João 14,16-18: “E eu rogarei ao Pai, e Ele vos dará outro Consolador, para
que fique convosco para sempre; O
Espírito de verdade, que o mundo não pode receber, porque não o vê nem o
conhece; mas vós o conheceis, porque habita convosco, e estará em vós .Não
vos deixarei órfãos...”
João 17,16-19: “Santifica-os pela tua verdade; a tua Palavra é a verdade. Da mesma maneira como me enviaste ao mundo, Eu os enviei ao mundo. Em benefício deles, Eu me consagro, para que igualmente eles sejam consagrados pela verdade...”
João 18,37: "Disse-lhe, pois, Pilatos: Logo Tu és rei? Jesus respondeu: Tu dizes que eu sou rei. Eu para isso nasci, e para isso vim ao mundo, a fim de dar testemunho da verdade. Todo aquele que é da verdade ouve a minha voz".
A lista das Obras de misericórdia espirituais tirou-a a Igreja de textos que se encontram ao longo da Bíblia, de atitudes e ensinamentos do próprio Cristo, tais como: a correção fraterna, o consolo, e principalmente, sua missão de anunciar a verdade que nos salva e liberta do domínio de demônio (conforme João 18,37).
Que são
as Obras de Misericórdia?
"As
obras de misericórdia são as ações caridosas pelas quais vamos em ajuda do
nosso próximo, nas suas necessidades corporais e espirituais. Instruir,
aconselhar, consolar, confortar, são obras de misericórdia espirituais, como
perdoar e suportar com paciência. As obras de misericórdia corporais consistem
nomeadamente em dar de comer a quem tem fome, albergar quem não tem teto,
vestir os nus, visitar os doentes e os presos, sepultar os mortos. Entre estes
gestos, a esmola dada aos pobres é um dos principais testemunhos da caridade
fraterna e também uma prática de justiça que agrada a Deus. (Catecismo da Igreja Católica, 2447).
"É meu
vivo desejo que o povo cristão reflita, durante o Jubileu, sobre as obras de
misericórdia corporal e espiritual... E não esqueçamos as obras
de misericórdia espiritual: aconselhar os indecisos, ensinar os ignorantes,
admoestar os pecadores, consolar os aflitos, perdoar as ofensas, suportar com
paciência as pessoas molestas, rezar a Deus pelos vivos e defuntos." (Papa Francisco, Bula Misericordiae Vultus.)
A teologia como ciência, é um auxílio para
a prática da verdadeira caridade em nosso cotidiano. A reflexão vinda da teologia proporciona aprofundamento do tema da verdadeira
caridade, além de nos ajudar a esclarecer conceitos para a prática do agir verdadeiro
e caritativo. Com a teologia nos ajudando nesse tema podemos ter uma visão
geral daquilo que é a verdade e caridade, que não se pode confundir com mera
solidariedade, mas a caridade que nasce do coração de Deus pelo homem, e do
coração do homem para o coração dos necessitados de todas as formas, é esse
amor que impele o homem ao bem e a ajudar os que mais precisam. A teologia,
a verdade, e a caridade, estão em uma continua unidade e complemento, e
a teologia traz sua contribuição reflexiva e teórica sobre o tema da caridade e
da verdade, mas também, nos apresenta as práticas pastorais que nos levam a
realizar a caridade de uma forma correta e concreta. A teologia nasce da
caridade de um Deus que se revela e se torna fim para onde aponta a mesma. A
teologia nos mostra que o termo caridade não é somente utilizado para dar um
bem material ao outro necessitado, o conceito pode ser utilizado em sua
plenitude para o amor de Deus ao homem, para o amor do homem ao necessitado,
para as ações como desapego material (doar algo ao outro), desapegos imateriais (esquecer de nós mesmos, doando tempo ao outro, por
exemplo, um sacerdote se doando na confissão e direção espiritual, coisa raro
de se ver hoje dia). Portanto, o termo caridade parte e permeia todo o
ensinamento da Bíblia, trazendo diversos significados para o termo e práticas
ligadas ao mesmo conceito. A teologia desta forma nos dá fundamentos para entendermos
o sentido da caridade e da verdade, num Deus que se revela como Amor na Bíblia,
que se doa ao homem na cruz com seu Filho e que nos oferece o Espírito Santo,
dom do Amor e da verdade, para nos guiar e nos santificar na verdade (conf.
João 17,16). Compreender esse amor caridade de Deus é uma função primordial da
Teologia, que nos leva ao mais profundo entendimento desse Amor de Deus, um
amor incondicional por nós, afetivo e efetivo, portanto um amor verdadeiro e
integral por nós.”
Desde sua
primeira encíclica, Deus caritas est, o Papa Bento XVI tem salientado
como a palavra amor tem sido deturpada em nosso tempos:
“O termo «amor» tornou-se hoje uma das palavras
mais usadas e mesmo abusadas, à qual associamos significados completamente
diferentes” (Bento XVI, Deus caritas est, n0 2).
Mais
ainda do que abusado, o termo amor foi sendo “prostituído” em nossos
dias. Sobretudo em alguns sermões sentimentalóides, sem a verdade, ou quando o amor
passou a ser simples filantropia. Como principiou essa prostituição do termo
amor?Como se processou essa deturpação semântica, pensada e planejada, a fim de
levar a confundir amor com filantropia ou com mera solidariedade?Como se
passou do conceito católico de amor, como virtude teologal da Caridade, até
reduzi-lo ao nível puramente animal, ou genital, depois de o ter feito passar
pela confusão de amor como mero sentimento momentâneo, ou apenas ligado a boas
sensações e gozos terrenos? Certamente, o processo de deturpação do sentido da
palavra "amor" foi longo.
Bento
XVI, em sua aula magistral de Regensburg, apontou a origem de toda a derrocada
metafísica na Cristandade com filosofia voluntarista de Duns Scoto:
De
fato, o voluntarismo da filosofia de Duns Scoto fez colocar o querer, isto é, o
amor acima do conhecer, iniciando um processo que culminaria no Romantismo e no
modernismo atuais.Não se pode negar que Pascal e o Romantismo
prosseguiram esse processo de deturpação da caridade, amor sobrenatural,
desvinculando o querer da conhecimento.É bem conhecida a frase do jansenista Pascal
de que “O coração tem razões que a
própria razão desconhece”.Para os românticos subjetivistas, o
amor era completamente separado da razão. Mais ainda, os românticos
consideravam que o amor necessariamente devia ser irracional. Devia ser uma
paixão desprovida de racionalidade. Devia ser mero sentimento.Por isso
Rousseau, para citar um sentimental romântico dos mais explícitos e dos mais
conhecidos, o homem devia se deixar levar só pelo coração, pelo sentimento, não
pela razão:
“Existir, para nós, é sentir; incontestavelmente
nossa sensibilidade é anterior à nossa inteligência, e nós antes tivemos
sentimentos do que idéias” (Jean-Jacques Rousseau, La profession de
foi du Vicaire Savoyard, n0 1036).
Rousseau
irá mais longe ainda em seu repúdio à racionalidade, ao escrever:
“Ouso quase assegurar que o estado de reflexão é
um estado contrário a natureza, e que o homem que medita é um animal
depravado...” (Jean-Jacques Rousseau, Discurso sobre a Origem da
desigualdade entre os homens, I Parte, In Os Pensadores, XXIV, Abril
Cultural, p.247).
E, no
Romantismo alemão, Novalis defenderá a mesma tese irracionalista:
“O pensamento é apenas o sonho do sentir, é um
sentir entorpecido” (Apud
Gerd Bornheim, A Filosofia do Romantismo, in J. Guinsburg, O
Romantismo, ed. Perspectiva, Sâo Paulo, 1978, p. 96).
Essa
primazia do sentimento, típica do Romantismo, vai ser adotada até por autores
que se apresentam como católicos tradicionalistas, como Plinio Corrêa de
Oliveira, o fundador da TFP. Plínio valorizava antes o sentir do que o
compreeder. Por exemplo, no artigo “O Senso Comum e a Procura do Absoluto”
(In Revista “Dr. Plínio”, N0 71, Fevereiro de 2.004, p. 27
-30), ele afirma que:
“O
primeiro passo para “saborear os bens
espirituais”. consiste em sentir: Não se trata apenas, ou sempre, de fazer a explicitação das coisas
percebidas pelos sentidos. O passo inicial indispensável é uma espécie de
sentir do qual nascerá mais tarde a explicitação. Esta seria o segundo estágio,
menos imprescindível, enquanto o primeiro é o mais precioso,
porque dele depende o resto do processo” (Plínio Corrêa de Oliveira, O
Senso Comum e a Procura do Absoluto”, in Revista “Dr. Plínio”, ano
VII, N0 71, Fevereiro de 2.004, p. 27. Os destaques são nossos).
Portanto, segundo esta tese, recheada de romantismo, o fundamental e o mais precioso seria o sentir. Explicitar seria menos
importante do que o sentir. E ele insiste nesse ponto como fundamental:
“Insisto na importância desse primeiro sentir:
sem uma espécie de vivência (palavra perigosa, mas adequada às
nossas reflexões) muito rica do objeto ou situação apreendidos pelos sentidos
as etapas posteriores serão nulas” (Plínio Corrêa de
Oliveira, O Senso Comum e a Procura do Absoluto”, in Revista “Dr.
Plínio”, ano VII, N0 71, Fevereiro de 2.004, p. 27, O destaque é
nosso).
No fim do século XIX, amar se confundiu com o agir
Em
Blondel, filósofo do Modernismo, o querer permitiria o conhecer. Daí sua defesa
da “ação”. Depois dele, houve uma difusão pandêmica do voluntarismo e do
puro agir confundido com o fazer. Sorrel defendeu a ação sindical. Lenin fez
do marxismo uma ação revolucionária profissional. Mussolini exaltou a ação.
Marinetti, nos Manifestos do Futurismo, pediu o incêndio das bibliotecas,
cantou o valor do soco, a mística da violência, a força do motor à explosão. Essa
exaltação da vontade ia triunfar nos movimentos totalitários de direita e de
esquerda. Infelizmente,
por culpa da infiltração modernista na Igreja, "até nos movimentos católicos
triunfou a mística da ação", onde se chegou até a defender que os fins justificam os meios.
A "Acão Católica" (anterior ao vaticano ii) lançada por Pio XI,
fundamentou-se mais no agir do que no conhecimento da verdade
Portanto, mais
na ação do que na Fé. E a caridade se transformou em ativismo político.
Com o tempo, essa capitulação fez com que os movimentos de ação “católica”
acabassem por se unir ao movimento comunista internacional, passando a agir até
mesmo na guerrilha marxista, a reboque do Partido Comunista. Ora, é impossível
amar sem conhecer, pois só se ama aquilo que se conhece. Ninguém pode amar e querer
xoró no avesso. Porque ninguém pode conhecer xoró, pois xoró não existe. Imagine-se,
então, como seria possível amar, querer xoró, se é algo inexistente e pelo avesso?
Pior ainda!É o conhecimento da inteligência que move a vontade a
querer. Por isso não pode haver caridade sem a Fé. A Populorum
Progressio e a Conferência de Medellin (que não gozam da infalibilidade Papal e não
são ensinos dogmáticos), sancionaram a caridade como ação
revolucionária. Daí é que nasceu a Teologia da Libertação que confunde redenção
católica com a mera “libertação”
comunista do proletariado. Essa teologia marxista fez da agitação política
“amor”. Confundiu caridade com ação revolucionária e fez de Cristo um rebelde,
renegando o redentor e sua Cruz. Já nas paróquias menos ideologizadas, o amor
passou a ser simplesmente distribuir comida para favelados, a reboque dos
revolucionarios. No Brasil, as Campanhas da Fraternidade se tornaram idênticas
à filantropia maçônica. Houve até um Cardeal que lançou uma campanha de
coleta de agasalhos para os pobres, no inverno, usando como mote, como
canção-símbolo, uma musiquinha completamente pagã que cantarolava satanicamente:
“Quero
que você me aqueça nesse inverno, E que tudo o mais vá para o inferno...”
Versos
que se referiam ambiguamente a um amor físico, unido ao desejo de que tudo o
mais - “caridosamente” - fosse para o inferno.Hoje,
esse amor sem verdade, esse querer sem conhecer, levou ao triunfo do egoísmo e
da violência. Que tudo vá para o inferno, desde que eu tenha prazer, como um
Cardeal fez cantar nas paróquias.Hoje, realmente, tudo está indo “para o
inferno”. Lançando um
raio de luz no meio de toda escuridão moderna, a encíclica Caritas in
veritate como continuadora (corretora) da Populorum progressio, Bento
XVI condena, graças a Deus, a falsa caridade, o falso amor sem a verdade. Veja-se
o que diz o Papa nesta encíclica:
“Só na verdade é que a caridade refulge e pode ser
autenticamente vivida. A verdade é luz
que dá sentido e valor à caridade. Esta luz é simultaneamente a luz da razão e
a da fé, através das quais a inteligência chega à verdade natural e
sobrenatural da caridade: identifica o seu significado de doação, acolhimento e
comunhão. Sem verdade, a caridade cai no sentimentalismo. O amor torna-se
um invólucro vazio, que se pode encher arbitrariamente. É o risco fatal do amor numa cultura sem verdade; acaba prisioneiro das
emoções e opiniões contingentes dos indivíduos, uma palavra abusada e
adulterada chegando a significar o oposto do que é realmente. A verdade liberta
a caridade dos estrangulamentos do emotivismo, que a despoja de conteúdos
relacionais e sociais, e do fideísmo, que a priva de amplitude humana e
universal. Na verdade, a caridade reflete a dimensão simultaneamente
pessoal e pública da fé no Deus bíblico, que é conjuntamente «Agápe» e «Lógos»:
Caridade e Verdade, Amor e Palavra” (Bento XVI, Caritas
in veritate, n0 3).
Não se
poderia dizer melhor.Todo o falso amor, que atualmente é ensinado nos sermões,
fica condenado por essa palavras de Bento XVI.Nunca se falou tanto de amor, nas
homilias. Nunca o amor foi tão esquecido como em nosso dias. Quando muito, amor
é emotividade, sentimentalismo, filantropia. Jamais ele se identifica com a
verdadeira caridade, que só pode existir com a verdade, isto é, com a Fé.Pois
ensina o Apóstolo que “Sem fé, é impossível agradar a Deus” (Heb.11, 6).
E o Apóstolo Paulo diz ainda:
“Tudo
o que não é segundo a fé, é pecado”(Rom 14,23).
Portanto,
que se tenha a coragem de concluir que: toda heresia, negando a Verdade
revelada, destrói a Fé. E sem a Fé não há verdadeira caridade. Não há amor. Não
pode haver amor e virtude sobrenaturais. É o que ensina São Paulo. Bento XVI
insiste que a caridade não é sentimentalismo:
“O amor não é apenas um sentimento” (Bento
XVI, Deus caritas est, no 17).
E o Papa
salienta que “Os sentimentos vão e vêm”(idem),
mas a verdadeira caridade permanece. O verdadeiro amor é constante e
fiel à verdade que o gerou.E nem a caridade católica é mero assistencialismo:“Por isso, é muito importante que a atividade caritativa da Igreja mantenha todo o seu esplendor e
não se dissolva na organização assistencial comum, tornando-se uma simples
variante da mesma (Bento
XVI, Deus caritas est, no 31).A
caridade não deve ser exercida apenas individualmente. A caridade exige a
justiça também na sociedade.Na sociedade moderna - integralmente humanista,
isto, é totalmente pagã, pois retirou Deus do centro de tudo, não há Fé e,
portanto, não pode haver verdadeira caridade. Por isso, no mundo moderno não há
a verdadeira paz. Bento XVI recorda o que: só a defesa
da Verdade permite que haja verdadeira caridade.
“A caridade na verdade, que Jesus Cristo
testemunhou com a sua vida terrena e sobretudo com a sua morte e ressurreição,
é a força propulsora principal para o verdadeiro desenvolvimento de cada
pessoa e da humanidade inteira. O amor — « caritas » — é uma força
extraordinária, que impele as pessoas a comprometerem-se, com coragem e
generosidade, no campo da justiça e da paz. É uma força que tem a sua origem em
Deus, Amor eterno e Verdade absoluta. Cada um encontra o bem próprio, aderindo
ao projeto que Deus tem para ele a fim de o realizar plenamente: com efeito, é
em tal projeto que encontra a verdade sobre si mesmo e, aderindo a ela,
torna-se livre (cf. Jo 8, 22). Por isso, defender a verdade, propô-la com
humildade e convicção e testemunhá-la na vida são formas exigentes e
imprescindíveis de caridade. Esta, de fato, « rejubila com a verdade » (1
Cor 13, 6 - Bento XVI, Caritas in veritate, n0 1).
Não existe santidade sem caridade ! E não pode
existir a caridade sem a verdade !
Ora, assim como só se pode dar a saúde
combatendo a doença, também só se pode defender e ensinar a verdade, condenando
o erro oposto a ela. A
caridade de que fala São Paulo não se confunde com o amor natural, e muito
menos com a filantropia, ou mesmo com a chamada "solidariedade", da
qual tanto se fala, hoje. A caridade consiste em amar a Deus sobre todas as
coisas, e ao próximo como a si mesmo, por amor de Deus. Portanto, o primeiro ponto essencial a considerar é que a caridade exige que
se ame a Deus sobre todas as coisas. Isto significa que se deve
amar mais a Deus do que própria vida, quer seja a nossa vida, quer
seja a vida do próximo. A nossa vida devemos estar prontos a dá-la por Deus, se
preciso for, para testemunhar a verdade da Fé da Igreja Católica Apostólica
Romana. Se devemos dar até nossa vida, devemos admitir também, que a
vida do próximo é menos valiosa do que a glória de Deus, a verdade e a justiça. É o que justifica a
legítima defesa, bem como a guerra justa (de defesa). Portanto, a vida física
não é o supremo bem. A paz entre os povos não é o supremo bem. A
riqueza e a saúde não são os bens mais elevados. Elas são bens relativos, que
podem ser bem ou mal usados. Tudo isso está infinitamente abaixo do Bem
absoluto que é Deus. Tudo isso estando abaixo do Bem absoluto deve ser
amado menos do que a salvação da alma e a prática da virtude que nos leva ao
céu:
-E em
primeiro lugar, devemos considerar que a virtude mais necessária, sem a qual
ninguém pode se salvar, é ter a verdadeira Fé, a Fé INTERGRAL da igreja Católica Apostólica
Romana, que é a coluna e sustentáculo da verdade. Por isso, a caridade nos exige lutar, antes de tudo, pela maior glória
de Deus, pela integridade da Fé, pela conversão dos homens á verdadeira Fé
católica, e pela salvação das almas.
-Em segundo lugar há que considerar
que a caridade manda que se ame o próximo, como a nós mesmos, mas por
amor de Deus. A causa do amor de caridade não pode ser a simpatia
natural por alguém, por uma causa, ideologia, simples amizade, ou qualquer
outra razão de amor natural. Por isso, a caridade não é a Solidariedade, pois a
solidariedade pode ser no bem, e pode ser solidariedade no mal, a
solidariedade até no pecar, que significa cumplicidade. Portanto,
solidariedade é só adesão a outrem. Ela não é a caridade. Ela é neutra.
Ela só será boa se for caridade, isto é "solidariedade" a outrem,
querendo, antes e acima de tudo, o seu bem sobrenatural, e o seu bem
natural real, por amor a Deus.
Não por outra razão. Caso contrário, a solidariedade não se
distingue da filantropia maçônica, das ONG’s e até de organizações mafiosas, que nada vale sobrenaturalmente.
A
caridade manda corrigir os que erram, e manda mesmo, em certos casos, até atacar
os que erram !
Foi o que fez o próprio Nosso Senhor Jesus Cristo com os
fariseus, escribas e doutores da lei. Ou será que, quando Nosso Senhor Jesus
Cristo os atacava com palavras bem duras, faltava Cristo com a caridade? Ora, e é verdade como alguém diz, que "Jesus ensinou a não
descriminar ninguém", por que Jesus disse aos Apóstolos que tomassem cuidado
com o "fermento dos fariseus"? E se Jesus perdoa a todo mundo,
por que ele não quis dizer nenhuma palavra a Herodes que lhe pedia um milagre?E
porque Ele, que não discriminava ninguém, chamou os fariseus de "filhos
do diabo", "serpentes", "víboras", "hipócritas"? Reconheço
que o orgulho é
um defeito tão comum a todos nós, do qual não sou isento, especialmente o
orgulho intelectual. De modo que nunca é demais ouvir quem nos adverte contra
os riscos de cair nele. Entretanto, sobre dureza, rispidez, verdade e caridade,
seria preciso dizer algo: O romantismo difundiu entre os católicos a idéia de
que a caridade é incompatível com a dureza do combate contra as mentiras e
heresias. Não é aqui o lugar para escrever um tratado sobre este tema. Aponto apenas
alguns argumentos e alguns exemplos tirados do Evangelho. Com efeito, no
Evangelho de São Mateus, quando ele conta que os fariseus também iam ao Jordão
receber o batismo de São João, este os recebe com um impropério:
“Raça de víboras, quem vos ensinou a fugir da
cólera de Deus?” (Mt 3, 7).
Esse é o primeiro diálogo entre um santo e os fariseus nos Evangelhos. Teria São João faltado com a caridade ? Afinal, os fariseus não estavam vindo confessar seus pecados e pedir o batismo a São João ? E foi assim que aquele que Nosso Senhor disse “o maior homem nascido de mulher” recebe outros homens que vem a ele como pecadores que se diziam arrependidos? Evidentemente, São João Batista tinha caridade em grau heróico, e a caridade não excluía o uso de palavras duríssimas. E mesmo ríspidas. E Nosso Senhor Jesus Cristo, Ele que é nosso modelo de vida e de comportamento, Ele que era manso e humilde de coração, como tratava Ele certos inimigos de Deus ? Certamente já sabemos como Nosso Senhor expulsou os vendilhões do Templo. Ele os chicoteou, derrubou suas mesas, e os expulsou aos gritos:
“E tendo feito um como azorrague de cordas, e
expulsou a todos do Templo, e às ovelhas e aos bois, e deitou por terra o
dinheiro dos cambistas e derrubou as mesas...”(Jo. 2, 13).
Teria Cristo sido bruto, rude, ríspido, sem caridade ou sem misericórdia? É claro que não. Logo, a caridade não exclui nem o uso de palavras duras, nem mesmo se necessário for, o uso da força física. Seus encontros e discussões com os fariseus devem nos servir de modelo, porque Ele é em tudo nosso modelo. Ora, como tratou Cristo aos fariseus ? Ele os amaldiçoou por diversas vezes, dizendo-lhes: “Ái de vós, escribas e fariseus hipócritas” (Mt 23). Em latim: Vae vobis – ái de vós – significa “Malditos escribas e fariseus hipócritas”. Os “Ái de vós ...” são maldições. No Evangelho de São João especialmente, fica patente a luta terrível entre Nosso Senhor e os fariseus que ele chama de “serpentes e raça de víboras” (Mt 23, 33) e de “sepulcros caiados” (Mt. 23, 27) Cristo os acusa de serem filhos do demônio e não filhos de Abraão. Veja o texto: “Vós sois filhos do demônio e quereis fazer a vontade de vosso pai” (Jo 7,44). E como poderiam eles ser filhos do demônio, se o diabo, sendo um anjo, não pode ter filhos ? São filhos do demônio aqueles que querem fazer a sua vontade, a do diabo, e não a vontade de Deus. Porque os maus formam uma aliança com o diabo, enquanto permanecem firmes no pecado e na má fé, são um como que ‘Igreja de satanás’, uma “Sinagoga de Satanás” como está escrito e revelado pelo próprio Cristo em Apocalípse 2,9. Evidentemente, nós que amamos a Nosso Senhor não podemos acusar nosso divino mestre de usar palavras duras e contra a caridade. Portanto, a caridade não exclui o uso de palavras duras e mesmo de rispidez, em certos casos, em que se deve combater os inimigos de Deus. E quem são os inimigos de Deus?São os hereges, aqueles que ao invés de alimentar os fiéis com o pão da verdade lhes dão a mentira por alimento. São Paulo, o grande Apóstolo, cheio de zelo e caridade, buscando sempre converter os judeus, pagãos e pecadores como tratou e como mandou tratar certos hereges? Podemos encontrar a resposta na Epístola a Tito onde diz:
“Porque há ainda muitos desobedientes, vãos
faladores e sedutores, principalmente entre os da circuncisão, aos quais é
necessário fechar a boca” (Ep. A Tito, I, 10-11)
E como recomenda que estes rebeldes sejam tratados ? São Paulo diz a Tito:
“Increpa illos dure” – Increpa-os duramente”
(Ep. Tito, I, 13). Reprende-os duramente!
Ora, a maior caridade consiste em ensinar a Verdade. São Paulo nos
ensinou que:
"Sem fé é impossível agradar a Deus" (Heb. 11,6).
"Tudo aquilo que não procede da Fé, é pecado" (Rom. 14, 23).
A Fé é como os pilares de um edifício, e a caridade é como o telhado
sustentado por esses pilares. Sem os pilares o telhado rui por terra. Assim a
Caridade sem a Fé não existe. Desse modo, nos enganamos redondamente, quando
querem nos convencer a dar mais importância à caridade do que à ortodoxia da fé
e da verdade.
Havendo um erro apenas contra a
Fé, já não existe a caridade!
Em sua encíclica,
Caritas in veritate, o Papa Bento XVI, gloriosamente reinante – e
gloriosamente não é fórmula de praxe, mas luminosa realidade – estabeleceu como
fundamento de tudo a verdade objetiva, condenando o opinionismo, o subjetivismo e o
relativismo.Eis suas palavras:
“A verdade, fazendo sair os homens das opiniões e
sensações subjetivas, permite-lhes
ultrapassar determinações culturais e históricas para se encontrarem na
avaliação do valor e substância das coisas. A verdade abre e une as
inteligências no lógos do amor: tal é o anúncio e o testemunho cristão da
caridade” (Bento XVI, Caritas in veritate, n0 4).
E ainda:
“No atual contexto social e cultural, em que
aparece generalizada a tendência de relativizar a verdade, viver a caridade na verdade leva a compreender que a adesão aos valores
do cristianismo é um elemento útil e mesmo indispensável para a construção duma
boa sociedade e dum verdadeiro desenvolvimento humano integral” (Bento
XVI, Caritas in veritate, n0 4).
Para a
doutrina católica do conhecimento e da verdade, tal como foi expressa por São
Tomás, “a verdade é a adequação entre o entendimento e as coisas”.Eis a
citação de São Tomás: “Diz Rabi Ysaac no livro De Definitionibus
(citado por Avicena in Metaphisica. Tomo I , cap. IX) que a verdade é a adequação entre o
entendimento e as coisas” (São Tomás de Aquino, Suma Teológica,
I, Q. XVI, a. 2). A verdade
é alcançada pelo conhecimento humano por via abstrativa e não intuitiva.
Através de nossos sentidos, captamos as imagens sensíveis das coisas, e, por
abstração, formamos uma idéia do que elas são. Abstraímos das coisas a sua
forma substancial. Na correspondência da idéia do sujeito conhecedor com o
objeto conhecido, nisso está a verdade.
"A Verdade é a correspondência entre entre: a
Ideia do sujeito, e o objeto conhecido, do qual se faz conhecedor" - portanto, a verdade é objetiva !
Nosso
intelecto, mal comparando, “fotografa” a realidade. A “fotografia” assim obtida
é o conceito formado em nosso intelecto. Todos os homens, normalmente, alcançam a
mesma ideia de cada coisa conhecida. E é o que nos permite conversar e viver em
sociedade. Todos temos a mesma verdade retirada da
realidade. Se isso não fosse assim, ser-nos-ia impossível conviver. Seria
impossível, para dar um exemplo, jogar xadrez, pois que cada um teria uma visão
diferente das peças do xadrez e do próprio jogo. A verdade
é, portanto, uma, ou seja, una.Além disso, a verdade é universal.
Isto significa que ela é a mesma em todos os tempos e em todos os lugares. Ex.:
1+1 = 2.Isso há muito tempo. Isto é, sempre foi assim e sempre será assim.O
teorema de Pitágoras continua, e continuará sempre, exprimindo a mesma verdade:
o quadrado da hipotenusa é igual à soma dos quadrados dos catetos.Hoje, se
costuma dizer que certas idéias são antiquadas, ou que outras são modernas.O
que é um relincho bem moderno. Uma idéia não se classifica primeiramente como
antiga ou nova, mas como certa ou errada.1+1=2, é em toda parte.Portanto, se a
verdade é universal, sempre a mesma, e em toda parte, a verdade é imutável.Finalmente,
deve-se lembrar que a verdade é objetiva, e não subjetiva. Não é
a imagem da máquina fotográfica que produz o objeto fotografado. É o objeto
fotografado que produz a imagem fotográfica. Do mesmo modo, não é a idéia que o
sujeito conhecedor tem do objeto que produz esse objeto. É o objeto real que
produz a idéia concebida no intelecto. A
verdade provém do objeto. A verdade é objetiva.
Concluindo,
a verdade é: una, universal, imutável e objetiva. O mal do mundo atual provém da
negação da existência da verdade objetiva. O que leva a pensar que a verdade é
pessoal, múltipla, particular, mutável ou evolutiva, e subjetiva. Ora, o
lugar onde cada um se julga possuidor de uma verdade pessoal única se chama
manicômio. O mundo moderno é o grande manicômio da história. E o mais trágico é
que esse mundo moderno exige que haja diálogo. Um diálogo em que cada palavra é
entendida de modo subjetivo, por cada um. A Modernidade introduziu o diálogo
dos loucos. Houve um caso histórico anterior ao da Modernidade, no qual
cada um tinha um vocabulário ininteligível para todos os demais, foi o da Torre
de Babel. Revivemos hoje a Torre de Babel nesta confusão de linguagem. Dessa
relativização da verdade nasceu a relativização de todos os valores. Se não há
verdade objetiva, não há nem bem e nem beleza. Tudo seria mera opinião. Ninguém
teria certeza de nada. Cada um acha o quer quer. Então, para que
estudar? Para que a escola? Para que a Igreja? Vivemos
no reino do “achismo”. Num babélico manicômio “achista”. Esse mal vem de longe.
Vem de Descartes. Vem de Kant. Vem dos filósofos românticos que inventaram o
Idealismo alemão. Para o Idealismo, é a idéia que põe o ser. A
única realidade seria o eu pensante que criaria o real. O que cada um pensa
seria a verdade para ele. Cada um teria a sua verdade. Portanto, não existiria
a verdade objetiva. A verdade dependeria de cada sujeito. Ela seria subjetiva,
pessoal. A guilhotina da Revolução Francesa, os canhôes de Napoleão, os
filósofos abstrusos alemães, ajudados pelo romantismo, fizeram triunfar o
subjetivismo por toda parte. Convivemos
com os filhos da Fenomenologia, que nega que se possa conhecer o ser, que
aliados á hermenêutica moderna, defendem o livre exame da realidade. Afirmam que
tudo pode ser interpretado pessoalmente e livremente, negando toda
objetividade e toda possibilidade de conhecimento certo das coisas em si
mesmas. Com
efeito, “a moderna Hermenêutica parte
do pressuposto de que o ser não é cognoscível objetivamente, nem
definível, é somente interpretável” (Mário Bruno Sproviero, in Verdade
e Conhecimento – São Tomás de Aquino, Martins Fontes, São paulo, 1999,
Tradução, estudos introdutórios e notas de Luiz Jean Lauand e Mário Bruno
Sproviero, p. 97).
CONCLUSÃO:
A
Fenomenologia e sua Hermenêutica como a fumaça do demônio que adentrou na
Igreja, afirma que cada religião pode ser verdadeira, e que não haveria uma
religião verdadeira. Todas seriam verdadeiras. Ainda que contraditórias como a
ressurreição e reencarnação. Acreditando subjetivamente em sua religião
pessoal, todos poderiam se salvar em qualquer religião que fosse. Todas
religiões sendo verdadeiras, tanto faz seguir uma ou outra. Daí, o
indiferentismo e o sincretismo atual, esses dois filhos loucos do falso
ecumenismo. Por isso, é de se comemorar jubilosamente que o Papa Bento XVI, 44
anos após o fim do Vaticano II, tenha tornado a defender que a verdade é objetiva
e não relativa. E como para mau entendedor não basta meia palavra, cremos que é
preciso e conveniente repetir-lhes a citação do texto de Bento XVI:
“A verdade, fazendo sair os homens das opiniões e
sensações subjetivas, permite-lhes ultrapassar determinações culturais e
históricas para se encontrarem na avaliação do valor e substância das coisas. A
verdade abre e une as inteligências no lógos do amor: tal é o anúncio e o
testemunho cristão da caridade” (Bento XVI, Caritas
in veritate, n0 4).
Somente a
verdade objetiva é que pode livrar o mundo moderno da loucura do opinionismo
subjetivista e do relativismo.Há muito tempo essa verdade tinha deixado de ser
pregada dentro da Igreja, Bendito seja o Papa Bento XVI que voltou a afirmá-la.
Benedictus qui venit in nomine Domini. Este Papa colocou de novo, como
fundamento de tudo, a Verdade. E a Verdade envolve, sobrenaturalmente, a Fé, e naturalmente
a Metafísica. Fé e Metafísica são as bases de tudo. Até da política, pois até a
crise da ONU comprova que nada subsiste sem a Fé e sem a Metafísica. Por isso,
é pena que, quando um Papa clama de novo que existe a Verdade e torna a
colocá-la como fundamento de tudo, até da Caridade, é pena que até entre os
bons haja quem focalize como mais importante uma mera apreciação política. Nas
palavras de Bento XVI na Spe salvi, isso acontece porque:
“Tendo-se
diluída a verdade do além, tratar-se-ia agora de estabelecer a verdade de
aquém. A crítica do céu transforma-se na crítica da terra, a crítica da
teologia na crítica da política (Bento XVI, Spe salvi,n0 20).
Exaltemos
a Verdade que firma até mesmo os céus! E expulsa que não adere a ela! Pois a Verdade destruirá as mentiras da
ONU, essa quimera gerada em antros secretos pelos assim chamados, “homens de
boa vontade”. A caridade portanto, exige que se critique os erros do próximo
e até mesmo que se os condene e que se os castigue. Pois o Catecismo ensina que
ensinar os ignorantes e castigar os que erram são obras de misericórdia
espiritual, portanto, obras de caridade, de amor verdadeiro. É preciso fazer essa observação, sem jogar fora a bacia com a água suja (a fala de João XXII), e bebê juntos (todo Concílio): João
XXIII, em seu discurso de abertura do Vaticano II, ordenou que o Concílio não
condenasse erros. Portanto, ordenou que o Concílio não exercesse uma obra de
misericórdia própria, necessária, obrigatória para um Concílio. A sincera bem intencionada pastoralidade de João XXIII faltou com a caridade.
O
idealismo hippie: “é proibido proibir” foi traduzido e introduzido na
igreja por “Tudo é permitido”, negando e omitindo final da exortação
Paulina, porém, nem tudo me convem. Por isso, hoje, se pensa, bem erradamente,
que o amor proibe punir, corrigir, criticar e até castigar. Por isso mesmo, um
certo pastoralismo equivocado, leva alguns Bispos e demais membros da
hierarquia, a fazer queixa policial contra quem lhes exorta e prega a verdade. O
bom pastor vai à Delegacia de Polícia e faz B.O. contra as suas próprias ovelhas.
Fonte: Associação Cultural Montfort
"Há hoje uma forte
tentação de se colocar a caridade sem viver a verdade; e isso a desvirtua. Deus
é amor, mas também é justiça"
Por Prof. Felipe Aquino
A
verdade e a caridade são duas virtudes fundamentais para a nossa salvação. Uma
não pode ser vivida sem a outra, ou desprezando a outra, pois uma perde o seu
valor se não observar a outra. Sem verdade não há verdadeira caridade e não
pode haver salvação.São Paulo disse que “a caridade é o vínculo da perfeição”
(Col 3, 14); “A ciência incha mas a caridade edifica” (1Cor 8,1); “A caridade
não pratica o mal contra o próximo. Portanto, a caridade é o pleno cumprimento
da lei” (Rom 13, 10); “Tudo o que fazeis, fazei-o na caridade” (1 Cor 16, 14);
“Mas, pela prática sincera da caridade, cresçamos em todos os sentidos, naquele
que é a cabeça, Cristo” (Ef 4, 15). Jesus
disse: “Eu sou a Verdade” (Jo 14,6). O Antigo Testamento atesta: Deus é fonte
de toda verdade (Pr 8,7; 2Rs 7,28). Sua Palavra é a verdade. Deus é “veraz” (Rm
3,4). Em Jesus Cristo, a verdade de Deus se manifestou plenamente. “Cheio de
graça e verdade” (Jo 1,14).São Paulo disse a S. Timóteo que “Deus quer que
todos os homens sejam salvos e cheguem ao conhecimento da verdade” (1Tm 2,4).
Deus quer a salvação de todos pelo conhecimento da verdade.
O nosso Catecismo afirma com
todas as letras: “A salvação está na verdade” (Catecismo n. 851)
“A Igreja é a coluna e o fundamento da
verdade” (1Tm 3,15). Sem a Igreja o edifício da verdade não fica de pé.São
Paulo recomenda a São Tito: “…firmemente apegado à doutrina da fé tal como foi
ensinada, para poder exortar segundo a sã doutrina e rebater os que a
contradizem” (Tito 1,9). “O teu ensinamento, porém, seja conforme à sã
doutrina” (Tito 2,1). “…e mostra-te em tudo modelo de bom comportamento: pela
integridade na doutrina, gravidade” (Tito 2,7).Os discípulos viviam segundo
esta verdade de Deus. “Perseveravam eles na doutrina dos Apóstolos, na reunião
em comum, na fração do pão e nas orações” (At 2, 42). Jesus mostrou toda a força da
verdade. “Mas aquele que pratica a verdade, vem para a luz. Torna-se assim
claro que as suas obras são feitas em Deus” (Jo 3, 21).“Conhecereis a verdade e
a verdade vos libertará” (Jo 8,23). Jesus
mostrou aos discípulos na última Ceia, que o Espírito Santo é a fonte da
Verdade; e é Ele que conduzirá a Igreja `a “plenitude da verdade” em relação à
doutrina. “Quando vier o Paráclito, o Espírito da Verdade, ensinar-vos-á toda a
verdade” (Jo 16, 13).A verdade de Jesus santifica:
“Santifica-os pela verdade. A tua palavra é a verdade” (Jo 17,17).
“Santifico-me por eles para que também eles sejam santificados pela verdade”
(Jo 17,19). Por tudo isso, Jesus veio ao mundo para dar testemunho da verdade:
“Perguntou-lhe então Pilatos: És, portanto, rei? Respondeu Jesus: Sim, eu sou
rei. É para dar testemunho da verdade que nasci e vim ao mundo. Todo o que é da
verdade ouve a minha voz” (Jo 18,37). Muitos
querem apenas o “Deus que é Amor”, mas se esquecem do Deus que é também a
Verdade. Esta é uma “porta estreita” que muitos não querem entrar, mas é a
“porta da vida” (Mt 7,13). A Igreja é muitas vezes criticada
exatamente porque não abre mão da verdade. Não aceita fazer a caridade sem
observar a verdade. Paulo VI disse que o mal do mundo é “propor
soluções fáceis para problemas difíceis”. São soluções que não resistem a uma
análise ética e moral porque não respeitam a verdade revelada.Santo Agostinho recomendava com
sua sabedoria e santidade: “Não se imponha a verdade sem caridade, mas não se
sacrifique a verdade em nome da caridade”. Muitos querem ser bonzinhos e
sacrificam a verdade em nome da caridade; é o relativismo moral, que passa por
cima do que a Igreja ensina no Catecismo. A
caridade sem observar a verdade é ser maquiavélico; isto é, aceitar que “os
fins justificam os meios”. São Tomás disse que a base da moral é esta: “Não é
lícito fazer o bem por meios maus”. Bento XVI disse na sua encíclica “Caritas
in veritate” que: “a caridade sem a verdade é sentimentalismo”. Não posso, por
exemplo, querer fazer caridade com dinheiro roubado, ou tirado do narcotráfico.
Não
posso ajudar os pobres usando da corrupção. Não posso, “por caridade” dizer a
um casal de segunda união que podem comungar, ou dizer a uma dupla de
homossexuais que o amor deles justifica a sua vida sexual. Não se pode dizer
aos jovens que namoram que o amor deles justifica o sexo antes do casamento.
Não se pode recomendar o uso da “camisinha” para evitar a AIDS, porque é um
meio é mau, imoral, que estimula o sexo fora do casamento. Não se pode
promover a justiça através da luta de classes, e do desrespeito às leis. Não se
pode invadir terras e casas dos outros para promover a justiça. Os fins não
justificam os meios. E isto acontece quando a caridade é vivida sem observar a
verdade. E assim por diante, vemos hoje muitos sacrifícios da verdade de Deus
em nome de uma “falsa caridade”.A
verdade norteia o bom uso da caridade, para que ela não se desvirtue. Não se
pode “fazer o bem através de um fim mal”. Sem a verdade a caridade é falsa, e não pode
haver salvação.
Fonte: Cleofas
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