Por *Francisco José Barros
Araújo
Quando, em 1.512,
Michelangelo finalmente concluiu o afresco do teto da capela Sistina, que é
considerado uma das mais famosas obras da história da arte, os cardeais
responsáveis pela curadoria das obras ficaram por horas olhando e admirando o
magnífico afresco. Após a análise, reuniram-se com o mestre das
artes, Michelangelo e, sem pudor algum dispararam: RE-FA-ÇA! O descontentamento, óbvio, não era com a obra toda,
mas sim com um detalhe aparentemente não importante: "Michelangelo
havia concebido o painel da criação do homem com os dedos de Deus e de Adão, se
tocando". Os curadores exigiram que não houvesse o
toque, mas que os dedos de ambos ficassem distantes e mais: que o dedo de Deus
estivesse sempre esticado ao máximo, mas que o dedo de Adão, estivesse
com as últimas falanges contraídas.
Um simples detalhe, mas com um sentido
surpreendente!
Deus está lá, mas a
decisão de buscá-lo é do homem. Se ele quiser, esticar o dedo, tocar-lhe-á,
mas não querendo, poderá passar uma vida inteira sem buscá-lo. A última
falange do dedo de Adão contraída representa, então, o livre arbítrio.
Fonte:https://www.trendsmap.com/twitter/tweet/1275052384910221312
(Consultado em 23/06/2020)
O LIVRE ARBÍTRIO EM SANTO AGOSTINHO
Para Agostinho de Hipona, sem o livre-arbítrio, não
existiria justiça nem a retidão. De nada adiantaria elogiar os retos e condenar
os maus. O problema do livre-arbítrio está em fazer mau
uso deste, e não, de condenar Deus por tê-lo concedido ao ser humano.
O Livre Arbítrio tornou-se um dos mais renomados textos
de Santo Agostinho! Acha-se subdividido em três livros:
1)-O
primeiro está dedicado à comprovação da tese de que o pecado provém do livre
arbítrio.
2)-O segundo
contém
uma demonstração da existência de Deus, tema que absorveria a atenção
da filosofia católica, sobretudo na Idade Média.
3)-O terceiro
em que se detém na exaltação da obra de Deus e aborda também questões que lhe
pareceram achar-se correlacionadas à ordem divina e que formam uma lista
extensa:
a)-O
que é preciso crer e que tipos de erros prejudicam a nossa felicidade?
b)-A morte
prematura das crianças e o sofrimento que padecem não são contrários à ordem
universal.
c)-O
primeiro pecado do homem e o do demônio.
d)-Foi
o homem criado em estado de sabedoria ou de insensatez ? e outros temas...
Preocupava a Santo Agostinho a solução da questão da existência do Mal
Os
maniqueístas, com cujos princípios simpatizara, afirmavam a existência de dois
princípios vitais, de igual importância: o Bem e o Mal. Em
presença deste último, concluíam, os homens não são culpados de ações
classificadas como más. Para
refutar essa doutrina, Santo Agostinho irá partir da tese de que
não se deve atribuir a Deus mas ao homem a presença do Mal. Este foi
criado dispondo de livre arbítrio, com direito a fazer uso de sua liberdade. Em
conseqüência, o pecado decorre exclusivamente do livre arbítrio do homem.
Santo Agostinho irá explicitar que se trata de moral e não de males
físicos (doenças, sofrimentos e morte). Atendo-se
estritamente aos ensinamentos cristãos, entende que os males físicos são uma
decorrência do pecado original. Os sofrimentos experimentados no corpo
correspondem à penalidade imposta à humanidade em decorrência do primeiro
pecado. A tradição grega da qual se louva Agostinho, havia estudado detidamente a
natureza dos atos humanos, isolando aqueles
que não correspondem a reações automáticas, instintivas, e impõem uma escolha.
Esta depende da vontade que, para mover-se e impulsionar a
ação, requer ser determinada. Como
há muitos bens no mundo, aquela determinação não poderá prescindir de uma
opção. Os gregos, entretanto, não chegaram ao conceito de liberdade,
desenvolvimento que seria atribuído ao pensamento de Santo Agostinho!
Como
se indicou, o problema de Santo Agostinho diz respeito às ações de natureza
moral. Dispondo do livre arbítrio, a criatura humana
pode optar por bens inferiores. Dessa
verificação não se pode inferir que o livre arbítrio seja um mal. Agostinho
enfatiza que ter recebido de Deus uma vontade livre é para nós um grande bem! O mal é o mau uso desse grande bem.
Como se dá que o homem incline-se pela escolha do bem e
recuse o mal?
No
texto de "O livre arbítrio", Agostinho não conseguiu precisar com toda a clareza que a
determinação da vontade, para leva-la à preferência pelo bem, seja uma
resultante da interveniência da graça divina. Tal esclarecimento ocorreria mais
tarde. A discussão suscitada pelas teses agostinianas,
em seu próprio tempo, levou-o a abordar muitas delas no texto que intitulou “Retratationes”, entre as quais a que diz respeito à
determinante no caso do livre arbítrio. Adotada na Idade Média,
a hipótese agostiniana, de que a ação moral supõe a presença da graça divina,
porém, esta viria a ser recusada pela Filosofia Moderna.
A alegação "RACIONALISTA moderna
básica", contrapondo-se a Agostinho, seria a seguinte:
“Sendo externa a intervenção para ocasionar a determinação da vontade, automaticamente retira o caráter de voluntária à ação daí decorrente. Entre as alternativas surgidas, sobressai a kantiana. Procurando atender à nova situação, de emergência e consolidação do pluralismo religioso, Kant formulou uma doutrina independente de todo suporte religioso, isto é, puramente racional. Trata-se de uma fórmula que permitiria, ao autor da ação, avaliar de sua moralidade, o que, por si só, naturalmente, não o obrigará a ater-se ao que estaria em concordância com o princípio moral. Contudo, Kant entende que a verdadeira liberdade seria correspondente à recusa de ceder às inclinações e escolher a lei moral natural”.
O LIVRE ARBÍTRIO NAS ESCRITURAS:
“Em
seu coração o homem planeja o seu caminho, mas o Senhor determina os seus
passos...” (Provérbios 16,9)
“O
Senhor Deus colocou o homem no jardim do Éden para cuidar dele e cultivá-lo. E
o Senhor Deus ordenou ao homem: Coma livremente de qualquer árvore do jardim, mas não coma da árvore do conhecimento do bem e do mal, porque
no dia em que dela comer, certamente você morrerá". (Gênesis 2,15-17)
"Hoje
invoco os céus e a terra como testemunhas contra vocês, de que coloquei diante
de vocês a vida e a morte, a bênção e a maldição. Agora
escolham a vida, para que vocês e os seus filhos vivam, e para que vocês
amem o Senhor, o seu Deus, ouçam a sua voz e se apeguem firmemente a ele...” (Deuteronômio
30,19-20)
“Escolhi
o caminho da fidelidade; decidi seguir as tuas ordenanças. Apego-me aos teus
testemunhos, ó Senhor; não permitas que eu fique decepcionado...” (Salmos 119,30-31)
“Foi
para a liberdade que Cristo nos libertou. Portanto, permaneçam firmes e não se
deixem submeter novamente a um jugo de escravidão...” (Gálatas 5,1)
“Irmãos,
vocês foram chamados para a liberdade. Mas não usem a liberdade para dar
ocasião à vontade da carne; ao contrário, sirvam uns aos outros mediante o
amor.”(Gálatas 5,13)
"Tudo me é permitido", mas nem tudo convém. Tudo me é permitido", mas eu não deixarei que nada me domine. (1 Coríntios 6,12)
Quando Deus nos criou, Ele nos deu livre-arbítrio, que é a liberdade de escolha com suas ESCLARECIDAS consequências. Amar é uma decisão, e sem livre-arbítrio não poderíamos amar. Cada pessoa pode escolher amar ou não amar a Deus, obedecer ou não obedecer a Deus. Deus abençoa quem escolhe segui-lo e submeter-se a sua vontade. Não seria justo portanto, Deus conceder o mesmo prêmio de uma Madre Teresa de Calcutá a Hitler. Ao mesmo tempo que nós temos livre-arbítrio, Deus trabalha em tudo para que a sua vontade seja feita em nós e no mundo como causas segundas de sua perfeita vontade. Nós tomamos decisões, mas Deus tem a última palavra sobre o que acontece. Por isto que se diz: "O homem propõe, mas é Deus que dispõe...” Não podemos fundar um clube privativo e deixa-lo sem regras claras, pois viraria uma baderna, concorda?...
Por *Francisco José Barros
Araújo – Bacharel em Teologia pela Faculdade Católica do RN, conforme diploma
Nº 31.636 do Processo Nº 003/17
-Agostinho: "Sobre o Livre Arbítrio"
-Kant: "Fundamentação da metafísica dos
costumes"
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