COMENTÁRIOS DO BLOG BERAKÁ: Como
sou refratário ao pensamento único, próprio das ditaduras comunistas, respeito
quem pensa diferente, pois ninguém é obrigado a pensar igual a mim (e vice
versa). Mas para mim, as redes sociais é o novo AREÓPAGO dos tempos modernos. Areópago (em grego antigo: areios pagos,
"Colina de Ares") era a parte nordeste da Acrópole em Atenas e também
o nome do próprio conselho que ali se reunia. Além de supremo tribunal, o
conselho também cuidou de assuntos como educação e ciência por algum tempo. Por
volta de 50 da era cristã, filósofos epicureus e estoicos que discutiam com o
apóstolo Paulo o levaram ao Areópago para que lhes contassem a respeito de sua
nova doutrina. Ali ele proferiu seu
famoso Discurso no Areópago (Atos 17,15-34).
A expressão “modernos areópagos”
foi utilizada oficialmente pela Igreja, por São João Paulo II na Encíclica
Redemptoris Missio (RM)
O papa a usou ao se referir aos novos desafios da missão
evangelizadora, ele recordou que a
Igreja primitiva já havia se deparado com o desafio de anunciar o Evangelho em
ambientes aparentemente incomuns à religião. Paulo sentiu-se desafiado a
pregar a mensagem do reino no areópago, um espaço fundamental da cultura
ateniense onde se reuniam filósofos e conselheiros (At 17,22-31). Com isso o
Papa desejou destacar que, da mesma forma que no passado, hoje os cristãos têm
a missão de sair do conforto da comunidade e lançar-se em várias frentes para
anunciar a proposta do Reino, os novos areópagos (RM, 12).A fé e tudo o que
dela decorre, apesar de ser uma resposta pessoal, possui uma dimensão social. A
espiritualidade cristã deve conduzir o cristão a desenvolver a consciência
crítica e evangelizadora, desejando que os outros também conheçam a fé, a graça
redentora e a empenhar sua vida na defesa da dignidade humana. (Exortação
Apostólica Sacramentum Caritatis,89). Os cristãos devem ter e ser a consciência
do mundo moderno, que apesar de inúmeras facilidades e benefícios, traz consigo
uma crise de sentidos e faz aumentar as neuroses sociais e morais que muitas
pessoas são submetidas, especialmente, nas grandes cidades. A Doutrina Social
da Igreja oferece critérios ético-sociais para uma efetiva participação nessas
realidades em vista da construção de uma sociedade permeada dos valores
Cristãos.
Estes novos areópagos exigem o uso de uma linguagem própria e
adaptada, o que demonstra o desejo de dialogo com as várias experiências
culturais, expressando a missionariedade
ao sair em busca de quem dela precisa. Entre tais realidades, o Documento 105
enumera sete e, ao final, indica outros:
1)- A família, por ser a Igreja doméstica, é considerada o areópago
primordial para os cristãos, pois nela ocorre a primeira evangelização. Como comunhão de amor, ela é sinal
do que se deseja ao mundo, que ele se converta numa imensa família, onde todos
se sintam em casa e entre irmãos. Cabe
aos cristãos defender a dignidade humana desde o ventre materno se posicionando
contra o aborto. Também a Igreja deve ter um olhar especial para as novas
realidades familiares, onde todos devem ser primeiramente acolhidos e
misericordiados pela Igreja, especialmente as crianças, frutos destas novas
relações, para somente depois serem catequizados. Pois dar a riqueza da
catequese e doutrina da Igreja antes do querígma, e da experiência com a
misericórdia de Deus, é analogamente dar caviar para defunto, ou o mesmo que
atirar pérolas a porcos.
2)- A segunda realidade é o Mundo da política. Como cidadãos, todos os
homens e mulheres são políticos, mesmo quando dizem que não o são. Os leigos e
leigas devem se sentir interpelados pela fé para defenderem os projetos de vida
(Exortação Apostólica Evangelli Gaudium (EG), 205). São João Paulo II
lembrou que “os fiéis leigos não podem abdicar da participação na política
destinada a promover o bem comum” e cabe à Igreja ajudá-los a exercer
militância política (Exortação Apostólica Christifideles Laici,2, CNBB, 82).
Três elementos são fundamentais: formação, espiritualidade e acompanhamento, os
quais devem ser oferecidos pelas dioceses, paróquias, através das pastorais, movimentos
e Novas Comunidades. Cabe aos organismos eclesiais promover cursos de fé e
política, incentivar os cristãos a se candidatarem e acompanhar os que exercem
mandatos políticos; e estimular a construírem mecanismos de participação que
contribuam com a democratização do Estado, tais como: nos Conselhos paritários
de Políticas Públicas, nos movimentos sociais, associações, nos conselhos de
escola, na coleta de assinaturas para projetos de lei de iniciativa popular a
favor da vida, da família e da justiça, nos comitês de combate à corrupção
eleitoral e da Lei da Ficha Limpa, dentre outras formas de manifestações voltadas
ao bem comum.
3)- Ainda na mesma linha da política, o terceiro areópago são as
políticas públicas. Há inúmeros “Conselhos de Direitos” empenhados em favor da saúde, da
educação, do emprego, da segurança, da mobilidade urbana, do lazer sadio, entre
outras urgências, nos quais os leigos cristãos, em nome da fé, podem e devem
atuar.
4)- O quarto areópago moderno é o mundo do trabalho, que segundo a DSI é
um direito fundamental da pessoa humana. Diante dessa realidade, as Igrejas Particulares se esforcem para apoiar
os cristãos trabalhadores através das Pastorais do Mundo do Trabalho urbano e
rural, não na promoção de lutas de classes e ideologias, mas oferecer-lhes
formação e espiritualidade adequadas para permanecerem firmes na fé e na defesa
dos direitos, bem como no cumprimento de seus deveres, promovendo a
meritocracia.
5)- O quinto areópago é o mundo da cultura e da educação. Neste ambiente ainda há forte
resistência que associa a fé à ignorância, como se a fé se opusesse à cultura e
à ciência. São João Paulo II na encíclica Fides e Ratio recordou que a fé e a
ciência não se opõem, antes se complementam, porque ajudam a compreender a
humanidade. Mais recentemente, o Papa Francisco destacou que “crentes e não
crentes podem dialogar sobre os temas fundamentais da ética, da arte e da
ciência, e sobre a busca da transcendência” (EG, 257). Evitando o saber
ideologizado e polarizado, mas integral. Tomando de empréstimo as palavras de
Dom Mariano, bispo de Mossoró-RN: “A Universidade deve ser a transmissora da ética e da liberdade.
Liberdade para pensar, criar, ensinar, criticar e construir. Não se pode
esquecer que ela lida com o saber. E este é livre. No entanto,
procura-se, não raro, encarcerar a Academia nos grilhões das ideologias e de
outros interesses alheios à missão acadêmica.Já no Estado Novo, ao ser
promulgado o estatuto do magistério superior, afirmava-se a imprescindível
autonomia universitária, como expressão da liberdade. Ela é inarredável para
que possa exercer plenamente suas funções e cumprir sua autêntica vocação.
Autonomia entendida não como privilégio ou soberania, e sim como prerrogativa
de responsabilidade e criatividade, independência e distância de tudo
aquilo que busca manipular o pensar e o saber.” (Discurso de agradecimento de Dom Mariano durante as comemorações dos 50 anos da UERN na Assembleia Universitária realizada em 28 de setembro de 2018 na cidade de Mossoró-RN, por ocasião da entrega do título de Professor Honoris Causa).
6)- O sexto areópago é o vasto e complexo mundo das comunicações (MCS).
A grande maioria das pessoas, em algum momento do seu dia a dia, se
conecta a um meio de comunicação social: radio, TV, internet, especialmente as
redes sociais. Os cristãos não podem se isentar de formar uma consciência crítica sobre
tais meios e colaborar para que outras pessoas também a desenvolvam. O
Diretório de Comunicação da Igreja no Brasil (CNBB, Doc. 99) é uma fonte
inspiradora e orientadora para a ação dos cristãos que querem, e podem agir, no
mundo das comunicações.
7)- A Encíclica Laudato Si destacou a Casa Comum como o sétimo areópago
moderno que deve ser evangelizado. Com a acelerada exploração dos recursos naturais, as pessoas tomaram
consciência da urgente necessidade de defender a “casa comum”. Com animada
espiritualidade, educação e consciência responsável, contribuirão para gerar
uma civilização centrada na simplicidade, no cuidado da vida e na interdependência
de todas as criaturas.
8)- Por fim, o documento enumera outros campos de ação ou areópagos
modernos: as grandes cidades; as migrações; os refugiados políticos ou de guerra
ou de catástrofes naturais; a pobreza; o empenho pela paz; o desenvolvimento e
a libertação dos povos, sobretudo o das minorias; a promoção de forma Cristã da
mulher e da criança; o respeito aos idosos; a força da juventude; as relações
internacionais; o turismo, os militares e outros. São inúmeras realidades a serem iluminadas e transformadas pela ação
evangélica dos cristãos leigos e leigas na “igreja em saída”
As redes sociais foram feitas para o encontro
interpessoal
Entrevista a Vinícius Farias, seminarista da arquidiocese de Brasília e autor do livro “Conectados para o Encontro”. Um livro que surgiu a partir de uma nova compreensão do autor, diante das redes sociais, que ele passou a considerar como “novos areópagos” da evangelização. “Conectados para o Encontro”, editora Paulus, portanto, pretende ser um subsídio para quem deseja ser um evangelizador das mídias sociais. Vinícius aponta, entre outros, que tipos de gafes podem ser evitadas e como um post no facebook deve brotar de uma espiritualidade exercitada e verdadeira. Em entrevista a ZENIT Vinícius Farias da Silva, seminarista da Arquidiocese de Brasília, fala sobre o seu livro. Veja aqui algumas respostas a esta temática areopagita:
ZENIT: Por
que você gosta tanto das redes sociais?
-Vinícius Farias: De modo muito
simples; gosto das redes sociais porque elas são pontes para eu sair de mim
mesmo. Como diria o papa Francisco, “sair do próprio mundinho”. Sempre
fui muito independente, com alguma tendência a correr atrás dos meus sonhos
apesar das pessoas. Sinceramente eu não confiava que as pessoas realmente
pudessem me ajudar a resolver problemas. Era eu ou nada. Há mais de dez anos atrás, posso
dizer que as antigas salas de bate-papo, depois no ICQ, Orkut, Messenger,
dentre outros, me ensinaram a perceber que eu não estava sozinho. O mundo aqui
fora prega que você tem de ser o melhor, funciona a lei do mais forte. Já nas
redes sociais você depende do outro para tudo. É fato que quando nos
tornamos dependentes demais das redes, corremos o risco de esquecer os outros
“de fora”. Mas a dependência é apenas um desvio de uso de algo que desde sua
raiz foi feito para o encontro interpessoal.
ZENIT: Para
evangelizar eu preciso estar conectado? E estando conectado tenho que
evangelizar?
-Vinícius Farias: Como eu digo no
livro, no que diz respeito às redes sociais, a Igreja tem sido uma exímia
incentivadora. Basta ler as palavras dos últimos papas nas mensagens para o Dia
Mundial da Comunicação. O papa Bento XVI chama as redes sociais de “novos
espaços de evangelização” e o papa Francisco de “lugares para o encontro com
Cristo”. Respondendo à pergunta, não é indispensável estar conectado para
evangelizar. Por outro lado, a Igreja está sinalizando nos últimos temos que é
bom que estejamos nesses “novos areópagos” a fim de estarmos onde as pessoas
precisam receber a Boa Nova. Ano passado noticiou-se que 50% dos
brasileiros já têm acesso à internet em suas casas. Além do mais, temos mais linhas
móveis no Brasil que gente. Isso sem falar no acesso à banda larga, que cresce
vertiginosamente nos últimos anos. De modo geral, podemos dizer que o uso das
redes sociais é efeito inevitável da globalização. Se nós, como Igreja,
ignorarmos esses dados, outros ocuparão o nosso lugar. Eu não acredito
que essa seja a melhor postura para um evangelizador atento aos “sinais dos
tempos”. Bom, a grande inspiração para a minha postura de evangelizador nas
redes sociais é o apóstolo Paulo. Quando penso em máximas como “ai de mim se
não evangelizar” (I Cor 1, 9), “Pregai oportuna e inoportunamente” (II Tim, 4,
2), só para citar alguns exemplos, sinto que não devo estar nas redes só para
falar de mim mesmo ou para vender a minha própria imagem. Por outro
lado, ressalto que na medida em que o Evangelho se torna vida, não preciso
necessariamente estar nas redes postando frases de santos ou da bíblia. É o
testemunho que vai falar por mim.
ZENIT: Na
sua opinião, todo sacerdote deveria estar inserido neste ambiente das redes
sociais virtuais?
-Vinícius Farias: Não acho que as redes
sociais sirvam para todos. Há padres e padres. Mas, veja, se o padre é
disciplinado, se sabe usar com discernimento e entende as redes sociais como
ferramentas e não como fins em si, eu diria que elas podem servir muito para o
seu ministério. Só para citar um
exemplo, grande parte do meu discernimento vocacional foi feito pelo Facebook.
Assim, penso que no geral os padres estão sim convidados a usar as redes
sociais. São verdadeiras oportunidades de chegar a ovelhas que nem mesmo ele
sabia que tinha.
ZENIT: O
que você pensa sobre esta era da hiper conectividade: bom, ruim ou os dois?
-Vinícius Farias: Digo no meu livro que
a pessoa que está do seu lado, traduzo: fisicamente, tem sempre a prioridade.
Não canso de repetir o exemplo de uma vez que saí com uma amiga para jantar, no
meio da conversa parei para checar alguns e-mails e ouvi dela o seguinte
comentário: “detesto encontros a três…”. Ora, mais do que nunca precisamos
levantar a bandeira dos bons modos em relação às redes sociais. Conferir
as mensagens do whatsapp, ver as notificações do facebook, postar a foto no
Instagram, são coisas que fazemos em momentos de ócio, quando já não há ninguém
que precise da nossa atenção e cuidado. Em se tratando da
hiperconectividade, como disserto no livro, a pessoa “viciada” nas redes
sociais, como comprovam estudos já realizados, apresenta sintomas parecidos com
os das pessoas dependentes do álcool: ansiedade, irritação, angustia, sensação de
vazio psicológico, etc. Em suma, se não ficamos atentos, corremos o
risco de perder aqueles que amamos e no fim de tudo perdermos a nós mesmos.
ZENIT: Como
seminarista, você é aquilo que posta? Como se portar nas redes?
Vinícius Farias: Sou muito sincero.
Posto aquilo que sou. Porém, isso não quer dizer que eu devesse postar aquilo
que sou. Afinal, não somos 99% anjos como diz uma conhecida música sertaneja. A figura
pública, ainda mais aquela que caminha para o sacerdócio, tem o dever de levar
as pessoas para o caminho do bem. Nesse sentido, dizer tudo aquilo que vem na
cabeça nas redes sociais não ajuda muito. Procuro tomar cuidado para fazer o
seguinte discernimento quando vou postar algo: “É Cristo ou o Vinícius que
estou anunciando aqui?”. Por essa razão, há algum tempo parei de postar
posicionamentos políticos, econômicos, sobre turismo ou time de futebol. Não é
que isso esteja vetado. Porém, percebi que as pessoas cresciam muito mais ao
ler minhas reflexões sobre o Evangelho do Dia que sobre um outro tema qualquer.
No
meio católico, precisamos tomar muito cuidado com a cultura do criticismo. É
aquilo que o saudoso papa João XXIII chamava de “profetas da desgraça”: pessoas
que ficam policiando o comportamento dos padres, do irmão de pastoral e
criticando publicamente como se estivesse prestando um serviço a Deus.
Como o papa Francisco tem insistido, as pessoas precisam conhecer a alegria do
Evangelho. Isso se faz, acredito, usando as redes sociais da forma
correta, ou seja, para dar testemunho da experiência do Encontro com Cristo que
se dá em nossa própria vida.
Fonte: Agência Zenit
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