Agricultura familiar x
agronegócio é uma falácia e um besteirol
Por *Marcos Sawaya Jank
Inicio uma série de artigos para abordar as falácias em torno da agricultura e do agronegócio. Falácia é um argumento logicamente inconsistente, sem fundamento, inválido ou falho na tentativa de provar o que alega. Boa parte dessas falácias nasce nas salas de aula do ensino médio, propagadas por professores desinformados e material didático questionável. Outras propagam-se na forma de chavões repetidos por formadores de opinião e veículos de mídia. Outras derivam de posições divergentes de autoridades e órgãos governamentais, naquilo que se costuma chamar de “fogo amigo”. Exemplos de polêmicas falaciosas que foram se firmando com o tempo são o agronegócio contra a agricultura familiar, a produção de grande escala contra os pequenos produtores, os fazendeiros contra os assentados, a tecnologia intensiva contra a natureza. Entram também na lista as inverdades sobre monoculturas, transgênicos, defensivos agrícolas, antibióticos, bem estar dos animais e outros temas.
Comecemos hoje com a falácia que opõe o agronegócio e a agricultura familiar, que costuma gerar um filhote igualmente falso: os grandes produtores contra os pequenos
As duas dicotomias não têm o menor fundamento. Para começar, a palavra “agronegócio” vem do termo em inglês “agribusiness”, que não passa de um marco conceitual criado para delimitar os sistemas integrados de produção de alimentos, fibras e bioenergia. Seis décadas atrás, em 1957, o professor Ray Goldberg, de Harvard, constatou que a agropecuária deixara de ser um segmento isolado da economia (ou “primário”), tornando-se um elo fundamental das cadeias integradas de valor do agronegócio, cercada por segmentos industriais e de serviços a montante e a jusante.O agronegócio nasce no melhoramento genético de plantas e animais e termina no consumo dos produtos finais: alimentos, bebidas, roupas, produtos da celulose e da borracha etc. Nesse contexto, a integração às cadeias do agronegócio tornou-se uma condição de sobrevivência para os produtores agropecuários, sejam eles grandes ou pequenos, corporações ou famílias, proprietários ou assentados. Milhares de pequenos produtores familiares no Sul estão hoje profundamente integrados às cadeias produtivas de grãos, lácteos e carnes na região, comprando insumos e vendendo matérias-primas para agroindústrias processadoras. São parte fundamental do agronegócio brasileiro. Já grandes propriedades sem nenhuma produção não fazem parte do agronegócio.
Portanto, não é a escala que determina quem vai sobreviver, mas sim a integração e a eficiência
Vale lembrar que o Brasil é um dos países com maior mobilidade social agrícola do planeta. Barões do café quebraram na crise de 1929, ao mesmo tempo em que migrantes italianos e japoneses pobres, que vieram colher café no interior de São Paulo, se tornaram os grandes produtores de cana, açúcar, etanol, hortaliças, algodão e outros produtos. Pequenos agricultores familiares do Sul migraram para o Centro-Oeste nos anos 1970, abrindo a fronteira agropecuária do cerrado, ganhando escala, construindo estradas, cidades. Histórias fascinantes, que nunca foram bem contadas e reconhecidas.
Em
suma, a maior parte dos grandes produtores de hoje é constituída por migrantes
e pequenos produtores do passado!
A gestão das suas propriedades continua sendo familiar! A pequena agricultura familiar é parte fundamental do agronegócio. Mas o que interessa mesmo não é o tamanho das propriedades, e sim a sua gestão e sustentabilidade. Não há, portanto, confrontação de modelos de produção, mas sim migração, evolução, inovação e integração. O resto é esse besteirol endêmico de quem se recusa a olhar a realidade e reconhecer que o Brasil tem belas histórias de sucesso para contar.
*Marcos Sawaya Jank, especialista em
questões globais do agronegócio
Fonte:
https://www.cnabrasil.org.br/publicacoes/agricultura-familiar-vs-agronegocio-e-uma-falacia-e-um-besteirol
A limitação da propriedade rural no Brasil
Por Filipe Celeti - Mises Brasil
Sempre houve tentativas de Plebiscito Popular propondo uma limitação para a propriedade da terra. De acordo com os organizadores, os poucos que detêm muitas terras são os responsáveis pela violência no campo e por jogarem famílias nas áreas de risco das grandes cidades ao serem expulsas do campo. A consulta popular, até certo ponto notável por perceber as inclinações dos indivíduos, possui um caráter diferenciado nesta mobilização. O povo ser consultado é bem diferente de o povo ser induzido a algo. É exatamente a indução que a campanha pelo limite da terra no Brasil tem promovido. Não é necessário refletir sobre o problema da terra e sua distribuição, pois basta votar 'sim' e participar do abaixo assinado pela limitação.A pergunta: "Você concorda que o limite das grandes propriedades de terra no Brasil possibilita aumentar a produção de alimentos saudáveis e melhorar as condições de vida no campo e na cidade?", já possui resposta. O site oficial recomenda: "Diga sim! Coloque limites em quem não tem!" Se a resposta já está dada, como afirmar que é o povo quem está decidindo? Não há espaço para o debate político que tais organizações tanto reclamam serem excludentes. Em suma, a única coisa sem limites é a presunção, a arrogância e a prepotência que certos indivíduos possuem de violar a liberdade alheia, tendo como máscara o benefício do pequeno proprietário de terra.
Se a campanha brada os 10 motivos do porquê de as propriedades rurais de terra no Brasil precisam ter um limite máximo de tamanho, faz-se necessário apontar outra coisa, a saber, a farsa da argumentação utilizada!
-Em primeiro lugar a concentração de terra é
vista como a culpada pela miséria e pela fome.
Admira-me culpar um latifundiário do Rio Grande do Sul pela fome de
famílias no Amapá. Não há uma relação
causal objetiva entre uma coisa e outra.
Há miséria no Brasil? Sem dúvida. Entretanto, diversos fatores podem contribuir
para o quadro atual. Há subsídios para a
agricultura, resultando nem sempre numa vontade de inovação, competição e
eficiência no agronegócio. Existem
também os impostos que incidem sobre todos os passos da produção, desde a
compra das sementes e maquinário até a compra feita pelo consumidor final. Se há algum culpado, atrapalhando a eficiência
do mercado no combate à fome, é o governo e suas tentativas de alimentar o
povo.
-O segundo motivo apontado é que, com a
propriedade ilimitada, qualquer pessoa poderia comprar todo o território
nacional, visto que não existem limites legais.
O argumento esquece por completo que para uma pessoa comprar as terras
de Norte a Sul é preciso que os atuais donos tenham interessa em vender suas terras. Qualquer principiante em mercado imobiliário
sabe que se terrenos começam a serem comprados os outros proprietários ficam em
alerta para elevar o preço. O medo de
"vender" o Brasil parece mais um item de apelo popular (como o slogan
de que o petróleo é nosso) do que algo que mereça enormes análises. Como adendo, novamente a mentalidade
estatista pensa a lei como forma de coibir liberdades. Se alguém adquirir inúmeras propriedades de
terras de forma legítima, nada mais coerente do que as terras pertencerem ao
dono. Seria como desejar limitar a quantidade
de refrigerantes vendidos para cada indivíduo, pois muitos colecionadores podem
adquirir muito refrigerantes tendo, como consequência, a sede dos demais.
-O terceiro ponto é o apontado no início
deste texto. Consiste em culpar o
agronegócio pela expulsão de famílias do campo.
Além de expulsar do campo, os grandes reis do agronegócio os jogaram nas
favelas dos grandes centros urbanos.
Novamente há um problema causa-efeito.
O êxodo rural possui muitos outros fatores além dos que perderam o
emprego no campo. Esquece-se que os
centros urbanos são pólos de oportunidades.
Diversas pessoas chegaram às cidades grandes devidos a problemas de
alterações climáticas, que tornaram a vida no campo menos segura
economicamente. Outros simplesmente
saíram de suas propriedades rurais por desejarem executar novas atividades,
visando uma melhora na qualidade de vida.
-Em seguida, afirma-se que famílias sem
terra poderiam ter terra e, assim, haveria mais alimentos na mesa da
população. Poderia haver mais oferta de
alimentos, mas disto não resulta que o consumidor final iria consumir
mais. A produção artesanal, camponesa,
pode não conseguir baratear o preço dos alimentos. Prever que haverá mais consumo é dizer que
produtos não vencem em prateleiras, nem apodrecem nos mercados.
-No quinto argumento é dito que na produção
do pequeno proprietário não há a utilização de agrotóxicos. Ora, numa sociedade na qual a cada dia se
afirma mais a questão do consumo consciente, afirmar que não há grandes
agricultores produzindo alimentos orgânicos é dizer que nenhum empreendedor
percebeu que há uma nova demanda no mercado.
-O sexto tópico incentiva a reforma agrária,
pois os pequenos agricultores empregam mais gente a cada 100 hectares do que os
agronegócios. Furar poços de petróleo
manualmente deve empregar muitos mais funcionários do que utilizar máquinas perfuradoras,
porém não é por este motivo que descartamos todo o conhecimento tecnológico de
nosso tempo.
-Logo após o excelente argumento contra a tecnologia há outra acusação. Além de jogar pessoas em favelas, os agronegócios são responsáveis pela violência no campo. Uma grande indústria agrícola está, certamente, preocupada em matar, roubar, invadir? Não. O interesse é produzir um produto com qualidade para ser consumido. A violência, em grande parte, tem início com aqueles que gostariam de ser a grande indústria e procuram boicotá-la e sabotá-la. Sobre o trabalho escravo não há como concordar com tremendo absurdo. Se há a defesa da grande propriedade de terra é porque, primeiro, há a defesa da autopropriedade, isto é, cada indivíduo é dono de si próprio.
-O oitavo é aquele que serve apenas para
completar 10. Afirma que os donos de
grandes propriedades são aqueles que nunca plantaram ao menos uma cebola. Muita gente tem celular e não sabe utilizar
todas as suas funções. Elas devem ceder
seus celulares para pessoas que sabem mais recursos? Será que uma terra possui apenas a função de
plantar? Responder 'sim' é um atestado
de ignorância que dispensa comentários.
-O penúltimo motivo é a diferença das
porcentagens de terras entre os poucos que possuem muito e os muitos que
possuem pouco. Existem inúmeras
diferenças entre os indivíduos. O
ideário da igualdade é aquele que pretende nivelar. Tal nivelamento, porém, é sempre feito por
baixo. Em nome da igualdade, todos serão
idênticos agricultores de subsistência. Mas claro que não é isto o apregoado pelo
plebiscito. A limitação não é tornar
igual, apenas diminuir as diferenças acentuadas. O grande problema está em definir se a
desigualdade tem origem circunstancial ou da escolha dos indivíduos. Além disto, fica bem difícil calcular os
benefícios de uma redistribuição, como é o caso da questão das terras
rurais.
-O décimo e último diz que, no último
século, diversos países limitaram a posse de terras e que deveríamos seguir o
mesmo caminho. Se foi somente eu quem
percebeu um argumento de autoridade e uma clara submissão, enquanto país
terceiro-mundista e atrasado, peço desculpas.
Porém, fica muito claro que não é porque todos fazem que nós devamos
fazer o mesmo. Iremos retirar a
liberdade somente porque Itália, Japão e Coréia do Sul fizeram o mesmo? Não faz sentido.
Conclusão
Tendo em vista os rumos que tomamos
enquanto país, as previsões não são motivadoras. O excesso de controle apenas exige mais
controle. Aos poucos vamos perdendo
nossas liberdades. Hoje é a liberdade de
possuir grandes propriedades rurais.
Aqueles não proprietários de grandes terras podem dar de ombros. Com isto, as liberdades vão sendo podadas,
primeiro com pessoas distantes, depois com vizinhos e por último, quando for
tarde, é a nossa vida que recebe amarras.
Fonte:https://mises.org.br/article/770/a-limitacao-da-propriedade-rural-no-brasil
O DESCONHECIDO Alysson Paulinelli, o homem que Revolucionou a agricultura, alimentou o Brasil e mundo, e foi indicado ao Nobel da Paz!
Alysson Paulinelli foi
ministro da Agricultura no governo de Ernesto Geisel, quando modernizou a
EMBRAPA e promoveu a ocupação econômica do Cerrado, transformando o
agronegócio! Transformou tais áreas nas maiores produtoras agrícolas do mundo,
possibilitando que a agricultura brasileira alimente 800 milhões de pessoas no
planeta, isso equivale a ≅10%
da população
mundial! Alysson Paulinelli (Bambuí, 10 de julho de 1936) é um agrônomo e
político brasileiro, formado em Engenharia Agronômica pela Universidade Federal
de Lavras. Especializou-se nos estudos sobre o potencial da região do Cerrado
para a produção agrícola. Em 1971, assumiu a Secretaria de Agricultura de Minas
e criou incentivos e inovações tecnológicas que tornaram o estado de Minas
Gerais o maior produtor de café do Brasil. Foi ministro da Agricultura no
governo de Ernesto Geisel, de 15 de março de 1974 a 15 de março de 1979. Nesse
período, Paulinelli modernizou a Empresa Brasileira de Pesquisa Agropecuária
(Embrapa) e promoveu a ocupação econômica do Cerrado. Alysson Paulinelli sempre
foi incentivador da pesquisa, ciência e tecnologia. Implantou um programa de
bolsa de estudos para estudantes brasileiros em diversos centros de pesquisa em
agricultura pelo mundo, como por exemplo nos Estados Unidos. Em 2006 ganhou o
prêmio World Food Prize. O World Food Prize seria o equivalente ao Nobel da
alimentação. É um prêmio dado a pessoas, independente de raça e gênero, que
ajudaram consideravelmente a população a melhorar a qualidade, quantidade ou
disponibilidade de alimentos no mundo.
Em 2021, Paulinelli foi indicado ao Prêmio Nobel da Paz.
Fonte:https://pt.wikipedia.org/wiki/Lista_de_brasileiros_considerados_para_o_Pr%C3%AAmio_Nobel
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