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Dom Helder Câmara, "o profeta da não violência ativa"

Written By Beraká - o blog da família on quinta-feira, 6 de junho de 2019 | 20:27









Dom Helder Câmara, profeta, peregrino da justiça e da paz. Esse é o título do livro do nosso amigo, Padre Edvaldo Araújo, resultado da tese de doutorado, lançado pela Saraiva Megastore de Campinas. O livro tem como objetivo resgatar a memória sobre Dom Helder, percorrendo sua vida, suas obras, seus pensamentos, seus ideais e suas lutas. Dom Helder Câmara é considerado um dos grandes protagonistas da Igreja católica no século XX, e como poucos marcou o cenário brasileiro e mundial. Seu protagonismo foi construído por meio da luta pela justiça social e pala paz, inspirada nos princípios do cristianismo. Por meio da não violência ativa mostrou a necessidade de promover revoluções com propostas concretas para transformar as estruturas e possibilitar uma vida humana mais digna para todos, construindo uma nova sociedade, mais justa e mais humana. Dom Helder, lutando pela justiça e pela paz, destacou-se na defesa dos direitos humanos, sendo considerado o “apóstolo da não violência” e “advogado do terceiro mundo”. Para Edvaldo Araújo, autor do livro e professor da PUC-Campinas, nas faculdades de filosofia e de Teologia, escrever sobre dom Helder Câmara significa,  recordar um dos grandes personagens da história da humanidade, que lutaram através da não-violência ativa (ou como Helder definia: violência dos pacíficos) por um mundo mais humano e justo. Segundo ele, é recordar de que somos capazes de sonhar por um mundo melhor. Por fim, ficamos com este pensamento de Dom Helder: “Só homens que realizam em si a unidade interior, só homens de visão planetária e de coração universal serão instrumentos válidos para o milagre de ser violentos como os Profetas, verdadeiros, como o Cristo, revolucionários como o Evangelho, sem ferir o amor”. Em 07 de março de 1968, ao proferir a aula inaugural do ITER, Dom Helder Camara apresentou, dentre exemplos de temas passíveis de aprofundamento por parte dos teólogos, a questão da mudança social. Após discorrer sobre a necessidade dessas mudanças, escudado no pensamento da Igreja, através da Encíclica Populorum Progressio, instigou: “A juventude latino-americana, leiga e eclesiástica, está interpelando sempre mais a Teologia, exigindo, sem evasivas, respostas para a questão angustiante: se sim ou não, já está instalada a violência no Continente e, então, se sim ou não, temos o direito e a obrigação de passar à radicalização e à violência...Aguardarei, ansioso, o resultado de vossos estudos. Pessoalmente, embora respeite os que optaram e optam pela violência, prefiro esperar contra toda a esperança que os Governos do Continente nos salvem do caos, tendo enfim a coragem de concretizar as Reforma de base que promulgam; prefiro esperar contra toda a esperança que os Poderosos, cuja fortuna se baseia sobre a miséria de milhões, acabem percebendo que as vozes que lhes parecem irritantes, subversivas e comunistas, são provavelmente das últimas que ainda pregam a não-violência...”Na sua aula, D. Helder remeteu ao dilema entre fazer, ou não, uso da violência para serem conseguidas as mudanças. Todavia, como é do conhecimento dos que estudaram aspectos de sua vida, naquela e nas demais ocasiões, posicionou-se pela não-violência, porém, por uma não-violência ativa. Ali reforçou sua opção e defendeu parcelas da Igreja, entre as quais estava incluído, da acusação de subversão e comunismo que lhes era freqüentemente imputada. Todavia a aludida esperança de que os governos nos salvem do caos, só pode ser entendida se intimamente associada à questão da não-violência ativa, pois ela implica uma sociedade civil organizada, o que se clarifica quando remete à necessidade de os governos concretizarem as reformas de base por eles promulgadas. Em tais concretizações, participação e apoio populares são condições básicas para se lograr êxito. Naquele mesmo ano de 1968, em palestra de encerramento de um ciclo de debates, realizado em S. Paulo, acerca das conclusões da 2ª Conferência do Episcopado da América Latina, Dom Helder evocou as palavras dirigidas pelos bispos aos que se julgam obrigados a optar pela violência, reconhecendo, junto com Paulo VI, que tal atitude freqüentemente está motivada em desejos de justiça e solidariedade; relembrou, então, o reconhecimento, contido na PP, de as insurreições armadas poderem ser legitimadas por tiranias evidentes e prolongadas, que atingem os direitos das pessoas e danificam o bem-comum. Acrescentou que, aos bispos reunidos em Medellín, não passou despercebido o fato de o exercício de tais tiranias poder não vir apenas de uma pessoa, mas de estruturas evidentemente injustas. Em seguida, enfatizou a necessidade, premente para os epíscopos, de, levando em consideração as circunstâncias de cada país e os males da guerra civil, bem como a dificuldade de construir um regime de justiça e liberdade através de um processo de violência e, sobretudo, considerando as preferências dos cristãos pela paz, fazer-se a opção, ratificada pelos bispos, pela esperança; esperança de que o dinamismo do povo conscientizado seja posto a favor da justiça e da paz. E concluiu: “para os Bispos latino-americanos só se concebe, na América Latina, Ação não-violenta que nada tenha de passividade e covardia, mas seja Ação positiva, corajosa, de inconformismo em face das estruturas que tornam impossível a paz”. A preocupação de D. Helder com as estruturas injustas permeou toda a sua vida. Por isso, afirmava ser fundamental para bem entender a problemática da violência, que o Mundo inteiro tem necessidade de uma revolução estrutural. Algum tempo depois, incorporava em suas afirmações a convicção de que a mudança de mentalidades é tão importante quanto a mudança de estruturas. Sem dúvida alguma, para ele as condições de miséria a que vivem submetidas parcelas consideráveis da humanidade, devem ser consideradas em sua gravidade, exigindo respostas urgentes das pessoas que professam alguma religião, bem como dos ateus de boa vontade. Os imperativos de uma ética baseada nos valores cristãos, evidenciaram para Dom Helder a necessidade de ser, sempre, um militante de todas as causas que visavam à promoção do homem, ainda que justificando sua atitude, como o fez em Conferência proferida nos Estados Unidos, para organizações Protestantes, Ortodoxas, Católicas e Judias, em 1972: “Percamos, de vez, o medo de parecer abandonar o terreno religioso e de invadir o terreno político e a área técnica. Percamos, de vez, o medo de parecer meter-nos em problemas internos de Países estrangeiros. Reivindiquemos, juntos, o direito e o dever de defender a criatura humana, a pessoa humana, o bem comum. Se isto é  política não é política partidária, é defesa do homem, nosso irmão; é defesa da justiça, sem a qual a paz não passa de palavra sonora.”
 
 

 




Mais uma vez enfatizamos que, a seu ver, embora respeitasse os que optavam pela violência, havia equívocos em tal posição: 






“Quem passa para a radicalização e a violência, se vai, em parte, porque se convenceu de que a violência dos pacíficos é utopia, canção para ninar e não canção válida para homens conscientes, decididos, e livres. Mas, o que parece realismo da parte deles, está longe de ser realismo autêntico...”













Na mesma ocasião, ano de 1970,em que fez tal afirmativa, D. Helder "elencou alguns equívocos" por ele julgados comuns, dos quais destacamos dois:

 



1. Considerar decisivo o exemplo de Cuba (que usou da revolução violenta), pois o povo cubano, se melhorou suas condições internas, apenas mudou de órbita e não realizou sua independência política nem completou a econômica.

 

 

 

 

2. Na América Latina, não ter sido possível guerrilha rural, com efetiva participação dos oprimidos, pois estes se acham em situação tão sub-humana que, não tendo razões para viver, não as encontrarão para morrer.

 

 


 


 

 

Além de posicionar-se a favor de uma ação não-violenta, de uma "não-violência ativa" ou de uma violência dos pacíficos, Dom Helder fazia propostas!





Aceitando convites para dirigir-se a auditórios diversificados em todo o mundo, tornou-se um arauto dos direitos humanos, animador da criação de grupos, defensor de ações colegiadas. Em todas as ocasiões buscava aliados, por exemplo: “nas religiões, sobretudo nos cristãos, para que ultrapassem a fase dos grandes textos e das belas conclusões, e desçam a denúncias concretas de abusos que ferem a dignidade da pessoa humana; nos políticos, para que inscrevam os direitos humanos, abertamente, não só nos temas de propaganda, mas nos projetos pelos quais lutam; nos técnicos que se tenham conservado humanos, para que, em lugar de por a técnica a serviço de grupos sempre mais restritos, a coloquem a serviço da Humanidade…” - Aprofundando suas análises, Dom Helder encontrava outras formas de luta contra a violência que não excluem as reformas das estruturas, embora se refiram mais à já aludida, por ele também enfatizada, necessidade de reformar as mentalidades. Por isso afirmava ser necessário arrancar do íntimo de cada um as raízes da violência que se revelam: “na irritação que temos para com os que não concordam conosco; no complexo de superioridade masculina; nas dificuldades de descobrir as fraquezas existentes no lado humano da Igreja e continuar a amá-la, nela permanecendo para ajudar a consertar os erros; no equívoco de julgar difícil e corajoso, face aos erros e abusos do poder econômico, do poder político ou do poder militar, partir para o ataque e para a demolição, ao invés de, insistentemente, tentar o diálogo...”

 

 

 


A seu ver, a luta pacífica contra a violência, requer a conversão de cada um - Onde buscar a fonte para tal conversão? 



 


 


 

“Os objetivos, na violência dos pacíficos, devem ser claros e corajosos! Os métodos, na violência dos pacíficos, devem ser capazes de promover mudanças de estruturas. Mas, de nada valerão objetivos e métodos, se não forem alimentados por uma mística profunda...” 




Não desconhecemos qual a mística que nutria D. Helder Camara. Porém, se paira alguma sombra de dúvida, vamos, mais uma vez, ouvi-lo. Ele fala, agora, para nós, como o fez em Paris, aos 25 de abril de 1968: 





“Respeito aqueles que, em consciência, se sentiram obrigados a optar pela violência ativa, mas não a violência fácil dos guerrilheiros de salão, mas daqueles que provaram sinceridade pelo sacrifício da vida. Parece-me que as memórias de Camilo Torres e de Che Guevara merecem tanto respeito quanto a do Pastor Martin Luther King;Acuso os verdadeiros fautores da violência: todos os que, de direita ou de esquerda, ferem a justiça e impedem a paz! Minha vocação pessoal é a de peregrino da paz, seguindo o exemplo de Paulo VI: pessoalmente, prefiro mil vezes ser morto a matar...” 




Esta posição pessoal se baseia no Evangelho. Toda uma vida de esforço para compreender e viver o Evangelho me leva à convicção profunda de que se o Evangelho pode e deve ser chamado revolucionário, é  no sentido de que ele exige uma conversão de cada um de nós. Não temos o direito de fechar-nos no egoísmo, devemos abrir-nos ao amor de Deus e ao amor dos homens. Mas, basta pensar nas Bem-aventuranças, quintessência da Mensagem Evangélica, para descobrir que a escolha, para os cristãos, parece clara:




“nós, cristãos, estamos do lado da não-violência, que, de nenhum modo, é escolha de fraqueza e passividade. Não-violência é crer mais na força da verdade, da justiça e do amor, do que na força da mentira, da injustiça, e do ódio...”




Quando fez referências ao Pastor Martin Luther King, D. Helder não se baseou apenas no fato de ele ter sido assassinado, mas a toda uma trajetória de militante de uma causa social: a dos negros dos Estados Unidos, a partir da qual sofreu prisões e recebeu o Nobel da Paz. Quando em Roma, para participar da última Sessão do Concílio Ecumênico do Vaticano II, em suas cartas-circulares, Dom Helder fez várias referências à não-violência ativa e aos seus princípios, princípios que ele percebia encarnados na Operação Esperança, então desencadeada na Arquidiocese de Olinda e Recife:




“No século da bomba atômica, os subdesenvolvidos e oprimidos nos lembram a existência da ação não-violenta ou resistência espiritual, arma ao alcance dos mais pobres. Para afastar dela qualquer sentido negativo e passivo, Gandhi a chama de Satyagraha, força da verdade, força do Espírito.Os indianos com Gandhi e Vinoba, os Negros dos Estados Unidos em sua luta contra a segregação a ilustram magistralmente. O Exército dos Pobres torna-se uma força. A atribuição do Prêmio Nobel da Paz a Luthuli (pequeno chefe Zulu) e, depois, ao Pastor King, salienta a importância crescente de uma nova força para a construção de uma paz dinâmica...” 





O entusiasmo pela vida e atuação do Pastor M. L. King é evidenciado em inúmeras cartas-circulares de D. Helder. Em várias ocasiões houve tentativas, lamentavelmente sem êxito, de encontro entre os dois. Testemunha dessa busca é uma carta enviada pelo Dom Helder, que citamos na íntegra: “Meu caro Irmão, Pastor Martinho Lutero King - Quando da minha última viagem aos Estados Unidos, estava com uma audiência marcada com você para segunda-feira, quando, no domingo anterior, você foi preso, em Alabama. Permita-me aproveitar a visita que lhe faz a Drª. Hildegarde Goss-Mayr, para transmitir-lhe um apelo que me parece de importância capital para a paz do Mundo. Acompanhamos suas lutas. Lemos “Strength to Love” (FORÇA PARA AMAR) e “Why we can’t wait” (POR QUE NÃO SE PODE ESPERAR?). Você nos enche de alegria. A integração racial nos fala como um problema humano, diante do qual ninguém pode permanecer indiferente e estranho. Mas, continuando a ser o Campeão da revolução não-violenta contra a segregação, é preciso, dada a sua fama (cuja importância, para um pastor como você, se mede pelos resultados que puder trazer em favor dos homens), que você se transforme em Campeão do Desenvolvimento.Nós amamos a paz. Mas não haverá paz sem justiça. E não haverá justiça sem que se chegue à revisão da política internacional do comércio e do desenvolvimento. 




Tudo o mais – ajudas, talvez, generosas; tentativas de identificar “desenvolvimento” com “controle de natalidade” – não nos leva ao âmago do problema. Seus compatriotas se batem contra o comunismo, porque ele esmaga a pessoa humana e os direitos do homem...





Podemos pensar em tê-lo conosco, ao menos por um dia, em Recife (Pernambuco, Brasil), talvez em maio, por ocasião de sua ida a Montevidéu para o Congresso Latino-americano de Não-violência? Recife é a capital do Nordeste brasileiro, a mais crítica de nossas áreas subdesenvolvidas. Estamos tentando começar ali, com enormes esperanças, um combate não-violento, sem o qual seremos sempre párias. Mas penso em todo o Terceiro Mundo, e o discurso de saudação que eu faria a você, teria dimensões mundiais. Se nós dois fôssemos irmãos, nossas idéias não poderiam ser mais próximas. Mas nós somos irmãos: temos o mesmo Pai e somos um em Jesus Cristo. Mesmo que lhe seja impossível passar pelo Brasil e pelo Nordeste, conte sempre com nossas orações e nossa amizade...”

 

 



 


 


 

Vários pontos de sua carta chamam a atenção e podem ser comentados e aprofundados!





Todavia, vamos ater-nos a apenas um: a exploração da fama pessoal na perspectiva de serviço aos homens. Não há dúvidas de que discursos proferidos por pessoas cuja trajetória de vida e de lutas são coerentes com os compromissos assumidos, conhecidos e divulgados, ganham um lastro moral do qual são desprovidos os que tão somente apresentam belos exercícios retóricos. Por isso Dom Helder almejava o encontro de duas tão projetas lideranças, e, desde antes do envio carta ao Pastor King, refletia sobre tal situação, inclusive aplicando-a a si mesmo: Volto a perguntar a mim mesmo e a vocês, nesta Vigília: para ser fiel à Missão de Profeta (explorando, tranquilamente, como sempre procuro fazer, a fama…) deverei, sem prejuízo essencial da minha Diocese, partir, como Bispo do mundo e ajudar irmãos a encontrar o perdido caminho do amor a Deus e aos homens?…Se for vontade de divina tudo se arruma… São caminhos inesperados que a vida toma. Afinal, estamos ou não nas mãos de Deus?…

 










Dom Helder ainda acrescentava um aspecto para justificar a força que tinham as pregações que fazia nas tribunas dos mais diversos países, o destaque circunstancialmente conferido pela sede episcopal que ocupava. Assim registrou encontro que teve, em Roma, com o dirigente de uma instituição, a convite da qual estivera em Amsterdã, ele mesmo testemunha do discurso proferido na capital holandesa: “O Barão Roger, presidente mundial da UNIAPAC, está  em Roma: almoçaremos juntos, se Deus quiser, na segunda-feira. Pediu uma audiência ao Santo Padre para contar o que foi Amsterdã  e perguntar a Paulo VI porque ele não me solta para ida semelhante às cidades-chave do Mundo… Ele se apega a uma frase do meu discurso: há uma ausência lamentável de personalidades em escala mundial… Direi ao Papa que é mais fácil encontrar um Arcebispo para Recife do que um profeta…Aí é que ele se engana: o que dá calor à minha mensagem é, acima de tudo, a circunstância de eu ser Pastor da Capital do Nordeste em desenvolvimento…” O Nordeste em desenvolvimento era sua constante preocupação. Nunca lhe faltaram palavras eloquentes e incisivas. Porém registrou que faltava-nos um instrumento de luta que fosse, a um tempo, não-violento, evangélico e eficiente, válido. Mergulho na ação não-violenta. Mas era necessário criar uma mística, formar lideranças capacitadas para o uso de sua técnica peculiar:

 



 



 



"Querem uma ideia do que a não-violência exige? Vejam a que se compromete o líder da Ação não-violenta nos Estados Unidos (Luther King), Faço aqui o dom de minha pessoa, física e espiritual, ao Movimento não-violento. Em consequência, comprometo-me a respeitar os 10 mandamentos seguintes":


 

1)- meditar todos os dias na pregação e na vida de Jesus;

 

2)- lembrar-me de que o Movimento não-violento tem por fim a reconciliação e a justiça, e não a vitória;

 

3)- conservar, em meu comportamento e em minhas palavras, a atitude de amor, porque Deus é Amor;

 

4)- sacrificar meus interesses pessoais a fim de que todos os homens posam ser livres;

 

5)- observar, tanto em relação a meu inimigo, como em relação a meu amigo, as regras habituais da cortesia;

 

6)- buscar consagrar-me inteiramente ao serviço dos outros e do mundo;

 

7)- evitar a violência, quer se exprima pelos punhos, pela língua ou pelo coração;

 

8)- esforçar-me para observar a higiene pessoal e física;

 

9)- rezar todos os dias e pedir a Deus para ser um instrumento seu, a fim de que todos os homens possam ser livres...”

 

10)- respeitar as senhas do Movimento e os avisos dos líderes durante as manifestações.

 

 

 

Um programa de tal envergadura, se levado a sério, conduz, como no caso de Luther King e do próprio Dom Helder, a incompreensões, calúnias, perseguições, imposição de silêncio e, até mesmo, à morte. Aquelas duas personalidades em escala mundial estavam conscientes dos riscos. Para uma conclusão mais amena e poética, sem deixar de lado a profundidade, voltemos a Dom Helder!

 

 

 

"Como descanso? é brincadeira amável !"  acendi em responder a uma das numerosas consultas que chegam..."dentre as predileções menores, mais simples, mais banais, 10 que eu goste de citar?"  - Como não era para a imprensa, citei: 

 

 

 

 

1)- Passear a pé pelas pontes do Capibaribe;

 

2)- Ver crianças brincando em São José do Manguinhos;

 

3)- Contemplar Olinda, a qualquer hora e de qualquer lugar;

 

4)- Aprender os nomes lindos dos logradouros e ruas do Recife;

 

5)- Contemplar o céu através da Torre de aço da TV Jornal do Commercio;

 

6)- Ver a alma festiva de meu povo refletida num frevo;

 

7)- Medir a alegria de um Chefe de família que recebe a notícia de que está empregado;

 

8)- Poder acudir a um apelo da "pobreza envergonhada" (aquela não querida por Deus).

 

9)- Conseguir, à custa de bondade autêntica, desarmar um desafeto;

 

10)- Ajudar a difundir compreensão, esperança, amor e paz...



 








CONCLUSÃO:








Até Monge da Marcelo de Barros em seu blog: marcelobarros.com/blog (do qual discordo em muitas de suas ideias pessoais)define Dom Helder Câmara como o profeta da não violência, como aquele que prefere violentar-se a si mesmo, que ao próximo: “...Jesus revela isso no sermão da montanha e aí nos dá seis exemplos do que isso significa. No evangelho que acabamos de ouvir, escutamos o sexto exemplo. É esse da lei do amor. Em cada um desses exemplos, ele diz: "Vocês ouviram o que foi dito aos antigos...” Agora eu lhes peço mais. Radicalizo o mandamento e mostro como a justiça de vocês deve ir além da lei jurídica, religiosa e civil. E a sua recomendação é sobre o amor: o amor como base para se reconstruir a sociedade: o amor que vai até o ponto de amar aos inimigos. Primeiramente, Jesus cita a lei mosaica, mas de forma polêmica. Na Bíblia, a lei não diz: ame o próximo e odeie o inimigo. Mas a interpretação que os escribas e fariseus faziam da lei acabava compreendendo o próximo como a pessoa da mesma família, da mesma raça, do mesmo partido, da mesma religião. Então, à medida que essa interpretação religiosa da lei restringe o amor só a quem está dentro da minha cultura, de acordo com Jesus, a lei diz que se ama o amigo e se odeia o inimigo. Jesus exige que se vá além dessa estrutura da lei, mesmo religiosa. Ele alarga os horizontes. Na parábola do samaritano, ele diz: o problema não é quem é o meu próximo. O problema é de quem eu sou próximo. E responde: eu sou próximo de quem aparece no meu caminho ou das pessoas em cujo caminho eu me coloco. Eu devo ser próximo do samaritano que o israelita detestava por ser alienado políticamente, misturado com os romanos, sem educação e sem linha igual à nossa. Se é uma pessoa ferida na estrada, é meu próximo e eu sou responsável por ele. Esse foi o testemunho de Dom Helder e essa é a herança que recebemos dele. Durante todo o tempo do seu ministério de bispo, Dom Helder lutou pelos direitos humanos. No entanto, ele sabia que a lei pode proibir de matar, pode proibir de discriminar, pode proibir de explorar, mas não pode obrigar ninguém a amar. A lei que diz "ame o próximo" não é uma lei jurídica. É uma orientação de pai, de mãe, de educador. É uma orientação de vida...Certamente, se Dom Helder pudesse nos propor alguma coisa nesse momento, ele nos pediria o AMOR como resposta à crise. Quem vinha aqui no Recife logo nos primeiros anos em que Dom Helder deixou a sua função de arcebispo, via escrito pelos muros da cidade: Dom Helder, o Dom do Amor. Hoje, Dom Helder nos diria que o amor não é uma coisa só romântica. Não é apenas expressão de bons sentimentos. O amor ou melhor a Amorosidade é algo que toca na estrutura do ser e da vida. Não podemos e não devemos restringir o amor à vida privada e às relações interpessoais. O Amor ou como o papa Francisco tem proposto em cada uma de suas falas, a Misericórdia pode ser resposta à estrutura da vida pública, pode ser resposta aos problemas da vida coletiva...A proposta do evangelho é o Amor, mesmo o Amor aos inimigos. É claro que o Amor aos inimigos não se expressa do mesmo modo do amor aos amigos. Em primeiro lugar, parte do princípio que eles são inimigos e não se podem confundir inimigos com amigos. Em segundo lugar o melhor modo de exercer o amor aos inimigos é impedir que eles façam o mal, que eles explorem os outros, é combater de forma não violenta o mal que eles praticam ou querem praticar. O melhor modo de amar o inimigo é deixar bem claro qual é nossa linha, o que pensamos e o que queremos. É denunciar, é criticar e ser claro. Uma diocese, uma paróquia, grupo de Igreja, um de nós que não tem linha ou posição definida com receio de ser partidário, no fundo, seria como alguém que pensa: para não cair no risco de me fechar ao exclusivismo, eu não vou amar ninguém. É o contrário: construir o mundo a partir de uma proposta de amorosidade...”

 

 


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Neste Apostolado APOLOGÉTICO (de defesa da fé, conforme 1 Ped.3,15) promovemos a “EVANGELIZAÇÃO ANÔNIMA", pois neste serviço somos apenas o Jumentinho que leva Jesus e sua verdade aos Povos. Portanto toda honra e Glória é para Ele.Cristo disse-nos:Eu sou o caminho, a verdade e a vida e “ NINGUEM” vem ao Pai senão por mim" (João14, 6).Defendemos as verdade da fé contra os erros que, de fato, são sempre contra Deus.Cristo não tinha opiniões, tinha a verdade, a qual confiou a sua Igreja, ( Coluna e sustentáculo da verdade – Conf. I Tim 3,15) que deve zelar por ela até que Ele volte(1Tim 6,14).Deus é amor, e quem ama corrige, e a verdade é um exercício da caridade. Este Deus adocicado, meloso, ingênuo, e sentimentalóide, é invenção dos homens tementes da verdade, não é o Deus revelado por seu filho: Jesus Cristo.Por fim: “Não se opor ao erro é aprová-lo, não defender a verdade é nega-la” - ( Sto. Tomás de Aquino).Este apostolado tem interesse especial em Teologia, Política e Economia. A Economia e a Política são filhas da Filosofia que por sua vez é filha da Teologia que é a mãe de todas as ciências. “Não a nós, Senhor, não a nós, mas ao vosso nome dai glória...” (Salmo 115,1)

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