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São José o Justo, porém, não imaculado como Maria, e sua angústia diante do mistério da encarnação

Written By Beraká - o blog da família on segunda-feira, 14 de fevereiro de 2022 | 20:25

 


 

 

Ao refletir sobre a vida de são José, cada vez me apaixono por Maria Santíssima! Naturalmente, José ignorava o que tinha acontecido. É evidente que, se tivesse conhecido o mistério, não só a revelação que teve em sonhos seria praticamente supérflua, como toda a incerteza de José, que transparece do texto do Evangelho acerca do que deveria fazer, perderia a sua carga de angústia.

 



Os autores das anotações à Bíblia de Jerusalém, expõem o seguinte:

 

 

 

 

“A justiça de José consiste, sem dúvida, no fato de não querer encobrir com o seu nome uma criança cujo pai ignora; mas também em que, convencido da virtude de Maria, nega-se a entregar ao rigoroso procedimento da lei (Dt 22,20ss) este mistério que não compreende”.

 

 

 

O Dicionário de Spadafora diz:

 

 


“Como era justo, ao não ter nem sequer a menor suspeita contra a integridade de sua esposa, ante o incompreensível, queria ocultar o mistério e se eclipsar pessoalmente”.

 

 

 

Este estado de perplexidade de José tinha a sua origem, portanto, na contradição entre os dois fatos certos e seguros:

 



 


 

Por um lado, o fato certo de que a Virgem iria ser mãe sem a sua intervenção; pelo outro, a sua convicção, não apenas da pureza da sua esposa, mas também da sua santidade. Sendo assim, era injustiça notória denunciá-la para que lhe fosse aplicada a pena prevista no Deuteronômio – lapidação – ele era justo. Tal solução ficou, desde o princípio, descartada. Dar-lhe, talvez, o libelo de repúdio? 2 Isto estava, sem dúvida, dentro da ordem estabelecida entre os judeus. Mediante o libelo, ambos recobrariam a liberdade e poderiam refazer suas vidas. Mas, com semelhante solução, infamava a Virgem, pois um homem que repudiasse a sua esposa grávida, antes de viverem juntos, estaria a proclamar, publicamente, que ali existira alguma coisa culpável. E, no futuro, a Virgem Maria seria sempre uma mulher a quem o seu marido tinha despedido pública e legalmente, antes mesmo de a receber em sua casa! Não é difícil perceber o que isso iria significar numa pequena aldeia onde todos se conheciam e onde os temas de conversa não eram abundantes nem vastos. Tomar tal medida equivalia a transformar a Virgem Maria numa mulher marcada.

 

 

 

A outra solução, que José pensou adotar, resolvia também a questão, mas os seus efeitos seriam muito diferentes!

 

 

 

Abandoná-la secretamente significava simplesmente sair do assunto; deixar por cumprir o matrimônio a que se tinha solenemente obrigado pelos esponsais. Neste caso, e com esta solução, a Virgem já não seria uma mulher rejeitada, mas tocada pela desgraça, uma mulher que sofre por uma falta alheia. Também nesta solução existiria um culpado; só que quem aparecia como tal, era ele: o homem que deixou por cumprir uma palavra dada e que abandonou, sem explicações, a sua mulher e o fruto do matrimônio. - José era um homem justo, diz-nos a revelação. E, porque era justo, adotou, com respeito à Virgem Maria, a solução que, de todas as possíveis, menos dano lhe causaria, apesar de não ser a mais cômoda para ele. Decidiu, pois, abandoná-la secretamente e, com esta decisão, mostrou-se como um homem justo, isto é, um santo. Pois, embora não saibamos que espécie de instinto o levou a pôr à parte o repúdio, recuperando a sua liberdade e concedendo-a à sua esposa, o fato é que parece como se tivesse intuído – apesar da lei judaica – a indissolubilidade do matrimônio. Não foi outra coisa, a solução adotada, do que o reconhecimento de que o compromisso livremente assumido diante de testemunhas, unia-o, por toda a vida à mulher que tomara por esposa. A sua justiça levou-o a não se alhear das consequências de uma decisão que não dizia respeito só a si próprio. Não, ele não transigiu com uma corruptela legal que Moisés tinha autorizado, devido à dureza de coração dos judeus. Ele não tinha um coração duro e, por isso, cingiu-se à lei de Deus, sem pretender acolher-se à sombra da legalidade dos homens, embora Deus a tolerasse.

 

 

 

Não iria receber a sua esposa, mas permaneceria unido a ela porque se achava ligado à palavra dada!

 

 

 

Será, possivelmente, Giuseppe Riccioti que, de modo mais lógico e ajustado, seguindo a São Jerônimo, resume a questão: “Num caso deste gênero, um judeu reto e honrado, uma vez convencido da culpabilidade da sua mulher, ter-lhe-ia entregue, sem mais, a ata de divórcio, considerando-se não só no direito, mas, talvez, até no dever de assim proceder, pois uma tolerância silenciosa e inativa poderia parecer aprovação e cumplicidade. Mas José, precisamente sendo justo, não procedeu assim. Logo, estava convencido da inocência de Maria, julgando, portanto, iníquo submetê-la à desonra de um divórcio público”. - Um homem justo é o que age com justiça. José, ao adotar a sua resolução, precisamente aquela que iria solucionar o problema, sem dano para a Virgem, agiu com justiça e mostrou, portanto, que era um homem justo, o que é ainda mais importante, posto que um homem injusto pode agir, às vezes, com justiça sem que, com isso, perca a sua qualidade de injusto, da mesma forma que um mentiroso poderá, às vezes, dizer a verdade sem que deixe, por isso, de ser um embusteiro. É muito difícil, ou até impossível, agir sempre injustamente ou dizer sempre mentiras em tudo. É, pois, a qualidade do ser de cada um, aquilo que importa mais do que qualquer outra coisa; mais ainda, sem dúvida, do que uma ação isolada que, em si, pode não significar grande coisa.Santo Afonso de Ligório disse: “Para termos uma ideia da santidade de São José, basta que consideremos o que diz o Evangelho: José, seu esposo, era homem justo”. A expressão homem justo significa um homem que possui todas as virtudes; porquanto, aquele a quem falta uma delas, não pode ser chamado justo.

 

 

 

Tem qualidade de justo o que age com justiça; mas, o que será esse agir com justiça?

 

 

 

Esta é uma palavra que, como algumas outras – liberdade, democracia, direitos –, ressoa muito, e com muita frequência, no mundo ocidental, mas à qual, porém – e como tantas outras – está ligado um conteúdo que geralmente desfigura ou falsifica aquilo que a própria palavra designa. É por isso que devemos ser cuidadosos com o uso dos vocábulos, para não causar dano, dando a entender uma coisa por outra e criando na mente uma confusão que impeça depois o agir com retidão. O agir próprio da justiça é dar a cada um o que é seu.

 

 

 

Se queremos ser justos, havemos de estar dispostos, imediatamente, a dar a cada um o que lhe pertence, mas sem excluir a Deus!

 

 

 

Pois parece como se apenas pensássemos no próximo, ao falar de justiça. Que será, pois, este ser justos com Deus? Evidentemente, dar-Lhe o que é seu, o que Lhe pertence. E o que é que pertence a Deus, o que é seu, o que, portanto, devemos dar-Lhe para agir com justiça? Simplesmente tudo. São Paulo exprimiu-o em termos tão claros como precisos: “Que tens tu, que não tenhas recebido”? (1Cor 4,7). E, noutra ocasião: “Somos de Deus” (Rm 14,8). Com efeito, d’Ele recebemos os sentidos e a inteligência, os bens corporais e os espirituais e mil coisas da criação, mas ainda há algo de mais importante: recebemos de Deus o ser e a existência, não apenas no âmbito natural, mas também no sobrenatural.

 

 

 

Por isso, um homem justo é, fundamentalmente, um homem entregue; é um homem que reconhece ter recebido tudo e que, por consequência, considera-se obrigado a devolver a Deus a honra, a glória, o louvor, a adoração e a gratidão por tudo o que recebeu!

 

 

 

 

E não encontra melhor modo de cumprir este dever do que se entregando para que Deus faça nele e com ele, tudo o que for do seu agrado. Numa palavra: ser justo é ser santo! Por isso, pôde José escolher a solução mais benéfica para a Virgem Maria, aquela que menos dano lhe causaria. Talvez seja preciso pensar que a justiça – não uma qualquer justiça, não apenas a justiça legal, mas a justiça segundo Deus – conta entre as suas propriedades um componente de compaixão, de misericórdia, que impede ou atenua o dano alheio. José não se deteve, simplesmente, no seu direito, mas noutra coisa que, ao estar acima, ultrapassava-o. Por se tratar de justiça segundo Deus, traduzia-se em santidade, isto é, em amor: Amor a Deus e, por Deus, amor ao próximo. Trata-se, pois, desta espécie de justiça a que Jesus se referia quando dizia que, se nos arrancassem o manto, déssemos também a túnica e se nos obrigavam a andar mil passos, déssemos alegremente outros dois mil (Mt 5,40s). A justiça de um homem justo é ausência de egoísmo e, neste caso, bem o demonstrou José, que pensou mais na honra da Virgem Maria do que na sua própria; está na linha do ensinamento evangélico, que manda devolver bem por mal e abençoar a quem nos amaldiçoa (Lc 6,28) e, portanto, situado já nesse plano superior ao que Jesus se referiu quando disse que tinha vindo, não para destruir a lei, mas para levá-la à perfeição, para lhe dar o seu cabal cumprimento. (Mt 5,17).

 

 

 

Dito isto, podemos concluir que unir a justiça à caridade é condição “sine qua non” para bem compreender a dinâmica do Reino dos Céus, haja vista que a lógica do Alto funciona de modo totalmente diferente da terrena:

 

 

 

O Catecismo, em seu parágrafo 1807, define a virtude da justiça como uma virtude moral, que: “consiste na vontade constante e firme de dar a Deus e ao próximo o que lhes é devido”. E ainda versa sobre os justos da Bíblia: “O homem justo, muitas vezes mencionado nas Escrituras, distingue-se pela correção habitual de seus pensamentos e pela retidão de sua conduta para com o próximo”. - Enquanto o mundo se submete ao fundamento do “olho por olho, dente por dente”, Cristo ensina que devemos dar a outra face (Lc 6,29). Assim, só quem supera a justiça natural consegue enxergar verdadeiramente a bondade de Deus e sua justiça sobrenatural, que faz chover sobre justos e injustos (Mt 5,45), que deixa crescer o joio em meio ao trigo (Mt 13,24-30), que, sendo Ele o Justo por excelência, veio ao mundo e Se deixou crucificar como um malfeitor, em prol da salvação da humanidade. Só quem aprende a aperfeiçoar a justiça humana à divina, consegue perceber a verdadeira Justiça, revelada plenamente pela Misericórdia, no acolhimento do homem pecador e sua justificação (perdão dos pecados) por meio de Jesus Cristo.

 

 

 

O que mereceríamos nós, caso Deus decidisse nos dar segundo a medida de nossos atos?

 

 

 

Porém, a iniquidade humana foi completamente absorvida pela misericórdia divina. A dívida impagável foi quitada, a preço de sangue: “Pois sabeis que não foi com coisas perecíveis, isto é, com prata ou com ouro, que fostes resgatados da vida fútil que herdastes de vossos pais, mas, por sangue precioso, como de cordeiro sem defeitos e sem mácula, Cristo, conhecido antes da fundação do mundo, mas manifestado, no fim dos tempos, por causa de vós” (1 Pd 1,18-20). A justiça de José, portanto, consiste em acolher, com generosidade, a manifestação de Cristo ao mundo, consiste em colocar-se à disposição para ajudar nos preparativos de sua vinda,superando o medo e até os lícitos anseios do seu coração, para o perfeito e necessário acolhimento do Sagrado.

 

 

A decisão de José, de abandonar secretamente a Virgem Maria, não foi uma decisão tomada de improviso!

 

 

 

Também não foi resultado do orgulho ferido nem do amor próprio magoado. Os assuntos importantes requerem demorada atenção. Se o tempo de angustiosa perplexidade durou muito ou pouco é impossível saber; mas, tendo em vista o estado de Maria, o seu incompreensível silêncio e a sua serena atitude, é mais explicável que José tenha-se debatido algum tempo na dúvida, sem saber o que fazer. E, então, enquanto repousava, chegou a solução diferente daquela que tinha pensado e, com ela, a paz e a alegria. Pois: “Eis que um anjo do Senhor apareceu em sonho e lhe disse: ‘José, filho de Davi, não temas receber em tua casa Maria, tua esposa, porque o que nela foi concebido é do Espírito Santo’”. (Mt 1,20,23). Só quando José chegou a uma solução justa (dentro de um conhecimento imperfeito da realidade) interveio Deus, através do anjo. A verdadeira solução apareceu-lhe assim que José fez tudo o que, nas suas circunstâncias, era possível fazer, sem omitir nada de quanto dele dependesse.

 

 

A solução chegou-lhe de modo simples, discreto, silenciosamente, sem aparato externo e sensível

 


 


 

Chegou-lhe de fora e, assim, viu que a solução adotada, mesmo sendo ele justo, não era adequada,por isso, José retificou logo a sua decisão, voltando atrás e atuando em consonância com os fatos que o anjo lhe tinha revelado. Mas é preciso ter presente um pormenor que Monsenhor Escrivá de Balaguer observou: “Ele nunca recusou refletir sobre os acontecimentos, por isso, recebeu do Senhor a inteligência das obras de Deus, que é a verdadeira sabedoria”. Assim, José foi justo para com Deus e, consequentemente, para com a Virgem Maria, porque soube aperfeiçoar a justiça pela caridade. Superou aquilo que, segundo a Lei de Moisés, era-lhe lícito fazer (repudiar sua noiva), para realizar a vontade divina: “José, ao despertar do sonho, agiu conforme o Anjo do Senhor lhe ordenara e recebeu em casa sua mulher”. (Mt 1,24)

 

 

 

Texto adaptado do livro de Federico Suarez: José, esposo de Maria

 

 

 

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Neste Apostolado APOLOGÉTICO (de defesa da fé, conforme 1 Ped.3,15) promovemos a “EVANGELIZAÇÃO ANÔNIMA", pois neste serviço somos apenas o Jumentinho que leva Jesus e sua verdade aos Povos. Portanto toda honra e Glória é para Ele.Cristo disse-nos:Eu sou o caminho, a verdade e a vida e “ NINGUEM” vem ao Pai senão por mim" (João14, 6).Defendemos as verdade da fé contra os erros que, de fato, são sempre contra Deus.Cristo não tinha opiniões, tinha a verdade, a qual confiou a sua Igreja, ( Coluna e sustentáculo da verdade – Conf. I Tim 3,15) que deve zelar por ela até que Ele volte(1Tim 6,14).Deus é amor, e quem ama corrige, e a verdade é um exercício da caridade. Este Deus adocicado, meloso, ingênuo, e sentimentalóide, é invenção dos homens tementes da verdade, não é o Deus revelado por seu filho: Jesus Cristo.Por fim: “Não se opor ao erro é aprová-lo, não defender a verdade é nega-la” - ( Sto. Tomás de Aquino).Este apostolado tem interesse especial em Teologia, Política e Economia. A Economia e a Política são filhas da Filosofia que por sua vez é filha da Teologia que é a mãe de todas as ciências. “Não a nós, Senhor, não a nós, mas ao vosso nome dai glória...” (Salmo 115,1)

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