeiro da cruz mereceu-nos a justificação",
ensina o Concílio de Trento, sublinhando o caráter único do sacrifício de
Cristo como "princípio de salvação eterna". E a Igreja
venera a Cruz, cantando: crux, ave, spes única - Salve, ó Cruz, única
esperança".
§654 Há um duplo aspecto no Mistério Pascal: por sua morte Jesus nos liberta do pecado, por
sua Ressurreição Ele nos abre as portas de uma nova vida. Esta é primeiramente a justificação que nos restitui
a graça de Deus, "a fim de que, como Cristo foi ressuscitado dentre os
mortos pela glória do Pai, assim também nós vivamos vida nova" (Rm 6,4).
Esta consiste na vitória sobre a morte do pecado e na nova participação na
graça". Ela
realiza a adoção filial, pois os homens se tornam irmãos de Cristo, como o
próprio Jesus chama seus discípulos após a Ressurreição: "Ide anunciar a
meus irmãos" (Mt 28,10). Irmãos não por natureza mas por
dom da graça, visto que esta filiação adotiva proporciona uma participação real
na vida do Filho Único, que se revelou plenamente em sua Ressurreição.
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