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Qual o conceito mais Cristãmente adequado? "Mãe Terra" ou "Casa Comum"?

Written By Beraká - o blog da família on quinta-feira, 1 de outubro de 2020 | 00:57

 


 

Para entendermos o “conjunto da obra” é necessário ver os três lados da moeda:

 

 

Perspectiva não-cristã

 



Por *Raymond Leo Cardeal Burke



 

A arqueologia pré-histórica, como por exemplo no sítio de Çatalhüyük e a mitologia pagã, registram esta origem do culto à deusa mãe e do ocre vermelho. As mais recentes descobertas de uma religião humana remontam, inicialmente, ao culto aos mortos (300 000 a.C.) e ao intenso culto da cor vermelha ou ocre associado ao sangue menstrual e ao poder de dar a vida. Na mitologia grega, a chamada mãe de todos os deuses, a deusa Reia (ou Cibele, entre os romanos), exprime este culto na própria etimologia: reia significa terra ou fluxo. O acadêmico Joseph Campbell argumenta que Adão—do hebraico אדם relacionado tanto a adamá ou solo vermelho ou do barro vermelho, quanto a adom ou vermelho, e dam, sangue— foi criado a partir do barro vermelho ou argila. A identidade da religião com a Mãe Terra, a fertilidade, a origem da vida e da manutenção da mesma com a mulher, seria, segundo Campbell, retratada também na Bíblia: “...a santidade da terra, em si, porque ela é o corpo da deusa. Ao criar, Javé cria o homem a partir da terra [da deusa], do barro, e sopra vida no corpo já formado. Ele próprio não está ali, presente, nessa forma. Mas a deusa está ali dentro, assim como continua aqui fora. O corpo de cada um é feito do corpo dela. Nessas mitologias dá se o reconhecimento dessa espécie de identidade universal.”

 

 


Da deusa terra ao Deus de toda criação

 

 

Diversos autores modernos analisam a história da criação do livro do Gênesis sob uma perspectiva não-cristã, a qual seria definir a Bíblia como uma narrativa alegórica sobre a divindade hebraica Yavé suplantando a deusa mãe, representada pela árvore da vida, e a religião hebraica suplantando este culto. Argumenta-se que a passagem do Gênesis sobre a origem do pecado, em que o conhecimento proibido relaciona-se a sexo, sexualidade, e reprodução, especialmente o conhecimento de que os homens participam da reprodução e que a história descreve o processo pelo qual sociedades matriarcais tradicionais foram substituídas por sociedades patriarcais. Diversos autores discutem sobre várias religiões do Oriente Próximo, muitas das quais representavam a deusa mãe por uma serpente e outras por uma simbologia de comunhão realizada pelo ato de comer uma fruta de uma árvore que crescesse perto do altar dedicado à deusa. Estas deusas, nestas mitologia a primeira e única deusa Criadora, também representava o conhecimento, a criatividade humana, sexo, sexualidade, reprodução, novos ciclos e/ou Destino.

 

 


Gênesis e Enuma Elish

 

 

São várias as similaridades entre a história da criação no Enuma Elish e a história da criação no Livro do Gênesis. O Gênesis descreve seis dias de criação, seguido de um dia de descanso, enquanto que o Enuma Elish descreve a criação de seis deuses e um dia de descanso. Em ambos a criação é feita pela mesma ordem, começando na Luz e acabando no Homem. A deusa Tiamat é comparável ao Oceano no Gênesis, sendo que a palavra hebraica para oceano tem a mesma raiz etimológica que Tiamat.

 

 

Conceito de deusa mãe na Wicca

 

 

Na religião Wicca acredita-se em uma força superior, a Grande Divindade, de onde tudo veio. Essa força superior é adorada sob a forma de duas divindades básicas: a Grande Mãe e o Deus Cornífero. Esse Casal Divino representa todos os demais deuses das diversas mitologias adotadas pelos wiccanos. Como algumas tradições wiccanas seguem uma infinidade de deusas e deuses, a crença pagã é que todas essas deusas e todos esses deuses são aspectos diferentes da grande deusa e do grande deus. Daí o ditado da Wicca que diz que "Todas as deusas são uma deusa e todos os deuses são um deus" (Dualidade cósmica). A deusa-mãe é a geratriz de todo o universo e de tudo o que ele contém, daí a frase: Tudo vem da deusa e tudo para ela retorna. Uma consequência do culto à deusa mãe na Wicca é a super-valorização da natureza, justificada pela sua ligação à Terra, na forma de Gaia. Além da Terra, outro símbolo muito importante da deusa é a Lua, onde se manifesta de três maneiras, na forma de deusa tríplice, sendo a Lua cheia associada ao seu aspecto de deusa mãe. Uma questão que muitas vezes se levanta na Wicca é se a deusa é mais importante do que o deus. A deusa e o deus são de igual importância na Wicca. Embora pareça haver mais enfoque à deusa, as duas divindades básicas da Wicca são complementares. Não há hierarquia entre elas.

 

 

Gaia: a Mãe Terra (?)

 

 






Na mitologia grega, Gaia, Géia ou Gê é a personificação da Terra como deusa. Esta é também a razão pela qual as diversas ciências relacionadas com o estudo do planeta utilizam o prefixo ge. No mundo moderno, Gaia inspirou, entre outras, uma hipótese ecológica para a sustentabilidade do planeta, olhando-o como um simples organismo. Vem nisto o propósito do Dia da Terra, proposto em 1970 pelo senador norte-americano Gaylord Nelson, e celebrado em mais de 175 países, este dia foi instituído para levar o Homem a uma reflexão profunda sobre o planeta que habitamos. Têm sido muitos e variados os desafios que a Terra nos tem imposto que podem - e devem - ser olhados como oportunidades para uma profunda reflexão. As movimentações das placas tectónicas originaram sismos em diferentes regiões do globo de repercussões incalculáveis; o vulcão adormecido e esquecido teimou em mostrar que está activo, as trombas-d"água, ciclones, tornados, chuvas torrenciais varreram e levaram construções precárias, algumas, outras exemplos de engenharia. Todos estes fenómenos podem mostrar-nos que o Homem, embora sendo uma espécie pensante, inteligente, inovadora e criativa, dominante e tecnologicamente poderosa, nada é perante os mecanismos naturais de auto-regulação do planeta. E é esta relação de forças Homem/planeta que muitas vezes esquecemos, imbuídos apenas na autocentralidade e superioridade, e orgulhosos da capacidade tecnológica que usamos e abusamos sem refletir, sem parar como Deus fez ao sétimo dia para contemplar a criação.O planeta Terra formou-se há 4600 milhões de anos, a vida surgiu há 3.800 milhões de anos e o género Homo apareceu há cerca de 2 milhões de anos. Foi necessário tempo para criar a complexidade de "ecossistemas" para permitir o aparecimento de formas de vida complexas e diversas.Atualmente, a noção de tempo é outra. Parece que nunca há tempo. O progresso é medido pela velocidade de produção, de retornos económicos e costuma dizer-se que quanto melhor e mais rápido soubermos usar os recursos maior o progresso, maior o lucro. Estes conceitos tecnológicos e económicos que têm "guiado" a ação temporal do homem são precisamente o contrário do tempo geológico.Quanto mais rapidamente consumirmos as reservas naturais e a energia disponível, menos tempo deixamos à nossa sobrevivência. Esta é outra reflexão que este dia nos convida a fazer.A partir da invenção da agricultura e da Revolução Industrial, o papel do Homem no planeta tem deixado marcas cada vez mais relevantes, algumas irreversíveis e de consequências imprevisíveis. 









Não adianta negar o evidente: a ânsia de desenvolvimento económico e a pressa em alcançar resultados levam-nos a explorar e a usar os recursos que levaram milhares de anos a formar-se. É uma verdadeira globalização com fins puramente economicistas que agravam a escassez dos recursos e a disparidade entre países. Nem os Objetivos do Milénio ou as Estratégias Globais de Conservação têm permitido a maior racionalização de exploração e solidariedade entre povos.

   



O significado de PachaMama

 




 


 




Mãe Terra e deidade máxima, a PachaMama está presente nas culturas dos Andes, Bolivianos e Peruanos situados ao noroeste argentino e, também, no extremo norte do Chile; como herança da civilização Inca. Nesta crença, PachaMama está presente em meio aos homens não somente através do solo ou da terra como geologia, mas em toda a totalidade que a terra pode representar; provendo a vida, o sustento, a assistência e tudo o que for necessário para manter o mundo em harmonia. Além de sua representação como a divindade ligada à terra e fertilidade da mesma, PachaMama representa o sentido da vida, o nascimento, a maternidade e a proteção da Terra e de seus filhos que nela habitam. Outra explicação também muita difundida cerca o termo de origem quéchua, que deu nome à divindade, onde mama refere-se à figura da maternidade e pacha abrange conceitos como o tempo e o espaço, a terra, o divino e o sagrado. Sua representação visual pelos incas também deixa clara sua serenidade e devoção pelo povo que visa proteger. A imagem de PachaMama é descrita como simétrica onde a divindade sorri enquanto dá a luz a um bebê também cercado pela felicidade.Generosa e protetora, PachaMama também pode se enfurecer ao ser ofendida, ao lhe faltarem com oferendas ou diante de agressões proferidas aos seus filhos. Nestes casos, pune provocando doenças e catástrofes. Mesmo após a destruição do império Inca pelos espanhóis no século XVI, as representações de Pachamama continuam a permear, preservadas, pela cultura presente nos Andes. Deste modo, presente na religião, arte e vida cotidiana, no primeiro dia do mês de agosto é comemorada a devoção à divindade PachaMama. Nesta data, os povos que a tem como parte intrínseca da cultura enterram panelas de barro com comida cozida em locais próximos às suas casas. Além deste item, são também adicionadas coca, yicta, álcool, vinho, cigarros e chicha, a fim de alimenta-la.

 



CONTRADIÇÕES E MÁS INTERPRETAÇÕES DOUTRINÁRIAS

 

 







Vários prelados e comentaristas leigos, bem como instituições leigas, têm advertido que os autores da Instrumentum Laboris, emitido pelo Secretariado do Sínodo dos Bispos, que serviu de base para a discussão na Assembleia Especial do Sínodo dos Bispos para a Região Pan-Amazônica, inseriu erros teológicos sérios e muitas heresias no documento.É nosso dever como Cristãos esclarecidos tornar os fiéis cientes de alguns dos principais erros que estão sendo espalhados através da Instrumentum Laboris. A título de premissa, deve ser observado que o documento é longo e é marcado por uma linguagem que não é clara em seu significado, especialmente no que diz respeito ao depósito da fé (depositum fidei). Entre os principais erros, nós especialmente destacamos os seguintes:

 




1)-Panteísmo implícito

 




O Instrumentum Laboris promoveu uma socialização pagã da "Mãe Terra", baseada em uma cosmologia das tribos amazônicas que é implicitamente panteísta:

 

 

- Comunidades aborígenes descobrem como todas as partes são “dimensões que existem constitutivamente em relação, formando um todo vital” (no 21) e portanto “em comunhão com a natureza como um todo” (no 18) e “em diálogo com os espíritos.[39]

 

 

- Suas vidas e “bem viver” são caracterizados pela “harmonia consigo mesmo, com a natureza, com os seres humanos e com o Ser supremo“ e as “diferentes forças espirituais” (no 12 & 13);“tudo está interligado” (no 25 e LS, 16, 91, 117, 138 e 240)

 

 

- As crenças e ritos dos “velhos curandeiros” (no 88 & 89) com relação a atuação da “divindade chamada de inúmeras maneiras” com e em relação à natureza (n 25), “criam harmonia e equilíbrio entre os seres humanos e o cosmos” (no 97)

 

 

- Portanto nós devemos ouvir o clamor (no 146), parar a exterminação (no 17) e viver uma cultura do cuidado e da saúde em harmonia com a “Mãe Terra” (no 85)

 



O Magistério da Igreja rejeita tal implícito panteísmo como incompatíveis com a Fé Católica:

 

 







"O calor da Mãe Terra, cuja divindade permeia toda a criação, é realizada para preencher a lacuna entre a criação e o transcendente Deus-Pai do Judaísmo e do Cristianismo, e remover a perspectiva de ser julgado por tal Ser. Em tal visão de um universo fechado que contém "Deus" e outros seres espirituais, juntamente com nós mesmos, reconhecemos aqui um panteísmo implícito" (Pontifício Conselho para a Cultura e do Conselho Pontifício para o Diálogo Inter-religioso," Jesus Cristo. O portador da Água da Vida: Uma reflexão Cristã sobre a “Nova Era", 2.3.1).

 

 

 

Na seguinte afirmação o Magistério da Igreja rejeita o panteísmo e o relativismo, ensinando:

 

 

 





"Eles tendem a relativizar a doutrina religiosa em favor de uma visão de mundo vaga expressa como um sistema de mitos e símbolos vestidos de linguagem religiosa. Além disso, eles muitas vezes propõem um conceito panteísta de Deus que é incompatível com a Sagrada Escritura e as Tradições Cristãs. Eles substituem a responsabilidade pessoal para com Deus de nossas ações com um sentido de dever para com o cosmos, derrubando, assim, o verdadeiro conceito de pecado e da necessidade de redenção através de Cristo". (João Paulo II, Locução aos Bispos dos Estados Unidos de Iowa, Kansas, Missouri e Nebraska em Visita "Ad limina”, 28 de Maio de 1993).

 






2)-Superstições pagãs como caminhos alternativos de revelação divina para a salvação

 

 

O Instrumentum Laboris baseou-se em sua implícita concepção panteísta em um conceito errôneo da Revelação divina, afirmando, basicamente, que Deus continua a se comunicar na história através da autoconsciência dos povos e os clamores da natureza. De acordo com este ponto de vista, as superstições pagãs das tribos amazônicas são uma expressão da revelação divina, merecendo uma atitude de diálogo e aceitação por parte da Igreja:

 

 

- A Amazônia é um “lugar teológico” a partir do qual se vive a fé “ou a experiência de Deus na história”; é uma “peculiar fonte de revelação de Deus: lugares epifânicos onde manifestam-se as “carícias de Deus” que se “encarna na história” (no 19 e LS, 84)

 

 

- A Igreja deve “descobrir a presença encarnada e ativa de Deus” na “espiritualidade dos povos originários” (no 33), reconhecendo neles “outros caminhos” (no 39), uma vez que o Espírito Criador “alimentou a espiritualidade destes povos ao longo dos séculos, ainda antes do anúncio do Evangelho” (no 120) ensinando-os “a fé no Deus Pai-Mãe Criador” e “o sentido de comunhão e a harmonia com a Mãe-Terra” assim como “com os antepassados” (no 121)

 

 

- Através do diálogo, a Igreja deve evitar impor “doutrinas petrificadas” (no 38), “formulações de fé expressas a partir de outros pontos de referência culturais” (no 120), e uma “atitude corporativista, que reserva a salvação exclusivamente ao próprio credo”(no 39); ao fazer isso a Igreja estará caminhando “em busca de sua identidade rumo à unidade no Espírito Santo” (no 40)

 

 

 

O Magistério da Igreja rejeita a relativização da singularidade da revelação de Deus contida na Sagrada Escritura e da Sagrada Tradição, ensinando:

 

 

 

“A Igreja venerou sempre as divinas Escrituras como venera o próprio Corpo do Senhor, não deixando jamais, sobretudo na sagrada Liturgia, de tomar e distribuir aos fiéis o pão da vida, quer da mesa da palavra de Deus quer da do Corpo de Cristo. Sempre as considerou, e continua a considerar, juntamente com a sagrada Tradição, como regra suprema da sua fé; elas, com efeito, inspiradas como são por Deus, e exaradas por escrito duma vez para sempre, continuam a dar-nos imutavelmente a palavra do próprio Deus, e fazem ouvir a voz do Espírito Santo através das palavras dos profetas e dos Apóstolos. É preciso, pois, que toda a pregação eclesiástica, assim como a própria religião cristã, seja alimentada e regida pela Sagrada Escritura” (Concílio Vaticano II, Constituição Dogmática Dei Verbum, no 21)

 

 

 

O ensinamento da Igreja afirma que há um único Salvador, Jesus Cristo, e a Igreja é Seu único Corpo Místico e Esposa:

 

 

“Em relação com a unicidade e universalidade da mediação salvífica de Jesus Cristo, deve crer-se firmemente como verdade de fé católica a unicidade da Igreja por Ele fundada. Como existe um só Cristo, também existe um só seu Corpo e uma só sua Esposa: « uma só Igreja católica e apostólica ». Por outro lado, as promessas do Senhor de nunca abandonar a sua Igreja (cf. Mt 16,18; 28,20) e de guiá-la com o seu Espírito (cf. Jo 16,13) comportam que, segundo a fé católica, a unicidade e unidade, bem como tudo o que concerne a integridade da Igreja, jamais virão a faltar”. (Declaração "Dominus Iesus" sobre a Unicidade e a Universalidade Salvífica de Jesus Cristo e da Igreja, no 16)

 

 

 

3)-Diálogo sincretista ao invés da Evangelização no anúncio Cristo: Caminho, verdade e vida!

 

 

 

O Instrumentum Laboris continha a teoria errônea de que os aborígenes já receberam a revelação divina, e que a Igreja Católica na Amazônia deve se submeter a uma "conversão missionária e pastoral", em vez de introduzir a doutrina e a prática da verdade e bondade universais. A Instrumentum Laboris diz que a Igreja também deve enriquecer-se com os símbolos e ritos dos povos indígenas:

 

 

- Uma Igreja “em saída” evita o risco de “propor uma solução que tenha um valor universal” ou a aplicação de “uma doutrina monolítica defendida sem nuances por todos” (nº 110) e favorece a interculturalidade, ou seja, “um mútuo enriquecimento das culturas em diálogo”, porque “os sujeitos ativos da inculturação são os próprios povos indígenas” (no 122);

 

 

- Além disso, a Igreja reconhece “a espiritualidade indígena como fonte de riqueza para a experiência cristã” e realiza “uma catequese que assuma a linguagem e o sentido das narrações das culturas indígena e afrodescendente” (no 123);

 

 

- Compartilhando mutuamente suas “suas experiências de Deus”, os crentes tornam “suas diferenças um estímulo para crescer e aprofundar sua própria fé” (no 136).

 

 

 

O Magistério da Igreja rejeita a ideia de que a atividade missionária é meramente enriquecimento intercultural, ensinando:

 

 

 

“O nome de «missões» dá-se geralmente àquelas atividades características com que os pregoeiros do Evangelho, indo pelo mundo inteiro enviados pela Igreja, realizam o encargo de pregar o Evangelho e de implantar a mesma Igreja entre os povos ou grupos que ainda não creem em Cristo.(...) O fim próprio desta atividade missionária é a evangelização e a implantação da Igreja nos povos ou grupos em que ainda não está radicada. (…) O meio principal desta implantação é a pregação do Evangelho de Jesus Cristo”. (Concílio Vaticano II, Decreto Ad Gentes, no 6)

 

 

 

“Pela inculturação, a Igreja encarna o Evangelho nas diversas culturas e simultaneamente introduz os povos com as suas culturas na sua própria comunidade, transmitindo-lhes os seus próprios valores, assumindo o que de bom nelas existe, e renovando-as a partir de dentro. Por sua vez, a Igreja, com a inculturação, torna-se um sinal mais transparente daquilo que realmente ela é, e um instrumento mais apto para a missão”. (Redemptoris Missio do Sumo Pontífice João Paulo II)

 




4)-Uma concepção errônea de ordenação sacramental, postulando "ministros de adoração de ambos os sexos" para realizar rituais xamânicos

 

 

 

Em nome da inculturação da fé e sob o pretexto da falta de padres para celebrar frequentemente a Eucaristia, a Instrumentum Laboris defendia e propunha a adequação dos ministérios católicos ordenados aos costumes ancestrais do povo aborígene, concedendo ministérios oficiais às mulheres e ordenando líderes casados da comunidade como padres de segunda classe, privados de parte de seus poderes ministeriais, mas capazes de realizar rituais xamânicos:

 

 

 

- Visto que “não se aceita o clericalismo em suas diferentes formas de manifestação” (no 127), é necessário que “se alterem os critérios para selecionar e preparar os ministros autorizados para celebrar a Eucaristia” (n° 126), estudando a possibilidade de ordenação sacerdotal de “pessoas idosas, de preferência indígenas, respeitadas e reconhecidas por sua comunidade, mesmo que já tenham uma família constituída e estável”( no 129), que mostrem “outro modo de ser Igreja, (...)sem censuras, dogmatismos, nem disciplinas rituais” (no 138);

 

 

- Como nas culturas amazônicas a “autoridade é rotativa”, seria oportuno “reconsiderar a ideia de que o exercício da jurisdição (poder de governo) deve estar vinculado em todos os âmbitos (sacramental, judicial e administrativo) e de maneira permanente ao sacramento da ordem.”( no 127);

 

 

- A Igreja deve “identificar o tipo de ministério oficial que pode ser conferido às mulheres” (no 129);

 

 

- Deve-se reconhecer os “rituais e cerimônias indígenas” que “Criam harmonia e equilíbrio entre os seres humanos e o cosmo” (no 87), bem como os “elementos tradicionais que fazem parte dos processos de cura” realizados por “velhos curandeiros” (no 88), cujos “ritos, símbolos e estilos de celebração” devem ser integrados aos“ rituais litúrgicos e sacramentais ”( no 126).

 

 

 

O Magistério da Igreja rejeita essas práticas e suas opiniões implícitas, ensinando:

 

 

“O sacerdócio ministerial difere essencialmente do sacerdócio comum dos fiéis, porque confere um poder sagrado para o serviço dos mesmos fiéis. Os ministros ordenados exercem o seu serviço junto do povo de Deus pelo ensino (munus docendi), pelo culto divino (munus liturgicum) e pelo governo pastoral (munus regendi).”(Catecismo da Igreja Católica, no 1592).

 

 

“Cristo, Filho único de Deus, está constituído, em virtude da sua mesma encarnação, Mediador entre o céu e a terra, entre o Pai e o gênero humano. Em plena harmonia com esta missão, Cristo manteve-se toda a vida no estado de virgindade, o que significa a sua dedicação total ao serviço de Deus e dos homens. Este nexo profundo em Cristo, entre virgindade e sacerdócio, reflete-se também naqueles que têm a sorte de participar da dignidade e da missão do Mediador e Sacerdote eterno, e essa participação será tanto mais perfeita quanto o ministro sagrado estiver mais livre dos vínculos da carne e do sangue”. (Encíclica Sacerdotalis Caelibatus de Sua Santidade o Papa Paulo VI)

 

 

“Mas a vontade da Igreja encontra a sua motivação última na conexão que o celibato tem com a Ordenação sagrada, a qual configura o sacerdote a Cristo Jesus, Cabeça e Esposo da Igreja. Esta como Esposa de Cristo quer ser amada pelo sacerdote do modo total e exclusivo com que Jesus Cristo Cabeça e Esposo a amou. O celibato sacerdotal, é então, o dom de si em e com Cristo à sua Igreja e exprime o serviço do presbítero à Igreja no e com o Senhor” (Exortação Apostólica Pós-Sinodal Pastores Dabo Vobis de Sua Santidade João Paulo II)

 

 

“A ordenação sacerdotal, pela qual se transmite a missão, que Cristo confiou aos seus Apóstolos, de ensinar, santificar e governar os fiéis, foi na Igreja Católica, desde o início e sempre, exclusivamente reservada aos homens. (...) O fato de Maria Santíssima, Mãe de Deus e Mãe da Igreja, não ter recebido a missão própria dos Apóstolos nem o sacerdócio ministerial, mostra claramente que a não admissão das mulheres à ordenação sacerdotal não pode significar uma sua menor dignidade nem uma discriminação a seu respeito (...) Portanto, para que seja excluída qualquer dúvida em assunto da máxima importância, que pertence à própria constituição divina da Igreja, em virtude do meu ministério de confirmar os irmãos (cfr Lc 22,32), declaro que a Igreja não tem absolutamente a faculdade de conferir a ordenação sacerdotal às mulheres, e que esta sentença deve ser considerada como definitiva por todos os fiéis da Igreja”. (Carta Apostólica Ordinatio Sacerdotalis do Sumo Pontífice João Paulo II n°1, 3 & 4)

 

 

5)-Uma “ecologia integral” que rebaixa a dignidade humana




 






Em sintonia com suas visões panteístas implícitas, o Instrumentum Laboris relativiza a antropologia Cristã, que reconhece a pessoa humana como feita à imagem de Deus e, portanto, o auge da criação material (Gen 1: 26-31), e ao contrário considera o ser humano como mero elo da cadeia ecológica da natureza, vendo o desenvolvimento socioeconômico como uma agressão à “Mãe Terra”.

 

 

-“Um aspecto fundamental da raiz do pecado do ser humano consiste em desvincular-se da natureza e em não a reconhecer como sua parte, em explorá-la sem limites.” (n°99)

 

 

-“Um novo paradigma da ecologia integral” (no 56), deveria basear-se na “sabedoria dos povos indígenas” e sua vida diária que “nos ensinam a reconhecer-nos como parte do bioma” (no 102), “parte do ecossistema” (no 48), “parte na natureza” (no 17)

 

 



O Magistério da Igreja rejeita as seguintes opiniões: que os seres humanos não possuem uma dignidade única acima do restante da criação, e que o progresso tecnológico está ligado ao pecado, ensinando:

 

 

 

“Aos homens, Deus concede mesmo poderem participar livremente na sua Providência, confiando-lhes a responsabilidade de «submeter» a terra e dominá-la (142). Assim lhes concede que sejam causas inteligentes e livres, para completar a obra da criação, aperfeiçoar a sua harmonia, para o seu bem e o dos seus semelhantes”. (Catecismo da Igreja Católica, Nº 307)

 

 

 

6)-Um coletivismo tribal que mina a singularidade e a liberdade pessoal

 

 




De acordo com o Instrumentum laboris, uma “conversão ecológica” integral incluia a adoção do modelo social coletivo das tribos aborígines, onde a personalidade e a liberdade individuais são prejudicadas:

 

 

- O conceito de “sumak kawsay ”[‘bem viver’] foi forjado da sabedoria ancestral das nações e povos indígenas. É um mundo experiente, mais antigo e mais atual, que propõe um estilo de vida comunitário em que todos SENTEM, PENSAM e AGEM da mesma maneira, como um fio que sustenta, envolve e protege, como um poncho de cores diferentes” (Apelo “El grito del sumak kawsay en la Amazonía”referido na nota 5 do no 12);

 

 

- “Na Amazônia a vida está integrada e unida ao território, não existe separação nem divisão entre as partes. Esta unidade compreende toda a existência: o trabalho, o descanso, os relacionamentos humanos, os ritos e as celebrações. Tudo é compartilhado, os espaços particulares – típicos da modernidade – são mínimos. A vida é um caminho comunitário onde as tarefas e as responsabilidades se dividem e se compartilham em função do bem comum. Não há espaço para a ideia de indivíduo separado da comunidade ou de seu território” (no 24).

 



O Magistério da Igreja rejeita essas opiniões CONTRA A INDIVIDUALIDADE

 


 


 

 

 

“A pessoa humana há de ser sempre compreendida na sua irrepetível e ineliminável singularidade. O homem existe, com efeito, antes de tudo como subjetividade, como centro de consciência e de liberdade, cuja história única e não comparável com nenhuma outra expressa a sua irredutibilidade a toda e qualquer tentativa de constrangê-lo dentro de esquemas de pensamento ou sistemas de poder, ideológicos ou não”. (Compêndio da Doutrina Social da Igreja no 131)

 

 

“O homem justamente aprecia a liberdade e com paixão a busca: justamente quer e deve formar e guiar, de sua livre iniciativa, a sua vida pessoal e social, assumindo por ela plena responsabilidade (Veritatis Splendor, 34). 




"A liberdade, com efeito, não só muda convenientemente o estado de coisas externas ao homem, mas determina o crescimento do seu ser pessoa, mediante escolhas conformes ao verdadeiro bem" (Catecismo da Igreja Católica n°1733). 




"Desse modo, o homem gera-se a si próprio, é pai do próprio ser, ele constrói a ordem social" (Gregorio de Nyssa, De Vita Moysis - Centesimus Annus, 13 - Compêndio da Doutrina Social da Igreja no 135)

 

 



Os erros e heresias teológicas, implícitos e explícitos no Instrumentum Laboris da iminente Assembleia Especial do Sínodo dos Bispos para a Região Pan-Amazônica, foram uma manifestação alarmante da confusão, erro e divisão que assolam a Igreja em nossos dias. Ninguém pode se escusar de ser informado sobre a gravidade da situação e de tomar as medidas apropriadas por amor a Cristo e a Sua vida conosco na Igreja. Acima de tudo, todos os membros do Corpo Místico de Cristo, diante de tal ameaça à sua integridade, devem fazer tudo que estiver ao seu alcance pelo bem eterno de seus membros que correm o risco de serem escandalizados, isto é, levados a confusão, ao erro e à divisão por este texto para o Sínodo dos Bispos. Além disso, todo Católico, como verdadeiro soldado de Cristo, é chamado a salvaguardar e promover as verdades da fé e a disciplina pela qual essas verdades são honradas na prática, para que a Assembleia Especial dos Bispos no Sínodo não traia a missão de um Sínodo que é “auxiliar o Romano Pontífice com seus conselhos na preservação e crescimento da fé e da moral e na observância e fortalecimento da disciplina eclesiástica” (cân. 342).No dia 13 de outubro de 2019, durante a Assembleia Especial do Sínodo dos Bispos para a Região Pan-Amazônica, ocorreu a Canonização do Beato Cardeal John Henry Newman. Que o Santo Padre e todos os membros da Santa Mãe Igreja, ouçam e aceitem os seguintes ensinamentos luminosos deste mais novo Santo da Igreja, no qual alertou contra os erros teológicos semelhantes aos erros mencionados acima na Instrumentum Laboris:

 

 

“Credos privados, religiões sofisticadas, podem ser vistosos e imponentes para muitos em seus dias; as religiões nacionais podem permanecer imensas e sem vida, e sobrecarregar o terreno por séculos e distrair a atenção ou confundir o julgamento dos eruditos; mas, a longo prazo, descobrirá que ou a religião católica é verdadeira e de fato a vinda do mundo invisível para isso, ou que não há nada de positivo, nada de dogmático, de real em nenhuma de nossas noções de onde devemos venha e para onde vamos " (Homilia para Congregações Mistas, XIII)

 

 

 

“Nunca a Santa Igreja necessitou de defensores contra ele [o Liberalismo na religião] mais urgentemente que agora, quando infelizmente é um erro que se expande como uma armadilha por toda a terra; ... O liberalismo religioso é a doutrina que afirma que não há nenhuma verdade positiva na religião, que um credo é tão bom quanto outro, e este é o ensinamento que vai ganhando solidez e força diariamente. É incongruente com qualquer reconhecimento de qualquer religião como verdadeira. Ensina que todas devem ser toleradas, pois todas são matéria de opinião. A religião revelada não é uma verdade, mas um sentimento ou gosto; não é um fato objetivo nem milagroso, e está no direito de cada indivíduo fazer dizer tão somente o que impressiona sua fantasia. A devoção não está necessariamente fundada na fé. Os homens podem ir a igrejas protestantes e católicas, podem aproveitar de ambas e não pertencer a nenhuma. Podem se confraternizar juntos com pensamentos e sentimentos espirituais sem ter nenhuma doutrina em comum, ou sem ver a necessidade de tê-la.” (Discurso do Cardeal John Henry Newman em Roma ao receber o Biglietto em que lhe era anunciada sua designação cardinalícia pelo Papa Leão XIII , 12 de maio de 1879)

 

 

 

Que Deus, através da intercessão de muitos missionários verdadeiramente católicos que evangelizaram o povo indígena das Américas, entre os quais São Turibius de Mogrovejo e São José de Anchieta, e através da intercessão dos santos que o povo indígena americano deu à Igreja, entre outros, São Juan Diego e São Kateri Tekakwitha, e especialmente através da intercessão da Bem-aventurada Virgem Maria, a Rainha do Santo Rosário, que derruba toda a heresia, conceda a toda Igreja e em especial ao Santo Padre serem protegidos do perigo de aprovar erros e ambiguidades doutrinárias e de minar o domínio apostólico do celibato sacerdotal.

 



*Raymond Leo Cardeal Burke - Bispo Athanasius Schneider



 






12 de setembro de 2019 - Festa do Santíssimo Nome de Maria

 

 



A Encíclica Laudato Si’ e o cuidado na linguagem do Papa Francisco com a “Casa Comum”

 



 






*Padre Antonio Aparecido Alves

 



UMA ENCÍCLICA SOCIAL (COMO A LAUDATO SI) NÃO PODE SER DOGMÁTICA PORQUE AS CONDIÇÕES SOCIAL SÃO DINÂMICAS E MUTÁVEIS




Há exatamente dois anos o Papa Francisco apresentava ao mundo a Carta Encíclica Laudato Si’ sobre o cuidado da casa comum. O título deste documento remete ao Cântico das Criaturas, de São Francisco de Assis, onde o santo louva o Criador pelas belezas da natureza. Este documento foi recebido com apreço pela opinião pública internacional e saudado como uma “encíclica verde”, isto é, uma encíclica que trataria de questões ligadas à ecologia.No entanto, o Papa Francisco fez questão de enfatizar que essa é uma encíclica social (portanto, não pode ser dogmática, pois as condições sociais são mutáveis), porque fala da questão ambiental enquanto relacionada com a questão social. Aqui está a grande contribuição dessa reflexão, isto é, o nexo profundo entre as agendas social e ambiental, pois tanto a experiência comum da vida cotidiana como a investigação científica demonstram que os efeitos mais graves de todas as agressões ambientais recaem sobre as pessoas mais pobres (LS 48). Por isso, Paz, Justiça e Conservação da criação são três questões absolutamente ligadas e que não se podem se separar (LS 92).

 

 

A razão instrumental

 

 

A origem deste comportamento predatório para com a natureza pode ser encontrada nos inícios da idade moderna. Neste período tem-se o nascimento do espírito científico, tendo contribuído para isso pensadores como Galileu Galilei (1564-1662) e Francis Bacon (1561-1622).O primeiro postulou como importante para a ciência as propriedades dos corpos, como forma, quantidade e movimento, que podem ser medidas e quantificadas.O segundo, por sua vez, modificou o revolucionou a investigação científica, ao postular que o conhecimento tem a finalidade de dominar e controlar a natureza, assim como o macho domina a fêmea.A concepção de mundo muda radicalmente a partir disto, resultando em uma razão instrumental. A noção de um universo orgânico, vivo e espiritual é substituído pela ideia do mundo como um relógio, que funciona com cada parte independente e que é necessário desmontar para compreender. Aliás, essa metáfora do relógio para se referir à natureza foi desenvolvida por duas grandes figuras, René Descares (1596-1650) e Issac Newton (1643-1727). Temos, então, o novo paradigma científico moderno: “conhecer para transformar”.

 

 

 

A Laudato Si e a questão ambiental

 

 

A Doutrina Social da Igreja afirma que na origem da questão ambiental está a pretensão da humanidade de exercer um domínio incondicional sobre as coisas, através de uma exploração inconsiderada dos recursos da criação. Na encíclica Laudato Si’, o Papa Francisco chama esse comportamento de “antropocentrismo despótico”, isto é, uma incorreta interpretação do mandamento do Criador no livro do Gênesis ao homem e mulher de “dominar a terra”. Contra esse tipo de comportamento baseado em uma razão instrumental, o Papa Francisco afirma na Encíclica Laudato Si’ que o mundo não é um problema a se resolver, mas um mistério gozoso que contemplamos na alegria e louvor (LS 12). Dentre as propostas levantadas pelo Papa Francisco nesta encíclica está o apelo a uma mudança no estilo de produção e consumo atualmente determinados pelo mercado e geradores de necessidades artificiais (LS 26;138; 191), o que João Paulo II chamou de “conversão ecológica” (Catequese do dia 17 de Janeiro de 2001) e que foi assumido nesta encíclica (LS 216-221).

 








No que tange às instituições, o Pontífice pede um compromisso internacional em torno da questão ambiental, para salvaguardar a vida do Planeta e o direito dos mais pobres. Esperamos que o ensinamento desta encíclica chegue a bom termo, porque a Terra, nossa irmã, não pode mais esperar.

 

 

*Padre Antonio Aparecido Alves é Mestre em Ciências Sociais com especialização em Doutrina Social da Igreja pela Pontifícia Universidade Gregoriana de Roma e Doutor em Teologia pela PUC-Rio. Professor na Faculdade Católica de São José dos Campos e Pároco na Paróquia São Benedito do Alto da Ponte em São José dos Campos (SP).




"OS ÍNDIOS SÃO TÃO PECADORES COMO NÓS" – Dom José Luiz Azcona

 







[Homilia de Dom José Luiz Azcona, bispo emérito do Marajó, PA, na Santa Missa de 15 de outubro de 2019, na Basílica de Nazaré, em Belém, PA.]

 








Em muitos lugares do documento Instrumento de trabalho [documento preparatório do Sínodo da Amazônia], apresenta o indígena como um ser perfeito, como a realização da humanidade no mais alto nível a que pode chegar, especificamente com relação à integração com  as forças da natureza, com os espíritos, com o próprio Deus,  entre as pessoas etc.






 

Nunca se fala da conversão, do pecado: eles são uma raça especial, etnias especiais, praticamente incontaminadas, as quais não precisam da salvação e do evangelho de Deus (…) Segundo o Instrumento de trabalho, é dessas etnias indígenas que vai proceder a amazonização da Igreja… Também os indígenas pecaram. Também eles, que conheceram a Deus e não lhes deram glória, mas adoraram as criaturas, animais, totens, fetiches, em rituais de todo tipo, espíritos bons e espíritos maus. 




Mas esses espíritos bons estão sob o domínio de Cristo, único salvador? E se não estão, vem dos demônios!



 





Entre os indígenas, como entre nós urbanos, tem ladrão, tem pessoas invejosas, tem adúltero, tem infanticida, tem bêbado, tem suicida. Tem grupos étnicos que eliminaram outros grupos étnicos. 










Tem etnias indígenas humilhadas por outras. Todos pecaram, e também os indígenas. E se se quer tirar deles a salvação para o mundo inteiro, antes tem que ser evangelizados pelo arrependimento e a contrição dos pecados. Como todos os humanos, eles não são super-homens. Todos pecaram! E todos necessitam da graça de Deus, da glória de Deus (…) A Igreja existe para evangelizar, o sínodo existe para evangelizar. E o que é que vamos evangelizar? Cristo, e Cristo crucificado. (Veja a homilia inteira aqui: https://www.youtube.com/watch?v=Vl8hTFMIWE4)

 


CONCLUSÃO:

 

 

Uma coisa é o papa Francisco idealizado e ou, deformado por muitos e principalmente pela mídia, outra coisa é o papa Francisco dos Documentos da Igreja: Fiel ao Sagrado Magistério. A Laudato si apenas em dois lugares usa o termo mãe terra, porém, sempre na perspectiva de São Francisco, como criatura e nossa irmã, ou seja, jamais dentro de uma perspectiva panteísta e exotérica:

 

 

 

Nº1. «LAUDATO SI’, mi’ Signore – Louvado sejas, meu Senhor», cantava São Francisco de Assis. Neste gracioso cântico, recordava-nos que a nossa casa comum se pode comparar ora a uma irmã, com quem partilhamos a existência, ora a uma boa mãe, que nos acolhe nos seus braços: «Louvado sejas, meu Senhor, pela nossa irmã, a mãe terra, que nos sustenta e governa e produz variados frutos com flores coloridas e verduras».

 

 

Nº 2. Esta irmã clama contra o mal que lhe provocamos por causa do uso irresponsável e do abuso dos bens que Deus nela colocou. Crescemos a pensar que éramos seus proprietários e dominadores, autorizados a saqueá-la. A violência, que está no coração humano ferido pelo pecado, vislumbra-se nos sintomas de doença que notamos no solo, na água, no ar e nos seres vivos. Por isso, entre os pobres mais abandonados e maltratados, conta-se a nossa terra oprimida e devastada, que «geme e sofre as dores do parto» (Rm 8, 22). Esquecemo-nos de que nós mesmos somos terra (cf. Gn 2, 7). O nosso corpo é constituído pelos elementos do planeta; o seu ar permite-nos respirar, e a sua água vivifica-nos e restaura-nos.

 

 

Nº 92. Além disso, quando o coração está verdadeiramente aberto a uma comunhão universal, nada e ninguém fica excluído desta fraternidade. Portanto, é verdade também que a indiferença ou a crueldade com as outras criaturas deste mundo sempre acabam de alguma forma por repercutir-se no tratamento que reservamos aos outros seres humanos. O coração é um só, e a própria miséria que leva a maltratar um animal não tarda a manifestar-se na relação com as outras pessoas. Todo o encarniçamento contra qualquer criatura «é contrário à dignidade humana».[69] Não podemos considerar-nos grandes amantes da realidade, se excluímos dos nossos interesses alguma parte dela: «Paz, justiça e conservação da criação são três questões absolutamente ligadas, que não se poderão separar, tratando-as individualmente sob pena de cair novamente no reducionismo».[70] 






Tudo está relacionado, e todos nós, seres humanos, caminhamos juntos como irmãos e irmãs numa peregrinação maravilhosa, entrelaçados pelo amor que Deus tem a cada uma das suas criaturas e que nos une também, com terna afeição, ao irmão sol, à irmã lua, ao irmão rio e à mãe terra. O título da encíclica, "Laudato si'", é uma citação do Cântico das Criaturas, em que são Francisco exaltou a natureza como um reflexo da imagem de Deus. O subtítulo da encíclica é "sobre o cuidado da casa comum", que trata de outro conceito associado à noção de ecologia integral. São Francisco se referia à "casa comum" como "nossa irmã, a mãe terra, que nos sustenta e governa e produz variados frutos com flores coloridas e verduras", disse o papa Francisco. Para proteger essa casa comum, o papa conclama "toda a família humana" a se unir "na busca de um desenvolvimento sustentável e integral". Para o papa Francisco, a ecologia não deve ser associada somente a temas óbvios como a derrubada de florestas, a extinção de animais e a poluição do ar, mas também às múltiplas consequências do modelo econômico que levou o planeta ao estado atual de degradação social e ambiental. Em 2015, Francisco explicou o conceito de ecologia integral na Laudato Si' (louvado sejas, em italiano). Encíclicas são os principais instrumentos pelos quais a Igreja Católica aconselha seus cerca de 1,2 bilhões de fiéis espalhados pelo mundo. No início do documento, o papa se referiu a são Francisco de Assis, que viveu entre os séculos 12 e 13 na Itália e de quem ele tomou o nome ao virar pontífice. Segundo Francisco, o santo italiano praticava a ecologia integral em seu dia a dia (até mesmo porque nem só de verde vive o homem). Para o papa, ecologia integral também tem a ver com o cultivo da "paz social" e da "paz interior". A primeira categoria diz respeito à "estabilidade e a segurança de uma certa ordem, que não se realiza sem uma atenção particular à justiça distributiva, cuja violação gera sempre violência". A segunda trata da capacidade de desfrutar da beleza da criação divina. "A paz interior das pessoas tem muito a ver com o cuidado da ecologia e com o bem comum, porque, autenticamente vivida, reflete-se num equilibrado estilo de vida aliado com a capacidade de admiração que leva à profundidade da vida. "Por fim, diz Francisco, a ecologia integral também é feita de pequenos gestos cotidianos, "pelos quais quebramos a lógica da violência, da exploração, do egoísmo...Pelo contrário, o mundo do consumo exacerbado é, simultaneamente, o mundo que maltrata a vida em todas as suas formas."

 

 

Duas perguntas finais:

 






 

1)-Por que estes(as) que querem uma Igreja diferente, anárquica, sem hierarquia, uma verdadeira casa-da-mãe-Joana, com inovações litúrgicas e doutrinais a cada minuto, não se juntam e formam sua própria Igreja com todas estas ideias mirabolantes?



 

2)-Estaríamos errados em ao invés de ficarmos com estas inovações teológicas, pseudo-pastorais e doutrinária, optarmos em sermos fieis ao magistério seguro da Igreja, defendendo e praticando-o?...

 



 


 



BIBLIOGRAFIA CONSULTADA:

 

 

https://olma.org.br/2019/08/01/pachamama-a-mae-terra-da-cultura-andina/

 

https://pt.wikipedia.org/wiki/Deusa-m%C3%A3e

 

https://www.publico.pt/2010/04/23/jornal/gaia-a-mae-terra-19252183#:~:text=Na%20mitologia%20grega%2C%20Gaia%2C%20G%C3%A9ia,planeta%20utilizam%20o%20prefixo%20ge.

 

http://www.ncregister.com/images/uploads/BurkeSchneider.pdf

 

https://noticias.cancaonova.com/brasil/enciclica-laudato-si-e-o-cuidado-com-casa-comum/

 

 





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Neste Apostolado APOLOGÉTICO (de defesa da fé, conforme 1 Ped.3,15) promovemos a “EVANGELIZAÇÃO ANÔNIMA", pois neste serviço somos apenas o Jumentinho que leva Jesus e sua verdade aos Povos. Portanto toda honra e Glória é para Ele.Cristo disse-nos:Eu sou o caminho, a verdade e a vida e “ NINGUEM” vem ao Pai senão por mim" (João14, 6).Defendemos as verdade da fé contra os erros que, de fato, são sempre contra Deus.Cristo não tinha opiniões, tinha a verdade, a qual confiou a sua Igreja, ( Coluna e sustentáculo da verdade – Conf. I Tim 3,15) que deve zelar por ela até que Ele volte(1Tim 6,14).Deus é amor, e quem ama corrige, e a verdade é um exercício da caridade. Este Deus adocicado, meloso, ingênuo, e sentimentalóide, é invenção dos homens tementes da verdade, não é o Deus revelado por seu filho: Jesus Cristo.Por fim: “Não se opor ao erro é aprová-lo, não defender a verdade é nega-la” - ( Sto. Tomás de Aquino).Este apostolado tem interesse especial em Teologia, Política e Economia. A Economia e a Política são filhas da Filosofia que por sua vez é filha da Teologia que é a mãe de todas as ciências. “Não a nós, Senhor, não a nós, mas ao vosso nome dai glória...” (Salmo 115,1)

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