Um Fermento de
conotação negativa nas Escrituras:
I Cor 5,6-8: Apresentado como ‘fermento
velho’, que representa o tempo de estar dominado pelo pecado; viver
segundo as concupiscências dos olhos, da carne, do soberba da vida.
Gal. 5,7-9: Um fermento usado no
contexto de tudo aquilo que impede o crescimento na vida espiritual.
Mt 16,5-12: Nesse contexto o
fermento é usado para representar a carnalidade presente na ações e
intenções de líderes religiosos.
Exo.12,15-20: O fermento na
instituição da Páscoa, quando este é tirado das casas por
sete dias (v. 19).
Um
pouca de impureza colocado em um lugar vital, faz com que toda uma família seja
destruída (Esaú e José são exemplos disso em Gen 27; bem como Aça é outro exemplo
de como uma pessoa pode permitir que somente um pouco de desobediência destrua
a família toda, como vemos em Josué 7). Portanto, não nos enganemos um
pouco de fermento numa vida, numa família,igreja, diocese, comunidade, paróquia,
instituição educativa, enfim, na sociedade, pode contamina-la, enfraquecê-la e
destruí-la. Abrir mão da sã doutrina, das boas práticas e dos bons costumes,
por menor que seja, para não constranger um irmão ou uma irmã, pode contaminar
e destruir toda uma obra frutuosa de santificação e edificação cristã.
Os
discípulos ficaram um pouco confusos com a palavra de Jesus sobre esse tal
fermento (Mc 8,14-21), achando que Ele falava a respeito do pão que eles haviam
esquecido. Porém, não era sobre isso que ele falava. Sabemos que o fermento serve para
fazer crescer a massa. Apenas um pouco desse produto já é capaz de penetrar em
toda a massa e fazê-la crescer.A natureza do fermento, tanto literal quanto
figurativamente, aumenta o tamanho de algo. A aparência é feita maior,
aparentando ser melhor, mais valioso e prioritário. Todavia, o aumento que o
fermento faz em algo não é um aumento de substância. A massa não está
acrescentada. Se pesássemos a massa do pão antes de ser fermentada e
anotássemos o peso, e, depois de ser fermentada, o peso do pão fermentado seria
muito semelhante ao peso da massa antes de adicionar o fermento. O
fermento faz apenas que a massa aumente, porém, não substancialmente. Analogamente,
o efeito do fermento no pão é bom para o pão, mas não é bom como qualidade para
os Cristãos.
Jesus
advertiu os seus discípulos de acautelai-vos do fermento dos Fariseus e dos
Saduceus (Mateus 16,6). Os discípulos entretanto, não perceberam a razão da
advertência. Jesus explica que esse “fermento” era a doutrina dos fariseus: “Então,
entenderam que não lhes dissera que se acautelassem do fermento de pães, mas da
doutrina dos fariseus e dos saduceus...”(Mt 16,2). Essa doutrina era
capaz de “contaminar” e fazê-los abandonar o bom fermento da sã doutrina pura e
santificante de Deus. Jesus queria que seus discípulos ficassem atentos com doutrinas
falsas, carregadas até de palavras como de justiça e amor, pois elas são
sorrateiras e têm a capacidade de crescer rapidamente dentro de onde são
colocadas, como o fermento. Naquela época eram os religiosos fariseus e
saduceus que espalhavam esse tipo fermento, hoje, certamente, são muitos falsos
mestres infiltrados infelizmente dentro das dioceses, paróquias, pastorais e
movimentos, contaminando e envenenando a todos que se deixam levar por qualquer
novidade e vento de novas doutrinas (conf. II Tim 4,3; Efe 4,14).O
historiador Max Radin escreveu a respeito da comunidade judaica do primeiro
século EC:
“A independência das sinagogas judaicas uma da outra era bastante real,
e até mesmo se insistia nela. Frequentemente, quando se enfatizava bem
fortemente a reverência pelo templo e pela cidade santa, mostrava-se intenso
desprezo pelos que na época exerciam alguma autoridade religiosa...”
Esta
torre de babel demonstrava uma lastimável situação de confusão espiritual e
doutrinária. Quais foram alguns dos
fatores que contribuíam para isto?
1)- Nem
todos os judeus moravam na Palestina. A influência da cultura grega, na qual os
sacerdotes não eram líderes comunitários, desempenhara seu papel em minar o respeito
ordenado quanto ao sacerdócio. (Êxodo 28,29; 40,12-15) E não se deve descartar
os leigos e os escribas instruídos.
2)- Os
fariseus não tinham apreço pelo templo. Isto é evidente nas palavras de
Jesus: “Ai de vós, guias cegos, que dizeis: Se alguém jurar pelo templo, isto
não é nada; mas, se alguém jurar pelo ouro do templo, ele está sob obrigação. Tolos
e cegos! O que, de fato, é maior, o ouro ou o templo que santifica o ouro?
Também: Se alguém jurar pelo altar, isso não é nada; mas, se alguém jurar pela
dádiva nele, ele está sob obrigação. Cegos! O que, de fato, é maior, a dádiva
ou o altar que santifica a dádiva? Portanto, quem jurar pelo altar, está
jurando por ele e por todas as coisas sobre ele...” (Mateus 23,16-20).Como puderam os
fariseus ficar tão desvirtuados nos seus raciocínios? O que é que os cegaram?
Note o que Jesus diz a seguir. “E quem jurar pelo templo, está jurando por ele
e por aquele que habita nele.” (Mateus 23,21). Ora, o templo era santo, não
apenas porque se adorava ali o Deus santo, mas também porque a sua presença
gloriosa estava ali, (II Cron 7,1-10).Todavia, a presença especial de Deus significava
pouco para aqueles que preferiam acreditar que Ele estava em todos os lugares,
e não podia estar em um lugar específico, exigindo reverência (Exo 3,5).
3)- Os
fariseus acreditavam também, numa combinação de predestinação com livre-arbítrio. Em outras palavras,
“tudo é previsto, mas concede-se livre-arbítrio”. Não obstante, eles
acreditavam que Adão e Eva foram predestinados a pecar, e que mesmo um pequeno
corte no dedo é predeterminado.Jesus talvez se referisse a tais idéias falsas
quando mencionou o colapso duma torre, que causou 18 mortes. Ele perguntou: “Imaginais
que as vítimas se mostraram maiores pecadores do que todos os outros homens que
habitam em Jerusalém?...” (Lucas 13,4) Assim como se dá com a maioria
dos acidentes, este foi o resultado de um acidente, não do destino, conforme os
fariseus ensinavam. (Eclesiastes 9,11).
4)- Eram
inovadores de religião. Os fariseus sustentavam que os mandamentos bíblicos
tinham de ser interpretados pelos rabinos de cada geração, de acordo com ideias
mais avançadas. Portanto, a Enciclopédia Judaica diz que eles “não
achavam muito difícil harmonizar os ensinos da Tora com as suas próprias ideias
progressistas”. Bastava para isto, montar um malabarismo achológico e
martelar na cabeça do povo até eles mesmos e todo o povo ficarem convencidos.Referente
ao anual Dia da Expiação, transferiram o poder da expiação dos pecados do sumo
sacerdote para o dia propriamente. (Levítico 16,30-33) Na celebração da Páscoa,
davam maior ênfase à recitação das lições do relato do Êxodo na participação do
vinho e do pão sem fermento, do que ao cordeiro pascoal.Com o tempo, os
fariseus passaram a exercer influência no templo. Instituíram então uma
procissão de se carregar água da fonte de Siloé na noite da Festividade do
Recolhimento, a libação dessa água na manhã seguinte, bater com ramos de
salgueiro no altar, na conclusão da festividade, e orações diárias, regulares,
que não tinham base na Lei.
5)-
Especialmente significativas eram “as inovações farisaicas relacionadas com o
sábado”, diz The Jewish Encyclopedia (A Enciclopédia Judaica). Esperava-se
que a esposa saudasse o sábado por acender lâmpadas. Quando parecia que alguma
atividade pudesse levar a trabalho ilegal, os fariseus a proibiam. Foram ao
ponto de regular o tratamento médico e expressaram irritação com as curas
milagrosas feitas por Jesus no sábado. (Mateus 12,9-14; João 5,1-16) No
entanto, esses inovadores de religião não paravam de estabelecer novas
instituições na tentativa de criar uma religião conforme a sua imagem e
semelhança, e já não mais conforme a sã revelação divina.
6)- Por
fim a Ab-rogação - Os fariseus afirmavam ter a autoridade de suspender ou
abolir leis bíblicas. Seu argumento está refletido na máxima talmúdica: “É
melhor abolir uma única lei do que esquecer toda a Tora.”
O
fermento dos fariseus é óbvio: “Você consegue merecer Justiça ou favor se
realizar algo, ou fazer ou deixar de fazer certas coisas. O tipo de coração que
você tem, nos lugares secretos, não importa. Religião é sobre fazer e não fazer
certas coisas para ganhar aprovação, aliviar uma consciência pesada e se
isentar de culpa.” O “fermento dos fariseus” é contagioso. É uma praga de
morte. Evite pessoas desse tipo, diz o Senhor.
O que foi o fermento
de Herodes?
A
carnalidade, orgulho e o apego a coisas terrenas, levaram Herodes a decapitar João
Batista. O fermento de Herodes, ou seja, sua doença, é igualmente comum hoje como
aquele dos fariseus. Mesmo sendo diferente em natureza, o fermento de Herodes é
comum, contagioso e mortal, tanto quanto o fermento dos fariseus. Herodes temeu
João. Herodes o protegeu. Herodes reconheceu que ele era um homem santo e
justo. Herodes ficou abismado quando o escutava. Herodes até gostava de ouvi-lo
(Marcos 6,20). Mas mesmo assim ele matou João, porque uma disposição não apenas
de ouvir (Tiago 1,22;Mat 7,24) mas de praticar a palavra da verdade, havia um
custo, e não se encontrava no fundo dessa aparência de admiração de Herodes
pela verdade, assumir este custo.O Mestre chama esta coisa de Herodes de uma
doença contagiosa e “fermento”, porque esta doença irá infectar qualquer um que
que se aproximar dela sem convicções. Todos os que vivem nesta “casa” eventual,
inevitavelmente serão esmagados quando os pilares e vigas caírem, diz o Senhor
dos Exércitos, pois construiu sua casa sobre a areia. De nada adianta admirar,
citar, cantar, e promover-se na internet e por ai afora, anunciando a si
mesmo(a).E assim como o fermento se espalha e a embriaguez avança, não haverá
nenhuma dor de consciência por estar fora da vontade de Deus, e inserido na sua
própria vontade. Matamos e decapitamos a vida divina nos outros, e a exibimos
em uma bandeja de prata, para satisfazer as perversões pedidas e sussurradas
por aqueles(as) ao redor de nós e no ritmo da dança do momento.
Os
herodianos eram mais políticos do que religiosos; tem-se dito que eles
afirmavam seguir a Lei, mas sustentavam a opinião de que era lícito que os
judeus reconhecessem um príncipe estrangeiro (porque os Herodianos não eram
realmente judeus, mas sim idumeus). Os herodianos eram muito nacionalistas e
não apoiavam nem a idéia de um domínio teocrático, sob reis judeus, nem o
domínio romano, mas queriam o restabelecimento do reino nacional sob um ou
outro dos filhos de Herodes.Um exemplo que revela seu “fermento” nacionalista
foi a pergunta capciosa que eles, junto com os fariseus, fizeram na tentativa
de enlaçar Jesus: “É lícito ou não pagar a César o imposto por cabeça? Devemos pagar
ou não devemos pagar?” (Mc 12,13-15) Jesus chamou-os de “hipócritas” e mostrou
que Ele estava atento ao “fermento” deles, porque a sua resposta lhes tirou o
argumento, frustrando a sua intenção de acusá-lo de sedição ou então de incitar
o povo contra ele (conf. Mt 22,15-22).
Qual era o fermento
dos Saduceus?
Os
saduceus acreditavam no uso da estadística em lidar com outras nações, em vez
de aguardar o Messias, se é que criam na vinda dele. Segundo um acordo com
Roma, eles deviam administrar o templo, e não queriam que um Messias surgisse
para perturbar esta cômoda ordem estabelecida. Encarando Jesus como ameaça à
sua posição, juntaram-se aos fariseus em tramar a morte dele (conf. Mateus
26,59-66; João 11,45-50). Adotando uma orientação mais política que religiosa
(alguma semelhança com alguns religiosos de hoje?). Os saduceus logicamente
insistiram na lealdade a Roma (hoje são as ideologias) e gritaram: “Não temos
rei senão César.” (João 19,6-15) Após a morte e a ressurreição de Jesus, foram
os saduceus que tomaram a dianteira em tentar impedir a divulgação do
cristianismo. (conf. Atos 4,1-23; 5,17-42; 9,14).
Em
resumo, a filosofia dos fariseus era o seguinte: aos outros, todo o rigor da
lei, e a eles, toda a flexibilidade e permissividade, utilizavam-se da lei em benefício
próprio. Quanto a Herodes, era o abuso da autoridade. Em ambos os casos,
são atitudes egoístas, que só fazem
crescer a desigualdade e a injustiça.
CONCLUSÃO:
A
Bíblia às vezes usa o termo: “fermento”, ou levedo, como símbolo de corrupção.
Sem dúvida, tanto os ensinos como a atitude dos fariseus causavam um efeito
corrompedor sobre seus ouvintes. Por que o ensino dos fariseus era perigoso? Os
fariseus se orgulhavam de serem “justos”, e desprezavam os demais que não
pensavam como eles. Esse orgulho figura numa das parábolas de Jesus sobre o
fariseu e o publicano em Luc 18,11-13.Jesus elogiou a humildade do cobrador de
impostos, dizendo: “Digo-vos: Este homem desceu para sua casa provado mais
justo do que [o fariseu]; porque todo o que se enaltecer será humilhado, mas
quem se humilhar será enaltecido. ” (Luc. 18,14) Apesar da reputação de
desonestidade dos cobradores de impostos, Jesus procurou ajudar os dentre eles que
o ouviam. Pelo menos dois deles: Mateus e Zaqueu, tornaram-se seus seguidores.
A nossa atitude, portanto, deve ser similar à do apóstolo Paulo. Depois de
dizer que “Cristo Jesus veio ao mundo para salvar os pecadores”(e
não apenas uma classe social), ele acrescentou: “Destes eu sou o
principal.” (Conf.1 Tim. 1,15)
Reconheço
que sou pecador e que minha salvação depende da benignidade imerecida de Jeová?
Ou considero longos anos de serviço fiel, privilégios na organização de Deus ou
habilidades naturais como base para me sentir superior a outros? Quando certo
homem chamou a Jesus de “bom”, Ele disse: “Por que me chamas de bom? Ninguém é bom,
exceto um só, Deus.” (Mc 10,18). Em outra ocasião, Jesus lavou os pés
dos discípulos, como exemplo de humildade para seus seguidores, conforme vemos
em João 13,1-15.
O
verdadeiro Cristão, seja ele uma simples liderança leiga, ou eclesiástica, deve
servir a seus irmãos (conf. Gal. 5,13), e não se servir dos irmãos. Em especial
se ele pretende se qualificar, ou foi nomeado como superintendente de algum
serviço, ministério ou pastoral. É lícito buscar o cargo de superintendente,
mas esse alvo deve brotar de um desejo de ajudar outros, e não de tirar
proveito do cargo. Esse “cargo” não é uma posição de destaque ou de poder. Os
superintendentes devem ser ‘humildes de coração’ como Jesus, conforme lemos em
1 Tim. 3,1-6; Mat. 11,29.
Tenho
o mal costume de favorecer os que têm posições de responsabilidade na igreja,
paróquia ou comunidade,talvez na vã esperança de ganhar destaque ou mais
privilégios de serviço? Inclino-me a focalizar primariamente os aspectos do
serviço a Deus que pareçam trazer mais reconhecimento e louvor? Estou na
realidade tentando servir gratuitamente a Deus com alegria (Salmo 100,2) ou
buscando holofotes para brilhar perante outros?
“Louvado seja Nosso
Senhor Jesus Cristo”
(Apostolado Berakash)
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