Por: *Jonatan Rocha
do Nascimento
Tradução própria de um texto curto e interessante sobre as meias
verdades que vivem a se espalhar por aí, especialmente na internet. Este artigo
visa começar a tratar das coisas que dizem que foram ditas por São Francisco,
mas que, para o desagrado de muitos, são inverossímeis.
Cristãos usam muitas
citações. Os sacerdotes usam-nas em seus sermões constantemente. Escritores
ilustram seus pontos de vista com elas. Nada de errado com isso! Eles são
bastante úteis e encorajadores em fazer um apontamento. Salvo quando a
citação não tem base na realidade.Nós, como amante do Evangelho, afirmando que
somos comprometidos com a verdade, somos certamente bons em espalhar falsidade,
mesmo que involuntariamente. Nós podemos fazer melhor!No último domingo, nosso
fiel diácono no meio de sua excelente homilia usou uma citação que a maioria de
nós ouviu, pelo menos algumas vezes:
“Pregue o Evangelho todo o tempo. Se necessário, use palavras.”
Atribuída a São
Francisco de Assis, fundador da Ordem Franciscana, é intenção dessa frase dizer
que proclamar o Evangelho pelo exemplo é mais virtuoso que realmente proclamar
com a voz. É uma citação que costuma me irritar porque
parece criar uma dicotomia inútil entre discurso e ação. Além disso, o
espírito por trás de tal questão pode ser um pouco arrogante, o que estou certo
que nosso diácono não pretendia ser, sugerindo que aqueles que “praticam o
Evangelho” são na realidade mais fiéis do que aqueles que pregam.
Mas, aqui está um
fato: Nosso bom São Francisco nunca disse isso!
Nenhum de seus
discípulos ou biógrafos tem tais palavras citáveis tiradas de sua boca. Isso
não é demonstrado em qualquer de seus escritos. Nem de perto, realmente. As
mais próximas disso vem de sua Regra de 1221 sobre como os Franciscanos
deveriam praticar sua pregação:
“Nenhum irmão pregue contra a forma e as diretrizes da santa Igreja e se
não lhe tiver sido concedido pelo seu ministro[…] Contudo, todos os irmãos preguem
com as obras.” (Fontes, RnB XVII, 1.3)
Essencialmente, faz
sentido que suas obras estejam ligadas às palavras. Embora haja um belo e bom
sentimento na sentença, esteja certo de viver/testemunhar a graça e a verdade
do Evangelho, a noção tal qual é tipicamente apresentada não é prática, nem
mesmo fiel ao Evangelho de Cristo. Não se coaduna com a própria prática de São
Francisco.
Seu primeiro biógrafo, Tomás de Celano, escrevendo três anos após a
morte de Francisco, cita-o instruindo seus irmãos, portanto:
“O pregador deve haurir nas orações secretas aquilo que depois vai
difundir em palavras sagradas; deve antes aquecer-se por dentro para não
proferir palavras frias.” (Fontes, 2Cel CXXII, 3)
Nosso homem
claramente gastou grande parte do tempo usando suas palavras quando pregava!
“Algumas vezes pregava a partir de um fardo de palha ou uma porta de
celeiro. Na cidade, ele subia em caixas ou até escadarias de um edifício
público. Ele pregou a quaisquer que se reunissem para
ouvir o estranho, mas, inflamado, pequeno pregador de Assis.Ele era às
vezes tão animado e apaixonado em sua entrega que “seus pés se moviam como se
estivesse dançando.”
Duane Liftin,
presidente emérito da Faculdade de Wheaton, recentemente discursou sobre o
problema com a dicotomia pregação/prática num importante artigo. Da pregação do
Evangelho pelas obras, ele explana:
“É simplesmente impossível pregar o Evangelho sem palavras. O Evangelho
é inerentemente verbal, e a pregação do Evangelho é um comportamento
inerentemente verbal.”
E sobre a proclamação
de “feitos” do Evangelho também não é bíblica. Paulo pergunta à Igreja de Roma
(Rm 10, 14):
“Porém, como invocarão aquele em quem não têm fé? E como crerão naquele de quem não ouviram falar? E
como ouvirão falar, se não houver quem pregue?...”
CONCLUSÃO
Então da próxima vez
que você ouvir de algum de seus irmãos e irmãs em Cristo, use essa
citação bíblica para encorajá-lo ou desafiá-lo a trabalhar por nossa fé, gentilmente
guiando-os da terra da desinformação e fazendo-os crer na verdade.
*Jonatan Rocha do
Nascimento - Estudante
de Teologia. Licenciado em Filosofia. Seminarista. Bacharel em Direito.
Fonte:https://jonatanrn.medium.com/coisas-que-s%C3%A3o-francisco-n%C3%A3o-disse-parte-1-aca7196382c5
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