Estereótipos são
péssimos, porém inevitáveis! É uma questão cultural e apesar de tudo tem suas
utilidades – por exemplo, para nos alertar em situações potencialmente
perigosas e nos instruir quanto à conduta adequada em determinado momento. Contudo, viver em uma realidade sem perceber a existência de
estereótipos é um erro – e pode tornar as coisas ainda mais insustentáveis.
A
convivência entre as pessoas com diferentes pontos de vista nunca é algo tão
fácil!
Tudo fica ainda mais difícil, porém, quando esse ponto de vista alheio é
“percebido” a partir de sinais supostamente infalíveis. Falar sobre um Brasil
dividido entre petralhas e coxinhas é falar sobre uma das caricaturas que
encontramos hoje: a briga constante entre pessoas com base no que elas parecem ser
umas às outras. Defende a redução da maioridade penal? É Coxinha! Defende alguns
corruptos e outros não ? é Petralha! O que esquecemos
muitas vezes é que nem tudo é tão dividido quanto desejamos ou esperamos que
seja. Acostumados com contos de fadas, talvez, esquecemos que a divisão entre
“bem” e “mal” não é concreta e que nem mesmo existe um lado sempre certo e
outro sempre errado. Supor a posição política de alguém – e pior, definir o
caráter desse mesmo alguém – a partir de uma opinião isolada induz ao erro
tanto quanto induz a preconceitos. Além de tudo, é também subestimar o outro enquanto se alimenta o próprio
ego – afinal, se meu lado é sempre certo e o outro é sempre errado, classificar
o outro como oposto nada mais é do que menosprezá-lo.
Discutir essa questão já é difícil; resolvê-la,
mais ainda!
Não nego a
inevitabilidade de se criar e sustentar estereótipos, e em momento algum afirmo
que eu mesmo não esteja sujeita a eles, tanto como autor quanto como alvo.
Porém, o simples ato de perceber essa questão já colabora para melhor entender
muitas das supostas contradições a que nos deparamos. Nada mais comum do que
esperar determinadas opiniões de alguém cujo perfil crítico você julga
conhecer. Adivinha só: essa decepção, na maioria das vezes, é puramente causada
por nós mesmos ao tentarmos classificar pessoas como se fossem previsíveis e
imutáveis. Felizmente não são. Nem sempre, pelo menos. Falo de um Brasil dividido entre petralhas e coxinhas, mas bem que poderia
utilizar outros exemplos. Seja esta ou seja a da bolacha e do biscoito, de
polêmicas e segregações o mundo está realmente cheio. A diferença é que, entre
tudo, existem os assuntos sérios e os engraçados. O que eu sei – ou melhor,
penso – é que nem um nem outro deveria ser discutido com base em suposições –
inclusive a suposição de que apenas dois lados existem. Nem tudo possui apenas cara e
coroa e nem tudo é tão definido quanto parece, pois nem a moeda tem apenas dois
lados, mas TRÊS !!!Muitos meios termos estão aí para provar como a
perspectiva afeta a classificação. A cada opinião diversa somos atribuídos a um
dos lados ainda que, em geral, não nos sintamos contemplados por nenhum.
Critérios: de infalíveis não têm nada!
Nos
anos 1970, foi elaborado o paradigma dos grupos mínimos pelo psicólogo Henri
Tajfel, da Universidade de Bristol, Inglaterra!
Ao serem aleatoriamente
agrupados de acordo com critérios irrelevantes, como o pintor favorito, os
participantes de um experimento criaram forte ligação entre aqueles que
dividiam a mesma turma, exaltando suas qualidades e hostilizando os rivais. Ao
final, formou-se o “nós contra eles”. Algo a ver com o Brasil atual? Em “Psicologia das Multidões”, de
1895, o filósofo francês Gustave le Bon alertou para a bizarrice da união em
grupos, que forma uma mentalidade única cega. “Nas grandes multidões,
acumula-se a estupidez, em vez da inteligência. Na mentalidade coletiva, as
aptidões intelectuais dos indivíduos e, consequentemente, suas personalidades
se enfraquecem”, anotou.O escritor Nelson Rodrigues classificou esse comportamento
como “unanimidade burra”. Para
o historiador Jaime Pinsky, autor de “Faces do Fanatismo”, o grande problema
das dedicações sem limites é a convicção inabalável. “A certeza da verdade do
fanático não é resultante de uma reflexão ou de uma dedução intelectual”,
afirma. A guerra entre militantes de PT e PSDB, marcada pelo ódio, não é nova. Entretanto, como disse o filósofo
Vladimir Safatle, em artigo na “Folha de S. Paulo”, o discurso de conciliação
não funciona na política porque é justamente ela que põe as contradições à
vista. Para ele, a “rachadura” do Brasil sempre existiu. “Essa polaridade
apenas permitiu que a divisão se expressasse”, escreveu. A massa, em parte
dependente de programas sociais como o bolsa família, e os intelectuais
petistas, filhos políticos de pensadores como a filósofa Marilena Chaui, veem
no ex-presidente Lula a santidade. O próprio messias. Ai de quem questiona
Lula.Em “Escuta, Zé
Ninguém!”, o médico e psicanalista austríaco Wilhelm Reich revela seu espanto e
horror, depois de longa luta consigo mesmo, diante do que o zé ninguém, o homem
comum, é capaz de fazer de si próprio, de como sofre e se revolta, das honras
que tributa aos seus inimigos e do modo como assassina os seus amigos. Sempre
que chega ao poder como “representante do povo”, aplica-o mal e é transformado
em algo mais cruel que o sadismo que outrora suportava dos elementos das
classes anteriormente dominantes. Lula era operário. Um zé ninguém. Alçado à Presidência, teve seus
governos marcados pela corrupção. Ficou rico. O mensalão, ocorrido em seu
primeiro mandato, foi um dos maiores casos de desvios da história. Além disso,
o lulismo criou um perigoso populismo. Se estivesse no Brasil moderno, Reich
certamente gritaria com a multidão silenciosa: Escuta, zé ninguém! Leio na internet que “coxinha” é uma gíria paulista
cujo significado se aproxima muito do ultrapassado “mauricinho”. Mas, desde a
reeleição de Dilma, esse conceito se ampliou. Serviu para definir de forma
pejorativa os eleitores de Aécio Neves. Seriam todos arrumadinhos, malhadinhos,
riquinhos e votavam em seu modelo. Isso não tem nada a ver comigo. Mas, nesta
briga de agora, estou do lado que é contra Lula, logo sou contra os petralhas,
logo sou coxinha.
Gostaria de falar em nome da democracia. Mas
não posso...A democracia agora é direito exclusivo dos meus amigos que estão do
outro lado do muro!
Só eles podem falar em nome dela... Então, como coxinha
assumido, deixo uma pergunta: vocês acharam muito normal o ex-presidente Lula
incentivar os sindicalistas a irem mostrar
ao juiz Sergio Moro o mal que a Operação Lava-Jato faz à economia brasileira?
Vocês acreditam sinceramente nisso? O que a Operação Lava-Jato faz? Caça
corruptos pelo país! Não importa se são pobres ou ricos. Não importa se são
poderosos. Não era isso o que todos queríamos, quando estávamos todos do mesmo
lado, quando ainda não havia um muro nos separando, e fomos às ruas pedir
Diretas Já? Não era no que pensávamos quando voltamos às ruas para gritar Fora
Collor? E, principalmente, não era nisso que acreditávamos quando votamos em
Lula para presidente uma, duas, três, quatro, cinco vezes! Não era o Lula
quem ia acabar com a corrupção?
Ele deixou essa tarefa para Sergio Moro porque
quis, ou por pura incompetência!
Como, do lado de cá do muro, me decepcionei com o
ex-líder operário, o lado de lá deu pra dizer que sou de direita. Se for
verdade, está aí mais um motivo para eu estar com raiva de Lula. Foi ele quem
me levou pra direita!
Confesso que tenho dificuldades de discutir com qualquer
petralha que não se irrita quando Lula diz se identificar com quem faz compras
na Rua 25 de Março. Vem cá, já faz tempo que os ternos de Lula são feitos pelo
estilista Ricardo Almeida. Será que Ricardo Almeida abriu uma lojinha na rua de
comércio popular de São Paulo? Por mim, Lula pode se vestir com o estilista que
quiser. Mas ele tem que admitir que o discurso da 25 de Março ficou fora do
contexto. A gente não era contra discursos demagógicos? O que mudou?Meus amigos petralhas dizem que é muito
perigoso tornar Sergio Moro um herói. Que o Brasil não precisa de um salvador
da pátria. Mas, vem cá, não foi como salvador da pátria que Lula foi convocado
para voltar ao governo? Não é ele mesmo quem diz que é “a única pessoa” que
pode incendiar este país? Não é ele mesmo quem diz que é a “única pessoa” que
pode dar um jeito “nesses meninos” do Ministério Público? Será que o verdadeiro
perigo não está do outro lado do muro? Não é lá que estão forjando um salvador
da pátria?Há muitas décadas ouço falar que as empreiteiras
brasileiras participam de corrupção. Nunca foi provado. Agora, chegou um juiz
do Paraná, que investigava as práticas de malfeito de um doleiro local, e, no
desenrolar das investigações, botou na cadeia alguns dos homens mais poderosos
do país. Enfim, apareceu alguém que levou a sério a tarefa de desvendar a
corrupção que há muitos governos atrapalha o desenvolvimento do país. E, justo
agora, quando a gente está chegando ao Brasil que sempre desejamos, Lula e seus
soldados querem limites para a investigação. Pensando bem, rejeito a acusação
de ser coxinha, rejeito ser enquadrado na direita, rejeito o xingamento de
antidemocrata, só porque apoio o juiz Sergio Moro e a Operação Lava-Jato.É
preciso apostar em um nicho. Convém ser radical e agressivo com o adversário.
Chama-se assim a atenção da imprensa e da população. Falem mal, mas falem de
mim. Esse é o mote. É isso que os políticos tatuam junto com "carpe
diem" e "caixinha, obrigado". Jair Bolsonaro e Jean Wyllys,
por exemplo, devem aparecer mais na televisão e na imprensa escrita do que
muitos dos 479 atuais ministros de Dilma.A mesma estratégia vale para os
analistas políticos. Os mais famosos blogueiros e colunistas do Brasil são
figuras especializadas em textos inflamados. Olavo de Carvalho, Reinaldo
Azevedo, Augusto Nunes e Rodrigo Constantino são os porta-vozes do
anti-petismo. Grupo heterogêneo na quantidade de sinapses, mas todos tem uma
retórica bastante agressiva. Do lado dos anti-tucanos temos Paulo Henrique
Amorim, Luís Nassif, o Brizolinha (que, salvo engano, foi um dos 1.348
ministros da Era petista), Jânio de Freitas e Ricardo Melo. Novamente, a
estatura intelectual (na minha modesta e irrelevante opinião) é diversa neste
grupo, mas a temperatura retórica os aproxima.Para uns a conspiração gramscista
está em seus estágios finais. Nada dos valores liberais- democráticos-judaico-cristão-capitalistas
está à salvo. É preciso denunciar com alarde todos os movimentos sorrateiros da
esquerda satanista. Para outros, os udenistas do partido da imprensa golpista
demo-tucana privatizadora odiadora de pobres estão em um estado de espírito tal
qual o de 31 de março de 1964. Para uns o Brasil entrou para a alta idade média
em 2003, para outros, foi aí que leite e mel começaram a jorrar da terra. Uns
vêem sovietes no pilotis do prédio, outros vêem agentes da CIA na fila do
supermercado.É
isso que os tornou famosos, amados por tantos, odiados por muitos, donos de
blogs e colunas famosas, de textos vorazmente compartilhados nas redes sociais.
São todos eles homens bem-sucedidos em seus trabalhos e deveriam ser o modelo
para todo aspirante de escrevinhador de miudezas político-econômicas-randômicas
como esse que ora vos fala.
Mas eu não tenho interesse em ter seguidores. Eu sou
constantemente um desertor de minhas próprias ideias. Pra mim seria muito
aborrecido ser eternamente coerente. Mudam-se os tempos, mudam-se as vontades, e
mudo ainda mais, eu mesmo! Somos um constante vir a ser! E mais, estou bastante satisfeito coma repercussão
dos meus textos. O texto sobre Bolsonaro, por exemplo, teve mais de 250
'likes' em dois dias. Isso pra mim é uma multidão. Minha agenda telefônica
deve ter uns 30 números, 250 pra mim é um Maracanã lotado! Estou muito
orgulhoso de ter sido lembrado para contribuir com o Brasil. E isso me basta!
Pago minhas contas com meu modesto salário, não ambiciono jantares com ricos e
famosos, aparecer nas páginas amarelas da Veja, ser entrevistado do Roda Viva.
Há uma multidão de gente importante que se leva muito a sério, cheia de
opiniões sobre tudo e sobre todos. Particularmente, sou da turma da feijoada e
da buchada de bode! Acredito
que o debate político, especialmente por conta do comportamento das pessoas nos
comentários de notícias na internet e no Facebook está deteriorado.
Ou se é
petralha ou se é coxinha? Ou se é ARENA ou VAR-PALMARES? Ou se é Hitler ou Pol
Pot? Eu acho isso muito enfadonho. E não esperem de mim radicalismos. Estou
velho demais pra acreditar que sei exatamente o que é melhor para o mundo.Não
quero morar em Cuba, não quero fugir pra Miami. Acho Lula e Fernando Henrique
dois chatos. Dilma tem cara de quem não te dá bom dia no elevador. Aécio tem
cara de quem vai de escada pra não encontrar ninguém.
O PT é um partido fuleiro
e autoritário! O PSDB é clube de leitura de senhoras do Jardim Europa e também
é autoritário!
Nenhum desses dois paga meu salário, e muito menos minhas contas, ou lava meus pratos depois da
janta. Por isso quero que eles se explodam! O fato de ter que votar em um
ou outro numa eleição, não me obriga a militar por um ou outro!
Mas
fique claro, admirar algumas posturas (não todas) de Bolsonaro não faz de mim
um Nazifacista, calma! Não sou fã de Che Guevara, nem muito menos de Donad
Trump. Quero simplesmente ter a liberdade de falar mal dos dois sempre que eu
quiser! E se você espera que eu cerre fileiras com petralhas ou coxinhas,
sugiro que ignore meus textos. Eu nem sou famoso, nem importante, nem nada! Não
gaste sua raiva, seu tempo e nem sua internet comigo...
E
viva a Democracia, viva a Liberdade de Expressão!
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