Vária religiões, seitas e
filosofias criticam a Igreja por ser dogmática
(como se estas também, não
tivessem seus próprios dogmas, pois basta uma simples análise de suas crenças e
práticas para constatar). Ora, o dogma não é católico, sua metodologia é tomada
de empréstimo da razão filosófica. Porém, na religião o dogma se torna uma verdade
de fé, de caráter definitivo e irrevogável, por isto mesmo a prudência da Igreja
decretou solenemente pouquíssimos dogmas, em um total atual desde o primeiro
concílio universal da Igreja, de apenas 44 dogmas (você os conhece ?).Indiscutivelmente,
existe uma resistência quase que insana ao dogma, devido tanto à reação ao
dogmatismo, quanto à postura do espírito moderno e pós-moderno da autonomia do
sujeito. Importa superar o conceito de dogma que o associa a algo irracional,
heterônimo e inflexível. O dogma serviu e serve para delimitar o campo
de sentido duvidoso porém essencial e estabelecer marcos consensuais e avançar
na compreensão dos dados da fé. Ex.: O inferno, Céu e Purgatório são realidades
comprovadas pela revelação nas escrituras, e são questões dogmáticas, mas se perguntarmos
como são intrinsecamente estas realidades? esta temática de “como
o são”, é considerada pela teologia e magistério da Igreja como “questões
em aberto”, ou seja, não são dogmáticas.” O dogma contribui
assim para a atualização da palavra de Deus e da formulação da experiência
cristã. No dogma aparentemente predomina a falsa aparência, por não entender
sua abrangência, a tendência de clausura de sentido. Mas, ao mudar o horizonte
de compreensão e se apresentarem problemas novos à vida cristã, ele recobra toda
sua força polissêmica e necessária.O dogma surge sempre
na base, nunca da cúpula da Cristandade, pois a Igreja não cria dogmas, mas os
confirma, ou nega heresias contrárias em definitivo, de afirmações surgidas
geralmente na base. E como elemento que provém da Tradição e faz Tradição, é
fruto da tarefa interpretativa realizada por vários grupos na comunidade
eclesial. O senso comum dos fiéis aponta e prepara a base consensual
imprescindível para o dogma. Grupos minoritários de leigos, religiosos, sacerdotes
e bispos ensaiam a tematização, auxiliando ainda na sua divulgação e aceitação.
Por
fim, o magistério, através do conjunto dos bispos unidos ao Papa, realiza o
discernimento final e o define solenemente, como sempre foi assim praticado
pela Igreja, conforme nos revela as escrituras:
“Não trateis com desdém as profecias, mas, examinai
todas as evidências e retende apenas o que for bom.” ( I Tessa 5,20-21).
“Congregaram-se, pois,
os apóstolos e os presbíteros para
considerar este assunto. E, havendo grande contenda, levantou-se Pedro e
disse-lhes: Homens irmãos, bem sabeis que já há muito tempo Deus me elegeu
dentre nós, para que os gentios ouvissem da minha boca a palavra do evangelho,
e cressem...” (Atos 15,6-7).
A infalibilidade
reside no fato que o dogma significa uma conquista irrevogável, trazendo
elementos vinculantes para expressão da fé. A "reformabilidade" advém
de sua formulação humana, simultaneamente caducável e passível de maior
exploração de sentido.
A atualização do dogma visa "suprir o descompasso da língua, aperfeiçoar as fórmulas usadas, purificar o esquema de pensamento, manter viva a verdade da revelação em sua relação com a existência humana e dar mais clareza e plenitude a esta verdade"!
Pode-se falar, com propriedade,
de uma "evolução do dogma"(não confundir evolução com negação do
dógma, é uma evolução sempre para melhor entendimento da formulação. Tudo sobre
formulação dogmática é avanço, jamais é retrocesso, pois nenhum dógma
proclamado ex-cátedra, jamais foi e jamais será negado, ou anulado).Embora se servindo da
razão, o dogma não se reduz a um conjunto de fórmulas frias e exatas, como uma
equação matemática Cartesiana. O dogma na realidade manifesta ao contrário, um
sentimento doxológico, isto é, de louvor. Só se compreende Deus deixando-se
fascinar por Ele, abrindo o coração, a mente e o entendimento para a luz e o calor
de sua presença transformante. Por fim, o dogma
evita discussões vãs e vazias e propõem esclarecimentos sujeitos a evolução
dentro de uma tradição revelada, porém, não totalmente e devidamente interpretada,
de temas cruciais sem retrocesso a problemáticas já superadas e respondidas pela teologia,
sempre em vista do bem comunitário e pessoal em relação a nossa salvação.O último Concílio da
Igreja (Vaticano II), deixou claro que: ´A infalibilidade da qual quis o Divino
Redentor estivesse sua Igreja dotada ao definir doutrina de Fé e de Moral, tem
a mesma extensão do depósito da Revelação Divina, que deve ser santamente
guardado e fielmente exposto´(LG,25).Essas palavras da
´Lumen Gentium´ ensinam´nos que a validade dos ensinamentos do Magistério da
Igreja tem o mesmo peso que o da Tradição Apostólica e da Bíblia, devidamente
interpretada pelo Magistério.
Enfim, a
Igreja sabe que a sua missão é continuar a obra de Cristo e ensinar a sua
Verdade. É o que disse o Concílio último:
´Nenhuma ambição terrestre move a
Igreja. Com efeito, guiada pelo Espírito Santo ela pretende somente uma coisa:
continuar a obra do próprio Cristo que veio ao mundo para dar testemunho da
verdade (Jo 18,37), para salvar e não para condenar, para servir e não para ser
servido ´ (Mt 20,28), (GS,3).
Santo Ambrósio (†397)
, o grande bispo que batizou Santo Agostinho, expressou muito bem toda a
importância da verdade de fé ensinada pela Igreja:
´No início se davam sinais aos não crentes. A nós, porém, na plenitude
da Igreja, importa compreender a verdade. Já não por sinais, mas pela fé´.
Mais do que nunca
hoje a Igreja precisa dar este testemunho da verdade, pois parece que chegaram
aqueles tempos que São Paulo anunciou: ´Porque virá tempo em que os homens já
não suportarão a sã doutrina da salvação. Levados pelas próprias paixões,
ajuntarão para si mestres. Apartarão os ouvidos da verdade e se atirarão às
fábulas´ (2Tm 4,1´4). São Paulo chama esses falsos ensinamentos de ´doutrinas
estranhas´ (1Tm 1,3), ´diabólicas´ (1Tm 4,1). São Pedro, já no seu tempo alertava as comunidades primitivas da Igreja
para o perigo das ´seitas´ e falsos doutores, e que novamente hoje se
multiplicam. ´Assim como houve entre o povo falsos profetas, assim também
haverá entre vós falsos doutores, que introduzirão disfarçadamente seitas
perniciosas´ (1Pe 2,1).Para enfrentar o
perigo das seitas, que segundo o nosso Papa, se ´espalham como uma mancha de
óleo pela América Latina´, só mesmo levando o povo católico a conhecer a
verdade de Cristo confiada à Igreja. É
urgente levar o povo ao ´conhecimento da verdade´ (1Tm 2,4), para que seja
protegido dos ´falsos profetas´ (Mt 7,15) e dos ´lobos cruéis´ (At 20,28).
Somente ´apegados à doutrina da fé´ (Tt1,9), ´na integridade dessa doutrina´
(Tt 2,7), e ´perseverando no ensinamento dos Apóstolos´ ( At 2,4), o nosso bom
povo católico, muitas vezes ignorante dos fundamentos da fé que professa,
poderá deixar de ser ´como crianças ao sabor das ondas, agitadas por qualquer
sopro de doutrina, ao capricho da malignidade dos homens e de seus artífices
enganadores´ (Ef 4,14).Urge levar a este
povo ´alimento sólido´ (Hb 5,11s) que sutenta a fé adulta preparada para o ´bom
combate´ (2Tm4,7). O grande místico São João da Cruz (1542´1591), companheiro
de lutas de Santa Teresa, nos tempos da Reforma protestante, nos deixou uma
palavra muito forte sobre a importância de se ter a Igreja como norma da
verdade revelada por Deus:´Além das verdades reveladas pela Igreja quanto `a substância de nossa
fé, não há mais o que revelar. Por isso é necessário não só rejeitar qualquer
novidade, mas também acautelar´se para não admitir as que aparecem sutilmente
misturadas às substâncias dos dogmas.´Por fim vale aqui o
que Cristo disse a Pedro nosso primeiro papa: sobre as definições dogmáticas,
dando-lhe a ele e tão somente a ele e seus legítimos sucessores esta autoridade
infalível:
Mateus 16,18: “Eu vos asseguro: O que ligares na terra será ligado nos céus..."
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