A mera veiculação, ou reprodução de matérias e entrevistas no todo ou em parte, não significa necessariamente, a adesão às ideias nelas contidas, nem a garantia da ortodoxia de seus conteúdos. Todas postagens e comentários são de inteira responsabilidade de seus autores primários, e não representam de maneira alguma, a posição do blog. Tal material deve ser considerado à luz do objetivo opinativo desta página.
Home » , , , , » Ludwig Wittgenstein: "Eu sou aquilo que sei! Quanto mais eu sei mais eu sou"

Ludwig Wittgenstein: "Eu sou aquilo que sei! Quanto mais eu sei mais eu sou"

Written By Beraká - o blog da família on quinta-feira, 14 de maio de 2020 | 12:26







Ludwig Wittgenstein só escreveu um livro! Mas foi o suficiente para impactar todas as ciências! Hoje em dia, ele é considerado um dos filósofos mais influentes do século XX. Ainda que seu pensamento tenha ganhado muito destaque, sua vida pessoal não é menos impressionante. As vivências e voltas que o filósofo deu, muitas vezes assustadoras, formam um conteúdo necessário para compreender melhor o seu pensamento. Esse filósofo nascido em Viena, e posteriormente nacionalizado britânico, também era matemático, linguista, lógico e jardineiro. Ele foi discípulo de Bertrand Russel na Universidade de Cambridge, onde também atuou como professor. Sua grande obra Tractatus logico-philosophicus teve uma enorme repercussão. No entanto, em suas publicações posteriores, como Os cadernos azul e marrom e Investigações filosóficas, ambas póstumas, como todo gênio que sabe fazer uma autocrítica, ele criticou duramente o seu primeiro trabalho.








Wittgenstein era o mais jovem de nove irmãos, nascido em uma das famílias mais ricas do império. Ele cresceu em um lar que lhe proporcionou um ambiente excepcionalmente intenso para a realização artística e intelectual. Dessa forma, a casa dos Wittgenstein atraía gente culta, especialmente músicos. Isso contribuiu muito para que Ludwig desenvolvesse suas habilidades musicais. Wittgenstein estudou na escola secundária de Linz, onde, naquela época, também estudava Adolf Hitler. Ainda que isso não tenha sido comprovado, existe uma teoria que defende que Hitler menciona Wittgenstein em seu livro Mein Kampf. Mais especificamente, ele escreve sobre um menino judeu que não lhe era confiável. Algumas hipóteses indicam que este seria o início do antissemitismo de Hitler. Apesar de sua alma mater sempre ter sido a filosofia, Wittgenstein começou estudando engenharia aeronáutica. Inclusive, ele chegou a apresentar a patente de um motor, que posteriormente seria usada como base para os futuros motores dos helicópteros. Apesar disso, quando ele estava na Inglaterra, começou a se interessar pela filosofia da matemática. Após a morte de seu pai, Ludwig Wittgenstein renunciou à sua herança e foi viver na Noruega. Lá, ele construiu uma cabana para viver isolado. Passou um ano até que começou a Primeira Guerra Mundial, quando ele se alistou para a artilharia austríaca. Depois de quatro anos, ele foi capturado pelo exército italiano. Sua estadia na prisão teve a duração de um ano e, quando foi libertado no fim da guerra, ele voltou para Viena para finalizar sua tese com Bertrand Russell.Seu interesse pela filosofia o levou a conhecer Bertrand Russell, um dos filósofos mais famosos da época. Russell orientou seus estudos, ainda que ambos tenham mantido uma relação conturbada. No início dessa relação, Wittgenstein perguntou a Russell se ele era um idiota ou não. Porque se fosse um idiota, seguiria fazendo o que fazia, engenharia aeronáutica, mas se não fosse, se dedicaria à filosofia. Russell pediu a ele que escrevesse algo e, quando o leu, disse: “Você não deve se dedicar à engenharia aeronáutica”.






Sua obra: “Tractatus logico-philosophicus”









O Tractatus Lógico Philosophicus foi sua grande obra. Nela, ele explicou, de forma detalhada, sua visão de mundo e das coisas que existem nele. Além disso, ele também analisou os problemas de linguagem e da lógica, e defendia que os limites do mundo são definidos pelos limites da linguagem.





No entanto, Wittgenstein foi muito polêmico!





Dizem que depois que Russell e Moore, dois dos lógicos mais importantes, o felicitaram por sua obra, ele lhes deu um tapa nas costas dizendo: “Vocês não entendem, e nem poderiam entender nada”. Sua personalidade se manteve no tempo. Ele inclusive jogou um acessório de lareira em Karl Popper em uma conferência.






Investigações filosóficas










Posteriormente, Ludwig Wittgenstein passou vários anos dando aulas em colégios até que se retirou para um monastério, onde trabalhou como jardineiro. Depois de 5 anos, ele voltou a se interessar pela filosofia após conhecer Moritz Schlick. Como consequência, retomou seu trabalho no Tractatus, o qual ele considerava inacabado, começou a dar aulas na universidade e escreveu o Investigações Filosóficas. Em Investigações Filosóficas ele deu a entender que a filosofia não era uma teoria, mas sim uma atividade constante. Além disso, ele se retratou do escrito em Tractatus, já que mudou sua visão de mundo e expôs novos problemas sobre os jogos da linguagem. Essa obra marcaria o seio da filosofia da linguagem, chegando até os dias de hoje.Finalmente, quando começou a Segunda Guerra Mundial, ele colaborou como enfermeiro para tentar ir para a União Soviética. No entanto, desistiu pois lhe foi permitido apenas ser professor, e ele desejava trabalhar com obras. Mais tarde, ele renunciou ao seu cargo na universidade, se mudou para a Irlanda e depois foi para Londres, onde faleceu de câncer de próstata.Seu único livro, Tratado Lógico-Filosófico, de 1921, se tornou um dos principais textos da história da filosofia e impactou todas as ciências ao impulsionar o movimento conhecido como positivismo lógico.O austríaco escreveu o livro enquanto era soldado, durante a 1ª Guerra. Nas 70 páginas de sua obra, empenha-se em definir os limites da linguagem e, consequentemente, de todo o pensamento. Ao concluí-lo, julgou ter resolvido todos os problemas da filosofia. Por considerar que não tinha nada mais a aportar à disciplina, resolveu se dedicar a outras atividades. Passados alguns anos, porém, começou a rever seu próprio pensamento, tornando-se um de seus principais críticos. Foi então que voltou a Cambridge, onde lecionou de 1929 a 1939.





O filósofo austríaco Ludwig Wittgenstein (1889-1951) faz da linguagem uma abordagem lógica!






As suas ideias desenvolvidas no Tratado foram usadas pelos filósofos do Circulo de Viena e desembocaram no positivismo lógico. Para Wittgenstein, a Linguagem é composta por "proposições", em particular por proposições que constituem frases declarativas sobre coisas e que, como tal, possuem valor de verdade, isto é, podem ser verdadeiras ou falsas.  Paralelamente, o Mundo é composto por "factos", por coisas que são de um certo modo. Assim sendo, segundo Wittgenstein as proposições são "quadros ou fotografias de fatos", do mesmo modo que os mapas são quadros representativos do mundo.Qualquer proposição que não represente fatos é uma proposição sem sentido. Por conseguinte, a minha linguagem é limitada às declarações sobre fatos do mundo e os limites da minha linguagem são os limites do meu mundo.Um dos muitos aforismos famosos que foram extraídos do Tractatus Logico-Philosophicus de Wittgenstein é: “Os limites da minha linguagem são os limites do meu mundo” (Seção 5.6). Como muito no Tractatus, este aforismo gnômico convida à interpretação e nunca pode ser esgotado.Uma maneira de interpretar esse Wittgensteinismo de maneira muito ampla seria pensar nele como os limites do meu idioma são os limites do meu mundo, com o “idioma” interpretado amplamente para incluir qualquer maneira de falar sobre o mundo e não apenas uma linguagem particular. 





Se você é de uma persuasão continental, pode dizer que os limites do meu discurso são os limites do meu mundo. Isso equivale praticamente à mesma coisa:





a)-Teorias particulares sobre o mundo são expressões idiomáticas para falar sobre o mundo, formas de discurso, se você quiser.





b)-Teorias científicas são expressões científicas para falar sobre o mundo. Agora, as teorias científicas frequentemente ampliam nossos horizontes e nos permitem ver e entender coisas que antes não sabíamos. Mas uma teoria científica, sendo um idioma particular como é, também pode nos limitar e limitar a maneira como vemos o mundo.






As limitações que tomamos sobre nós mesmos, pensando em termos de teorias particulares ou falando de maneiras particulares, são limites humanos que escolhemos para nós mesmos; elas não são limitações intrínsecas impostas a nós pelo mundo, e isso, é claro, é algo que Wittgenstein queria conduzir a nossa atenção explícita. Frequentemente confundimos os idiomas que empregamos e as maneiras particulares pelas quais entendemos esses idiomas para constituir a própria estrutura do mundo. Quando, nesse estado de espírito, reivindicamos nossas teorias que não são apoiadas pelas próprias teorias, mas refletimos nossa compreensão particular e limitada de assuntos muito difíceis, percebemos então nossas limitações.Como vemos na biografia de Ludwig Wittgenstein, ele foi uma pessoa controversa durante toda a sua vida. Até hoje existem disputas tentando concluir se ele era um gênio ou um louco. O certo é que tanto sua obra quanto sua vida não deixam ninguém indiferente.









 


A importância da Literatura






[1] “O domínio da língua e da literatura é a condição prévia para TODOS os estudos superiores, inclusive os estudos da área cientifica. Se você não tem a sensibilidade literária suficientemente aguçada, dificilmente entenderá o que quer que seja.”


[2] “Conselho urgente: Pare de ler livros em inglês por algum tempo e leia tudo o que puder da melhor literatura em português. Depois leia o que puder em línguas aparentadas ao português: francês, italiano, espanhol. Sem um agudo senso da linguagem literária, você nunca vai entender em profundidade nada do que lê, por mais que estude filosofia, ciências sociais, direito ou o que quer que seja. Nenhum filósofo jamais escreveu uma só linha que fosse para um público sem cultura literária ou treinado somente em academês vulgar. E ninguém jamais adquiriu sensibilidade literária lendo predominantemente livros escritos numa língua muito diferente da sua própria.”


 [3] “Quem não consegue interpretar uma obra de literatura corretamente não conseguirá jamais entender os fatos da história e da sociedade, ou mesmo os da sua própria vida. A cultura literária é a condição mais básica do entendimento. Mas estou com o saco cheio de ver pessoas que não sabem ler “Batatinha quando nasce” interpretando nada menos que a Bíblia.”


[4] “Pessoas que escrevem mal percebem mal, retêm mal, e com a maior facilidade se enganam a si mesmas quanto às suas intenções simplesmente trocando os nomes dos sentimentos que as movem. A literatura e o conhecimento da alma humana sempre andaram juntos. Ninguém pode apreender nuances e sutilezas da vida emocional com uma linguagem tosca, mesmo que gramaticalmente correta.”


[5] “A imaginação tem que ser treinada para ela se tornar um instrumento de compreensão da Realidade e não uma atividade ociosa que vai fazer você ficar especulando sobre coisas que não vão acontecer jamais, que não têm a menor possibilidade e que são somente um jogo. A Grande Literatura do mundo contém um material que, para o estudante de Filosofia, é absolutamente precioso. A Literatura é uma maneira de você amadurecer na sua visão da Realidade. Claro que, pelos processos atuais de ensino da Literatura nas universidades, a experiência imaginativa pode se tornar totalmente impossível. Impossível. Porque, vamos dizer, quando você lê Dostoievski, Tolstoi, Shakespeare, você está tendo acesso ao que essas grandes mentalidades conceberam sobre as possibilidades da vida humana. Agora, se você começa a encarar aquilo apenas como estrutura textual, começa a encarar aquilo sob o ponto de vista estruturalista ou desconstrucionista etc., o elemento de experiência sumiu. Então aquilo não é mais um espelho da vida.”


[6] ”A literatura não é compreensão das ciências, nem da sociedade, nem de nenhuma coisa em particular, mas simplesmente experiência acumulada e narrada da vida. É assim porque em nossa individualidade não podemos viver todas as experiências. Noventa e nove por cento das nossas experiências são experiências acumuladas dos outros, que nós ouvimos falar, que nós lemos. E a literatura é o núcleo, é o que tem de melhor sobre a experiência humana. São aspectos altamente significativos da experiência humana condensados em símbolos e que você toma como se fossem pílulas. A literatura de ficção é isto: a aquisição de experiências humanas e dos meios de simbolizá-las, de narrá-las, pois ter a experiência apenas não basta. Nós precisamos narrar a experiência não apenas para os outros, mas também para que a experiência torne-se pensável para nós, com o objetivo de dominá-la intelectualmente. O indivíduo que leu dez, vinte, cem, mil narrativas ficcionais como romances, peças de teatro etc narrará as suas experiências para os outros e para ele mesmo de um modo muito mais claro e direto. Por outro lado, uma pessoa inculta não sabe narrar precisamente as suas experiências. A pessoa inculta toma a sua história e a reduz a uma história parecida e mais simples, mas nunca a toma com a devida precisão. É por isso que quanto mais inculta é a pessoa mais letais são para ela os problemas psicológicos. Dramas que um homem culto consideraria como ridículos levam um homem inculto ao suicídio. Por que os crimes passionais são em muito maior número nas classes incultas? Porque essas pessoas não sabem lidar com o problema, não possuem meios de elaborar intelectualmente o drama. Nem elas e nem o seu meio social. Então tudo vira tragédia”.



[7] “Cultura pessoal não é você ler um monte de livros, não é ser capaz de falar sobre arte, sobre filosofia, sobre história, etc., mas é você ter um conjunto de equipamentos que permita a você olhar a situação real, tanto a situação pessoal quanto a da comunidade imediata, quanto a de um país, quanto a do mundo inteiro com uma multiplicidade de perspectivas que validem a sua visão perante a consciência de outras épocas e de outras civilizações.”


[8] “Cultura literária não é ler muitas obras de literatura. É absorver delas, e incorporar na nossa própria alma as inumeráveis superfícies refletoras com que, pela imaginação de muitas vidas possíveis, elas nos ajudam a perceber e compreender a alma alheia. Quem não quer fazer o esforço para adquirir essa capacidade não tem NENHUM interesse em compreender o seu próximo, e toda a sua presunção de “amá-lo” é pura pose.”


[9] “A aquisição da alta cultura é o único meio que você tem para ter uma conduta moral que preste. Fora disso, você está no mundo da irresponsabilidade moral. Por exemplo, existe um escritor inglês Frank Raymond Leavis, que dedicou sua vida a mostrar para as pessoas que a literatura de ficção é uma meditação sobre as possibilidades da vida moral humana. Na medida em que concebe enredos e situações possíveis, você está pesando um nível de responsabilidade moral que está presente na infinidade das situações humanas mais particulares e até indescritíveis. Ora, São Tomás de Aquino dizia que o «grande problema da moral é que a regra é a mesma, mas as situações são infinitamente variadas». Então, você não sabe como entender a regra geral em relação a cada situação. Ao mesmo tempo, você não pode viver todas as situações humanas, mas pode imaginá-las. Você pode ampliar o seu imaginário até ser capaz de compreender as situações humanas, as mais diferentes possíveis, e as mais afastadas da sua experiência imediata. Como é que nós fazemos isso? Por imaginação e pela literatura de ficção. Sem isso você simplesmente não compreende as situações. Não compreende a delicadeza e a subtileza das situações. Se você não compreende a delicadeza e a subtileza das situações, você vai julgar os seres humanos mediante uma projeção ingênua da sua própria pessoa sobre eles, sem entender exatamente o que está se passando com eles. Vivenciar imaginativamente as mais variadas possibilidades de vida humanas, de situações humanas, de dramas humanos, de conflitos humanos, é o aprimoramento da sua imaginação moral, e não há outro instrumento para isso. Portanto, a grande literatura tem uma função eminentemente educativa e, pior: só ela tem essa função educativa. O simples raciocínio lógico, moral, não serve para isso. Mesmo as obras de filosofia moral e de teologia moral mais sublimes que existem, não servem para isso; por exemplo, uma grande obra-prima como a “Teologia Moral” de Santo Afonso de Ligório, são oito volumes onde ele vai estudando as mais diferentes situações. Santo Afonso de Ligório era bastante detalhado, mas em comparação com a variedade real das situações humanas, aquilo é nada. Ou seja: o pensamento lógico jamais poderia abranger a totalidade da situações, é necessário uma imaginação poderosa, porque através da imaginação você se identifica com os outros.Porém, o tempo que eu vejo as pessoas perdendo, fazendo julgamentos morais sobre coisas que não entendem, é um negócio terrível. Então, por que em vez de fazer julgamentos morais, se tem tanto interesse em moralidade, você não tenta ampliar a sua percepção moral através da leitura ds grandes obras de literatura? Não há uma grande narrativa, romance, conto, novela, peça de teatro que não seja baseada num conflito moral. Pelo número de romances, contos, novelas e peças de teatro existentes, você imagina o número de conflitos morais diferentes que podem existir.Você tem a solução de todos eles na cabeça? Não.”


[10] “Cada personagem, cada situação ficcional, cada emoção, cada ambigüidade e cada paradoxo da narrativa tem de se impregnar na sua mente como possibilidade humana concreta, reconhecivel na vida real — na sua própria e na das pessoas que você conhece. Tem de se transformar num ÓRGÃO DE PERCEPÇÃO.Só assim a leitura literária vale a pena e tem verdadeiro poder educativo. Faça isso com obras da literatura dos dois últimos séculos durante alguns anos, e depois você lerá a Bíblia com olhos mais penetrantes.É preciso evitar, naquelas, todo tecnicismo acadêmico e, nesta, toda especulação teológica. Não ‘analise’ o texto, apenas guarde os conteúdos na memória até que eles próprios comecem a lhe mostrar o que desejam lhe mostrar.Análises técnicas e especulações teológicas, só muitos anos depois de ter assimilado muitos textos dessa maneira. Antes, não.Leia tudo como se fosse narrativa de acontecimentos reais, sentindo intensamente a presença das situações, personagens, conflitos, etc. Acredite em tudo como se estivesse vendo com os próprios olhos ou vivenciando você mesmo as situações.Com essa prática, aos poucos as histórias da Bíblia se tornarão tão transparentes para você como se fossem notícias de hoje em dia, sem que você precise “interpretá-las”.


[11] É preciso ler a Bíblia sem a carga de lições morais e teológicas que geralmente antecedem e deformam a sua leitura. É preciso lê-la como se você estivesse VENDO tudo se passar diante dos seus olhos ou mesmo sentindo na carne como se você fosse um dos personagens. Mas você não conseguirá fazer isso com a Bíblia se antes não fizer o mesmo com MUITAS histórias da literatura simplesmente humana.Tem muita gente que discute Bíblia o dia inteiro e até hoje não entendeu isso.”


Por que o sujeito que estuda muita literatura é um "homem culto" e o homem que estuda muita física, muita matemática (ou quaisquer outras disciplinas especializadas) não é? ter muita inteligência, não significa ter vasta cultura!







1)-Em primeiro lugar, todas as descobertas científicas se refletem na literatura de algum modo. Então, o sujeito que lê bastante literatura, algo ele sabe da teoria da relatividade, da teoria quântica e da influência da física na sociedade. Contudo, nada da literatura universal está referido nos livros de física. Assim, lendo literatura ele saberá algo de física, mas lendo física ele não conhecerá a literatura. Essa é a primeira observação de ordem mais prática e imediata.


2)-Em segundo lugar, a literatura usa a linguagem corrente entre as pessoas. Ela procura repetir o estado da linguagem na sociedade. A linguagem que é utilizada pelo escritor é a linguagem da própria sociedade, ao passo que a linguagem da física não é a linguagem da sociedade, é somente a linguagem dos físicos. Isso quer dizer que o homem que absorveu cultura literária tem os instrumentos linguísticos para dialogar com a sociedade. A literatura lhe dá isso! Mas o estudo da física, da química, não vai lhe dar isso de maneira alguma.


3)-Em terceiro lugar, os assuntos abordados pela literatura são assuntos de interesse geral: a vida humana, o destino humano, os dramas humanos. Todo mundo tem vida, destino e dramas, incluindo os físicos. Ao passo que os problemas abordados pelos físicos, ainda que estejam presentes na sociedade, não fazem necessariamente parte da consciência das pessoas. O teu desconhecimento acerca das partículas subatômicas não afetará fundamentalmente as tuas decisões na vida. Mas problemas referentes ao amor, à morte, ao ódio, à tristeza, ao casamento, às relações humanas todo mundo tem. Então de cara o assunto do qual a literatura trata é a vida de todo mundo, e não a vida de um grupo especializado.


4)-Em quarto lugar, repare no seguinte: alguma forma de literatura narrativa é encontrada em todas as culturas, mesmo nas mais primitivas. Ao passo que outros departamentos do conhecimento, como, digamos, uma técnica matemática mais avançada, são encontrados somente em algumas. Mas a cultura narrativa é onipresente. E, sendo onipresente, nós podemos dizer que ela é a primeira e mais básica forma de cultura”.


[13] "Na leitura de um romance ou de uma peça o negócio é você tentar primeiro estabelecer comunicação com o autor. O resto vem depois. Mas os convites para você desviar a atenção do essencial são inúmeros. Porque como você está lidando com uma história que é uma especulação sobre as possibilidades da vida humana, o autor dessa história, pensando bem, está falando de uma coisa muito grave e que diz respeito a você. É o famoso adágio latino ‘De te fabula narratur’, ou seja, a história contada é a sua. Para entender isso você precisa estar num estado de abertura do próprio coração, numa abertura de sinceridade. Acontece que essa atitude cria uma tensão, um nervosismo. E você pode tentar aliviar essa tensão baixando a qualidade da sua atenção para os aspectos lógicos ou verbais da narrativa para você sentir que saiu da história, que ela não é mais a seu respeito. Você corta o fio que te liga à situação real. Daí é evidente que você não está entendendo mais nada. A contradição e a tensão são as marcas do personagem real. E se são as marcas do personagem real, quer dizer que a atitude do leitor também precisa ser de tensão. Essa tensão será a marca da consciência. E o estudo literário ou é um treinamento da consciência, para que ela seja capaz de abarcar uma extensão cada vez maior e mais complexa de dados, ou é uma brincadeira universitária. Isto que eu estou dizendo está a tantas léguas da preocupação de qualquer ensino universitário no Brasil que eu nem sei se entenderiam do que eu estou falando. Isto que até os anos 60-70 seria facilmente compreendido em qualquer meio universitário, hoje não dá mais. Claro que os estudos que não implicam tensão de consciência mas apenas QI podem ser feitos por qualquer pessoa independentemente do seu grau de consciência e maturidade. Porque habilidades parciais são uma coisa e consistência da personalidade é outra. Mas a verdadeira educação visa ao indivíduo real enquanto sujeito de seus atos, moralmente responsável e eventualmente culpado. Então não há educação possível sem a ideia da responsabilidade e da culpa, e sem essa tensão de consciência da qual estou falando”.

Fonte: Trechos sobre a importância da Literatura por Olavo de Carvalho




CONCLUSÃO






Narrativas ficcionais exigem muito mais da memória, por que preciso envolver uma série maior de elementos no processo da compreensão. Esses bons leitores, ou seja, aqueles(as) que não se restringem a leitura apenas especializadas, serão melhores compreendedores de si mesmos, do outro e da realidade circundante, muito mais do que o leitor ou compreendedor especializado em apenas uma área (Matemática, física, química, etc).Não se pode educar uma pessoa para a complexa tarefa da compreensão, apenas com literatura científica, isto é simplesmente impossível, sendo muito fácil de entender o porque. Ora, o texto científico tem correspondência bionívoca, ou seja, tem um significado referente e especificamente a...tem um vocabulário estabilizado, com significados uniformes e permanentes. A linguagem e apreensão do nosso cotidiano não é assim, pois temos a sutileza, a mudança de significados conforme o contexto. É justamente neste tipo de compreensão mais ampla que temos que treinar. Se a pessoa só ler literatura científica e especializada, você vai ser ou tornar-se um analfabeto funcional para sempre, ou até que mude e amplie a sua leitura fora da sua especificidade. A ciência é difícil?sim! Não é para todos, mas a sua linguagem é bem mais simples que a linguagem corrente ou dos Clássicos, porque a linguagem científica é sempre de correspondência bionívoca, ou seja, uniforme, convencional, ou seja, tem sempre o mesmo significado e um sentido só, é estabilizada e igual pra todos, portanto, não se pode aumentar sua capacidade de compreensão de si o do mundo com uma linguagem desta. Porém, quando você você se determina a ler Shakespeare  ou Balzac, a nossa mente faz um exercício maior, pois cada linha, palavra, pagina e capitulo mudam constantemente. Esta variedade de intenções e circunstâncias é que nos possibilita verdadeiramente aumentar nossa capacidade de ler e compreender o mundo. A imaginação é como um projetor, quando lemos algo ela tenta projetar da forma mais nítida possível para nossa compreensão, e quanto mais nítida é a imagem, melhor nossa capacidade de compreensão. A literatura variada exercita a musculatura deste projetor e da nossa compreensão, estimulando nossa memória e treinando-a para várias circunstâncias. Os grandes clássicos estreitam esta relação entre a linguagem e nossa compreensão aprimorando nossas virtudes e competências, por isto realmente: 




"Quanto mais eu sei, mais eu sou!"




----------------------------------------------------------






APOSTOLADO BERAKASHComo você pode ver, ao contrário de outros meios midiáticos, decidimos por manter a nossa página livre de anúncios, porque geralmente, estes querem determinar os conteúdos a serem publicados. Infelizmente, os algoritmos definem quem vai ler o quê. Não buscamos aplausos, queremos é que nossos leitores estejam bem informados, vendo sempre os TRÊS LADOS da moeda para emitir seu juízo. Acreditamos que cada um de nós no Brasil, e nos demais países que nos leem, merece o acesso a conteúdo verdadeiro e com profundidade. É o que praticamos desde o início deste blog a mais de 20 anos atrás. Isso nos dá essa credibilidade que orgulhosamente a preservamos, inclusive nestes tempos tumultuados, de narrativas polarizadas e de muita Fake News. O apoio e a propaganda de vocês nossos leitores é o que garante nossa linha de conduta. A mera veiculação, ou reprodução de matérias e entrevistas deste blog não significa, necessariamente, adesão às ideias neles contidas. Tal material deve ser considerado à luz do objetivo informativo deste blog. Os comentários devem ser respeitosos e relacionados estritamente ao assunto do post. Toda polêmica desnecessária será prontamente banida. Todos as postagens e comentários são de inteira responsabilidade de seus autores e não representam necessariamente, a posição do blog. A edição deste blog se reserva o direito de excluir qualquer artigo ou comentário que julgar oportuno, sem demais explicações. Todo material produzido por este blog é de livre difusão, contanto que se remeta nossa fonte. Não somos bancados por nenhum tipo de recurso ou patrocinadores internos, ou externo ao Brasil. Este blog é independente e representamos uma alternativa concreta de comunicação. Se você gosta de nossas publicações, junte-se a nós com sua propaganda, ou doação, para que possamos crescer e fazer a comunicação dos fatos, doa a quem doer. Entre em contato conosco pelo nosso e-mail abaixo, caso queira colaborar:

 

 

 

filhodedeusshalom@gmail.com

Curta este artigo :

Postar um comentário

Todos os comentários publicados não significam a adesão às ideias nelas contidas por parte deste apostolado, nem a garantia da ortodoxia de seus conteúdos. Conforme a lei o blog oferece o DIREITO DE RESPOSTA a quem se sentir ofendido(a), desde que a resposta não contenha palavrões e ofensas de cunho pessoal e generalizados. Os comentários serão analisados criteriosamente e poderão ser ignorados e ou, excluídos.

TRANSLATE

QUEM SOU EU?

Minha foto
CIDADÃO DO MUNDO, NORDESTINO COM ORGULHO, Brazil
Neste Apostolado APOLOGÉTICO (de defesa da fé, conforme 1 Ped.3,15) promovemos a “EVANGELIZAÇÃO ANÔNIMA", pois neste serviço somos apenas o Jumentinho que leva Jesus e sua verdade aos Povos. Portanto toda honra e Glória é para Ele.Cristo disse-nos:Eu sou o caminho, a verdade e a vida e “ NINGUEM” vem ao Pai senão por mim" (João14, 6).Defendemos as verdade da fé contra os erros que, de fato, são sempre contra Deus.Cristo não tinha opiniões, tinha a verdade, a qual confiou a sua Igreja, ( Coluna e sustentáculo da verdade – Conf. I Tim 3,15) que deve zelar por ela até que Ele volte(1Tim 6,14).Deus é amor, e quem ama corrige, e a verdade é um exercício da caridade. Este Deus adocicado, meloso, ingênuo, e sentimentalóide, é invenção dos homens tementes da verdade, não é o Deus revelado por seu filho: Jesus Cristo.Por fim: “Não se opor ao erro é aprová-lo, não defender a verdade é nega-la” - ( Sto. Tomás de Aquino).Este apostolado tem interesse especial em Teologia, Política e Economia. A Economia e a Política são filhas da Filosofia que por sua vez é filha da Teologia que é a mãe de todas as ciências. “Não a nós, Senhor, não a nós, mas ao vosso nome dai glória...” (Salmo 115,1)

SIGA-NOS E RECEBA AS NOVAS ATUALIZAÇÕES EM SEU CELULAR:

POSTAGENS MAIS LIDAS

TOTAL DE ACESSOS NO MÊS

ÚLTIMOS 5 COMENTÁRIOS

ANUNCIE AQUI! Contato:filhodedeusshalom@gmail.com

SÓ FALTA VOCÊ! Contato:filhodedeusshalom@gmail.com

SÓ FALTA VOCÊ! Contato:filhodedeusshalom@gmail.com
 
Support : Creating Website | Johny Template | Mas Template
Copyright © 2013. O BERAKÁ - All Rights Reserved
Template Created by Creating Website Published by Mas Template
Proudly powered by Blogger