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Uma coisa é o espírito do tempo: Zeitgeist, outra coisa é o tempo do Espírito Santo

Written By Beraká - o blog da família on domingo, 11 de julho de 2021 | 15:00

 





 

Zeitgeist é um termo alemão, introduzido inicialmente pelo escritor Johann Gottfried von Herder, para designar o que seria o “espírito do tempo”. Seu conceito, reforça a ideia de um clima cultural e intelectual que permeia toda a atmosfera global.Basicamente, o zeitgeist diz muito sobre a época em que vivemos, como a sociedade se comporta, quais são seus anseios, sobre o que as pessoas estão em busca. E isso pode ser identificado de diversas formas: nos livros mais vendidos, nas bilheterias de cinema, nas músicas mais ouvidas, nos produtos que estão nas prateleiras, na moda que está nas vitrines, enfim, há infinitas possibilidades para identificar os reais anseios de uma comunidade, os sinais estão em todas parte.


SEGUNDA SECÇÃO DO CATECISMO DA IGREJA CATÓLICA: A PROFISSÃO DA FÉ CRISTÃ

 


CAPÍTULO TERCEIRO: CREIO NO ESPÍRITO SANTO!

 

 

 

683. «Ninguém pode dizer "Jesus é o Senhor" a não ser pela acção do Espírito Santo» (1Cor 12, 3). «Deus enviou aos nossos corações o Espírito do seu Filho, que clama: "Abbá! Pai!'» (Gl 4, 6). Este conhecimento da fé só é possível no Espírito Santo. Para estar em contacto com Cristo, é preciso primeiro ter sido tocado pelo Espírito Santo. É Ele que nos precede e suscita em nós a fé. Em virtude do nosso Baptismo, primeiro sacramento da fé, a Vida, que tem a sua fonte no Pai e nos é oferecida no Filho, é-nos comunicada, íntima e pessoalmente, pelo Espírito Santo na Igreja:O Baptismo «dá-nos a graça do novo nascimento em Deus Pai, por meio do Filho no Espírito Santo. Porque aqueles que têm o Espírito de Deus são conduzidos ao Verbo, isto é, ao Filho: mas o Filho apresenta-os ao Pai, e o Pai dá-lhes a incorruptibilidade. Portanto, sem o Espírito não é possível ver o Filho de Deus, e sem o Filho ninguém tem acesso ao Pai, porque o conhecimento do Pai é o Filho, e o conhecimento do Filho de Deus faz-se pelo Espírito Santo».

 

 

684. O Espírito Santo, pela sua graça, é o primeiro no despertar da nossa fé e na vida nova que consiste em conhecer o Pai e Aquele que Ele enviou, Jesus Cristo. No entanto, Ele é o último na revelação das Pessoas da Santíssima Trindade. São Gregário de Nazianzo, «o Teólogo», explica esta progressão pela pedagogia da «condescendência» divina:«O Antigo Testamento proclamava manifestamente o Pai e mais obscuramente o Filho. O Novo manifestou o Filho e fez entrever a divindade do Espírito. Agora, porém, o próprio Espírito vive conosco e manifesta-se a nós mais abertamente. Com efeito, quando ainda não se confessava a divindade do Pai, não era prudente proclamar abertamente o Filho: e quando a divindade do Filho ainda não era admitida, não era prudente acrescentar o Espírito Santo como um fardo suplementar, para empregar uma expressão um tanto ousada [...] É por avanços e progressões "de glória em glória " que a luz da Trindade brilhará em mais esplendorosas claridades».

 

 

685. Crer no Espírito é, portanto, professar que o Espírito Santo é uma das Pessoas da Santíssima Trindade, consubstancial ao Pai e ao Filho, «adorado e glorificado com o Pai e o Filho». É por isso que tratamos do mistério divino do Espírito Santo na «teologia» trinitária. Portanto, aqui só trataremos do Espírito Santo no âmbito da «economia» divina.

 

 

 

686. O Espírito Santo age juntamente com o Pai e o Filho, desde o princípio até à consumação do desígnio da nossa salvação. Mas é nestes «últimos tempos», inaugurados com a Encarnação redentora do Filho, que Ele é revelado e dado, reconhecido e acolhido como Pessoa. Então, esse desígnio divino, consumado em Cristo, «Primogénito» e Cabeça da nova criação, poderá tomar corpo na humanidade pelo Espírito derramado: a Igreja, a comunhão dos santos, a remissão dos pecados, a ressurreição da carne, a vida eterna.

 

 

 

APROFUNDAMENTO TEOLÓGICO:

 

 

 

«De agora em diante, pois, já não há nenhuma condenação para aqueles que estão em Jesus Cristo. A lei do Espírito de Vida me libertou, em Jesus Cristo, da lei do pecado e da morte… Se alguém não possui o Espírito de Cristo, este não é dele. Ora, se Cristo está em vós, o corpo, em verdade, está morto pelo pecado, mas o Espírito vive pela justificação. Se o Espírito daquele que ressuscitou Jesus dos mortos habita em vós, ele, que ressuscitou Jesus Cristo dos mortos, também dará a vida aos vossos corpos mortais, pelo seu Espírito que habita em vós.»

 

 

 

São 4 versículos do capítulo 8 da Carta aos Romanos sobre o Espírito Santo e neles ressoa seis vezes o nome de Cristo. A mesma frequência se mantém no resto do capítulo, se consideramos também as vezes que há referências a Ele com o pronome ou com o termo Filho. Este fato é de importância fundamental, pois nos diz que para Paulo a obra do Espírito Santo não substitui a de Cristo, mas que a prossegue, cumpre e atualiza. O fato de que o recém-eleito presidente dos Estados Unidos, durante sua campanha eleitoral, tenha aludido três vezes a Joaquim de Fiore, voltou a suscitar o interesse pela doutrina deste monge do medievo. Poucos dos que falam dele, especialmente na internet, sabem ou se preocupam por saber o que disse exatamente este autor. Toda ideia de renovação eclesial ou mundial se põe sob seu nome com desenvoltura, até a ideia de um novo Pentecostes para a Igreja, invocado por João XXIII. Uma coisa é certa. Seja ou não atribuível a Joaquim de Fiore, a ideia de uma terceira era do Espírito que sucederia a do Pai no Antigo Testamento e de Cristo no Novo é falsa e herética, porque ataca o próprio coração do dogma trinitário. Bem distinta é a afirmação de São Gregório Nazianzeno, que distingue três fases na revelação da Trindade: no Antigo Testamento, revelou-se plenamente o Pai e se prometeu e anunciou o Filho; no Novo Testamento, revelou-se plenamente o Filho e foi anunciado e prometido o Espírito Santo; no tempo da Igreja, conhece-se finalmente por completo o Espírito Santo e se goza de sua presença. A tese chamada joaquimita é excluída por Paulo e todo o NovoTestamento. O tempo do Espírito é, por isso, co-extensivo ao tempo de Cristo. O Espírito Santo é o Espírito que procede primariamente do Pai, que descendeu e «pousou» em plenitude em Jesus, «historificando-se» e acostumando-se n’Ele – diz Santo Irineu – a viver entre os homens, e que na Páscoa-Pentecostes a partir d’Ele é infundido na humanidade. Outra prova de tudo isso é precisamente o grito «Abba» que o Espírito repete no crente (Gál 4, 6) ou ensina a repetir ao crente (Rm 8, 15). Como pode o Espírito gritar Abba ao Pai? Não é gerado do Pai, não é seu Filho… Pode fazê-lo – observa Santo Agostinho – porque é o Espírito do Filho e prolonga o grito de Jesus.

 

 


A vinda do Espírito marcaria uma nova era para o mundo, e especialmente para a igreja!

 




Gálatas 5,13: "Porque vós, irmãos, fostes chamados à liberdade. Não useis então da liberdade para dar ocasião à carne..."

 


Não uma era de depravação e libertinagem como muitos querem defender. Há muito tempo Deus vinha anunciando através dos profetas a chegada de uma era espetacular. Essa era foi identificada como um derramamento especial do Espírito Santo. Apesar do Espírito já estar em atividade durante todo o período do Antigo Testamento, mesmo assim, alguns profetas predisseram que nos dias do Messias, Deus concederia uma difusão liberal do Espírito Santo, nova e diferente, bem como acessível a todos.

 

 






Isaías profetizou que depois de um tempo de muita destruição para o povo de Israel, onde os palácios seriam abandonados, as cidades ficariam desertas, as torres seriam destruídas, finalmente, Deus derramaria o “Espírito lá do alto”; então, toda uma renovação aconteceria (Isa 32,14-15). Esse derramar do Espírito passou a ser uma das grandes expectativas escatológicas do povo de Deus. Isaías fala ainda:

 

 

“Porque derramarei água sobre o sedento e torrentes sobre a terra seca; derramarei o meu Espírito sobre a tua posteridade e a minha bênção, sobre os teus descendentes” (Is 44,3).

 

 

Ezequiel foi ainda mais específico sobre esse derramamento:

 

 

“Então, aspergirei água pura sobre vós, e ficareis purificados; de todas as vossas imundícias e de todos os vossos ídolos vos purificarei. Dar-vos-ei coração novo e porei dentro de vós espírito novo; tirarei de vós o coração de pedra e vos darei coração de carne. Porei dentro de vós o meu Espírito e farei que andeis nos meus estatutos, guardeis os meus juízos e os observeis” (Ez 36,27).

 

 

E o profeta Joel fala da amplitude desse derramamento:

 

 

“E acontecerá, depois, que derramarei o meu Espírito sobre toda a carne; vossos filhos e vossas filhas profetizarão, vossos velhos sonharão, e vossos jovens terão visões; até sobre os servos e sobre as servas derramarei o meu Espírito naqueles dias” (Joel 2,28-29).

 

 

Toda a expectativa sobre o derramamento do Espírito pode ser vista nas palavras de João Batista no início de seu ministério:

 

 

“Eu vos tenho batizado com água; ele, porém, vos batizará com o Espírito Santo” (Mc 1,8).

 

 

João Batista anunciou que a profecia do Antigo Testamento, sobre o derramar do Espírito Santo, logo se cumpriria na pessoa daquele a quem ele anunciava, o Senhor Jesus Cristo. E o próprio Senhor, após a sua ressurreição, disse aos Apóstolos:

 

 

“Eis que envio sobre vós a promessa de meu Pai; permanecei, pois, na cidade, até que do alto sejais revestidos de poder” (Lc 24,49).

 

 

Jerusalém seria o local onde finalmente o Espírito prometido viria:

 

 

Para receberem o Espírito Santo, os apóstolos são ordenados a não se ausentarem de Jerusalém. Jerusalém, no conceito de Lucas, será o local do penúltimo evento da história da salvação antes do último evento: a volta de Cristo. Jerusalém é a cidade escolhida para que a antiga profecia se cumpra, e assim, o Espírito prometido venha sobre o povo escolhido. Por isso, no dia do Pentecostes, Pedro claramente entendeu que a promessa havia se cumprido. Percebemos isso por suas palavras:

 

 

“Mas o que ocorre é o que foi dito por intermédio do profeta Joel: E acontecerá nos últimos dias, diz o Senhor, que derramarei do meu Espírito sobre toda a carne” (At 2,16-17).

 

 

Sobre essa base, ele teve a coragem de proclamar à multidão que o ouvia:

 

 

“Arrependei-vos, e cada um de vós seja batizado em nome de Jesus Cristo para remissão dos vossos pecados, e recebereis o dom do Espírito Santo. Pois para vós outros é a promessa, para vossos filhos e para todos os que ainda estão longe, isto é, para quantos o Senhor, nosso Deus, chamar” (At 2,38-39).

 

 

O perdão dos pecados e o dom do Espírito eram promessas divinas que haviam acabado de se cumprir naquele dia. A última expressão de Pedro de que a promessa era para todos os que “Deus chamar”, aponta para o aspecto universal da promessa do Espírito. Joel já havia dito que o derramamento seria sobre todo tipo de pessoas, incluindo jovens, velhos, homens, mulheres, servos e servas (Joel 2,29).

 

 

Independente de idade, sexo, raça e classe social, o dom incluía todos os que se arrependessem e cressem. Agora Pedro começa a alargar ainda mais a tenda, pois começa a antever a possibilidade de que outros povos sejam incluídos.

 

 

 

Percebemos, portanto, que desde o Antigo Testamento, sempre houve uma promessa divina de enviar o Espírito Santo a fim de iniciar uma era diferente, a Era do Espírito. O Espírito viria habitar de forma mais plena e universal o povo de Deus, que não mais seria limitado a uma nação, pois englobaria pessoas de todas as tribos, raças, línguas e nações. O momento quando aquela promessa fosse cumprida seria um momento ímpar, um momento único na história da salvação.

 

 

 

CARTA ENCÍCLICA: DOMINUM ET VIVIFICANTEM

 

 

DO SUMO PONTÍFICE: JOÃO PAULO II

 

SOBRE O ESPÍRITO SANTO NA VIDA DA IGREJA E DO MUNDO

 

 

O Espírito Santo e o tempo da Igreja

 

 

25. «Consumada a obra que o Pai tinha confiado ao Filho sobre a terra» (cf. Jo 17, 4), no dia do Pentecostes foi enviado o Espírito Santo para santificar continuamente a Igreja, e, assim, os que viessem a acreditar tivessem, mediante Cristo, acesso ao Pai num só Espírito» (cf. Ef 2, 18). Este é o Espírito da vida, a fonte de água que jorra para a vida eterna (cf. Jo 4, 14; 7, 38-39); é Aquele por meio do qual o Pai dá novamente a vida aos homens, mortos pelo pecado, até que um dia ressuscite em Cristo os seus corpos mortais (cf.Rom 8, 10-11)». [92]. É deste modo que o Concílio Vaticano II fala do nascimento da Igreja no dia de Pentecostes. Este acontecimento constitui a manifestação definitiva daquilo que já se tinha realizado no mesmo Cenáculo no Domingo da Páscoa. Cristo Ressuscitado veio e foi «portador» do Espírito Santo para os Apóstolos. Deu-lho dizendo: «Recebei o Espírito Santo». Isso que aconteceu então no interior do Cenáculo, «estando as portas fechadas», mais tarde, no dia do Pentecostes, viria a manifestar-se publicamente diante dos homens. Abrem-se as portas do Cenáculo e os Apóstolos dirigem-se aos habitantes e peregrinos, que tinham vindo a Jerusalém por ocasião da festa, para dar testemunho de Cristo com o poder do Espírito Santo. E assim se realiza o anúncio de Jesus: «Ele dará testemunho de mim: e também vós dareis testemunho de mim, porque estivestes comigo desde o princípio». [93]

 

 

Num outro documento do Concílio Vaticano II lemos: «Sem dúvida que o Espírito Santo estava já a operar no mundo, antes ainda que Cristo fosse glorificado. Contudo, foi no dia de Pentecostes que ele desceu sobre os discípulos, para permanecer com eles eternamente (cf. Jo 14, 16); e a Igreja apareceu publicamente diante da multidão e teve o seu início a difusão do Evangelho entre os pagãos, através da pregação».[94]

 

 

 

O tempo da Igreja teve início com a «vinda», isto é, com a descida do Espírito Santo sobre os Apóstolos, reunidos no Cenáculo de Jerusalém juntamente com Maria, a Mãe do Senhor. [95] O tempo da Igreja teve início no momento em que as promessas e os anúncios, que tão explicitamente se referiam ao Consolador, ao Espírito da verdade, começaram a verificar-se sobre os Apóstolos, com potência e com toda a evidência, determinando assim o nascimento da Igreja.

 

 

Disto falam em muitas passagens e amplamente os Actos dos Apóstolos, dos quais nos resulta que, segundo a consciência da primitiva comunidade — da qual São Lucas refere as certezas — o Espírito Santo assumiu a orientação invisível — mas de algum modo «perceptível» — daqueles que, depois da partida do Senhor Jesus, sentiam profundamente o terem ficado órfãos.

 

 

Com a vinda do Espírito eles sentiram-se capazes de cumprir a missão que lhes fora confiada. Sentiram-se cheios de fortaleza. Foi isto precisamente que o Espírito Santo operou neles; e é isto que Ele continua a operar na Igreja, mediante os seus sucessores. Com efeito, a graça do Espírito Santo, que os Apóstolos, pela imposição das mãos, transmitiram aos seus colaboradores, continua a ser transmitida na Ordenação episcopal. Os Bispos, por sua vez, depois tornam participantes desse dom espiritual os ministros sagrados, pelo sacramento da Ordem; e providenciam ainda para que, mediante o sacramento da Confirmação, sejam fortalecidos com ele todos os que tiverem renascido pela água e pelo Espírito Santo. E assim se perpetua na Igreja de certo modo, a graça do Pentecostes.Como escreve o Concílio, «o Espírito Santo habita na Igreja e nos corações dos fiéis como num templo (cf. 1 Cor 3, 16; 6, 19); e neles ora e dá testemunho da sua adopção filial (cf. Gál 4, 6; Rom 8, 15-16. 26). Ele introduz a Igreja no conhecimento de toda a verdade (cf. Jo 16, 13), unifica-a na comunhão e no ministério, edifica-a e dirige-a com os diversos dons hierárquicos e carismáticos e enriquece-a com os seus frutos (cf. Et 4, 11-12; 1 Cor 12, 4; Gál 5, 22). Faz ainda com que a Igreja se mantenha sempre jovem, com a força do Evangelho, renova-a continuamente e leva-a à perfeita união com o seu Esposo». [96]

 

 

 

26. As passagens que acabamos de recordar, da Constituição Conciliar Lumen Gentium, dizem-nos que, com a vinda do Espírito Santo, começou o tempo da Igreja. Dizem-nos ainda que este tempo, o tempo da Igreja, continua. Perdura através dos séculos e das gerações. No nosso século, neste período em que a humanidade se tem vindo a aproximar do termo do segundo Milénio depois de Cristo, este «tempo da Igreja» teve uma sua particular expressão no Concílio Vaticano II, como Concílio do nosso século. Sabe-se, com efeito, que ele foi, de maneira especial, um Concílio «eclesiológico»: um Concílio sobre o tema da Igreja. Ao mesmo tempo, porém, o ensino deste Concílio é essencialmente «pneumatológico»: impregnando da verdade sobre o Espírito Santo, como alma da Igreja. Podemos dizer que no seu rico magistério o Concílio Vaticano II contém praticamente tudo o «que o Espírito diz às Igrejas» [97] em função da presente fase da história da salvação.

 

 

 

Seguindo como guia ao Espírito da verdade e dando testemunho juntamente com Ele, o Concílio ofereceu uma especial confirmação da presença do Espírito Santo Consolador. Tornou-o, em certo sentido, novamente «presente» na nossa época difícil. A luz desta convicção, compreende-se melhor a grande importância de todas as iniciativas que têm em vista a actuação do Concílio Vaticano II, do seu magistério e da sua linha pastoral e ecuménica. É neste sentido que devem ser bem consideradas e avaliadas as Assembleias do Sínodo dos Bispos que se foram sucedendo e que tiveram em vista fazer com que os frutos da Verdade e do Amor — os frutos autênticos do Espírito Santo — se tornem um bem duradouro do Povo de Deus na sua peregrinação terrena ao longo dos séculos. É indispensável este trabalho da Igreja, visando a avaliação e a consolidação dos frutos salvíficos do Espírito, doados generosamente no Concílio. Para alcançar este objectivo é necessário saber «discerni-los» com atenção de tudo aquilo que, contrariamente, possa provir sobretudo do «príncipe deste mundo». [98] Este discernimento é tanto mais necessário, na realização da obra do Concílio, quanto é um facto que este se abriu de modo muito amplo ao mundo contemporâneo, como o demonstram claramente as importantes Constituições conciliares Gaudium et spes e Lumen Gentium.

 

 

 

Lemos, com efeito, na Constituição pastoral: «Eles (os discípulos de Cristo) são uma comunidade de homens, congregados em Cristo e que são guiados pelo Espírito Santo na sua peregrinação para o Reino do Pai; e são portadores de uma mensagem de salvação, que devem comunicar a todos. É por isso que a mesma comunidade dos cristãos se sente real e intimamente solidária com o género humano e com a sua história». [99] «A Igreja sabe muito bem que só Deus, a quem ela serve, satisfaz os desejos mais profundos do coração humano, o qual nunca se sacia plenamente só com os bens terrestres». [100] «O Espírito de Deus... dirige com admirável providencia, o curso dos tempos e renova a face da terra». [101]

 

 

 

 

SEGUNDA PARTE: O ESPÍRITO QUE CONVENCE O MUNDO QUANTO AO PECADO

 

 

 

1. Pecado, justiça e juízo

 

 

27. Quando Jesus, durante o discurso de despedida no Cenáculo, anuncia a vinda do Espírito Santo «à custa» da própria partida e promete: «Quando eu for, vo-lo enviarei», precisamente nesse contexto, acrescenta: «E Ele, quando vier, convencerá o mundo quanto ao pecado, quanto à justiça e quanto ao juízo». [102] O mesmo Consolador e Espírito da verdade — que fora prometido como Aquele que «ensinará» e «recordará», como Aquele que «dará testemunho» e como Aquele que «guiará para toda a verdade» — é anunciado agora, com as palavras citadas, como Aquele que «convencerá o mundo quanto ao pecado, quanto à justiça e quanto ao juízo».Parece ser também significativo o contexto. Jesus relaciona este anúncio do Espírito Santo com as palavras que indicam a própria «partida», mediante a Cruz, e que, mais ainda, realçam a necessidade da mesma «partida»: «É melhor para vós que eu vá; porque, se eu não for, o Consolador não virá a vós». [103] Mas o que conta mais é a explicação que Jesus acrescenta a estas três palavras: pecado, justiça e juízo. Com efeito, diz assim: «Ele convencerá o mundo quanto ao pecado, quanto à justiça e quanto ao juízo. Quanto ao pecado, porque não crêem em mim; quanto à justiça, porque eu vou para o Pai e não me vereis mais; e quanto ao juízo, porque o príncipe deste mundo já está juIgado». [104] No pensamento de Jesus, o pecado, a justiça e o juízo têm um sentido bem preciso, diverso daquele que alguém pretendesse, porventura, atribuir a tais palavras, independentemente da explicação de Quem fala. Esta explicação indica também como deve ser entendido aquele «convencer o mundo», que é próprio da acção do Espírito Santo. Aqui têm importância: quer o significado de cada palavra, quer o facto de Jesus as ter unido entre si na mesma frase.

 

 

 

«O pecado», nesta passagem, significa a incredulidade que Jesus encontrou no meio dos «seus», a começar pelos próprios conterrâneos de Nazaré. Significa a rejeição da sua missão, que levará os homens a condená-lo à morte.

 

 

Quando fala, em seguida, da «justiça», Jesus parece ter em mente aquela justiça definitiva, que o Pai lhe fará, revestindo-o da glória da ressurreição e da ascensão ao céu: «Vou para o Pai». No contexto do «pecado» e da «justiça» assim entendidos, «o juízo» significa, por sua vez, que o Espírito da verdade demonstrará a culpa do «mundo» na condenação de Jesus à morte de Cruz. No entanto, Cristo não veio ao mundo somente para o julgar e condenar: Ele veio para o salvar. [105]

 

 

O convencer quanto ao pecado e quanto à justiça tem como finalidade a salvação do mundo, a salvação dos homens. É esta verdade, precisamente, que parece ser acentuada pela afirmação de que «o juízo» afecta somente o «príncipe deste mundo», isto é, Satanás, aquele que, desde o princípio explora a obra da criação contra a salvação, contra a aliança e a união do homem com Deus: ele «já está julgado» desde o princípio. Se o Espírito Consolador deve convencer o mundo, exactamente quanto ao juízo, é para continuar nele a obra salvífica de Cristo.

 

 

 

28. Queremos agora concentrar a nossa atenção principalmente nesta missão do Espírito Santo, qual é a de «convencer o mundo quanto ao pecado», mas respeitando, ao mesmo tempo, o contexto geral das palavras de Jesus no Cenáculo. O Espírito Santo, que assume do Filho a obra da Redenção do mundo, assume por isso mesmo a função de o «convencer quanto ao pecado» em ordem à salvação. Este convencer realiza-se em constante referência à «justiça», isto é, à salvação definitiva em Deus, à efectivação da economia que tem como centro Cristo crucificado e glorificado. E esta economia salvífica de Deus subtrai, em certo sentido, o homem ao «juízo, isto é, à condenação, com que foi punido o pecado de Satanás, «príncipe deste mundo», aquele que, por causa do seu pecado, se tornou «dominador deste mundo tenebroso». [106] É assim que, mediante esta referência ao «juízo», se patenteiam vastos horizontes para a compreensão do «pecado», bem como da «justiça». O Espírito Santo, mostrando o pecado na economia da salvação, tendo como fundo a Cruz de Cristo, (dir-se-ia «o pecado salvado»), leva também a compreender como a sua missão é a de «convencer» mesmo quanto ao pecado que já foi definitivamente julgado («o pecado condenado»).

 

 

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