Grifo meu: “Os iguais se completam; os diferentes se complementam (enriquecem-se mutuamente)”.
Na perspectiva cristã, essa máxima reflete uma verdade antropológica e teológica: o matrimônio não é a união de “metades” em busca de uma completude perdida, mas a comunhão de duas pessoas plenas em sua dignidade, chamadas por Deus a constituírem uma só carne (cf. Gn 2,24). Como recorda Santo Agostinho, no amor autêntico não se anula a identidade do outro, mas se afirma sua alteridade como dom. Do mesmo modo, São Tomás de Aquino ensina que o bem do matrimônio está na ordenação recíproca dos esposos para a comunhão e a geração da vida, não na eliminação das diferenças, mas na sua integração em harmonia.Assim, o axioma aponta para uma realidade essencial: Deus não nos criou incompletos, à espera de sermos “corrigidos” por alguém. Ele nos fez plenos em cada dimensão — espiritual, racional e afetiva — para que, na aliança matrimonial, possamos enriquecer o outro com aquilo que somos, sobretudo nas diferenças. É nessa complementaridade, e não na simples semelhança, que o matrimônio encontra sua força e se torna caminho de santificação e realização conjugal.O processo formativo para o exercício do sacerdócio na Igreja Católica é longo e estruturado: aproximadamente quatro anos de filosofia, seguidos de quatro anos de teologia e mais dois anos de estágio pastoral, totalizando uma década de preparação. Tal percurso demonstra a seriedade com que a Igreja encara a missão do presbítero como guia espiritual e administrador dos sacramentos. No entanto, quando se trata do matrimônio — também um sacramento de importância fundamental para a vida eclesial e social — a formação costuma restringir-se a algumas reuniões com a pastoral dos noivos, geralmente realizadas pouco antes da celebração. Essa desproporção entre a exigência de formação sacerdotal e a preparação para o matrimônio levanta um questionamento crucial: não seria necessário repensar a maneira como a Igreja acompanha e prepara os casais para este compromisso vitalício?
Dom José Alberto Moura: “Meu cônjuge me Completa ? Ou me complementa ?” - Qual a diferença?
Por *Dom José Alberto Moura
Para isso, é preciso orientação e formação Matrimonial sadia e
segura!
CURRÍCULO
MÍNIMO PARA UM "BOM CURSO DE Noivos" DEVE ABORDAR:
-O Querígma: Amor de Deus, pecado e salvação.
-O Sacramento do Matrimônio, instituição, e sua indissolubilidade.
-Da nulidade matrimonial
-Educação dos filhos na fé Católica
-Conflitos da vida conjugal e sua superação
-Planejamento familiar
-Vida de oração do casal
-Engajamento do casal na vida paroquial para o apoio mútuo da comunidade.
Vivemos num contexto social de muitas “éticas” até confrontantes. As desculpas para não se seguirem valores inerentes à natureza e a verdades objetivas são muitas. A título de ser moderno e não retrógrado, passa-se não raro, por cima da verdade e do direito em função do modismo ou da satisfação pessoal!
Compromissos com valores da dignidade humana, da família, do sexo, do respeito aos indefesos, do meio ambiente e do bem comum ficam para os que são formados e assumem a altivez de caráter como valor acima de outros interesses. Na ordem afetiva, sentimental e sexual se fica muito à mercê da propaganda e dos desejos impulsionados pela libido e pela sensorialidade. Tais desejos nem sempre são canalizados por valores que orientam a pessoa à consecução da felicidade como conjugação do prazer momentâneo e aquele da realização de um ideal de vida.Fixando-se mais no animalesco do que no sentido da vida plenificado com valores éticos, morais e sociais, a pessoa está sujeita à irracionalidade do uso e da busca do prazer momentâneo como sendo isso absoluto. Nessa direção, a pessoa se torna insaciável e não encontra no prazer momentâneo um sentido mais elevado e realizador da vida.
Na trilha e na busca de sentido para a convivência matrimonial, pode haver ledo engano de realização humana, quando homem e mulher não se unirem em vista de uma real vocação conjugal.O impulso para o casamento, baseado unicamente no sensorial ou no desejo de os dois se gratificarem na complementaridade afetiva e sexual, frequentemente pode ser rompido com algum desequilíbrio de doação de um pelo outro.
Havendo, porém, em ambos, a consciência e o pacto de mútua ajuda para conseguirem um ideal de vida por motivo de um sentido de vida maior, dá-se base de fecundidade na vocação matrimonial. Para isso, é preciso orientação e formação para o valor do casamento como verdadeira vocação. Preparação para tanto é fundamental.Caso contrário, viveremos cada vez mais a panacéia de uniões que não levam à realização das pessoas que se casam, com as consequências muitas vezes danosas para tantos filhos!Não à toa Jesus Cristo fala da união para sempre do casamento entre homem e mulher, para a busca da felicidade, que está num ideal de vida buscado perenemente.A bênção divina está no bojo de tal encaminhamento. Mas é preciso, nessa direção, haver preparação, vontade e responsabilidade de construção da vida a dois para valer.Nada, assim, vai tirar o casal do sério de uma vida de amor e doação autênticos.Meios coadjuvantes para isso encontramos na ordem natural e sobrenatural: Diálogo, compreensão, boa vontade, colaboração, valorização do outro, perdão, oração, meditação na Palavra de Deus, sacramentos, aceitação das observações do outro, aconselhamento…
Muitos são os obstáculos para que o amor matrimonial corra nessa perspectiva.A influência do paganismo, da mediocridade, a falta de formação e influência de grandes meios de comunicação materialistas dificultam a juventude a se pautar na vida por valores acima apresentados.Aliás, na sociedade vemos duas vocações de fundamental importância: a família e a política. Justamente para as duas há muita falta de preparo! As consequências são óbvias!
A Palavra de Deus
nos auxilia para valorizarmos a vocação matrimonial
“Maridos, amai as vossas mulheres, como o Cristo amou a Igreja e se entregou por Ela… Assim é que o marido deve amar a sua mulher, como ao seu próprio corpo…Por isso o homem deixará seu pai e sua mãe e se unirá à sua mulher e os dois serão uma só carne” (Ef 5, 25.28.31).
*Dom José Alberto Moura - Arcebispo de Montes Claros – MG
Conclusão
Diante dessa realidade, torna-se evidente a urgência de uma pastoral matrimonial mais profunda e sistemática. O matrimônio, enquanto sacramento, não é apenas uma união afetiva, mas uma vocação cristã que exige maturidade espiritual, psicológica e humana. Casais bem formados, conscientes do significado do seu compromisso, tendem a constituir famílias sólidas, capazes de transmitir a fé e os valores cristãos às futuras gerações. Assim como a Igreja investe na formação prolongada de seus ministros ordenados, também deveria oferecer itinerários formativos mais consistentes aos noivos, garantindo não apenas cerimônias belas, mas sobretudo lares firmados sobre bases teológicas, éticas e espirituais. Repensar a preparação para o matrimônio não é apenas uma necessidade pastoral, mas uma exigência para que surjam bons casais e, consequentemente, bons pais de família, fortalecendo tanto a Igreja quanto a sociedade.
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A Paz em
Cristo e o Amor de Maria, a mãe do meu Senhor (Lucas 1,43)
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Meu namorado me pediu em casamento, como faço para fazer o curso de noivos? Moro no interior de Minas Gerais e aqui o padre vem uma vez por ano.
Prezada irmã
Desculpe-nos a demora na resposta. Você precisa entrar em contato com a secretaria de sua paróquia para encontrar a melhor solução. Sugiro até caso seja impossível seu deslocamento, fazer de forma virtual.
Que Deus abençoe seu matrimônio!
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